— Não precisa. Não quero te incomodar. — Esther olhou para Geraldo— Não é incômodo nenhum. — Geraldo respondeu com a mesma calma de sempre. — Eu não sou muito fã de frutas. Se os morangos amadurecerem, vão acabar estragando se eu não der um destino a eles. Então é melhor que você os aproveite.Diana não tirava os olhos de Geraldo, algo ali parecia fora do lugar. Ele claramente tinha um interesse especial por Esther, algo em seu comportamento entregava isso.— Vamos comer antes que o macarrão fique empapado. — Esther disse, tentando encerrar o assunto.Eles começaram a comer juntos, mas Geraldo demorou um pouco para pegar os talheres. Ficou olhando a tigela por alguns instantes antes de começar a comer.Ele comia devagar, ao contrário de Esther, que terminou primeiro e levou sua tigela para a cozinha. Diana logo a seguiu, cutucando Esther no ombro com uma expressão travessa.— Ele tá na sua, né?Esther quase engasgou com o que ainda restava em sua boca.— De jeito nenhum! — Respondeu,
— Nossa, até o caldo você tomou todo! — Diana comentou, um tanto surpresa.Esther deu uma leve cotovelada em Diana, tentando evitar que ela falasse mais bobagens, e pegou a tigela das mãos de Geraldo.— Gosto de tomar sopa. — Ele disse de forma simples, com um sorriso suave. Em seguida, Geraldo olhou para as duas e disse. — Tenho que voltar ao trabalho. Não vou mais atrapalhar.— Tudo bem. — Esther respondeu.Geraldo acenou levemente com a cabeça e saiu do apartamento. Esther o acompanhou até a porta e, após ele sair, a fechou atrás dele.Do lado de fora, Geraldo parou por um momento ao ouvir o som da porta se fechando. Ele virou a cabeça lentamente, ficando parado por um bom tempo, olhando fixamente para a porta antes de ir embora.Ele desceu as escadas, e do lado de fora o esperava um carro luxuoso estacionado. Quando estava prestes a entrar no carro, outra cena chamou sua atenção: uma mulher ruiva em um carro esportivo ao lado abaixou a janela.Ela era incrivelmente atraente, com lo
— O que tem de tão especial nesses morangos? — Marcelo perguntou, estranhando a reação dela. Afinal, Esther não se importaria tanto se não houvesse algum motivo.A mulher ruiva continuava a segui-la, jogando alguns comentários aqui e ali, dizendo até que invejava a sorte de Esther.Ela então lançou um olhar afiado para Esther, a observando de perto. Quanto mais olhava, mais sentia que aquela mulher lhe era familiar.— Se é para falar de algo especial... — A mulher ruiva começou, com um sorrisinho de canto. — É porque foram cultivados por ele. Mais ninguém pode tocar. Nem sonhe em deixar alguém sequer encostar.Esther parou de andar subitamente.— Eu tenho que ir. — Disse a mulher ruiva de cabelos vermelhos, acelerando e deixando Esther para trás.Esther olhou para os morangos, pensativa.Geraldo havia dito que esses morangos estavam por toda parte entre os vizinhos. Será que era só ela que ganhado?Ela sentia um certo incômodo, mas logo afastou os pensamentos e voltou para a empresa.D
— Encontro arranjado?Ao ouvir essa notícia, o rosto de Marcelo imediatamente se fechou. Seu olhar, antes tranquilo, ficou afiado como uma lâmina. Eles nem sequer haviam se divorciado ainda, mas ela já estava em um encontro arranjado? Que tipo de homem poderia ser melhor do que ele?Com a voz fria, Marcelo disse:— Vamos ver quem é esse sujeito. Quero saber o quanto ele é bom.Por fora, ele tentava manter a calma, mas suas mãos estavam cerradas em punhos. Internamente, o sangue fervia. Ele já imaginava o quanto queria dar uma lição no cara que estava tentando roubar a mulher dele.Naquele momento, Geraldo saiu de um dos apartamentos. Os olhos de Marcelo, sombrios e atentos, imediatamente encontraram os de Geraldo. Os dois se encararam por alguns segundos.Geraldo não desviou o olhar, mas sustentou o contato, como se quisesse transmitir uma mensagem silenciosa.Marcelo, por sua vez, também não recuou. Os dois passaram um pelo outro, sem dizer uma única palavra, apenas trocando olhares
Essas eram todas as promessas que tinham feito a Isabela. Ela conhecia muito bem a vida que Esther levava na família Mendes. Casar com um homem rico não era sinônimo de felicidade. O dinheiro podia ser abundante, mas os dias nem sempre eram bons. No fim das contas, a felicidade no casamento dependia muito da aprovação dos parentes do cônjuge.Isabela não queria que Esther repetisse o mesmo erro. Na escolha de um parceiro, a atitude dos pais dele era fundamental. A família em questão tinha mantido contato com eles por muitos anos, mesmo estando no exterior. Isso demonstrava consideração e respeito.Isabela confiava plenamente neles, pois realmente valorizavam Esther. Além disso, levando Esther para o exterior, ela finalmente se distanciaria de Marcelo, encerrando qualquer esperança que ainda restasse entre os dois.Eles estavam tão presos um ao outro que, mesmo com a situação complicada, ainda não haviam se divorciado. Mas, agora, seria Isabela quem tomaria a decisão por eles.Ela já ti
Marcelo se ajoelhou, e seus homens o acompanharam, repetindo o gesto.O impacto dessa ação foi imediato. A cena era grandiosa e intimidante, criando uma pressão evidente no ambiente.Isabela ficou tão surpresa que deu alguns passos para trás, tentando processar a situação.Esther, igualmente chocada, não conseguiu esconder o espanto.Isabela, que geralmente era uma mulher com postura firme, ficou sem palavras ao ver Marcelo nessa posição. Sua autoridade parecia murchar diante do ato dele.— Marcelo, o que você está fazendo? Se levante agora! — Ela ordenou, embora sua voz tivesse perdido um pouco do tom autoritário.Com a cabeça abaixada, Marcelo respondeu com firmeza:— Sogra, por favor, deixe que Esther fique comigo.Com outras pessoas, Marcelo sempre agia com firmeza e determinação, mas diante da família de Esther, ele sempre foi respeitoso e educado. Mesmo com Isabela desaprovando o relacionamento e duvidando que o casamento deles pudesse dar certo, ver Marcelo, um homem tão orgulh
As palavras de Esther foram como uma lâmina afiada. Marcelo ficou visivelmente abalado. Sua expressão se contorceu em algo entre frustração e dor, e o desconforto estampado em seu rosto era evidente.Esther, no entanto, não se importava com o quanto suas palavras poderiam ser duras ou cruéis. Para ela, tudo já estava decidido. Quando ela tomava uma decisão, não havia volta. Marcelo não conseguiria convencê-la com algumas poucas palavras doces.Sem olhar para trás, Esther virou e saiu do restaurante com passos firmes, mantendo a calma.Marcelo, por outro lado, ficou parado no mesmo lugar, congelado, sem conseguir reagir.Quando Esther finalmente cruzou a porta, a sensação de sufocamento desapareceu, dando lugar a uma clareza renovada.“A decisão certa foi deixar Marcelo.”, pensou consigo mesma.Embora ele dissesse que a amava, Esther nunca sabia quanto daquelas palavras era realmente verdade.Acreditar no amor de um homem era um caminho perigoso. Quanto mais você confiava, maior era a
Esther olhou para a mulher ruiva, com as roupas desarrumadas, e não pôde evitar que sua mente fosse direta para uma conclusão específica.Mas o barulho não deveria ter sido tão alto, não para esse tipo de situação.A mulher ruiva cruzou os braços, e uma expressão de compreensão passou pelo seu rosto.— Agora entendo o que está acontecendo. Você mora ao lado, não é?— O quê? — Esther, confusa, franziu o cenho. — Tá tudo bem com vocês? Porque, olha, o barulho estava meio alto...— Fizemos muito barulho? — A mulher ruiva perguntou, como se nem tivesse se dado conta.— Um pouco, sim.— Desculpa aí. — A mulher respondeu com um sorriso que parecia divertido. — Mas, fica tranquila, agora já tá tudo bem. Pode voltar a dormir tranquila.Ela deu dois passos para longe, mas antes de sair, lançou um olhar sugestivo para Esther, que fez um frio subir pela espinha.Esther observou a mulher caminhar calmamente pelo corredor, e quando o silêncio voltou, ela fechou a porta, ainda intrigada.Afinal, o q