Demorou um pouco, mas finalmente Murilo desviou o olhar da foto e voltou a encarar Marcelo. A expressão de choque em seu rosto se transformou em confusão. Não entendia por que Marcelo estava tão interessado naquele assunto.— Por que esse interesse todo de repente? — Questionou Murilo. — Mesmo que a garota sequestrada não fosse a Esther, isso seria tão importante pra você?O tom de Murilo não parecia de quem queria esconder algo, nem havia malícia em suas palavras.Os olhos penetrantes de Marcelo relaxaram um pouco, mas ele manteve o tom firme ao responder:— Estou investigando outra questão e acabei esbarrando nisso. Achei que o senhor poderia esclarecer. O sequestro não envolveu a Esther, mas ela tem essas memórias e se vê como essa menina. O nome das duas é o mesmo. Se não houvesse algo escondido, como é possível que Esther tenha essa lembrança?Murilo, ao ouvir isso, ficou visivelmente abalado. Sua expressão mudava de minuto a minuto.— Diretor Murilo, isso aconteceu na escola sob
Murilo ficou ainda mais surpreso, não esperava que a situação chegasse a esse ponto.— Eu também só fiquei sabendo disso hoje. Se no passado falei algo que não devia, espero que não leve a mal.Ele ainda se lembrava de quando tentou juntar Esther com Luiz, sem falar das tentativas com sua própria filha.— O senhor está sendo muito educado, diretor Murilo. — Disse Marcelo, cordialmente. — Já está tarde, não quero tomar mais o seu tempo.Apesar do choque, Murilo era uma pessoa acessível e amigável. Ele fez questão de acompanhar os dois até a saída....Já era madrugada.Esther estava deitada na cama quando sentiu o estômago roncar de fome. Naqueles dias, parecia que a fome vinha com muito mais frequência. Além disso, seu paladar estava diferente, com uma queda por alimentos mais salgados e picantes. Antes, ela não suportava tanto pimenta, mas agora... Ela conseguia comer mais do que imaginava.Mesmo com fome, o cansaço tomava conta dela, e tudo o que queria era dormir. Enrolada no cobert
Ao ouvir aquelas palavras, Esther, instintivamente, fechou os punhos, desviando o olhar. Tinha medo de que estivesse se iludindo.— Você só quer mudar porque se importa comigo? Mas por que se importar tanto assim?Marcelo olhou diretamente para ela e respondeu com firmeza:— Você é minha esposa.Esther mordeu levemente os lábios e começou a mexer o hotpot, sem comer nada.— Não foi a gente que decidiu se divorciar? Usar o argumento de que sou sua esposa parece meio forçado. Antes você nunca se importou em mudar nada por mim. Agora, de repente, resolve se preocupar tanto?Marcelo apenas a observava, como se estivesse refletindo sobre algo. Ele não disse mais nada.Sentindo o peso do olhar dele, Esther desistiu de esperar qualquer resposta e abaixou a cabeça, começando a comer.De repente, Marcelo quebrou o silêncio com uma frase que pegou Esther completamente desprevenida:— Acho que estou começando a gostar de você.A frase tão casual a pegou de surpresa, fazendo ela engasgar. O caldo
Ela estava sentada na cama, com o olhar fixo na porta, sabendo que Marcelo estava do outro lado. Mesmo assim, o sono parecia distante. Seu coração não se acalmava, pois as palavras de Marcelo ainda ecoavam em sua mente. No fundo, ela sentia medo. Medo de expor o que realmente pensava e sentia. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro dela pulsava com uma inquietação incontrolável. Logo, a porta se abriu novamente. Esther levantou os olhos e viu Marcelo entrando no quarto. Ela ficou ali, atônita, observando, da mesma forma como tinha feito na primeira vez que o viu. Sem dizer nada, se limitou a encará-lo, incapaz de pronunciar uma única palavra. Marcelo se aproximou, segurando uma xícara de leite em uma das mãos. Com um tom de voz baixo e profundo, disse:— Beber leite antes de dormir faz bem. Este aqui é doce, ajuda a aliviar o estresse. Esther olhou para o leite à sua frente e, em seguida, para o braço de Marcelo, onde as veias se destacavam levemente. Por um breve momento, ela ficou co
Ao perceber que Marcelo realmente não se lembrava de nada, Esther sentiu uma pontada de decepção no peito. — Nada mais. — Ela balançou a cabeça, resignada.Marcelo não disse nada.Esther se deitou de lado, evitando encarar o rosto dele. No entanto, antes de virar, ela havia notado a tranquilidade no semblante de Marcelo. Como ele não sabia que Enrico era ele mesmo? Será que tinha esquecido completamente aqueles acontecimentos?Mesmo que ele não se lembrasse de tudo, deveria ao menos recordar o nome que usava naquela época. Qual parte dessa história não estava se encaixando?Quanto mais Esther pensava, mais se via presa em um labirinto sem saída. Sua cabeça latejava, a confusão apenas piorava. Ela fechou os olhos, tentando afastar aqueles pensamentos.Marcelo, por sua vez, ajeitou o cobertor sobre ela com cuidado, e permaneceu ali por alguns minutos, observando até perceber que a respiração dela havia se acalmado. Só então, saiu do quarto em silêncio.Fora do quarto, ele pegou o celul
Sofia sabia que, para se manter firme no mundo do entretenimento, ela precisava se livrar daqueles problemas. Se conseguisse, a empresa ficaria do lado dela sem hesitar.Ao sair, ainda não tinha caminhado muitos metros quando foi reconhecida. Uma pessoa logo comentou:— Não é a Sofia? Aquela que mentiu pra todo mundo?Sofia sentiu o coração disparar, o medo tomou conta. Instintivamente, ela cobriu o rosto com as mãos.— É ela! Está se escondendo agora!Mesmo com óculos escuros e máscara, ela ainda foi identificada. Em questão de segundos, várias pessoas começaram a olhar para ela, formando uma pequena multidão.— Como você tem coragem de sair na rua? Não tem medo de alguém tacar um ovo podre em você?— Que vergonha! Se tivesse um pingo de dignidade, não teria feito aquelas coisas!— Mentirosa! Fez seus fãs atacarem gente inocente na internet. Você devia desaparecer!As palavras cruéis a atingiam como facas. Sofia olhou ao redor, cada rosto parecia o de um carrasco. Sua pele empalideceu
Como ele poderia estar ali?— O que você está fazendo aqui na minha porta? — Esther perguntou, claramente desconfiada.Ela mal conhecia Geraldo. Só haviam se encontrado uma vez, por causa de Sofia. Agora, ele estava na porta dela, e isso fazia Esther suspeitar que ele a estivesse seguindo ou talvez tivesse algum outro motivo oculto para estar ali.O olhar de Geraldo demonstrava certa surpresa, mas ele respondeu com calma:— Eu moro ao lado.Esther continuou olhando para ele, confusa. Não entendeu imediatamente o que ele queria dizer.Vendo o olhar de dúvida e desconfiança dela, Geraldo apontou para o lado e explicou:— Eu sou seu novo vizinho.Esther olhou para a porta do apartamento ao lado, que estava aberta. Só então percebeu que o antigo apartamento vazio agora tinha um novo morador.— Quando você se mudou para cá? — Perguntou ela, ainda processando a novidade.— Hoje de manhã.— Eu achei que você morasse onde trabalha, o lugar parecia ser uma casa. — Esther lembrou do lugar onde o
Embora ela tivesse pago pelo serviço, aquele favor ainda estava gravado em sua memória.— Quem sabe um dia, né? — Esther respondeu, sem recusar diretamente. — Espera um pouco, você me deu esses morangos, então eu também quero te dar alguma coisa.Dizendo isso, ela rapidamente voltou para dentro de casa.Geraldo, por sua vez, permaneceu do lado de fora, sem demonstrar a intenção de entrar, esperando pacientemente na porta.Esther ainda não sabia bem o que poderia dar a ele. Olhou ao redor e viu algumas garrafas de leite fresco que ainda tinha em casa. Decidiu pegar duas delas e voltou para a porta.Enquanto ela estava de costas, Geraldo observou ela com um sorriso discreto no canto dos lábios. Quando Esther voltou, ele rapidamente escondeu qualquer emoção que pudesse transparecer em seus olhos.— Não tem muita coisa aqui em casa. Esse é um leite que eu gosto muito. O sabor é bem forte, então não sei se você vai gostar. — Disse ela, oferecendo-lhe as garrafas.— Obrigado. — Geraldo aceit