— Não foi culpa sua. — Gabriel se aproximou com passos firmes, seus olhos fixos em Natacha, enquanto ele a envolvia em um abraço suave. Ele inclinou a cabeça, sussurrando em seu ouvido, tentando transmitir conforto através de suas palavras e calor. — Antes de um medicamento ser aprovado, ele passa por várias fases de teste. Diversas coisas podem acontecer. Os pais que aceitaram participar dos testes sabiam dos riscos. O remédio pode melhorar ou piorar a condição dos pacientes.Natacha, no entanto, sentiu um leve desconforto crescer em seu peito. Sentindo a pressão do abraço, ela se afastou lentamente. Suas longas pestanas tremiam levemente enquanto ela desviava o olhar, seus olhos refletindo uma tristeza profunda. — Eu sei que é isso, mas, mesmo assim, eu não consigo deixar de me sentir mal. — Murmurou ela, desanimada.Gabriel a observou intensamente, sua expressão suavizando ao ver a vulnerabilidade dela. — Isso aconteceu faz tempo, mas você nunca me contou nada. Se fosse eu, também
Gabriel se aproximou lentamente, seus passos medidos e silenciosos. Ele segurou o rosto de Natacha entre as mãos, seus dedos acariciando suavemente a pele macia dela. Natacha sentiu seu coração acelerar, batendo forte como se estivesse prestes a explodir. O calor das mãos dele fez um arrepio subir por sua espinha, enquanto os olhos de Gabriel a fitavam com uma intensidade que a deixou desnorteada. Quando os lábios dele estavam quase tocando os dela, uma avalanche de pensamentos e emoções a invadiu.— Eu… Eu acabei de lembrar que tenho uma coisa do trabalho para resolver. Preciso ir. — Murmurou Natacha, rapidamente se afastando, nervosa e atrapalhada, sentindo o rosto arder de vergonha e confusão. Ela deu um passo para trás, tropeçando levemente, seus pés vacilando como os de um cervo assustado, antes de se virar e correr para o escritório, suas mãos trêmulas tentando esconder o tumulto de emoções que a dominava.Gabriel ficou olhando para ela se afastar, uma mistura de tristeza e resi
Gabriel sentiu um aperto no coração, uma dor surda que ameaçava esmagá-lo por dentro. Mas ele manteve a aparência calma, os olhos fixos em Joaquim, como se estivesse olhando diretamente para a alma do homem à sua frente. — Você tem coragem? Coragem de contar a ela o que realmente aconteceu naquela época? Coragem de dizer por que ela te deixou? Ou como sua esposa e seu filho vieram ao mundo? — Provocou ele, pausadamente, cada palavra cheia de um peso insuportável. — Eu acho que, mesmo que Natacha recupere a memória, ela preferiria não saber a verdade. Afinal, Sr. Joaquim, você não deu a ela muitas boas lembranças, né? Era verdade… Tudo o que ele disse era verdade. Joaquim sentiu as pernas fraquejarem, o sangue gelando em suas veias, e ficou paralisado no lugar, incapaz de reagir. As palavras de Gabriel eram como punhaladas em seu peito, dificultando até mesmo sua respiração. “Mesmo que Natacha lembrasse do passado, o que isso mudaria? Ela apenas me odiaria ainda mais…”, pensou Joaqui
Embora Natacha estivesse furiosa, ela ainda conseguiu manter a calma, uma façanha que exigiu todo o seu autocontrole. — Você está tentando se livrar de toda a responsabilidade, né? — Disse ela, a voz cortante como lâminas de gelo, enquanto suas mãos tremiam levemente de raiva contida. — Mas o laudo da autópsia já saiu. A única explicação é que a concentração do medicamento não foi suficiente, por isso a doença do menino não foi controlada e acabou piorando rapidamente. Na prescrição médica, a dosagem estava claramente indicada. E foi você que administrou as injeções. A única pessoa que poderia ter alterado a concentração do remédio foi você. A enfermeira, sentindo o peso das palavras de Natacha, recuou ligeiramente, seu rosto se contorcendo em uma mistura de medo e indignação. — Eu já disse que não sei de nada! Dra. Susan, mesmo sendo uma especialista contratada a peso de ouro pelo hospital, eu também tenho minha dignidade! Com que direito você me acusa assim? — Retrucou ela, a voz
Natacha quase gritou de tão irritada. Sentia o sangue pulsar nas têmporas, como se o controle que mantinha estivesse prestes a se romper. Sua respiração, acelerada, denunciava a fúria que tentava conter. Os olhos, fixos na enfermeira, estavam carregados de uma intensidade quase avassaladora. Ela não suportava mais ouvir desculpas ou evasivas.— Vamos, agora! — Natacha ordenou, a voz baixa. Com um movimento brusco, agarrou o braço da enfermeira, puxando ela sem qualquer cerimônia. Seu olhar, cortante, parecia penetrar a alma da outra mulher, deixando claro que não havia espaço para negociação.A enfermeira, assustada e sem forças para resistir, deixou-se ser conduzida, sentindo o peso da vergonha a esmagar.Ao chegar ao escritório do diretor, seu coração pulsava acelerado, mas sua determinação era inabalável.Não demorou muito para que a polícia fosse chamada. A enfermeira, agora encolhida em um canto, chorava sem parar, enquanto era escoltada pelos policiais. As lágrimas, no entanto,
A experiência de anos no trato da saúde fez com que Rafaela percebesse, quase instantaneamente, que a doença de Domingos havia voltado. Mas, dessa vez, a gravidade parecia ainda maior, como se a vida do filho estivesse pendendo por um fio.— Mãe, eu... Eu tô me sentindo... Muito mal. Será que... eu tô prestes a... Morrer? — Domingos, lutando para respirar, tentava falar, a voz fraca e carregada de medo. As palavras de Domingos atingiram Rafaela como um golpe no estômago. O desespero tomou conta dela. — Não, não diga isso, meu filho! — Ela quase gritou, sua voz trêmula, tomada pelo pânico. — Não fale besteiras! Eu não vou deixar, ouviu?! — Ela segurou o rosto de Domingos com as mãos trêmulas, como se tentasse ancorá-lo à vida através do toque.Em um movimento brusco, Rafaela se virou para Dora, que estava pálida de medo, incapaz de se mover. — Dora, pelo amor de Deus, liga pro Dr. Bryan agora! — Ela gritou, o desespero transbordando em cada palavra. — Faça ele vir aqui imediatamente!
Joaquim estava decidido a levar Domingos ao hospital, e Rafaela não teve escolha a não ser acompanhá-lo. Sentada no banco do passageiro, seu olhar estava fixo no filho, que mal conseguia respirar. De repente, ela pegou o cartão de visita que Joaquim havia dado antes e, com um gesto nervoso, devolveu-o a ele. — Natacha me detesta. — Sua voz saiu trêmula, carregada de ressentimento. — Ela não vai querer me ajudar. Melhor você ligar pra ela. Rafaela desviou o olhar, tentando esconder a humilhação que sentia só de imaginar ter que pedir ajuda a Natacha.Joaquim soltou um suspiro pesado, pegando o telefone e discando o número.Do outro lado da linha, Natacha atendeu. Joaquim explicou rapidamente a situação. Ele sabia que, apesar de qualquer ressentimento que Natacha pudesse ter, ela era uma profissional dedicada. Além disso, ele já havia salvado a vida dela antes, o que, sem dúvida, pesaria na decisão.Natacha concordou rapidamente em ajudar.O carro voava pelas ruas.Assim que chegaram
E o pior de tudo é que ainda era um encontro totalmente às claras. De repente, como se um relâmpago atravessasse sua mente, Rafaela abriu a boca e soltou a pergunta que a corroía por dentro.— Assinar aquele termo de consentimento, o que isso significa? Se nós assinarmos, e o Domingos acabar como aquele outro garoto, morrendo nas suas mãos, você também vai sair dessa sem nenhuma responsabilidade, jogando toda a culpa em nós? — Rafaela perguntou com um tom de desafio, cruzando os braços e erguendo o queixo, tentando mascarar a insegurança que sentia.Os olhos de Natacha se fixaram nela, afiados como lâminas, sem deixar transparecer um pingo de emoção. — Esse caso já foi esclarecido no site oficial do hospital. Sugiro que você dê uma olhada. — Disse Natacha, com a voz firme e um leve sorriso irônico nos lábios. — Além disso, se você não confia em mim, pode levar seu filho embora a qualquer momento. Inclusive agora, se quiser, eu não vou te impedir. Rafaela ficou completamente dividida