Natacha não entendia por que Joaquim precisava caluniar seu pai de maneira tão cruel. Em sua memória, o pai sempre fora um homem bondoso e dedicado, trabalhando arduamente todos os dias para sustentar a família. Se lembrava das noites em que ele chegava em casa exausto, mas ainda assim, com um sorriso no rosto e um abraço caloroso para ela. Por que Joaquim ousava acusá-lo de algo tão horrível? A raiva pulsava em seu peito como um tambor ruidoso, e seus olhos se encheram de lágrimas, como um céu prestes a desabar em tempestade. Ela as enxugou rapidamente, se sentindo decepcionada. Pensava que, após uma conversa sincera, Joaquim percebia seus sentimentos. Contudo, ele continuava a ser o mesmo homem arrogante e egoísta de sempre, um enigma frio e inalcançável.O tempo passou, mas Natacha não sabia ao certo quanto, quando ouviu uma voz familiar e cortante, rasgando o silêncio como uma lâmina afiada:- Você pretende ficar aqui até quando? Se adoecer, vai acabar me dando mais trabalho.Nata
Rodrigo ficou com o rosto pálido de raiva, as veias em seu pescoço pulsando visivelmente. Ele sentia seu sangue ferver, mas pela sobrevivência do Grupo Gonçalves, ele teve que se controlar. Cerrando os dentes, falou em um tom baixo, quase rosnando:- Natacha me disse que você quer discutir a aquisição do Grupo Gonçalves hoje. Se eu não concordar, você vai respeitar minha decisão?A sala de reunião parecia encolher em volta deles, cada palavra ressoando nas paredes de vidro. O ar estava tenso, quase sufocante. Rodrigo podia sentir o suor escorrendo pelas costas, apesar do ar-condicionado. Ele encarou Joaquim com olhos estreitos, tentando ler qualquer sinal de fraqueza no rosto do adversário.Joaquim olhou para ele com um olhar profundo, seus olhos brilhando com uma mistura de determinação e desafio. Ele se inclinou levemente para frente, apoiando os cotovelos na mesa, e respondeu com uma voz calma e controlada:- Há algo que quero esclarecer primeiro. Se eu disser, tenho certeza de que
Rodrigo, em um momento de intensa emoção, argumentou, sua voz emocionada pela sinceridade:- Natacha é minha filha, eu a amo demais para usar ela! Sim, cometi erros no passado, mas minha intenção sempre foi salvar vidas, não as destruir. Eu não sou um homem sem cuidado!O som da risada irônica de Joaquim ecoou pelo escritório, cortando o ar com sua frieza. Seus olhos, frios como o gelo, refletiam a descrença.- Se realmente estivesse arrependido, já teria se entregado. No entanto, você escolheu encobrir seus crimes e viver impune, não é?Rodrigo se sentiu esmagado pela acusação. Incapaz de se conter, desabou em lágrimas, cobrindo o rosto com as mãos trêmulas. As lágrimas corriam livremente, carregando anos de remorso e culpa.- Sim, eu escondi meus erros. Você está certo! Mas eu me arrependo profundamente. Não tenho uma noite de sono tranquila há anos. Joaquim ficou impassível, seu olhar implacável. Comparado ao sofrimento de Murilo, ele acreditava que Rodrigo merecia cada tormento.
Natacha abaixou a cabeça, uma mistura de vergonha e confusão em seu coração. Não sabia ao certo o que significava para Joaquim, mas ficou agradecida por tudo que ele fez pelo Grupo Gonçalves e por ela. Os sentimentos conflitantes que guardava por Joaquim a deixavam em um estado de incerteza constante.Ao perceber que a situação estava resolvida, Dolores ficou eufórica. Pela primeira vez, tratou Natacha com carinho, reconhecendo que a criação da neta não foi em vão. Afinal, o Grupo Gonçalves agora tinha Joaquim como um grande aliado, e isso era um trunfo considerável.- Natacha, querida, você precisa tratar bem o seu marido. Volte aqui para aprender algumas receitas comigo, seja mais cuidadosa. Homens gostam disso. - Disse Dolores, com um sorriso calculado, suas intenções claras como a luz do dia.Natacha franziu a testa, se sentindo desconfortável com a repentina mudança de atitude da avó. - Vovó, eu e Joaquim já nos divorciamos. - Respondeu, com a voz firme.Mesmo que não tivessem se
Portanto, Natacha pegou delicadamente a taça de vinho das mãos de Dolores, colocou ela de lado e disse com firmeza: - Vovó, ele disse que não bebe. Além disso, o vinho não é algo bom.Se sentindo um tanto desmoralizada e contrariada, Dolores deu a ela um olhar de reprovação. Joaquim, no entanto, soltou uma leve risada e, com um tom cheio de ternura e uma expressão de carinho nos olhos, disse a Natacha: - Eu vou seguir o que você diz.Aquela atitude era como a de um marido que acatava docilmente as ordens da esposa. O rosto de Natacha ficou intensamente ruborizado de vergonha e confusão, sem entender o que passava pela cabeça de Joaquim para falar com ela de maneira tão íntima diante de seu pai e avó.Depois de finalmente terminarem a refeição na casa da família Gonçalves, Dolores insistiu, quase de maneira imperiosa, para que Joaquim ficasse para tomar um chá.- Não, eu tenho outros compromissos. Vou levar a Natacha e já vamos nos despedir. - Joaquim recusou educadamente, segurando
Natacha ficou em silêncio, seus olhos abaixados enquanto murmurava: - Mas o bebê de Rafaela... Você não me culpa mais por isso? - Sua voz estava carregada de dúvida e esperança, como se a resposta de Joaquim fosse determinar o curso de suas vidas. Ela olhava para baixo, evitando o olhar dele, seus dedos entrelaçados em um gesto nervoso.Ela queria desesperadamente saber se, ao perdoá-la, ele aceitaria seu filho. Joaquim, no entanto, não respondeu imediatamente. Ele não confirmou nem negou, deixando Natacha presa em um limbo de incerteza. Seus olhos, geralmente tão firmes e decididos, estavam agora distantes, como se lutasse internamente com a decisão de contar ou não a verdade. A verdade que Natacha ainda não sabia era que o bebê de Rafaela nunca chegou a passar pela cirurgia. Quando Joaquim entrou na sala, o médico estava prestes a começar, mas ele interrompeu o procedimento e tirou Rafaela de lá. Agora, Felipe estava do lado dele, garantindo que Paulo jamais soubesse a verdade.
Ao saber das novidades, Natacha ficou bastante contente e disse ao pai: - Papai, agora você pode aproveitar sua aposentadoria sem se preocupar com os compromissos da empresa. No entanto, Dolores comentou de forma sarcástica: - É tão simples assim? Seu pai mal vai à empresa, não percebe que perdeu o poder. E se o Joaquim transformar o Grupo Gonçalves numa casca vazia, o que faremos? - Sua expressão era dura, os lábios curvados em uma linha de desprezo, enquanto lançava um olhar penetrante para Natacha.- O Grupo Camargo é tão grande, você realmente acha que Joaquim está interessado no nosso Grupo Gonçalves? - Retrucou Natacha, irritada. Seu tom era defensivo, e seus olhos lançavam faíscas de raiva. Ela não suportava ouvir críticas sobre Joaquim, nem mesmo de sua própria família. Só ela podia criticá-lo, mais ninguém.Dolores ficou sem palavras, mas, sabendo que a família Gonçalves dependia de Natacha, não quis discutir mais. Ela se retirou para um canto da sala, murmurando para si me
Natacha agradeceu ao médico com sinceridade, sentindo uma onda de alívio e gratidão. Saiu do consultório, acariciando sua barriga e dando um sorriso de alívio. Em silêncio, ela sussurrou para si mesma: - Obrigada, bebê, por não ter deixado a mamãe. Ela não podia evitar a lágrima solitária que escapou, deslizando pelo seu rosto em um misto de alívio e esperança.Isadora, observando a expressão de Natacha, parecia entender seus sentimentos. Com um tom curioso, comentou: - Você não estava pensando em interromper a gravidez? Pelo jeito que ficou preocupada hoje, parece que mudou de ideia.Um pouco envergonhada, Natacha respondeu suavemente: - Cada dia que esse bebê cresce dentro da minha barriga, sinto que ele se torna mais importante para mim. Estou me apegando cada vez mais a ele. Suas mãos instintivamente protegeram seu ventre, como se quisessem assegurar a segurança do bebê contra todas as adversidades do mundo.Isadora olhou para Natacha com uma mistura de preocupação e carinho.