- Rafa, não vamos mais falar do passado. - Joaquim a interrompeu com um tom frio, os olhos fixos nela, transmitindo uma determinação implacável. - Nós não somos mais os mesmos. As pessoas precisam olhar para frente, para o futuro.Rafaela fingiu não entender, forçando um sorriso suave, mas seus olhos brilhavam com uma sombra de tristeza. - Meu futuro inclui você, Joaquim. O futuro meu e do nosso bebê está todo em suas mãos.Joaquim sentiu uma pressão crescente no peito, como se as palavras de Rafaela o sufocassem, a responsabilidade pesando como uma âncora em seu coração.Rafaela insistiu, a doçura de sua voz contrastando com a tensão no ar. - Vamos comemorar seu aniversário como sempre, não é? Não importa o quão ocupado você esteja, você precisa reservar esse dia para mim.Incapaz de mentir e carregado de uma exaustão visível, Joaquim decidiu ser direto. - Este ano, prometi ao meu avô que passaria o aniversário com ele.Os olhos de Rafaela brilharam com uma emoção indefinível, uma
Apesar da aparente calma de Rafaela, a frieza e determinação em seus olhos eram suficientes para gelar qualquer coração que ousasse enfrentá-la. Cada palavra que ela dizia era meticulosamente calculada, cheia de uma precisão cortante: - Srta. Natacha, você voltou para o lado do Joaquim, não foi?Natacha hesitou por um breve momento, como se refletisse sobre a melhor forma de responder. Finalmente, ela disse com uma voz firme, mas tensa: - Sim, vovô Paulo está doente. Precisamos fingir que estamos juntos para enganar ele. Joaquim não te contou isso?- Claro que ele contou. - Rafaela suspirou, com um ar de falsa perturbação que mascarava sua satisfação interna. - Ele está muito chateado com isso. Mesmo não te amando mais, ele tem que fingir que são um casal. Srta. Natacha, você deve estar gostando dessa farsa, não? Talvez seja a última vez que você pode sentir como é ser a esposa de Joaquim, enquanto o avô dele ainda está vivo.Rafaela a observava com um olhar penetrante, descrevendo N
Naquele momento, Gabriel entrou apressado no escritório, seus passos ecoando pelo corredor. Ele disse, com um toque de urgência na voz: - Natacha, eu estava de plantão depois de amanhã, mas surgiu um imprevisto e meu plantão foi adiantado para amanhã. Você tem tempo? Se não puder, eu cubro sozinho. Você pode cuidar das suas coisas.Natacha, que inicialmente havia planejado cancelar todos os compromissos para comemorar o aniversário de Joaquim no dia seguinte, sentiu uma pontada de frustração. No entanto, ela apenas acenou com a cabeça, escondendo seus verdadeiros sentimentos e dizendo calmamente: - Eu posso fazer isso amanhã.- Ótimo, então está combinado. - Respondeu Gabriel, com um sorriso discreto que não conseguiu esconder a satisfação em seus olhos.Ao pensar na possibilidade de fazer o plantão com Natacha, Gabriel sentiu uma inexplicável alegria. Ele não pôde evitar zombar de si mesmo. Afinal, não era a primeira vez que orientava um aluno. Por que estava sentindo essa emoção es
Natacha ficou em silêncio, as palavras de Joaquim ecoando em sua mente como um bálsamo. Joaquim, tentando afastar o pressentimento ruim que crescia em seu peito, disse para si mesmo com uma voz suave, tentando esconder sua própria tristeza: - Não se preocupe, se você precisa estar de plantão, que assim seja. Teremos muitos outros aniversários pela frente, Natacha. Eu nunca vou impedir você de seguir sua paixão.As palavras dele encheram os olhos de Natacha de lágrimas, como se uma represa dentro dela estivesse prestes a se romper. Mesmo sem dizer nada, seu coração batia descompassado, como se uma única palavra a mais dele pudesse fazê-la desistir completamente, disposta a seguir Joaquim, mesmo sendo considerada uma intrusa, mesmo perdendo a si mesma.Na manhã seguinte, Joaquim e Natacha se levantaram como de costume, seguindo suas rotinas quase automaticamente. Mas Natacha não conseguia evitar um sentimento de arrependimento, uma sombra que pairava sobre ela. Não deveria ter deixado
Natacha estava exasperada. O chão da sala de plantão estava completamente encharcado, e seus sapatos estavam empapados de água. Quando Gabriel saiu de seu consultório, encontrou Natacha com um esfregão na mão, limpando o chão repetidamente, suas costas arqueadas de cansaço. O rosto dela estava pálido e havia uma expressão de frustração em seus olhos.- O que aconteceu aqui? - Ele perguntou, franzindo o cenho ao ver a água espalhada por toda a pequena sala. - Por que há tanta água?Natacha soltou um suspiro pesado, resignada. - Acho que o cano quebrou ou o esgoto está entupido. Tem sido um pesadelo lidar com isso. - A voz dela estava rouca de tanto reclamar para si mesma enquanto esfregava o chão incessantemente.- Então, por que você está limpando o chão? Com o frio que está fazendo, você vai acabar pegando um resfriado dormindo nesse ambiente úmido. - Disse Gabriel, apontando para sua própria sala de plantão. - Meu espaço é maior e tem quatro camas. Se não se importar, pode dormir l
Natacha ficou apavorada e respondeu rapidamente: - Eu... Eu não estou na sala de plantão. Espere um momento, já vou sair. Seu coração batia acelerado, tendo medo de que Joaquim descobrisse que ela estava na mesma sala que Gabriel. Isso seria difícil de explicar.Ela desceu da cama e saiu silenciosamente, cada passo ecoando na sua mente como um tambor de tensão. No corredor mal iluminado, ela viu Joaquim segurando uma pequena caixa. Seu sorriso gentil iluminava seu rosto cansado, mas havia uma intensidade em seus olhos que ela não conseguia decifrar. - Está muito ocupada esta noite? Se não estiver, podemos comer o bolo juntos, como lanche da madrugada. - Disse Joaquim, sua voz carregada de uma esperança tímida.Natacha não esperava que ele viesse pessoalmente entregar o bolo, ainda mais no aniversário dele. A culpa a invadiu por não ter preparado nenhum presente. No começo, ela não se importou, pensando que Joaquim havia traído sua família primeiro. Mas agora, diante da sinceridade
Natacha, essa mulher era realmente insuportável! Joaquim estava furioso com ela. Ela tinha a audácia de ir e vir entre ele e Gabriel. Não era de se admirar que, ultimamente, ela estivesse tão distante, tão quente e fria ao mesmo tempo. No fim das contas, ela estava apenas indecisa e volúvel. Cada vez que ele pensava nela, sentia como se um punhal estivesse sendo cravado em seu coração, girando lentamente.Joaquim deu um sorriso amargo, se sentindo extremamente miserável. Em todos os aniversários, nunca recebeu a bênção ou o carinho dos pais. E agora, até Natacha deu a ele um “presente” tão amargo. Ele se sentia traído, uma dor profunda que parecia corroer seu interior, deixando ele vazio e desamparado. Enquanto sua alma estava mergulhada em tristeza, uma voz suave o chamou: - Joaquim, é você? Joaquim ficou um pouco surpreso e se aproximou rapidamente. Na penumbra, ele reconheceu Rafaela, que estava elegantemente vestida, apesar da hora avançada. - O que você está fazendo aqui? Est
Rafaela estava radiante de alegria por dentro, mas fingia preocupação ao dizer: - Parece que a Srta. Natacha entendeu tudo errado. - Deixe ela pensar o que quiser, isso não me diz respeito. - A voz de Joaquim cortou o ar com frieza. O gelo em suas palavras era quase tangível, refletindo a frieza que ele sentia em seu coração.- Sim... Afinal, vocês dois já não têm mais nada. - Rafaela intencionalmente o lembrou, tentando esconder o sorriso satisfeito que ameaçava surgir em seus lábios. A mão de Joaquim apertou o volante com tanta força que os nós de seus dedos ficaram brancos. Acelerando, ele dirigia Rafaela de volta para casa com uma determinação fria, seus olhos fixos na estrada, mas sua mente perdida em um turbilhão de pensamentos conflitantes.Ao chegarem, Joaquim foi direto para o banheiro e começou a encher a banheira, tirando o casaco no processo. O vapor começou a preencher o ambiente, criando uma névoa densa que combinava com a confusão em sua mente. Rafaela, surpresa e c