Natacha ficou apavorada e respondeu rapidamente: - Eu... Eu não estou na sala de plantão. Espere um momento, já vou sair. Seu coração batia acelerado, tendo medo de que Joaquim descobrisse que ela estava na mesma sala que Gabriel. Isso seria difícil de explicar.Ela desceu da cama e saiu silenciosamente, cada passo ecoando na sua mente como um tambor de tensão. No corredor mal iluminado, ela viu Joaquim segurando uma pequena caixa. Seu sorriso gentil iluminava seu rosto cansado, mas havia uma intensidade em seus olhos que ela não conseguia decifrar. - Está muito ocupada esta noite? Se não estiver, podemos comer o bolo juntos, como lanche da madrugada. - Disse Joaquim, sua voz carregada de uma esperança tímida.Natacha não esperava que ele viesse pessoalmente entregar o bolo, ainda mais no aniversário dele. A culpa a invadiu por não ter preparado nenhum presente. No começo, ela não se importou, pensando que Joaquim havia traído sua família primeiro. Mas agora, diante da sinceridade
Natacha, essa mulher era realmente insuportável! Joaquim estava furioso com ela. Ela tinha a audácia de ir e vir entre ele e Gabriel. Não era de se admirar que, ultimamente, ela estivesse tão distante, tão quente e fria ao mesmo tempo. No fim das contas, ela estava apenas indecisa e volúvel. Cada vez que ele pensava nela, sentia como se um punhal estivesse sendo cravado em seu coração, girando lentamente.Joaquim deu um sorriso amargo, se sentindo extremamente miserável. Em todos os aniversários, nunca recebeu a bênção ou o carinho dos pais. E agora, até Natacha deu a ele um “presente” tão amargo. Ele se sentia traído, uma dor profunda que parecia corroer seu interior, deixando ele vazio e desamparado. Enquanto sua alma estava mergulhada em tristeza, uma voz suave o chamou: - Joaquim, é você? Joaquim ficou um pouco surpreso e se aproximou rapidamente. Na penumbra, ele reconheceu Rafaela, que estava elegantemente vestida, apesar da hora avançada. - O que você está fazendo aqui? Est
Rafaela estava radiante de alegria por dentro, mas fingia preocupação ao dizer: - Parece que a Srta. Natacha entendeu tudo errado. - Deixe ela pensar o que quiser, isso não me diz respeito. - A voz de Joaquim cortou o ar com frieza. O gelo em suas palavras era quase tangível, refletindo a frieza que ele sentia em seu coração.- Sim... Afinal, vocês dois já não têm mais nada. - Rafaela intencionalmente o lembrou, tentando esconder o sorriso satisfeito que ameaçava surgir em seus lábios. A mão de Joaquim apertou o volante com tanta força que os nós de seus dedos ficaram brancos. Acelerando, ele dirigia Rafaela de volta para casa com uma determinação fria, seus olhos fixos na estrada, mas sua mente perdida em um turbilhão de pensamentos conflitantes.Ao chegarem, Joaquim foi direto para o banheiro e começou a encher a banheira, tirando o casaco no processo. O vapor começou a preencher o ambiente, criando uma névoa densa que combinava com a confusão em sua mente. Rafaela, surpresa e c
Vendo ela parada, Gabriel explicou: - Hoje não estou bem e tenho medo de cometer erros durante a cirurgia.Observando as olheiras de Natacha, ele acrescentou: - Você também não descansou bem, não é? Seu olhar atravessava a barreira profissional, captando a inquietude que Natacha tentava esconder.Natacha ficou sem saber o que dizer. Embora a última noite tivesse sido uma das mais tranquilas em todos os seus plantões, ela não conseguiu pregar o olho. Agora, suas olheiras denunciavam seu cansaço extremo. Gabriel, percebendo algo mais em seu semblante, disse: - Depois da visita aos pacientes, você também deve ir descansar. Mas se lembre, é importante separar sua vida pessoal do trabalho. Entendeu? Isso era tanto um aviso para Natacha quanto um lembrete para si mesmo. Adiar uma cirurgia era algo que Gabriel nunca fazia. Ele sempre foi um homem extremamente disciplinado e agora se via odiando essa nova versão de si mesmo. A culpa corroía sua mente, e ele se perguntava se estava deixa
Isso era como receber um passe livre para o palácio! Com essa motivação, Natacha se sentiu energizada. Após o plantão noturno, em vez de descansar, ela pegou seus livros e materiais de estudo e foi para a sala de estudos. Determinada, ela se comprometeu a transformar seus sonhos em realidade, a cada página que lia, se sentia mais próxima do objetivo.Ela pensou que sua vida não se limitava a Joaquim. Havia também seus sonhos e sua carreira. Além disso, era só estudando que ela conseguia acalmar seu coração. Mergulhar nos estudos a fazia esquecer, nem que fosse por um breve momento, das dores que carregava.Assim, por vários dias, Natacha mergulhou nos estudos, se forçando a não pensar nas coisas que a deixavam triste. Durante esses dias, ela não viu Joaquim nenhuma vez. Paulo disse que ele estava em uma viagem de negócios. A ausência de Joaquim era um alívio, mas também um vazio difícil de ignorar.Natacha não sabia se ele realmente tinha viajado a trabalho ou se estava apenas evitand
- Paulo já está internado há pelo menos uma semana. Natacha e Joaquim estão se dedicando incansavelmente a cuidar dele, sem desviar a atenção nem por um momento. - Rafaela, percebendo a expressão de apreensão no rosto de Lara, entendeu que havia encontrado seu ponto fraco. - Você tem noção do que isso implica? - Continuou ela, com um tom ameaçador que parecia ecoar pelo ambiente. - Talvez, quando Paulo falecer, Joaquim já tenha repartido toda a herança da família Camargo, e você nem sequer terá conhecimento. Talvez você e seu filho não recebam um único centavo!Um calafrio percorreu a espinha de Lara, e suas mãos começaram a tremer ligeiramente. As palavras de Rafaela tocavam diretamente no seu maior medo, dissolvendo a sua fachada de confiança. Sua postura altiva começou a desmoronar, dando lugar a uma expressão de incerteza que revelava sua vulnerabilidade. - Isso é... Joaquim que te disse? - Perguntou ela, com a voz vacilante, buscando alguma âncora de realidade nas revelações pert
Mas eles continuaram fingindo ignorância, mantendo uma fachada inabalável para que Paulo não percebesse suas intenções traiçoeiras. Lara se aproximou com uma expressão preocupada, os olhos simulando uma preocupação que não sentia, e perguntou: - Sim, pai, o que aconteceu? Onde você está sentindo dor? Como acabou internado de repente? Paulo, já habituado às artimanhas da família, não conseguia diferenciar se eles estavam ali apenas para visitá-lo ou se sabiam de algo e estavam tentando conseguir informações sobre seu estado de saúde ou seu testamento. Assim, respondeu calmamente, com um tom calculado: - Não é nada sério, apenas a idade avançada. Estou aqui para fazer alguns ajustes na saúde.- Ah, que alívio! - Disse Lara, embora por dentro estivesse amaldiçoando o velho por ser tão astuto. Com um sorriso forçado e um olhar que tentou parecer genuíno, acrescentou. - Sua saúde é nossa maior bênção!Paulo olhou para eles com desconfiança, seus olhos se estreitando ligeiramente. - Que
Lara pressionou Paulo com as próprias palavras dele, deixando ele sem saída. Paulo lançou um olhar feroz a ela, como se quisesse expulsá-la de imediato por sua ousadia. No entanto, ele sabia que não podia causar um alvoroço naquele momento. Se ele rompesse as relações com eles, certamente fariam algum movimento contra o Grupo Camargo.Paulo queria apenas mantê-los sob controle, silenciosamente removendo os obstáculos para Joaquim, para entregar o Grupo Camargo inteiro nas mãos de seu neto. Pensando nas palavras de Lara, Paulo franziu a testa profundamente como um nó. Então, isso significava que Joaquim não estava em viagem a negócios nos últimos dias? Ele estava acompanhando Rafaela, aquela mulher descarada, em exames de pré-natal? A mente de Paulo girava com pensamentos contraditórios enquanto sua raiva fervia internamente.Contudo, ele não queria demonstrar isso na frente do filho e da nora. Com uma expressão calma, ele assentiu lentamente e disse com frieza, como uma parede de g