Mas eles continuaram fingindo ignorância, mantendo uma fachada inabalável para que Paulo não percebesse suas intenções traiçoeiras. Lara se aproximou com uma expressão preocupada, os olhos simulando uma preocupação que não sentia, e perguntou: - Sim, pai, o que aconteceu? Onde você está sentindo dor? Como acabou internado de repente? Paulo, já habituado às artimanhas da família, não conseguia diferenciar se eles estavam ali apenas para visitá-lo ou se sabiam de algo e estavam tentando conseguir informações sobre seu estado de saúde ou seu testamento. Assim, respondeu calmamente, com um tom calculado: - Não é nada sério, apenas a idade avançada. Estou aqui para fazer alguns ajustes na saúde.- Ah, que alívio! - Disse Lara, embora por dentro estivesse amaldiçoando o velho por ser tão astuto. Com um sorriso forçado e um olhar que tentou parecer genuíno, acrescentou. - Sua saúde é nossa maior bênção!Paulo olhou para eles com desconfiança, seus olhos se estreitando ligeiramente. - Que
Lara pressionou Paulo com as próprias palavras dele, deixando ele sem saída. Paulo lançou um olhar feroz a ela, como se quisesse expulsá-la de imediato por sua ousadia. No entanto, ele sabia que não podia causar um alvoroço naquele momento. Se ele rompesse as relações com eles, certamente fariam algum movimento contra o Grupo Camargo.Paulo queria apenas mantê-los sob controle, silenciosamente removendo os obstáculos para Joaquim, para entregar o Grupo Camargo inteiro nas mãos de seu neto. Pensando nas palavras de Lara, Paulo franziu a testa profundamente como um nó. Então, isso significava que Joaquim não estava em viagem a negócios nos últimos dias? Ele estava acompanhando Rafaela, aquela mulher descarada, em exames de pré-natal? A mente de Paulo girava com pensamentos contraditórios enquanto sua raiva fervia internamente.Contudo, ele não queria demonstrar isso na frente do filho e da nora. Com uma expressão calma, ele assentiu lentamente e disse com frieza, como uma parede de g
- Fique onde está! - Paulo ordenou, sua voz ressoando pelo quarto como um trovão furioso, reverberando nas paredes imponentes do hospital. Seus olhos brilhavam com uma intensidade que Joaquim nunca tinha visto antes. - Não venha com evasivas! Quero que me explique tudo, detalhadamente. Você e a Natacha se divorciaram? Joaquim, que vinha remoendo seus pensamentos durante todo o trajeto até ali, buscando uma forma de explicar a situação ao avô sem provocar sua ira, percebeu que não havia escapatória. Com um suspiro resignado, ele admitiu: - Sim, nos divorciamos.- Desgraçado! - Paulo, dominado pela cólera, agarrou um copo de cristal ao seu alcance e o lançou com força descomunal na direção de Joaquim. O copo cortou o ar em alta velocidade e atingiu em cheio a testa de Joaquim, que ficou imóvel, como se aceitasse o castigo. Um gemido de dor escapou de seus lábios quando o sangue começou a escorrer pela sua cabeça, tingindo de vermelho o chão frio e polido.Paulo, com o dedo trêmulo apon
Naquele momento, Natacha ainda estava ao lado de Gabriel na sala de cirurgia, mas a preocupação com Paulo pesava em seu coração como uma pedra. Decidiu então pedir licença a Gabriel e, com o coração acelerado e as mãos tremendo ligeiramente, voltou apressada para o quarto de Paulo, cada passo uma batida de ansiedade.- Vovô. - Natacha entrou no quarto do hospital com uma expressão de profunda preocupação, seus olhos imediatamente varrendo o ambiente, ansiosos por encontrar alguma resposta ou sinal de alívioEntão, ela parou, atônita.Paulo estava sentado na cama, o rosto marcado pelo cansaço e pela dor, os olhos revelando a profundidade de seu sofrimento.Joaquim estava ali também, não muito longe, com uma mancha de sangue seco na testa, testemunho de um conflito recente e da intensidade dos acontecimentos.Paulo havia mandado Joaquim embora, mas a teimosia e a preocupação com a saúde de Paulo fizeram Joaquim insistir em ficar e vigiar, seu olhar fixo no velho homem como um cão fiel.N
Natacha lutava desesperadamente para conter as lágrimas que ameaçavam escorrer por seu rosto. Seus olhos, agora marejados, refletiam a angústia profunda que a consumia. Com a voz trêmula e entrecortada, ela finalmente desabafou: - Então, vovô, a culpa é minha. Para proteger meu pai das garras de Rafaela, eu me divorciei de Joaquim. Naquele momento, Joaquim estava ao meu lado, mas fui egoísta, e isso nos trouxe a esta situação caótica de hoje.Paulo, já furioso, ouviu suas palavras com uma mistura de raiva e incredulidade. Seus olhos se estreitaram, faiscando de indignação. - O que você está dizendo? Seu pai atropelou Rafaela, e ela usou isso para forçar você a se divorciar? Isso é claramente um golpe ardiloso, uma armadilha bem planejada daquela mulher. Como você e Joaquim não perceberam?Natacha balançou a cabeça tristemente, os cabelos caindo em cascata sobre seu rosto. - Naquela hora, eu não queria acreditar que alguém pudesse ser tão cruel a ponto de colocar em risco a vida de s
O coração de Natacha estava na garganta, batendo forte e descompassado. - Vovô, não pode ser assim. - Implorou, a voz trêmula e olhos suplicantes. - Se Joaquim souber que o filho de Rafaela foi tirado à força, ele me odiará para sempre. Ele nunca me perdoará. - Ele te trata dessa maneira e você ainda se preocupa com ele? - Paulo retrucou com um rosnado, com um brilho perigoso nos olhos. A raiva em suas palavras era palpável, fazendo o ar ao redor parecer mais pesado. - Eu vou fazer com que ele queira se livrar daquela mulher por conta própria. Agora, vá chamar Joaquim.Sem saber como dissuadir Paulo, Natacha saiu do quarto, com os ombros pesados de preocupação. Ela encontrou Joaquim e, com o coração apertado, pediu a ele que fosse ao quarto de Paulo.Eles ficaram lado a lado diante de Paulo, exatamente como no dia do casamento, quando serviram chá ao patriarca da família. Naquela hora, seus corações estavam cheios de esperança e amor, mas agora, a distância emocional entre eles era t
Sob a insistência de Paulo, Joaquim não teve escolha a não ser buscar Rafaela.No caminho, Rafaela não conseguia conter a empolgação que borbulhava dentro dela, os olhos brilhando com uma mistura de expectativa e alegria. - Joaquim, foi mesmo o vovô que pediu para me ver? - Sua voz estava cheia de um entusiasmo mal disfarçado.- Sim. - Respondeu Joaquim, baixinho, as sobrancelhas franzidas em uma expressão de profunda preocupação.Rafaela sorriu, cheia de confiança e quase infantil em sua alegria. - Viu só? Eu disse que, com a idade, vovô acabaria querendo um bisneto. Mesmo que ele não gostasse de mim antes, as pessoas mudam com o tempo.Joaquim suspirou fundo, o olhar fixo na estrada à frente, como se pudesse encontrar ali as respostas para suas inquietações. - Não seja tão otimista. Conhecendo o vovô como eu conheço, as coisas não são tão simples assim. Quando chegarmos lá, pense bem antes de responder qualquer pergunta. Rafaela concordou repetidamente, mas sua mente já estava lo
Mas o Sr. Paulo não passava de um velho prestes a morrer, Rafaela não tinha medo dele.Portanto, ela disse calmamente:- Avô, não entendo o que está dizendo. Embora eu saiba que não gosta de mim, não pode me caluniar assim! Eu sou a vítima, minhas pernas foram quebradas, mas felizmente consegui salvar seu bisneto!O Sr. Paulo semicerrou os olhos, o olhar revelando um traço de perigo, e disse furioso:- Você continua tão perversa! No passado, tentou amolecer meu coração com essas palavras, mas qual foi o resultado? Joaquim ainda escolheu a família Camargo. Então, vou te dizer, o resultado desta vez será o mesmo!Vendo a situação, Rafaela imediatamente mudou de atitude e começou a chorar:- Avô, eu realmente não entendo por que me odeia tanto. Além disso, eu já estou esperando um filho do Joaquim, você não pode deixar seu bisneto nascer sem pai e ser desprezado!Rafaela chorava desesperadamente, mas o Sr. Paulo não demonstrava nenhuma compaixão.O Sr. Paulo falou com autoridade:- Sabe p