Isso não é injusto demais com Domingos? Afinal, Domingos sempre foi muito sensível, e Natacha não queria deixá-lo triste. Nesse momento, Lorena também disse: — Natacha, não precisa se incomodar tanto. Podemos comer qualquer coisa em casa mesmo. Dora, sem entender a situação, continuava animada: — Já que teremos visitas hoje à noite, vou preparar algo especial! Assim, os convidados podem provar meus pratos favoritos. Natacha forçou um sorriso pior do que chorar e disse: — Então, obrigada pelo trabalho, Dora. Assim que Dora foi para a cozinha, Natacha não teve escolha senão convidar Lorena para se sentar. Quando se acomodaram, Natacha percebeu que a expressão de Lorena não estava nada boa. — Lorena, você está se sentindo mal? Seu rosto está muito pálido. — Perguntou com preocupação. — Ou foi o trabalho de hoje que te deixou exausta? Lorena olhou para Natacha e percebeu claramente que ela estava escondendo algo. "Parece que Zeca estava certo... Duarte é um impostor
Natacha escondeu o nervosismo e disse: — Ah, é mesmo! Vou ligar para o meu irmão agora e pedir para ele vir aqui depois do trabalho. Por dentro, porém, pensava: “Preciso dar um jeito de trazer o Duarte para cá. Ela não quer carregar esse fardo sozinha. No fim das contas, o que fazer será decisão dele!” Lorena falou com indiferença: — Não precisa ligar para o Duarte. Só vim confirmar uma coisa com vocês. Natacha e Joaquim se entreolharam, alarmados, sentindo um pressentimento ruim. — Pode perguntar. — Natacha olhou para Lorena e apertou os dedos involuntariamente. Lorena manteve a voz calma ao dizer: — Ouvi dizer que o Duarte tem um filho... Que está sendo criado na casa de vocês. — Não! — Joaquim negou de imediato. — Isso é impossível! Quem foi que te contou essa bobagem? Natacha lançou um olhar de advertência para Joaquim. Para ser sincera, ela estava prestes a desmoronar. Lorena já tinha ido até lá, então talvez fosse melhor contar toda a verdade de uma vez. Pel
Duarte demorou muito para notar a presença de Lorena ao seu lado. Até agora, toda a atenção dele estava voltada para Domingos, sem espaço sequer para pensar em qualquer explicação. Agora que finalmente se acalmou, Duarte caminhou até Lorena. — Lorena, me desculpa... — A voz de Duarte soou rouca e carregada de impotência. — Eu queria te contar isso aos poucos, num momento certo. — Depois? — Lorena soltou uma risada amarga, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto pálido. — Depois quando? Depois que a gente se casasse? Depois que eu tivesse um filho seu e você conseguisse me prender de vez? Duarte, você é desprezível! Você tem um filho! Um filho! E ainda teve a audácia de esconder isso de mim! No seu coração, o que eu sou para você? O que eu sou?! No fim, sua voz tremia de raiva, quase gritando. Nesse momento, uma enfermeira se aproximou e disse: — Por favor, falem mais baixo. Aqui é um hospital. Lorena pressionou o dedo indicador contra os lábios e mordeu a junta com fo
— Abram a porta! Abram essa porta para mim! — Lorena batia desesperadamente contra a porta, a voz já rouca de tanto gritar. Infelizmente, não houve nenhuma resposta. Foi então que Lorena percebeu o quão desprezível Duarte realmente era. Toda a gentileza de Duarte para com ela sempre esteve condicionada à sua obediência. Agora que Lorena havia descoberto seu segredo, ele nem sequer se dava ao trabalho de fingir mais. Sua verdadeira face, vil e cruel, estava completamente exposta. A governanta, ao vê-la chorando tanto, se aproximou para consolá-la: — Srta. Lorena, você brigou com o Sr. Duarte? Se for algo sério, tentem conversar com calma, não fique assim. Que tal comer alguma coisa primeiro? Já passa das oito horas. Lorena não queria que ninguém a visse naquele estado tão humilhante. Enxugou as lágrimas apressadamente e disse: — Nicole, estou bem. Pode ir para casa. Depois que Nicole saiu, Lorena espiou pelo olho mágico e viu Enrico e mais alguns capangas postados do lado
Lorena não disse nada o tempo todo, mas cada palavra sua era como uma lâmina cortante, se afundando dolorosamente no coração. Duarte avançou rapidamente até ela e agarrou seu pulso, puxando ela para perto de si. Seu olhar estava carregado de fúria ao dizer: — Repete isso para mim! — Eu disse... Você é imundo! — Lorena semicerrou os olhos, sua expressão repleta de desprezo e repulsa. — Eu preferia que você nunca tivesse me resgatado de País N. Para mim, tanto faz ter sido estuprada por aqueles homens ou ter dormido com você. Agora, não há mais nenhuma diferença! Cada palavra dela era uma lâmina afiada, perfurando impiedosamente o ponto mais sensível do coração de Duarte. Era a primeira vez que ele conhecia uma mulher tão cruel a ponto de dilacerar alguém apenas com palavras. Duarte nunca se considerou um homem bom. Ele gostava de Lorena, mas não suportava sua rebeldia constante. Ainda assim, ao encarar aqueles olhos frios e aquele rosto devastado, acabou soltando ela. Ma
Lorena manteve o tom desafiador e disse: — Pode usar todos os seus truques contra mim. No pior dos casos, eu morro nas suas mãos! Alguém como você... Duvido que nunca tenha matado ninguém. Duarte assentiu e respondeu: — Já que você mesma disse isso, então vamos ver! — Após falar, ele gritou em direção à porta: — Enrico, entre! Logo, Enrico entrou, mantendo a cabeça baixa, sem ousar levantar o olhar. Ele se curvou levemente e perguntou: — Chefe, o que deseja? Duarte ordenou: — A partir de agora, se a Srta. Lorena não comer, a mãe dela também não come! Quero ver quem aguenta mais tempo sem se alimentar, se a Sra. Lopes ou a Srta. Lorena. Lorena ergueu a cabeça, surpresa, seus olhos se arregalando enquanto encarava Duarte. — Você está sendo cruel demais! — Exclamou, furiosa. — Duarte, além de intimidar mulheres e idosos, você não sabe fazer mais nada, não é? Duarte se agachou diante dela, levantando a mão para acariciar lentamente o rosto de Lorena, que transbordava
— Não precisa. — Lorena recusou friamente. — Você não precisa me explicar nada, e eu também não me importo. Sr. Duarte, já não me interessa quantas mulheres ou quantos filhos você teve no passado. Isso não significa mais nada para mim! A frieza de Lorena caiu sobre Duarte como um balde de água gelada, extinguindo instantaneamente qualquer intenção que ele tivesse de se desculpar. — Certo, se você não quer ouvir minha explicação, então esqueça. — Duarte se levantou com o rosto fechado e declarou. — Mas se lembre, Lorena, você é minha mulher. Assim que resolvermos a situação de Domingos, vamos registrar nosso casamento. A partir desse momento, você será minha para o resto da vida. Lorena olhou para ele, atordoada, e balançou a cabeça. — Você enlouqueceu! Ela simplesmente não conseguia entender o que se passava na mente daquele homem. "Depois de tudo que descobri sobre ele, depois de tudo o que aconteceu entre nós, Duarte ainda quer se casar comigo?" Com um olhar gelado, ela
- Sra. Camargo, parece que o Sr. Joaquim não vai voltar esta noite. Que tal você ir dormir primeiro? – Sugeriu Dora, com gentileza, olhando para a luz ainda acesa no quarto.Um traço de decepção cruzou os olhos de Natacha Gonçalves.Naquele momento, o som do motor do carro ecoou no quintal.Natacha, sem sequer colocar os chinelos, correu para a janela para dar uma olhada.Era realmente o carro esportivo prateado de Joaquim Camargo que entrava na garagem.Ela respirou fundo e olhou para o seu conjunto de lingerie sexy, seu coração batendo de forma descontrolada como um tambor.Dois anos de casamento, ele sempre dormia no quarto de hóspedes e nunca tocou ela.Natacha sabia que o casamento deles foi arranjado pelo avô Paulo e não era a vontade de Joaquim.Mas já se passaram dois anos, eles não podiam continuar assim para sempre, certo?Será que Joaquim achava que ela era apenas uma universitária sem diploma, que não sabia de nada?Será que ele achava que ela era muito passiva?Com esses p