Manuel olhou para Rosana e disse:— Você me conta, o que está pensando agora? Ainda me odeia, não é? Quero saber o que posso fazer para que me perdoe. Não quero que nossa relação continue assim, distante.Nos olhos de Rosana brilhou uma faísca de algo diferente, mas logo ela fez um esforço para sorrir e respondeu:— Como eu poderia te odiar? Se fosse para odiar, eu odiaria meu pai por tudo o que ele fez no passado. Não pense muito nisso. Cuide de sua saúde, por favor.A Rosana de agora era tão suave, mas essa suavidade escondia um coração congelado. O coração de Manuel apertou inexplicavelmente. Ele soltou a mão de Rosana e disse:— Deixe pra lá.Rosana percebeu que Manuel parecia chateado, mas ela também não conseguia agir como antes, se jogar nos braços dele e fazer carinho. Rosana realmente não conseguia.À noite, antes de dormir, ela trouxe água para Manuel lavar o rosto e, em seguida, foi buscar mais água para que ele lavasse os pés. Manuel apressadamente disse:— Não precisa fa
Sra. Maria sentiu um grande desconforto no coração, mas já que a visita estava ali, não poderia simplesmente mandar a pessoa embora. Ela suspirou e, relutante, convidou Tamires a entrar. — Manuel, quanto tempo, não é? — Tamires entrou e, ao vê-lo, seus olhos ficaram marejados no mesmo instante. Não disfarçou a dor em seu olhar ao observar o estado de Manuel. — Você está melhor? Ouvi dizer que sua doença foi grave... E que até fez uma cirurgia.Manuel, com um olhar frio, a fitou, mantendo a expressão impassível. Sua voz saiu fria e distante:— Amanhã já estarei recebendo alta, meu estado já está bem melhor.Tamires, aliviada, levou a mão ao peito, como se o peso que sentia ali tivesse diminuído um pouco.— Que bom ouvir isso... Quando soube que estava internado, quase morri de medo.Sra. Maria, observando o tempo, sabia que Rosana não deveria demorar a voltar. A ansiedade cresceu dentro dela, e ela logo quis que Tamires se fosse embora. Afinal, não queria que, ao chegar, Rosana interp
Diante da simpatia de Tamires, Rosana deu um sorriso um tanto desconfortável, acenando com a cabeça de forma desinteressada.A Sra. Maria achou que, ao perceber que Rosana estava ali, Tamires finalmente desistiria e iria embora. No entanto, para sua surpresa, Tamires não se foi. Pelo contrário, ela se acomodou novamente na cadeira e disse:— Manuel, já se passaram dez anos desde a última vez que nos vimos. Ultimamente, tenho sonhado muito com aqueles tempos, quando eu ficava atrás de você, tanto indo à escola quanto voltando. Estávamos sempre juntos. Agora, você vai se casar... O tempo passa rápido demais, não é?Sra. Maria, preocupada, pensou consigo mesma: “O que será que Tamires está querendo com isso? Por que ela está dizendo tudo isso na frente de Rosana?”Pensando que Rosana poderia se irritar, Sra. Maria se surpreendeu quando, ao ouvir as memórias de Tamires, Rosana apenas fingiu não ouvir. Ela sorriu levemente e disse:— Então, fiquem à vontade para conversar. Eu vou ali prepar
O semblante de Manuel estava frio, e ele disse, com voz baixa:— Vamos embora.— Vamos embora? — Rosana disse, visivelmente sem saber o que pensar. — Ela não disse que ia almoçar aqui? Hoje eu trouxe bastante comida, parece que tudo vai ser desperdiçado.Manuel franziu a testa, olhou para ela e perguntou:— Você não quer saber se eu e ela temos algum passado?Rosana serviu a comida e a colocou à sua frente, falando com calma:— A Tamires não disse que vocês cresceram juntos, estudaram juntos? Isso é normal.A paciência de Rosana fez com que Manuel se sentisse inexplicavelmente irritado e sufocado. Nos últimos tempos, Rosana parecia ter se transformado completamente. Ela estava tão cautelosa, tão submissa, fazendo tudo perfeitamente e cuidando dele com tanto zelo. Mas, a cada dia, Manuel sentia um peso enorme no coração, porque não via mais o sorriso de Rosana; ela só lhe dirigia aquela expressão cuidadosa e educada.Rosana estendeu o prato para Manuel e disse:— Coma logo, o médico di
Assim, Rosana segurava com força a barra de sua roupa, tentando controlar a ansiedade e o medo que lhe afligiam, enquanto erguia o rosto para suportar as exigências de Manuel. Manuel parecia ainda mais insatisfeito. Seus beijos ficaram mais rápidos, mais agressivos. Ele pegou as mãos de Rosana, apertando-as em sua palma, forçando ela a se segurar em seu pescoço. Rosana se entregava passivamente, enquanto suas roupas iam sendo retiradas uma a uma. No fim das contas, Rosana não conseguiu superar o bloqueio em seu coração, e, com a voz embargada, suplicou: — Manuel, você ainda não se recuperou totalmente, não pode fazer isso. O médico disse... Mas antes que Rosana pudesse terminar sua frase, ela foi interrompida pela voz firme e cortante de Manuel: — Foi o médico quem disse que não pode, ou é você que não quer? Manuel segurou o queixo de Rosana, forçando ela a olhar para ele. — Eu posso. O que você quiser, eu posso fazer. Rosana mordeu os lábios, e em seus olhos negros
Rosana sabia muito bem que a pessoa que ela havia sido, já não poderia mais voltar. No entanto, para agradar e fazer Manuel feliz, ela sorriu e disse:— Eu escuto você.Manuel acreditava que havia ajudado Rosana a superar seu dilema, e soltou um suspiro aliviado:— Rosa, eu prometo que daqui para frente vou te tratar bem.Era uma promessa doce, mas, para Rosana, aquelas palavras já não conseguiam mais tocar seu coração....No dia seguinte, Manuel insistiu para que fosse liberado do hospital. Apesar de Dona Maria ainda querer que ele ficasse mais um tempo internado, no final, não conseguiu convencer o filho.Porém, quando chegou o momento de sua alta, surgiu uma nova dúvida. Onde Manuel iria morar a partir de agora? E onde Rosana ficaria?Dona Maria comentou:— Já que vocês dois se entenderam, é hora de pensarem no próximo passo. Não vão continuar morando separados, como quando estavam brigados, não é?— Eu escuto o Manuel. — Rosana olhou para ele, como se aguardasse sua decisão.Ante
Rosana ficou paralisada, chocada, no mesmo lugar. No instante seguinte, se virou e correu na direção do Hospital Cidade M.Enquanto corria, suas lágrimas não paravam de cair.Embora o pai de Rosana tivesse cometido erros no passado, e para Manuel ele fosse considerado um homem ruim, Diego era o pai de Rosana, o homem que a criou, que a protegeu desde pequena de todas as sombras que surgiram em seu caminho.Rosana soubera a verdade de muitos acontecimentos passados, e, por isso, já o odiara e o culpava. Porém, quando soubera que a vida de seu pai estava em risco, o mundo dela parecia prestes a desmoronar.Ao finalmente chegar ao hospital, Rosana assinou imediatamente o termo de consentimento para a cirurgia.Do lado de fora, guardas prisionais faziam a vigilância, e, mesmo que não estivessem lá, Rosana sabia que não teria permissão para entrar na sala de operações e ao menos ver o rosto do pai.Mesmo querendo saber notícias sobre a situação dele, ninguém dava uma resposta a ela.Os guar
Manuel não estava com cabeça para ouvir as provocações da mãe. Seu pensamento estava focado em Rosana. Ele se perguntava se ela não estaria tomando uma atitude impensada, considerando o estado de seu pai. Afinal, Diego, por mais que fosse um homem complicado, era o pai de Rosana, e Manuel conhecia o peso que ele tinha no coração dela.Ele se arrependeu de não ter conversado com a prisão naquela tarde, para evitar que fizessem Rosana passar por mais dificuldades.Enquanto Manuel se torturava com esses pensamentos, Rosana finalmente entrou em casa.Sra. Maria piscou para o filho e disse com um sorriso travesso:— Olha só, Rosana voltou. Você ficou só um pouquinho sem vê-la e já está sentindo falta, não é?Rosana estava completamente absorta em seus pensamentos, dominada pela preocupação com seu pai, e não percebeu as palavras da sogra.Quando ela começou a subir as escadas, Sra. Maria a chamou:— Rosana, querida, come ao menos um pedaço antes de subir. O jantar já está pronto e está te