Manuel franziu ligeiramente a testa e disse:— Como eu poderia esquecer disso? Ela veio por quê?— Não é por outra razão, senão porque a Tamires quer ficar com você! — Sra. Maria disse, torcendo o rosto com desprezo. — A Tamires sempre teve uma quedinha por você, e você não é bobo, sabe disso. Quando ela veio aqui, começou a fazer perguntas disfarçadas, querendo saber se você ainda estava solteiro. Eu disse a ela que você já tem alguém de quem gosta e que vocês estão quase se casando. Queria que ela desistisse dessa ideia!Manuel sorriu, entendendo a situação:— Então, foi por isso que a senhora concordou com o meu relacionamento com a Rosana.Sra. Maria se apressou em negar:— Não, isso foi só um fator pequeno. O que realmente me fez concordar foi a Rosana. Essa moça tem um caráter e uma personalidade excelentes, e, além disso, vocês dois se gostam. Enfim... quando você sair do hospital, veja se consegue apressar as coisas com a Rosana, pra cortar qualquer esperança da Tamires. Eu não
No final da tarde, Dona Maria olhou para o relógio e comentou:— Rosana não está quase saindo do trabalho?Manuel estava meio recostado na cama, lendo um jornal de economia.— Por que tanta pressa? A Rosana pode precisar fazer hora extra. Não a incomode e nem a apresse.— Quando é que eu pressionei a Rosana? — Dona Maria hesitou por um momento e, depois, acrescentou com firmeza. — Ah, é verdade, se Rosana vier mais tarde cuidar de você, vocês precisam ter cuidado, entende? Você acabou de sair de uma cirurgia, então nada de... Vocês dois não podem fazer nada, ouviu?— Mãe! — Manuel ficou visivelmente desconfortável. — O que você está falando?Dona Maria, séria, respondeu:— Não adianta tentar negar! Aliás, hoje de manhã, vocês já estavam se abraçando. Sorte que eu voltei a tempo, senão, quem sabe o que esses jovens fariam? Tem que me prometer, no mínimo, um mês sem... Nada disso!Manuel só sentia um zumbido nos ouvidos. Tentou desviar do assunto:— Tá bom, eu prometo, está feliz agora?
Manuel ainda não tinha falado nada, quando Reginaldo, impaciente, não conseguiu se segurar e disse:— Você não tinha dito que não queria que a Rosana pegasse casos perigosos? Depois de pensar um pouco, achei que seria interessante ela fazer umas entrevistas com celebridades. Não imaginei que, logo depois de apenas duas entrevistas, a Karen viria até mim, oferecendo a exclusiva dela para nossa editor de revistas. Você sabe, Karen é uma designer de joias internacionalmente famosa. Como a Rosana conseguiu essa exclusiva com ela?O rosto de Manuel se ficou cada vez mais assustador, e ele, com frieza, respondeu:— Então, vai perguntar pra Rosana.Reginaldo soltou uma risadinha e, com malícia, comentou:— Não me diga que, depois de tudo, vocês terminaram e você ainda não consegue esquecer a Rosana, né?Manuel, irritado, disparou:— Cale a boca! Enfim, não tem mais nada. Eu vou ficar trabalhando, é isso aí.Dito isso, Manuel desligou o telefone.Naquele momento, Rosana saiu do banheiro e pend
Manuel olhou para Rosana e disse:— Você me conta, o que está pensando agora? Ainda me odeia, não é? Quero saber o que posso fazer para que me perdoe. Não quero que nossa relação continue assim, distante.Nos olhos de Rosana brilhou uma faísca de algo diferente, mas logo ela fez um esforço para sorrir e respondeu:— Como eu poderia te odiar? Se fosse para odiar, eu odiaria meu pai por tudo o que ele fez no passado. Não pense muito nisso. Cuide de sua saúde, por favor.A Rosana de agora era tão suave, mas essa suavidade escondia um coração congelado. O coração de Manuel apertou inexplicavelmente. Ele soltou a mão de Rosana e disse:— Deixe pra lá.Rosana percebeu que Manuel parecia chateado, mas ela também não conseguia agir como antes, se jogar nos braços dele e fazer carinho. Rosana realmente não conseguia.À noite, antes de dormir, ela trouxe água para Manuel lavar o rosto e, em seguida, foi buscar mais água para que ele lavasse os pés. Manuel apressadamente disse:— Não precisa fa
Sra. Maria sentiu um grande desconforto no coração, mas já que a visita estava ali, não poderia simplesmente mandar a pessoa embora. Ela suspirou e, relutante, convidou Tamires a entrar. — Manuel, quanto tempo, não é? — Tamires entrou e, ao vê-lo, seus olhos ficaram marejados no mesmo instante. Não disfarçou a dor em seu olhar ao observar o estado de Manuel. — Você está melhor? Ouvi dizer que sua doença foi grave... E que até fez uma cirurgia.Manuel, com um olhar frio, a fitou, mantendo a expressão impassível. Sua voz saiu fria e distante:— Amanhã já estarei recebendo alta, meu estado já está bem melhor.Tamires, aliviada, levou a mão ao peito, como se o peso que sentia ali tivesse diminuído um pouco.— Que bom ouvir isso... Quando soube que estava internado, quase morri de medo.Sra. Maria, observando o tempo, sabia que Rosana não deveria demorar a voltar. A ansiedade cresceu dentro dela, e ela logo quis que Tamires se fosse embora. Afinal, não queria que, ao chegar, Rosana interp
Diante da simpatia de Tamires, Rosana deu um sorriso um tanto desconfortável, acenando com a cabeça de forma desinteressada.A Sra. Maria achou que, ao perceber que Rosana estava ali, Tamires finalmente desistiria e iria embora. No entanto, para sua surpresa, Tamires não se foi. Pelo contrário, ela se acomodou novamente na cadeira e disse:— Manuel, já se passaram dez anos desde a última vez que nos vimos. Ultimamente, tenho sonhado muito com aqueles tempos, quando eu ficava atrás de você, tanto indo à escola quanto voltando. Estávamos sempre juntos. Agora, você vai se casar... O tempo passa rápido demais, não é?Sra. Maria, preocupada, pensou consigo mesma: “O que será que Tamires está querendo com isso? Por que ela está dizendo tudo isso na frente de Rosana?”Pensando que Rosana poderia se irritar, Sra. Maria se surpreendeu quando, ao ouvir as memórias de Tamires, Rosana apenas fingiu não ouvir. Ela sorriu levemente e disse:— Então, fiquem à vontade para conversar. Eu vou ali prepar
O semblante de Manuel estava frio, e ele disse, com voz baixa:— Vamos embora.— Vamos embora? — Rosana disse, visivelmente sem saber o que pensar. — Ela não disse que ia almoçar aqui? Hoje eu trouxe bastante comida, parece que tudo vai ser desperdiçado.Manuel franziu a testa, olhou para ela e perguntou:— Você não quer saber se eu e ela temos algum passado?Rosana serviu a comida e a colocou à sua frente, falando com calma:— A Tamires não disse que vocês cresceram juntos, estudaram juntos? Isso é normal.A paciência de Rosana fez com que Manuel se sentisse inexplicavelmente irritado e sufocado. Nos últimos tempos, Rosana parecia ter se transformado completamente. Ela estava tão cautelosa, tão submissa, fazendo tudo perfeitamente e cuidando dele com tanto zelo. Mas, a cada dia, Manuel sentia um peso enorme no coração, porque não via mais o sorriso de Rosana; ela só lhe dirigia aquela expressão cuidadosa e educada.Rosana estendeu o prato para Manuel e disse:— Coma logo, o médico di
Assim, Rosana segurava com força a barra de sua roupa, tentando controlar a ansiedade e o medo que lhe afligiam, enquanto erguia o rosto para suportar as exigências de Manuel. Manuel parecia ainda mais insatisfeito. Seus beijos ficaram mais rápidos, mais agressivos. Ele pegou as mãos de Rosana, apertando-as em sua palma, forçando ela a se segurar em seu pescoço. Rosana se entregava passivamente, enquanto suas roupas iam sendo retiradas uma a uma. No fim das contas, Rosana não conseguiu superar o bloqueio em seu coração, e, com a voz embargada, suplicou: — Manuel, você ainda não se recuperou totalmente, não pode fazer isso. O médico disse... Mas antes que Rosana pudesse terminar sua frase, ela foi interrompida pela voz firme e cortante de Manuel: — Foi o médico quem disse que não pode, ou é você que não quer? Manuel segurou o queixo de Rosana, forçando ela a olhar para ele. — Eu posso. O que você quiser, eu posso fazer. Rosana mordeu os lábios, e em seus olhos negros