Sr. Fonseca Meu Marido Misterioso
Sr. Fonseca Meu Marido Misterioso
Por: Camila Nunes
Prólogo

༺ Scarlett Winslow ༻

Quatro anos atrás

Encarava o contrato à minha frente, sentindo a indignação pulsar em cada fibra do meu corpo. O papel, tão simples e impessoal, carregava o peso das últimas vontades do meu pai. As palavras se embaralhavam em minha mente, quase como um insulto, e o que ele pedia parecia mais uma condenação.

— Assine, Scarlett — ordenou minha madrasta, Vivian, com a frieza de quem saboreia cada segundo.

Ela me olhava como se eu fosse uma peça em um tabuleiro do qual ela sempre fora a mestre.

— É o último pedido do seu pai. Cinco anos. Depois disso, você poderá se separar e terá sua liberdade.

Ergui os olhos para ela, sentindo o ódio crescer dentro de mim, queimando. Aquela mulher nunca se importou com nada além do dinheiro e do poder. Agora queria me forçar a algo tão humilhante e injusto. Meus lábios tremiam de raiva.

— Cinco anos presa a um desconhecido que eu nunca vi na vida? Não é justo — rebati, tentando manter o controle na voz.

Não conseguia aceitar a ideia de me casar com um homem bem mais velho, amigo de meu pai, alguém que eu mal conhecia.

Vivian deu de ombros, exibindo um sorriso leve, cheio de malícia.

— Se você quer receber sua herança, terá que fazer isso, Scarlett. Seu pai se preocupava em garantir o seu futuro. Caso contrário, quem receberá tudo sou eu e Lucas.

A satisfação estampada no seu rosto me fazia querer gritar. Vivian queria colocar as mãos em tudo o que meu pai havia construído, e provocava, sabendo que não tinha outra escolha. Não ia ceder sem lutar, mas, naquele momento, qualquer resistência era inútil. Respirei fundo, sentindo o peso daquela decisão. Meus olhos voltaram ao contrato.

Então, como se fosse apenas uma assinatura qualquer, passei a caneta sobre o papel, selando um destino que nunca imaginei para mim. Agora, eu estava unida a Grayson Fonseca, o CEO enigmático que meu pai considerava confiável, mas que, para mim, não passava de um estranho.

Vivian abriu um sorriso malicioso, o rosto carregado de um triunfo que eu só via quando ela conseguia finalmente o que queria.

— Não foi tão difícil assim, foi, Scarlett?

Cerrei os dentes, segurando a raiva que queimava em mim.

— Não foi você quem se casou, certo? — retruquei, com o tom afiado. — Talvez, para você, não fosse tão ruim pensa que seja melhor assim. Afinal, não hesitou em se casar com meu pai quando era bem mais jovem, não é? Sua interesseira…

O sorriso dela desapareceu por um segundo, substituído por uma expressão de desdém. Mas logo ela retomou sua postura calculada.

— Eu amava seu pai, Scarlett. Não fui movida por nada, além disso — defendeu-se, adotando uma expressão de falsa ofensa.

Soltei uma risada sarcástica, me recusando a engolir aquela mentira.

— Pode mentir para quem quiser, Vivian, mas não para mim. Nunca houve amor nessa história. Tudo o que você sempre quis foi o que ele tinha para oferecer.

Meu meio-irmão, Lucas, que até então estava calado, aproximou-se com a expressão carregada de irritação.

— Não fale assim da minha mãe! — exclamou, lançando um olhar duro para mim. — Ela se sacrificou muito por esta família, Scarlett.

Olhei para ele, fria e decidida.

— Falo do jeito que quiser. E vou lembrá-lo, Lucas, que a WinsTech ainda é minha. A empresa e metade de todo o patrimônio do meu pai e da minha mãe, já que sou filha do primeiro casamento. Não pense que deixarei nas suas mãos.

Lucas bufou, visivelmente irritado.

— Isso não é justo! — respondeu, indignado. — Você nem se interessa pela administração! Eu deveria liderar a WinsTech.

Cruzei os braços e levantei o queixo, mantendo o tom firme.

— É justo, sim, Lucas. Se o papai quisesse outra coisa, ele teria decidido diferente.

Vivian, sempre fria e calculista, interveio com aquele ar pretensioso.

— Veremos, Scarlett. No fim das contas, Lucas terá a maioria dos votos do conselho, e você perderá o cargo de presidente.

Dei um sorriso desafiador, sustentando o olhar dela.

— Vamos ver.

A tensão enchia a sala quando o advogado, Sr. Almeida, pigarreou, chamando a atenção de todos.

— Senhores, por favor — começou ele, sério. — Preciso ler o testamento de Eduardo Winslow, e peço que mantenham o respeito durante a leitura.

Ele começou a folhear as páginas do documento. Meu coração batia forte. Esse era o momento em que tudo se decidiria: o que meu pai havia realmente deixado, e quem estaria no controle do que ele construíra ao longo de toda sua vida.

O Sr. Almeida, ajustou os óculos e começou a ler as condições do testamento, sua voz firme, mas a tensão no ar era palpável.

— Continuando”Eu, Eduardo Winslow, estabeleço que, em virtude do falecimento da minha esposa e o meu considerando, as circunstâncias, a administração da WinsTech ficará sob a responsabilidade de Grayson Fonseca, amigo de longa data e agora esposo de minha filha, Scarlett Winslow. Essa administração se estenderá por cinco anos, até que Scarlett complete sua formação acadêmica e atinja a idade de 24 anos."

Os olhos de Vivian e Lucas se arregalaram, e a indignação rapidamente se transformou em discussão.

— Isso é um absurdo! — Vivian gritou, sua voz cortando o ar como uma faca. — Como ele pode permitir que um estranho administre o que é nosso?

— Não temos nada a ver com isso! — Lucas interveio, parecendo furioso. — Isso deveria ser nosso! O que fizermos para merecer isso, Scarlett? Você acha justo?

— Não me culpe não posso fazer nada — respondi, a calma em minha voz contrastando com a fúria deles. — Ele confiava em Grayson. Se ele achou que era a melhor decisão, eu não questionarei.

Sr. Almeida prosseguiu, ignorando a confusão que se formava.

— Bem… Continuando: além disso, como Scarlett é a minha filha do primeiro casamento passa a ser herdeira da maior parte das ações da WinsTech, ela é a única detentora de 80% das ações. A mãe dela, que também é falecida, deixou uma parte significativa, o que lhe confere o controle da empresa.

A indignação de Vivian e Lucas só aumentava.

— Isso não faz sentido! — Lucas gritou, seus punhos cerrados. — Ele não poderia ter feito isso!

— E quanto a nós? — Vivian interrompeu, furiosa. — O que herdamos então?

O advogado olhou fixamente para Vivian e respondeu com uma calma que parecia quase provocativa.

— Você herdará apenas 5% das ações da empresa, Vivian, como estipulado no testamento. Lucas receberá 15%. E algumas propriedades.

O ambiente se tornara uma verdadeira tempestade. Lucas começou a protestar, mas Vivian o calou, sua mente girando com a revelação.

— Você está dizendo que não temos nada na empresa? — Lucas vociferou, sua expressão de incredulidade. — Isso não pode ser verdade!

— O que seu pai decidiu é irrevogável — retrucou o advogado, a firmeza em sua voz crescendo. — Ele sempre se preocupou em garantir que Scarlet tivesse controle sobre o que era dele. Portanto, a administração da WinsTech ficará sob Grayson Fonseca, conforme o desejo de Eduardo.

Vivian olhou para mim, uma mistura de desprezo e raiva em seu olhar.

— Se eu soubesse que havia essa condição, nunca teria forçado você a assinar esse contrato de casamento — sua voz estava cheia de veneno. — Agora você está presa a um homem que mal conhece e ele é o presidente da empresa que seus pais construíram.

A ironia da situação me atingiu como um golpe. O meu marido misterioso, alguém que eu nunca havia visto antes, agora era o presidente de uma empresa que era parte do meu legado.

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