Capítulo 02

༺ Scarlett Winslow ༻

Linda me puxou para a pista de dança, e nos perdemos na batida da música. Entre risadas e movimentos que acompanhavam o ritmo envolvente, sinto que cada segundo ali me tornava mais presente, mais viva.

Por um instante, enquanto dançarmos, vi um homem na borda da pista me observando. Ele tinha uma expressão enigmática, olhar penetrante e um leve sorriso que revelava confiança. Ele era mais velho, talvez perto dos trinta oito anos, mas tem algo de familiar.

Dei de ombros, voltando minha atenção para Linda, decidida a não deixar que ninguém interrompesse minha noite. Porém, uma dúvida pairava na minha mente. E se aquele homem não fosse apenas mais um dos muitos rostos de Washington?

A batida da música parecia tomar conta de mim, me levando para um estado de puro abandono. Cada movimento era uma liberação, como se eu estivesse me despedindo de tudo que me prendia ao passado, ao casamento sem rosto, ao peso de ser herdeira.

Percebi Linda, alguns passos à frente, encostada na parede com um sorriso travesso, aos beijos com um cara alto e loiro que ela tinha claramente acabado de conhecer. Fiquei feliz por ela — Linda nunca esperava nada da vida que não fosse diversão e liberdade.

Apoiei as mãos na cintura, observando a multidão e sentindo o impulso de fazer o mesmo. Era a minha noite, afinal. Decidida, me aproximei de Linda e comentei, em meio ao som alto:

— Vou até o bar pegar mais uma bebida. Me encontro com você depois.

Ela assentiu, mal me ouvindo, completamente imersa no novo ficante da noite. Sorri, tentando espantar qualquer sombra de timidez que pudesse restar, e caminhei até o bar.

— Um martíni, por favor — pedi ao bar tender, enquanto ele me servia um sorriso e logo depois a bebida.

Tomei o primeiro gole, sentindo o líquido quente e revigorante descer. Foi quando notei, do outro lado do balcão, o homem me observando.

Ele tem um olhar intenso, misterioso, e um leve sorriso que não revelava muito sobre ele, mas parecia me chamar. Tinha uma presença magnética, o tipo de confiança que só homens mais velhos, maduros, pareciam ter. E ele era bonito, muito bonito. Vestia uma camisa preta que realçava os ombros largos, os olhos escondidos em sombras sedutoras por conta das luzes baixas.

Ele ergueu o copo na minha direção, um convite silencioso. Não hesitei, levantei meu copo também, respondendo ao gesto com um sorriso sutil. Ele se aproximou devagar, cada passo com uma elegância que me deixava sem fôlego.

— Noite movimentada, não é? — ele comentou, sua voz rouca e grave, uma pitada de humor escondida nas palavras.

— Parece que todos decidiram viver um pouco hoje — respondi, sorrindo enquanto o encarava.

Ele deu uma risada, e seus olhos brilharam. Algo nele me deixou intrigada, como se ele tivesse segredos tão profundos quanto os meus. Conversamos sobre coisas triviais — a música, a cidade, a energia da boate nessa noite.

Cada palavra parecia nos aproximar, e a tensão no ar aumentava a cada troca de olhares. Estava perdendo a noção do tempo, e o mundo ao nosso redor foi se tornando um borrão de luzes e som.

— Você é de Washington? — perguntei, inclinando a cabeça, tentando descobrir mais sobre o estranho.

— Mais ou menos — respondeu, com aquele sorriso que sugeria muito, mas revelava pouco. — E você?

— Sou daqui, mas me sinto uma estrangeira às vezes — admiti, tentando parecer casual.

Ele pareceu gostar da minha resposta, observando-me como se tentasse entender o que estava por trás dela.

Sem aviso, ele estendeu a mão para mim.

— Vamos dançar.

Aceitei sem hesitar, e em segundos estamos no meio da pista de dança, a música nos envolvendo. Ele colocou a mão em minha cintura, me puxando para mais perto, e senti seu perfume amadeirado. Minha respiração se acelerou, e cada movimento que fazíamos, toque, só aumentava o desejo que crescia entre nós.

A essa altura, estou completamente envolvida. Sentia uma liberdade, um desprendimento, como se tudo que conhecia tivesse ficado do lado de fora daquela boate. Dançamos até que as palavras se tornassem desnecessárias, e nossos olhares diziam tudo o que precisávamos saber.

Quando a música desacelerou, ele se inclinou e sussurrou:

— Vamos para um lugar mais tranquilo?

Meus instintos diziam para hesitar, para me lembrar das complicações e da realidade que esperava por mim fora dali. Porém, naquela noite, não queria ser Scarlett, a herdeira de um império. Mas apenas ser uma mulher qualquer, desejada por um homem que me enxergava por quem eu era. Concordei com um aceno de cabeça, e saímos da pista juntos.

Subimos para o lounge VIP, um espaço mais privado e tranquilo. As luzes ali eram mais suaves, e o som da música abafado. Sentamos no sofá, próximos demais, e ele passou os dedos, levemente, pelo meu rosto.

— Você é diferente, sabia? Nunca conheci uma mulher tão interessante — murmurou, o olhar fixo nos meus.

Meu coração acelerou, e de repente, palavras não eram mais necessárias. Me aproximei, até que nossos rostos estivessem a centímetros de distância, e ele me beijou. Foi um beijo cheio de intensidade, como se ele estivesse esperando por isso tanto quanto eu.

A noite continuou, e na madrugada, deixamos as preocupações e identidades para trás. Não era mais a herdeira ou a mulher casada de um homem misterioso. Ele não era ninguém além de um homem que me fazia esquecer de tudo ao nosso redor.

Naquela noite, vivi finalmente o momento pelo qual esperei sem saber — e mal sabia o quanto tudo estava prestes a mudar.

Enquanto nos beijamos me perdi completamente. Cada toque, e sussurro dele sob meu ouvido, me fazia esquecer do mundo e das responsabilidades que costumavam pesar sobre meus ombros. Senti a tensão de anos se dissipando, e permiti que a liberdade daquela noite fosse a única coisa a preencher minha mente.

Não falamos muito mais depois do beijo; parecia que nossos corpos diziam tudo o que era preciso. Ele tem um jeito de me olhar que deixava meu coração acelerado, como se enxergasse algo em mim que ninguém mais via.

E ali, no lounge VIP, com as luzes difusas e o som abafado, me senti conectada a ele de uma forma inesperada. Era quase surreal, como se o destino estivesse se divertindo ao nos colocar juntos naquela noite.

Algum tempo depois, sem nos preocuparmos com o que o amanhecer traria, fomos embora juntos. Dividimos um táxi, rindo como adolescentes e trocando olhares carregados de um desejo que parecia não ter fim.

Quando chegamos ao hotel onde ele estava hospedado, mal esperamos o elevador nos levar até o andar certo. Entre beijos e risos abafados, atravessamos a porta do quarto.

Naquela noite, me senti viva de um jeito que não nunca havia experimentando há muito tempo. Com ele, pude esquecer de quem eu era, de todos os problemas que minha posição e herança traziam. Eu era apenas Scarlett, uma mulher comum, e ele, um homem que fez cada segundo valer a pena.

Ao amanhecer, senti o calor do sol atravessando as cortinas. Ele ainda estava dormindo ao meu lado, a respiração tranquila, como se o mundo pudesse parar naquele instante. Por um momento, considerei tocá-lo, despertar uma última vez aquela faísca que havíamos compartilhado.

Mas, sabendo que a realidade logo voltaria a nos separar, levantei-me em silêncio, vesti minha roupa e deixei o quarto antes que ele acordasse.

Caminhei pelas ruas desertas de Washington com um sorriso tranquilo, carregando comigo a lembrança de uma noite inesquecível!

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