Capítulo 03

༺ Grayson Fonseca ༻

Acordei com uma dor de cabeça insuportável, a luz do sol filtrando-se pelas cortinas pesadas do quarto. O primeiro pensamento que me veio à mente foi a lembrança da mulher incrível com quem passei a noite. Ao virar-me para o lado, esperei encontrá-la, mas o lado da cama estava vazio.

— Merda, aonde é que ela está? — murmurei, começando a ficar irritado.

Será que ela está no banheiro?” pensei.

Levantei-me e fui na direção do banheiro, mas ele estava vazio. Passei a mão pela barba, sentindo o crescimento indesejado. Não conseguia acreditar que a mulher que passou a noite comigo e nem sequer se despediu.

— Realmente, ela era uma ordinária. — A frustração crescia dentro de mim.

Preciso encontrá-la novamente. Essa infeliz despertou algo em mim que nenhuma mulher jamais fez. Enquanto puxava o lençol, uma mancha de sangue chamou minha atenção. Olhei para ela, perplexo.

— Puta que pariu, a garota era virgem? — O choque me atingiu.

Agora mais do que nunca, estava determinado a encontrá-la. Mas como? Nesta cidade grande, seria um desafio. Talvez voltar àquela boate fosse uma boa ideia, e quem sabe revisar as imagens das câmeras de segurança.

Peguei uma toalha e segui para o banheiro, enquanto minha mente divagava sobre a noite anterior. Era como se tudo tivesse mudado. Fiquei pensando nos próximos passos a tomar. Logo, ficaria livre desse contrato de casamento que me prendia.

Quase cinco anos de prisão a uma mulher que nunca conheci e nem queria. Ela era apenas uma pirralha rica que assumiria em breve a presidência da empresa, e então eu estaria livre. Livre para fazer o que quisesse, sem amarras, sem obrigações.

A medida que a água quente do chuveiro caía sobre mim, pensei na possibilidade de explorar o que aquela noite significava. Era um impulso que eu nunca havia sentido antes. Essa mulher poderia ser a chave para uma nova fase na minha vida. Não deixaria ela escapar sem lutar.

Saí do chuveiro com a mente ainda turva, mas com uma centelha de determinação queimando dentro de mim. A imagem dela, com aqueles olhos intensos e aquele sorriso provocador, não saía da minha cabeça. Quem diria que uma noite poderia mudar tudo? Enquanto me enxugava, revivia cada toque, sussurro que ecoou na escuridão do meu quarto.

— Preciso encontrá-la, — declarei para o espelho, como se as paredes estivessem ouvindo. A certeza crescia em mim como uma tempestade prestes a estourar.

Com um impulso, vesti-me rapidamente e saí do quarto. A boate era a primeira parada. Onde tudo começou. Enquanto dirigia, lembrei-me das poucas palavras que trocamos. Sua risada, como seu corpo se movia com a música.

Aquela mulher não era apenas uma futilidade de uma noite; havia algo mais profundo, que me atraía de uma maneira que nunca sentido antes. O desejo se misturava com a adrenalina, criando um coquetel intoxicante que me deixava ansioso. Chegando à boate, estacionei e saí do carro com um objetivo claro em mente.

Saí do bar, a mente fervilhando com a ideia de que talvez o dono da boate pudesse me ajudar. Se as câmeras de segurança registraram a noite, talvez pudesse descobrir quem era aquela mulher que tinha me deixado tão intrigado. O desejo de encontrá-la novamente pulsava em minhas veias enquanto me dirigia para o escritório do proprietário.

Ao chegar, bati na porta e esperei. A porta se abriu, revelando um homem de aparência austera, com um olhar cético.

— O que você quer? — ele perguntou, cruzando os braços sobre o peito.

— Preciso falar com você sobre as câmeras de segurança da noite passada, — respondi, tentando manter a calma. — Tive uma experiência… bem, um encontro especial e gostaria de rever as imagens.

O dono da boate franziu a testa, sua expressão se tornando mais séria.

— Olha, amigo, não dá para fazer isso. Apenas com uma ordem judicial. — A frieza na sua voz era quase palpável.

— Mas eu só quero saber quem estava lá! — protestei, frustrado. — Não faz sentido não poder ter acesso a isso.

Ele balançou a cabeça, indiferente.

— Sem ordem, sem imagens. O que acontece aqui dentro é confidencial. Você quer ver as gravações? Então, arrume um advogado e obtenha um mandado.

A frustração subiu em meu peito como uma chama. Eu não estava preparado para esse tipo de obstáculo. A imagem dela dançando na boate, cheia de vida, ainda estava fresca na minha mente. Como poderia deixá-la escapar novamente?

— É uma questão de urgência — insisti, quase implorando. — Essa mulher… ela é importante para mim.

O dono me olhou de cima a baixo, um sorriso sarcástico começando a se formar nos lábios.

— Se ela é tão importante assim, talvez devesse ter pensado nisso antes de deixar a cama sem se despedir. — O deboche dele só aumentou minha irritação.

Calei-me por um momento, processando a frustração. O que eu faria agora? Ir embora sem respostas? A ideia de me dar por vencido não era uma opção.

— Você não pode simplesmente me ignorar, — declarei, tentando controlar minha raiva. — Isso não é justo.

— Justo ou não, é assim que as coisas funcionam aqui. Agora, se me der licença, tenho outras prioridades.

Ele se virou, fechando a porta na minha cara, e deixei escapar um suspiro profundo, misto de raiva e desânimo. Fiquei parado por um instante, absorvendo a situação, sem saber para onde ir a seguir.

Fiquei ali parado, perdido em pensamentos, até que a porta do escritório se abriu novamente. O dono da boate apareceu, com uma expressão de irritação no rosto.

— Você continua aqui? — ele perguntou, cruzando os braços. — Preciso resolver algumas coisas antes de abrir a boate de novo. O que mais você quer?

— É realmente importante — respondi, tentando soar convincente.

Ele revirou os olhos, mas o olhar de desdém logo se transformou em curiosidade.

— Você não vai desistir, vai?

— Não. — Precisava ser direto. — Quero ver as gravações da segurança da noite passada.

O homem soltou uma risada sarcástica.

— Você está realmente desesperado, hein? Que tipo de mulher te deixou tão assim?

— Uma que saiu sem se despedir — respondi, a frustração à flor da pele.

Ele soltou uma gargalhada, como se achasse a situação hilária.

— Ah, isso é sempre assim, não? O tipo que pisa em cima e depois some.

— Eu só quero saber quem ela é.

Ele me encarou por um momento, analisando meu rosto, e então pareceu ter uma ideia.

— Ok, posso abrir as gravações, mas tem um preço. Quanto você está disposto a pagar?

— Diga seu preço. — Estava pronto para fazer o que fosse necessário. Dinheiro não era problema.

— Que tal 70 mil? — ele sugeriu, erguendo uma sobrancelha.

Ergui a minha, surpreso.

— Só isso?

Ele deu uma risada, como se eu estivesse brincando.

— Você acha que é pouco? Beleza, 100 mil. — ele disse com ganância nos olhos.

— Fechado. — Ele estendeu a mão, e apertei a dele, fechando a negociação.

Enquanto ele me conduzia até o local das câmeras de segurança, o coração acelerou. A sala estava escura, com uma tela grande e um computador. Ele começou a revirar os arquivos até que finalmente parou em uma gravação da noite anterior.

A tela iluminou-se e a visão da boate tomou forma. Vi o lugar lotado, as luzes piscando, o som da música vibrando no ar. Quando a cena se desenrolou, vi-me na pista de dança, junto da mulher que tinha me encantado. Como ela se movia era hipnotizante.

Concentrei-me nos detalhes dela: cabelos negros até o ombro, olhos verdes brilhando na escuridão da boate, pele parda e uma silhueta definida. Seus lábios carnudos e o nariz afinado formavam um rosto de um anjo.

— Ela realmente é linda — murmurei, absorvendo tudo.

A memória da noite anterior inundou minha mente. O toque dela, a maneira como ela havia me olhado, tudo ainda ardia em meu corpo.

— Preciso encontrar essa mulher de novo — disse a mim mesmo. Mas a pergunta permanecia: como?

O dono da boate observou-me com um olhar de curiosidade.

— Então, o que vai fazer agora?

O ignorei, completamente imerso em meus pensamentos. A imagem dela persistia em minha mente, e a ideia de deixá-la escapar novamente era insuportável.

— O que você tem em mente? — o dono insistiu, com um sorriso malicioso.

— Vou descobrir quem ela é — declarei, determinado. Era hora de agir.

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