Capítulo 2
— Sr. Fernando! — O segurança reconheceu o carro e imediatamente fez uma reverência.

— Sr. Fernando, a Sofia não costuma ser preguiçosa. Mas se você quiser trocar de pessoa, posso apresentar alguém… — O gerente da propriedade sorriu como um serviçal, tirando um porta-cartões do bolso.

Os empregados da casa de Fernando tinham boa comida, bons produtos, altos salários e a chance de conhecer pessoas ricas. Muitas pessoas dariam tudo para substituir Sofia.

Fernando permanecia no carro, em silêncio, exalando uma aura poderosa. Os sorrisos servis nas faces ao redor congelaram. Era um fevereiro escaldante no Rio de Janeiro, mas as costas de todos estavam suadas de frio. O ar parecia congelado.

Um minuto depois, o vidro do carro desceu, e uma voz masculina fria se fez ouvir:

— O serviço da propriedade está em dia? Ou você está aqui fofocando? Se não quiser trabalhar, pode ir embora agora.

O gerente da propriedade, com um sorriso que mais parecia um choro, tremia nas pernas, quase ajoelhando ali mesmo. Cada palavra e ação de Fernando influenciava diretamente o setor empresarial. Se ele decidisse trocar a empresa de gestão de propriedades, a atual teria dificuldade para sobreviver no Rio de Janeiro.

Todos acenaram com a cabeça como pintinhos ciscando, e o olhar afiado de Fernando pousou lentamente em Sofia.

— Entre no carro.

— ... Eu tenho coisa para fazer.

Fernando franziu a testa.

— Não me faça repetir.

Sofia não teve escolha a não ser entrar no carro sob o olhar de todos. Ela tentou ficar o mais longe possível de Fernando, encostando-se na porta.

Depois que o Maybach saiu da área residencial, Fernando acendeu um cigarro. A fumaça se misturou com palavras frias e desdenhosas:

— Você tem certeza de que o homem que é arrogante normalmente é fraco na cama?

Sofia permaneceu em silêncio.

Depois de fumar um cigarro inteiro, Fernando bateu nos documentos ao lado e perguntou:

— O que significa isso?

Sofia deu uma olhada. Era o esboço do acordo de divórcio que ela havia preparado.

— Eu quero o divórcio.

O ar no carro parecia ter sido sugado de repente, deixando um ambiente sufocante. O motorista, Luís Pereira Rodrigues, queria fugir, mas não tinha para onde ir. Ele segurou o volante, tentando olhar apenas para a frente e não ouvir nada do que acontecia atrás.

— Razão? — A voz de Fernando era gelada.

— Está tudo escrito aí.

Sofia abriu o console entre eles, temendo que ele jogasse o documento em seu rosto a qualquer momento.

Fernando fechou os olhos e, lentamente, disse:

— Casados há três anos, o homem não fornece satisfação emocional ou física, apenas dinheiro. Recusa amor.

Sua voz ficou cada vez mais fria, e as últimas palavras foram ditas quase rangendo os dentes.

De fato, nos três anos de casamento, Fernando foi generoso financeiramente, dando a Sofia bolsas de marca, joias e outros itens luxuosos. Mas, desde aquela noite há três anos, ele nunca mais a tocou. Além disso, ele passou apenas cerca de seis meses ao todo na mansão. Sem carinho físico ou mesmo uma preocupação diária, ninguém acreditaria que Sofia era esposa de Fernando.

Fernando tinha uma memória incrível. Com os olhos fechados, ele repetiu o acordo entre eles mais uma vez.

Por fim, ele riu friamente:

— Três anos sem fazer nada, só enrolando, e ainda quer uma parte do meu dinheiro? Você não merece.

Durante esses três anos, Sofia parecia estar sem fazer nada em casa, mas secretamente trabalhava consertando vestidos caros. Ela não ganhava muito, mas era suficiente para manter sua habilidade em prática.Pedir a divisão dos bens era apenas para irritá-lo, já que ele a provocava com sua amante.

Sofia estava acostumada com as palavras duras de Fernando, mas ouvir ele a descrever assim ainda doía.Fernando viu que ela virou a cabeça para olhar pela janela, e pensando que ela estava tentando evitar o confronto, agarrou seu rosto, forçando-a a olhar para ele.

— Você subiu na minha cama por dinheiro, e agora quer o divórcio também por dinheiro. Sofia, você continua a mesma puta!

As palavras cortaram Sofia como uma faca. Ela apertou os punhos e disse com a cabeça baixa:

— Fernando, nos três anos de casamento, cuidei de tudo para você. Até uma empregada deveria receber salário, não?

O homem agarrou a orelha dela de repente, sua voz gélida:

— Uma empregada nunca conseguiria comprar esses brincos.

Sofia tentou se livrar, mas ele a segurou firme. Ele estava furioso, e ela não duvidava que ele pudesse arrancar os brincos em um acesso de raiva. Ao ver sua expressão obstinada, Fernando ficou ainda mais irritado.

— Ou será que você já encontrou um homem para fazer sexo?

Sofia não respondeu, com medo de chorar, mas Fernando tomou seu silêncio como confirmação.

Com um olhar de escárnio, ele soltou sua orelha, acariciando o lóbulo.

— Casar ou divorciar é decisão minha. Você não tem o direito de escolher.

Sofia não entendia. Quando Sarah o deixou e foi para o exterior, ele a casou por desgosto. Agora que Sarah estava de volta, por que ele não pedia o divórcio e seguia sua vida?

Era por causa do orgulho masculino? Ou talvez ele temesse que pedir o divórcio agora colocaria uma má reputação em Sarah, prejudicando sua carreira?

Independentemente de Fernando assinar ou não, Sofia precisava deixar clara sua posição.

— Nosso casamento é quase secreto. Todo mundo acha que você está esperando Sarah. Agora que ela voltou e está bem-sucedida, todos vão comemorar quando vocês ficarem juntos.

Fernando, prestes a fazer uma ligação, olhou para ela.

— Você também vai comemorar?

Sofia sentiu uma dor intensa no peito. Seus olhos começaram a arder.

— É só uma questão de tempo. — Mesmo que ela não falasse, Sarah o faria.

Fernando olhou para ela por um momento e, irritado, disse:

— Já disse que sou eu quem decide quando nos separamos. — Ele jogou os papéis do divórcio em cima dela. — Cuide do seu próprio lixo.

— Eu...

Ela estava prestes a falar quando o telefone de Fernando tocou. Era sua secretária perguntando se deveria adiar a reunião com os executivos.

— Não precisa, estou a caminho. — Fernando desligou e disse a Luís:

— Pare o carro.

Não era um bom lugar para pegar um táxi, mas Luís não questionou a decisão do chefe, apenas olhou para Sofia pelo retrovisor.

Sofia disse, calmamente:

— Pode parar, não está tão longe. Eu consigo voltar a pé. — Ao sair do carro, ela inclinou-se para falar com Fernando: — Se você mudar de ideia...

Plop!Um cartão preto voou do carro, acompanhado da voz irritada de Fernando:

— Compre o que quiser.

Enquanto Sofia pegava o cartão, o Maybach já estava longe.

— Eu vou sair de casa hoje à noite! — Gritou para o carro que se afastava, tentando encerrar a situação.

Quando passou pelo portão da área residencial e viu seu reflexo no espelho, percebeu que sua orelha e bochecha estavam machucadas.Aquele homem tinha uma mão pesada.

Ao se aproximar da mansão, alguém a chamou.

— Sofia, traga a água para dentro.

Mesmo sendo empregada de Fernando, ela não precisava fazer o trabalho da administração da propriedade. Mas Fernando sempre a colocava em situações difíceis, fazendo com que os outros também se sentissem no direito de tratá-la mal.

O gerente da propriedade, vendo-a um pouco desarrumada, zombou:

— Fernando te deu uma lição, né? Você acha mesmo que é a dona da casa? Coloca-se no seu lugar!

Sofia, já cheia de raiva, começou a rir.

— Eu estou cansada de servir Fernando. Vocês, com esses olhares arrogantes, coloquem-se no seu lugar antes de me darem lição.

Ela já não queria mais ser a esposa de Fernando. Ninguém mais deveria mandar nela.

O gerente ficou surpreso.

— Cansada? Você usa só coisas de marca. Sem Fernando, você nunca teria isso. Com essa atitude, Fernando já te manteve por três anos, é muita sorte sua!

Sofia virou-se para sair, mas foi segurada pelo ombro.

O gerente empurrou um par de luvas sujas em suas mãos.

— Não seja ingrata. Leva essa água para dentro ou eu vou falar com Fernando!

Sofia virou-se e viu o carro de Fernando estacionado atrás do veículo do gerente. Ele estava parado ao lado da porta do carro, observando tudo.
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