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Sou humano, mas gostaria de ser como uma máquina, que tivesse como desligar a função do sentimento e da decepção.

_ Rodrigo Nunes de Andrade

O que está acontecendo? Por que ele me tratou de tal forma? Evelin se perguntava. Ela nunca imaginou que estivesse se casando com o homem que sempre amou, todavia, algo lhe dizia que ele não pensa dessa forma. Ela pode notar o ódio cru que lhe dirigia. Sentindo-se cansada e tola, por ser largada sozinha em sua própria festa de casamento, foi para sua nova casa. Um pequeno apartamento em Brotas. Não quis conhecer o seu novo lar, tamanha tristeza que lhe rondava o coração. De modo algum imaginou que aconteceria desse jeito quando o visse novamente.

Evelin passou o pão que o diabo amassou, porém, não se abateu por prometer a ele que tentaria ser feliz. Tudo estava indo bem, até o casamento com um total desconhecido, mas descobri que o estranho não era tão estranho assim, lhe animou. Ela sorriu acreditando que ele a reconheceria, contudo, não foi assim. Ele a despreza.

A noite está fria, nada usual com a costumeira temperatura quente de Salvador. É dessa mesma forma que se sente por dentro. Pensou angustiada. Evelin entrou no quarto que supôs ser seu, despiu-se sozinha com dificuldades, o vestido além de pesado, era atado nas costas. Logo que concluiu seu intento, entrou no banheiro com a mente cheia, quando se deu conta que não estava só era tarde demais, ela deu de cara com seu esposo que saia do box perscrutando cada canto do seu corpo. Quando percebeu estar despida, ela o encarou com horror aparente. Tentando se cobri, puxou a toalha que cobria o sexo de Eduardo, ele percebendo a intenção dela segurou o pano com força e ambos acabaram caindo no chão.

Um emaranhado de corpos nu ao chão colado mutuamente. O ambiente se tornou incerto. Para Evelin isso é novo, por isso sua pele pegava fogo de vergonha e excitação. Seu coração batia tão forte no peito que se ele prestasse atenção ouviria. Entretanto, para Eduardo isso é uma armação dela para seduzi-lo, com esse pensamento ele se aproximou dela tão perto que ambos os sexos se encostaram por alguns segundos, criando fagulhas até nele, mesmo sem a sua vontade. Com raiva da reação do seu corpo, ele optou em feri-la com suas palavras.

— Terá que fazer muito mais, se deseja me seduzir. Se quiser uma foda dura, pode ser agora mesmo, afinal já estamos pelados. — Comentou sarcástico. O comentário dele maldoso cortou totalmente a euforia do momento.

— Do que está falando?

— Acha que não percebi sua jogada? Nunca tocaria em você com plena consciência, sua presença me enoja. — Terminou maldoso. Ouvindo tais palavras, ela se levantou do jeito que estava, ignorando sua nudez, procurando outra toalha para ela. Eduardo olhou para o outro lado. Ele tinha que admitir que sua esposa tem um corpo sensacional e um cheiro delicioso, se ela tentasse mais alguma coisa ele sucumbira ao desejo.

— Nem sabia que estava em casa, afinal me abandonou em nossa festa de casamento. — Rebateu ousando, pegando o homem de surpresa. Sua esposa lhe parece tão submissa que será muito fácil domá-la, no entanto, sua resposta o pegou de supetão.

— Tinha outros planos que não envolvia você. — riu sarcástico — Mas, sei que aproveitou minha ausência para dançar com outro homem.

— Quem lhe disse isso? — Perguntou irritada. Seu casamento mal começou e já estão causando intriga. Será que não teria paz nesse um ano? Pensou descontente.

— Não lhe interessa, sua estúpida. Não pense que me fará de corno. — Avisou segurando o queixo dela com força, forçando a ponto dela gemer de dor.

— Não é nada disso, me escute… — Ele a interrompeu estressado.

— Se quebrar o contrato, devolverá a grande soma em dinheiro que sua família recebeu. — Informou, soltando o queixo dela e limpando as mãos. Eduardo foi até seu closet, pegou uma calça de moletom e vestiu despreocupado. Cansado de estar na presença dela, se dirigiu a porta, mas parou quando lembrou de algo.

— Há! — olhou em seu relógio de pulso, constatando que faltam dez minutos para às 3h00min. — Hoje a noite meu avô dará um banquete em nossa homenagem, não faça nada estupido, e saberá que sou capaz. Finja ser a esposa mais feliz desse Brasil. — Após o aviso e a ameaça saiu sem olhar para trás. Evelin tomou um banho rápido e voltou para o quarto, prestando atenção no ambiente, notou um vestido em cima de uma poltrona. A dor que atravessou seu peito foi tão forte que ela sentou na cama desnorteada. Há um vestido feminino bastante ousado, na poltrona bege em frente a cama. Seus olhos bateram na imagem do, porta retrato em cima do criado mudo. Seu esposo abraçado de forma íntima com outra mulher. Ela é linda! Loira, alta, curvilínea, aristocrática, o oposto dela que é baixinha e sem graça.

— Ele colocou a foto de outra mulher em nosso quarto. — Murmurou magoada. Evelin saiu dos aposentos e entrou no quarto de hóspedes, ela não dormiria em um lugar que nitidamente não é bem-vinda.

Entrou no quarto em frente, se deitou, suspirando fundo. O choro que prendeu o dia todo subiu a superfície, então ela deixou leva. Não aguentava mais fingir-se de forte, sendo que está um trapo por dentro. Chorou até perder as forças e render-se ao sono.

Eduardo no que lhe concerne foi para seu escritório, pegou um copo One The Rock e transbordou de whisky. Sentou-se displicente na poltrona, e entornou o líquido âmbar de vez. Há mistura de sentimentos que não consegue lidar, por isso escolheu beber até não querer mais. Seu intuito foi interrompido pelo toque do telefone, avistou o nome de Bruna na tela. Atendeu sem pestanejar.

— Oi, linda!

— “Dormiu com ela? Diga-me a verdade.” — Perguntou chorando.

— Não, já lhe disse que você é a única mulher em minha vida.

— “Você é meu Dudu, como posso deixar que uma desgraçada me tome você.”

— Ela não fez isso, ainda sou todo seu. Sabe porque me casei, assim que o prazo chegar pedirei o divórcio.

— “Promete?” — Pediu dengosa.

— Sim, mas quero lhe pedi uma coisa. Evite vir aqui sem a minha autorização, como fez hoje.

— “Não quer me ver…”

— Não é isso, linda, apenas quero evitar problemas com o vovô. Me escute ou sairemos prejudicados.

— “Tudo bem. Eu te amo, meu lindo.”

— Até mais, loira! — Exclamou sem responder igualmente à mulher. Ele não sabe o que sente por ela, então não diria nada sem muita certeza.

Ele desligou a ligação mais estressado, bateu o copo vazio na mesa e saiu. Eduardo está embriagado o suficiente para deitar-se ao lado de sua mulher, sem cometer uma loucura, como sufocá-la durante o sono. A faria pagar por mudar seus planos. Sua vida virou de cabeça para baixo, e o mesmo atribuía a culpa somente a ela.

Entrou no quarto e deu de cara com o silêncio. Sua cama está do jeito que deixou, um emaranhado de lençóis depois do sexo quente que desfrutou com Bruna. Ele saiu de novo para encontrá-la, pois não a deixaria fazer o que quer em sua casa. Notou a porta do quarto de hóspedes meio aberta e parou abruptamente. Abriu e deu de cara com sua esposa dormindo fetalmente. Pelas marcas em sua face deduziu que ela andou chorando. Algo queria entrar, mas ele não deixou. Jamais se deixaria enganar por uma mulher viu e astuta, que para ter dinheiro, vendeu o próprio corpo como uma incubadora. Pensar nisso lhe deixou mais puto, por isso foi até ela e sentou e sem nenhum cuidado sacudiu o corpo de Evelin violentamente.

— Me larga, está me machucando! — Clamou em pavor.

— O que faz aqui? Volte imediatamente para o nosso quarto. — Ordenou. A mulher tremia em seus braços, por essa razão ele a largou como se pegasse fogo. Nunca bateu em uma mulher e não seria agora.

— Vá embora daqui! — vociferou em pânico. — Não admitirei que me machuque.

— Não tem direito de nada aqui, você é minha para fazer o que bem entendo, agora seja uma cadela obediente e volte para o nosso quarto.

— Não farei isso, miserável. — Falou em cólera. Ele a chamou de cadela, a humilha como se ela não valesse nada.

— Não manda em mim seu covarde, não sairei daqui.

— Informou decidida. Eduardo sem ao menos demonstrar sua intenção a carregou no ombro, lhe dando um tapa na bunda para que ficasse quieta, quando chegou no quarto de ambos, a jogou de qualquer jeito na cama.

— Seu homem das cavernas! — Bradou irritada. Ele a ignorou deitando-se na cama, porém Evelin não o fez. Tentou sair do quarto, mas ele havia trancado. O ignorando, sentou-se no pequeno sofá branco próximo à janela e deitou-se desajeitada. Ela não daria o gosto a ele de subjugá-la. Eduardo já dormia profundamente devido à bebida, no entanto, ela demorou para pegar no sono e quando conseguiu foi um sono conturbado. A luta que Evelin precisará travar será uma das mais pesadas que já enfrentou, contudo, mesmo não sabendo ela passará com louvor, afinal, ninguém recebe um fardo maior que não possa carregar.

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