MayaAcordei às quatro da manhã e, mais uma vez, assisti ao dia amanhecer. Era essa minha rotina há cinco anos. Levantei-me quando o celular despertou às sete e meia da manhã. Tomei meu banho, arrumei-me e desci para o andar de baixo. Na cozinha, liguei a cafeteira e quebrei os ovos na tigela, adicionando temperos e preparei a omelete, enquanto as torradas ficavam prontas.Olhei a hora no relógio de pulso e vi que já passavam das oito e meia. A qualquer momento, Mary e Louise desceriam a escada correndo, animadas para o Quatro de Julho na casa do avô. A campainha tocou e eu já sabia quem era. Caminhei até a porta da frente e abri-a.— Bom dia! — desejou Caleb sorridente, estendendo-me uma caixa de cupcakes.— Bom dia. Entre.Dei-lhe passagem e ele entrou.— Acabei de passar um café e fazer omeletes. Vem.Segui para a cozinha e ele me acompanhou. Caleb sentou-se à ilha e colocou a caixa com os bolinhos sobre ela. Servi uma caneca de café e lhe entreguei.— Como está a Maria Fé?— Você
MayaVictor partiu levando com ele meu coração que tanto o amava incondicionalmente. Ainda era nova, tinha apenas trinta e cinco anos, mas sabia que jamais encontraria alguém como ele, e talvez eu nem quisesse ter outro alguém algum dia. Eu sentia que viveria em luto para o resto da minha vida. Mas fazia meu maior esforço para ficar bem e seguir adiante, afinal, tinha duas crianças para criar sozinha.Sabíamos que um dia isso aconteceria e sempre falávamos disso. Victor havia me feito jurar de joelhos para ele, que não deixaria minha vida parar ou morrer quando ele partisse. Mas estava sendo difícil. Muito difícil. Eu tentava a todo custo e instante cumprir minha promessa e iria.As meninas trocaram as flores do túmulo e deixaram desenhos para o pai. Depois elas seguraram uma na mão da outra e vieram correndo em minha direção, abraçando-me pela cintura.— A gente te ama, mamãe — disse Louise.— Eu também amo muito vocês, minhas meninas.— Não fica triste, mãe. Se você ficar assim, o p
23 de dezembroA neve caia sem parar a mais de quatro horas. Chegar em casa foi bem difícil. Além do trânsito congestionado, havia muito gelo na pista e pessoas bêbadas dirigindo, é claro. Faltavam dois dias para o Natal. Até mesmo eu estaria bêbada se não estivesse fazendo plantões de vinte e quatro horas na residência e criando duas filhas, as quais às vezes eu desejava que tivessem um botão de desligar. Eu sei. Eu sei! Você com certeza disse: que coisa horrível de pensar sobre as suas filhas, Maya! É horrível, eu sei que é. Me sinto culpada por isso, acredite. Mas é inevitável.Eu amo as minhas filhas mais do que a mim mesma. Mas se você me perguntar se amo a maternidade na totalidade, a resposta é não. Mas a amo em partes. A depressão pós-parto foi terrível, quase acabou comigo! Não ter leite suficiente para amamentar as minhas filhas, foi pior ainda. Isso gerou em mim uma ferida no coração que nunca se fecha. Toda vez que Mary fica doente, me culpo. Sempre acho que a culpa da sua
Ao passar pela porta do banheiro, comecei a me despir enquanto a banheiro se enchia. Eu preparei a água, ajustei a temperatura, acendi algumas velas aromáticas e entrei, deitando-me.Respirei fundo de olhos fechados e relaxei o corpo. Senti a presença de Victor e abri as pálpebras, olhando na sua direção. Ele sorriu abertamente para mim. Na mão direita tinha uma garrafa de vinho, já aberta. Na esquerda, duas taças.Ele puxou o banquinho de dentro do box e colocou-o ao lado da banheira, sentando-se nele. Serviu as duas taças e entregou-me uma delas, colocando a garrafa no chão. Nós brindamos e eu dei um gole saboreando o vinho perfeito.Quando os meus olhos voltaram para ele, Victor me encarava com um olhar sugestivo e malicioso. Os lábios eram marcados por um pequeno sorriso. Ele não precisava dizer nada ou me tocar. Somente a sua face me excitava repentinamente.Sem tirar os olhos de mim, ele tomou um gole do seu vinho. Meu sorriso para ele mudou. Tornou-se mais atrevido, algo que di
No andar de baixo, segui direto para o escritório. As portas duplas estavam abertas e as luzes, acessas. Atrás da mesa de mogno, estava ele, escrevendo algo em um papel.— O que está fazendo? — Aproximei-me.— Uma pequena alteração.— Em quê? — escorei-me à beirada da mesa, ao seu lado.— No meu testamento.Cruzei os braços à frente e bufei.Eu odiava que ele mexesse nisso. Só servia para me lembrar que em algum momento nós teríamos um fim e isso é péssimo!Ele colocou os papéis dentro de uma pasta e fechou-a.— Precisava fazer isso no meio da noite.— Precisava.Levantou-se, ficando de pé diante de mim.— Sabe que eu sempre acordo quando você deixa a cama.Ele passou as mãos pelos meus cabelos, jogando-os de trás dos ombros.— Eu só acordei e não parava de pensar no testamento.— Não quero falar disso — falei firmemente, desviando o meu olhar dele.Ele assentiu e puxou-me para um abraço apertado e caloroso.— Volte para cama.— Só se você vier comigo.— Não me desobedeça, Maya. — O s
Meus olhos ficaram marejados. Em minha língua senti a sua carne pulsar. Os olhos dele me encaravam sérios, com semblante enrugado. Victor desacelerou as investidas e me permitiu respirar. Suas pálpebras se fecharam e eu vi os seus músculos tensionarem. Olhou-me novamente e gemeu.— Vou gozar. Beba todo o meu leite e não desperdice nada! — Sua voz soou grave e levemente rouca.Tornando a investir mais rápido, ele gozou, enchendo a minha boca. Um pouco do seu gozo escorreu pelo canto dos meus lábios, pingando no tapete. Victor percebeu imediatamente.Engoli o seu leite espesso e ele se distanciou, retirando o membro da minha boca. Deu um passo para trás, ofegante.— Você desperdiçou. — Sua voz soou zangada.— Foi sem querer. — Mordi a parte interna da minha bochecha tentando conter um sorriso.Victor umedeceu os lábios e apanhou à palmatória à sua direita. Engoli em seco.— Lamba. O chão — falou pausadamente.— O quê? — Eu lamberia, é claro. Lamberia até mesmo se tivesse pingado sobre t
Nós comemos os biscoitos e bebemos todo o leite. As meninas pediram para que o pai colocasse músicas de Natal e assim ele fez. Nunca na vida imaginei uma mulher mandando em Victor, ainda mais duas. Isso é um pouco engraçado.Nós terminamos de pintar os discos de madeira e deixamos sobre o bar ao canto da sala, secando. Mary deitou-se no chão para desenhar. Segundo ela, estava fazendo os nossos presentes de Natal. Louise me pediu colo e nós nos sentamos no sofá. Os seus pezinhos descalços estavam gelados e eu os coloquei debaixo no meu suéter de lã. Ela riu e aninhou-se mais em meus braços.Victor surgiu vindo do escritório, como uma caixa enorme nas mãos. Eu sabia o que tinha ali dentro, mas as meninas nunca tinham visto aquilo antes. Ficaram curiosas e acharam que o Papai Noel já havia passado.Ele se sentou ao meu lado e abriu a caixa. As meninas olharam curiosas, apanhando as fotografias que havia ali dentro.— O que pretende fazer com essas fotos? — perguntei.— Deixar esse Natal
Há algumas semanas, ele estava namorando uma digital influencer da qual não gostávamos muito. Então após o término conturbado, o qual o motivo não sabíamos, disse que passaria o Natal longe de casa e foi para o México há uma semana.— Noivos? — perguntei um pouco chocada.— É — respondeu Caleb, engolindo em seco. Ele estava nervoso.— Você está grávida? — Victor perguntou para a menina, sem delongas. Eu o cutuquei com meu cotovelo, encarando-o com reprovação.— Não, pai. A Maria não está grávida.— Por que ela não fala? Ela não sabe inglês?A menina estava nervosa. As mãos se contorciam. Apesar de parecer que não entendia nem uma palavra, entendia que a situação estava ficando tensa.— Não. A gente pode conversar em espanhol?— Acho que primeiro nós dois devíamos ter uma conversinha em particular. — Victor usou um tom rude. Maria deu um passo para trás, quase se escondendo atrás de Caleb.— Okay! — disse, batendo as palmas e chamando a atenção de todos para mim. — Todos tranquilos. ¿U