VictorAjudei-a se levantar e entrei com ela. Maya caminhou até a cama e pegou a mão da mãe que dormia sedada, entre as suas. Teddy entrou em seguida com a Abbi e pararam do outro lado da cama. A mãe segurou sua outra mão e Teddy acariciou sua cabeça desnuda do lenço costumeiro. Lágrimas e mais lágrimas lavavam o rosto da Maya.— Tudo bem se quiser ir, mãe. Você não tem mais que ficar por nós. Você lutou e já chegou até aqui e somos gratos por isso. Mesmo que não esteja presente em carne, estará para sempre em nossos corações celebrando todos os momentos bons e nos dando sua força nos ruins. Você já pode ir. Você merece esse descanso. Ficaremos bem. E não se preocupe... irei cumprir tudo o que te prometi.Ficamos mais um pouco ali e depois saímos deixando somente Teddy. Maya se alimentou, tomou banho e se deitou no sofá da sala de estar com a cabeça no colo da avó e logo adormeceu em lágrimas.***Maya— Você precisa levantar. Maya... — Victor acariciou meus cabelos. — Querida... Temo
MayaHá dias ele me fazia a mesma pergunta e eu lhe dava a mesma resposta dizendo que estava bem, mas não estava. Acho que ele sabia disso e aceitava mesmo assim. Eu não conseguia estar bem, por mais que me esforçasse para isso. Era impossível!— Vou me trocar. Já volto.Entrou no closet e logo voltou deitando-se ao meu lado. Virei-me de costas para ele e seu braço agarrou-me por trás pela cintura.— Estou com saudades do seu corpo... — Beijou minha nuca. — Das suas mãos em mim... — Beijou atrás de minha orelha. — De amar você entre gemidos — sussurrou em meu ouvido.— Hoje não. Okay?— Tudo bem. — Ele beijou minha cabeça e ajeitou-se sob o cobertor aconchegando seu corpo no meu.Fechei meus olhos e o cansaço emocional e físico logo me colocou para dormir. Minhas noites de sono não eram mais tão tranquilas como antes. Sempre eram atordoadas com pesadelos e sonhos saudosos que me despertavam em meio às lágrimas várias vezes na noite. Às vezes, eu não conseguia dormir novamente e via o
MayaÀ volta para casa nunca mais seria a mesma. Não teria mais uma parada no hospital para ver minha mãe ou aquela empolgação de encontrá-la. Fazia dez minutos que eu havia chegado e ainda não tinha encontrado meu pai. Ele não atendia ao telefone e não estava na casa da minha avó ou tia Jenna. Eu já estava superpreocupada, tinha medo de que algo ruim tivesse lhe acontecido. Não poderia perder meu pai também, quando ainda nem sequer havia superado a morte da minha mãe.— Você vai furar o chão. Sente-se, meu anjo.— Eu não sei mais por onde começar a procurá-lo. Por que ele não me atende? — perguntei impaciente, andando de um lado para o outro na sala de estar.— Não tem nenhum amigo com quem ele possa estar?— Ele se afastou de todos depois que minha mãe ficou doente pela segunda vez. Fechou-se para o mundo e perdeu a fé na vida.— Quer ir ao hospital?— Eu não sei... Só temos um hospital na cidade, todos já o conhecem por lá. Teriam me ligado se algo tivesse acontecido.— Delegacia?
MayaLágrimas grossas escorreram por suas têmporas, enquanto ele fitava o teto branco.— Não faça mais isso, por favor. — Segurei sua mão, apertando-a de leve. — Fiquei imensamente preocupada! Não posso perder você também, não irei suportar. Acho que se não tivesse ido procurá-lo lá, você teria morrido nas mãos daqueles crápulas.— Desculpe, minha filha — pediu com a voz embargada.— Eu te desculpo, pai. Mas tem que me prometer que não haverá recaídas.— Eu prometo. — Olhou-me.— Ótimo! Eu e Victor conversamos antes dele ir para casa. Quando receber alta, você virá morar conosco aqui em Tulsa. Vou ficar para cuidar de você.— Não, querida. Não quero atrapalhar seu casamento. Vocês acabaram de se casar, não precisam de um intruso na casa de vocês, muito menos que vivam em cidades separadas.— Não! Eu insisto. Você vem morar conosco. Eu e Victor somos acostumados a lidar com um relacionamento a distância. Não se preocupe com nosso casamento. Se preocupe em ficar bem!***Encontrar Penny
MayaA noite na qual iríamos encontrar Penny havia chegado. Estava tão nervosa, que mal conseguia me equilibrar sobre o salto que calçava. Eu tinha tanto para contar a ela.Fomos para o hotel e aguardamos por sua chegada. A porta foi aberta e eu me levantei do sofá em um pulo. Um dos seguranças do Victor entrou e ela surgiu vindo logo atrás, usando um vestido curto e justo de cor azul e bijuterias reluzentes.— Maya! — Correu ao meu encontro e abraçou-me forte. — Meu Deus... Como você está?— Bem. — Apertei os olhos tentando conter minha emoção. — Mas me diga, como você está? — Soltei-a e notei um pequeno roxo abaixo do olho sobre a maçã de seu rosto, que nem mesmo a maquiagem que usava conseguiu esconder. — Penny... — Toquei sua face sentindo meu coração se apertar. — Quem a machucou?— Foi o Marcel. — Abaixou seu olhar para suas mãos. — Ele me deu um soco quando me recusei a ficar com um cliente. — Mordeu o canto do lábio e olhou-me. Lágrimas empoçavam seus olhos verdes.— Eu vou ti
MayaVoltamos para o apartamento e depois de um banho juntos e demorado, adormeci profundo agarrada a ele, acordando somente na manhã seguinte. Voei com Caleb e Victor até Houston e depois segui para Tulsa. Eu mal havia pisado meus pés no aeroporto quando Clarice me ligou pedindo que eu fosse até seu escritório com certa urgência. Preocupei-me. Elliot me levou até lá e subiu comigo esperando por mim na recepção.— Clarice. — Sorri ao me aproximar.— Maya! Que bom ver você, querida. Senti saudade. — Abraçou-me apertado, quase me sufocando. — Como tem passado? — Soltou-me.— Bem, na medida do possível. E você?— Não muito diferente de você. Venha. Vamos para o meu escritório. Onde está Victor, que não veio?— Em Houston com Caleb, mas ele vem no fim de semana.— Sente-se, Maya. Vamos conversar. O que tenho para tratar é sério.Sentei sentindo meus membros inferiores esquentar e meu rosto formigar. Algo em mim pediu-me para me preparar para o que viria a seguir.— Finalmente a investigaç
MayaLarry encarou o advogado nervoso, que apenas assentiu a ele negativamente. O juiz determinou o confisco do CRM de Larry e trinta e sete anos de prisão no presidio federal, além do confisco de todos os bens e uma multa simbólica a pagar no valor de dois milhões de reais, que foram designados ao meu pai. Foi ordenado também que o Estado abrisse uma investigação para apurar em quantos mais pacientes ele aplicou a droga não autorizada e se houve mais alguém envolvido no crime, incluindo o hospital.— Dinheiro nenhum paga a minha perda — disse meu pai entredentes para mim.— Mas ele irá te ajudar a seguir adiante. Quem sabe, até salvar vidas de pessoas que passam pelo que a mamãe passou. Pense positivamente, pai. Você pode fazer o bem com este dinheiro.Depois do julgamento, fomos todos almoçar no lago Green Pine onde Victor havia feito reservas. Ao entrar em casa, meu pai disse que se deitaria um pouco, precisava ficar sozinho e eu o entendia. Ele subiu a escada e Caleb foi direto pa
MayaA emergência chegou e prestou atendimento. Colocaram Victor na ambulância e o levaram para o hospital. Noberto apareceu e o acompanhou. Eu corri para me trocar indo logo atrás com Caleb e Elliot. Durante todo o caminho, eu pedia a Deus para que não o deixasse morrer e nem para que fosse algo grave. Meu coração estava pequeno no peito. Eu chorava com imenso desespero. Por Deus... Eu havia perdido há pouco minha mãe, não podia perder meu marido também. A gente ainda tinha muito para viver juntos. Não sei se aguentaria mais esta rasteira da vida.— Fique calma, Maya. Eu entendo que é difícil, mas você precisa se acalmar. Ele vai ficar bem. Meu pai é forte. — Caleb segurou minha mão.— Não posso ficar sem ele. Se eu o perder, Caleb... não sei por onde ou como recomeçar.— Vai ficar tudo bem. Acredite! Não vamos perdê-lo.O carro estacionou logo atrás da ambulância. Desci correndo e acompanhei a maca para dentro do hospital, Victor ainda estava desacordado com uma máscara de oxigênio.