O céu noturno era iluminado por algumas estrelas e a lua minguante quase não aparecia no céu; aquela era uma das coisas deprimentes de estar na cidade, o céu nunca estava limpo como o do interior.
Quisera Alexandra que aquela fosse a única coisa deprimente naquele dia. O cigarro entre seus dedos foi aceso após alguns minutos de contemplação; do telhado de seu alojamento, sentada a borda da construção, o Instituto São Bartolomeu, mesmo à noite, ainda ostentava beleza e imponência. Ela nunca se sentira tão pequena quanto naquele momento.Aquele sempre foi seu sonho, mas estando ali, tudo estava sendo diferente e da pior maneira possível. O pior é que haviam passado apenas 30 dias. Um mês dentro de um ambiente da nata da sociedade, e Alex já não aguentava mais um segundo.No entanto, todo seu drama e autopiedade se esvaíram de seu corpo em segundos quando ela viu claramente a garota correndo pelo pátio, fugindo de algo invisível.De repente, uma presNo dia seguinte, foi difícil levantar-se da cama, mas Alexandra sabia que não tinha outra opção. Por mais que quisesse justiça pela amiga, denunciar toda aquela situação absurda, sabia que não podia fazer alarde. Já havia sido ameaçada e sabia que seus pais não poderiam arcar financeiramente com um processo de uma instituição como aquela. Mesmo que mal tivesse forças, Alex se levantou, tomou um banho e vestiu seu impecável uniforme, indo em direção ao refeitório, apesar de não sentir um pingo de fome. No cômodo, todos a encaravam com julgamento, alguns rindo sem reservas e poucos preocupados. Guilherme foi em sua direção , ajudando a amiga na caminhada da vergonha, sem medo de ser julgado junto dela. Na mesa junto de seus amigos, todos começaram a lançar-lhe palavras de conforto, mas nenhum deles citaram Elloá. Todos agiam como se Alexandra tivesse passado por um episódio de sonambulismo, era inclusive o assunto que rodava por toda a escola, como se simplesmente tivessem se esqueci
Naquela semana, Alex tentou retomar sua rotina acadêmica, ainda que o ar estranho entre ela e Elloá permanecesse. Elloá agia de forma normal, mas algo em seus gestos e olhares parecia diferente, como se uma sombra pairasse sobre ela. Isso deixava Alexandra inquieta, mas ela se esforçou para não deixar seus medos dominarem. As aulas e os trabalhos se acumularam, e Alex tentou se concentrar neles, usando o cansaço como desculpa para não pensar demais.Na sexta-feira, a professora de inglês ainda não havia retornado, e Arthur continuava a assumir suas aulas. Mesmo após algumas aulas com ele, Alex ainda notava algo estranho no professor. Durante as aulas, ele fazia questão de fazer perguntas diretas a ela, e havia uma sensação incômoda de que ele queria dizer algo mais, algo que sempre ficava nas entrelinhas.Após o fim da última aula, Arthur pediu que Alexandra ficasse um pouco mais na sala. A sala estava quase vazia, com apenas alguns alunos que ainda organizavam seus materiais. Arthur
Apesar do ar de curiosidade que pairava no café, Alexandra e Lucas decidiram prosseguir com o passeio. Eles caminharam pelas ruas da cidade, conversando sobre coisas triviais, até que decidiram ir ao cinema. Era a primeira vez que Alexandra visitava um cinema, e o local era realmente encantador. Com uma arquitetura antiga e uma decoração que remetia aos clássicos do cinema, o lugar exalava charme.— Uau, Lucas, isso aqui é incrível! — exclamou Alexandra, seus olhos brilhando de emoção enquanto observava o ambiente ao redor.Lucas sorriu, contente em vê-la tão animada. Alexandra, movida pela excitação do momento, o abraçou de maneira espontânea e apertada, surpreendendo-o.— Obrigada por me trazer aqui, — ela disse, com a voz cheia de gratidão.— Fico feliz que você esteja gostando, — respondeu Lucas, um pouco sem jeito, mas visivelmente satisfeito.Os dois compraram ingressos para uma animação que estava em cartaz, uma escolha que Alexandra fez de maneira impulsiva. Ela estava ansiosa
A semana começou com o anúncio de uma excursão organizada pelo departamento de ciências, um evento esperado por muitos estudantes do primeiro ano. O anúncio da excursão foi feito no auditório do Instituto São Bartolomeu, um lugar amplo e bem iluminado, com fileiras de cadeiras ocupadas pelos alunos do primeiro ano. A expectativa era palpável no ar. A professora de ciências, dona Marisa, subiu ao palco com um sorriso entusiasmado, sendo seguida por outros professores e monitores que ficariam responsáveis pela organização do evento.A viagem tinha como objetivo visitar um famoso centro de pesquisas ambientais, situado em uma reserva natural a algumas horas de distância do instituto. Além de aulas práticas e atividades em campo, os alunos teriam a oportunidade de participar de workshops sobre biodiversidade e sustentabilidade. A excursão incluiria uma estadia de dois dias, de sexta a domingo, para que pudessem explorar o local com calma e se aprofundar nos estudos.— Bom dia, pessoal! —
Durante o jantar, Alexandra não pôde deixar de notar os olhares curiosos que a seguiam. O burburinho sobre o "acidente" no vôlei e o gesto gentil de Miguel já haviam se espalhado por todo o colégio. Até mesmo seus amigos não perderam a oportunidade de provocar.Mas, enquanto seus amigos riam e a provocavam, Alex notou algo diferente no ambiente. Do outro lado da mesa, Camila observava tudo com uma expressão ranzinza, claramente incomodada. Seus olhos estavam fixos em Alexandra, e ela não parecia feliz com toda a atenção que a garota estava recebendo.Quando a refeição acabou, Alex se sentiu exausta. Entre as provocações, os olhares de Camila e o incômodo no tornozelo, tudo o que ela queria era descansar. Depois das aulas da tarde, seus amigos a ajudaram a caminhar pelo campus, praticamente a carregando de um lado para o outro. Agora, sozinha, decidiu ir direto para o quarto, ansiando por um momento de paz.Ao chegar, encontrou Elloá já no quarto. Para sua surpresa, Elloá parecia amigá
Miguel tentou acalmar Alexandra com uma explicação que, no mínimo, a deixou ainda mais intrigada.— Boa parte da turma tá numa festa secreta, sabia? — disse ele casualmente, tentando aliviar o clima. — Na clareira da reserva florestal, pertinho daqui.Ao ouvir sobre a clareira, Alexandra sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A conexão com seu sonho era óbvia demais para ser ignorada. Não tinha como aquilo ser apenas coincidência.— Se você quiser, posso te levar lá. Mas a gente vai ter que se arrumar, porque não dá pra chegar de qualquer jeito — disse Miguel, com um sorriso travesso.Alexandra, ainda processando a informação, assentiu. Era sua chance de descobrir o que realmente estava acontecendo com Elloá e por que aquela clareira esteve presente nos seus pesadelos.Ela voltou rapidamente ao seu quarto apenas para pegar algumas coisas. As colegas já estavam dormindo, e Alexandra fez o máximo de silêncio possível. Logo saiu, encontrando Miguel à sua espera na porta de seu dormitór
Alexandra, ainda recuperando o fôlego do beijo, se inclinou para perto de Miguel e sussurrou:— Desculpa por isso... Agora te devo uma.Miguel, sem entender muito bem, apenas riu e voltou a dançar com o grupo. Alex, por sua vez, sentiu a energia se dissipar e saiu da multidão, procurando um lugar para se sentar e tentar processar tudo o que havia acontecido. O álcool ainda circulava em seu sistema, mas a excitação do momento começava a dar lugar a um sentimento mais pesado de antecipação. Meia hora depois, como se seus pensamentos tivessem se manifestado na realidade, a festa foi interrompida abruptamente pelos professores, que chegaram com expressões severas.— O que está acontecendo aqui? — uma das professoras perguntou com a voz firme, atravessando o grupo.Alexandra imediatamente soube que aquilo era obra de Camila. A delação tinha sido esperada, mas o momento da interrupção a fez sentir um frio na barriga. Os professores deram um longo sermão sobre responsabilidade, liderança e o
Por fim, as colegas de quarto de Alexandra durante a excursão ficaram como culpadas pela situação das roupas cortadas, pois não tinham coragem de delatar Camila e de fato foram cúmplices do ato. Os pais de Alex foram notificados da situação de maneira distorcida e enquanto ainda estavam no ônibus retornando ao instituto são Bartolomeu, Alex recebeu mensagem dos pais, falando sobre uma transferência bancária de alto valor após uma pegadinha feita por suas amigas que acabou por estragar seus uniformes. Alex não queria seus pais a par daquela situação de bullying e concordou com a mentira contada pela escola. Os pais enviaram o dinheiro para o cartão que Alex tinha consigo para que ela comprasse as novas roupas. No retorno até o colégio, todos já sabiam das novidades e no jantar, Alex não teve como fugir da provocação dos amigos, mas aceitou tudo, ao menos num lugar público, não podia contar que não tinha nada com Miguel. Naquela noite, quando Alexandra estava prestes a deitar, Elloá