Durante o jantar, Alexandra não pôde deixar de notar os olhares curiosos que a seguiam. O burburinho sobre o "acidente" no vôlei e o gesto gentil de Miguel já haviam se espalhado por todo o colégio. Até mesmo seus amigos não perderam a oportunidade de provocar.Mas, enquanto seus amigos riam e a provocavam, Alex notou algo diferente no ambiente. Do outro lado da mesa, Camila observava tudo com uma expressão ranzinza, claramente incomodada. Seus olhos estavam fixos em Alexandra, e ela não parecia feliz com toda a atenção que a garota estava recebendo.Quando a refeição acabou, Alex se sentiu exausta. Entre as provocações, os olhares de Camila e o incômodo no tornozelo, tudo o que ela queria era descansar. Depois das aulas da tarde, seus amigos a ajudaram a caminhar pelo campus, praticamente a carregando de um lado para o outro. Agora, sozinha, decidiu ir direto para o quarto, ansiando por um momento de paz.Ao chegar, encontrou Elloá já no quarto. Para sua surpresa, Elloá parecia amigá
Miguel tentou acalmar Alexandra com uma explicação que, no mínimo, a deixou ainda mais intrigada.— Boa parte da turma tá numa festa secreta, sabia? — disse ele casualmente, tentando aliviar o clima. — Na clareira da reserva florestal, pertinho daqui.Ao ouvir sobre a clareira, Alexandra sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A conexão com seu sonho era óbvia demais para ser ignorada. Não tinha como aquilo ser apenas coincidência.— Se você quiser, posso te levar lá. Mas a gente vai ter que se arrumar, porque não dá pra chegar de qualquer jeito — disse Miguel, com um sorriso travesso.Alexandra, ainda processando a informação, assentiu. Era sua chance de descobrir o que realmente estava acontecendo com Elloá e por que aquela clareira esteve presente nos seus pesadelos.Ela voltou rapidamente ao seu quarto apenas para pegar algumas coisas. As colegas já estavam dormindo, e Alexandra fez o máximo de silêncio possível. Logo saiu, encontrando Miguel à sua espera na porta de seu dormitór
Alexandra, ainda recuperando o fôlego do beijo, se inclinou para perto de Miguel e sussurrou:— Desculpa por isso... Agora te devo uma.Miguel, sem entender muito bem, apenas riu e voltou a dançar com o grupo. Alex, por sua vez, sentiu a energia se dissipar e saiu da multidão, procurando um lugar para se sentar e tentar processar tudo o que havia acontecido. O álcool ainda circulava em seu sistema, mas a excitação do momento começava a dar lugar a um sentimento mais pesado de antecipação. Meia hora depois, como se seus pensamentos tivessem se manifestado na realidade, a festa foi interrompida abruptamente pelos professores, que chegaram com expressões severas.— O que está acontecendo aqui? — uma das professoras perguntou com a voz firme, atravessando o grupo.Alexandra imediatamente soube que aquilo era obra de Camila. A delação tinha sido esperada, mas o momento da interrupção a fez sentir um frio na barriga. Os professores deram um longo sermão sobre responsabilidade, liderança e o
Por fim, as colegas de quarto de Alexandra durante a excursão ficaram como culpadas pela situação das roupas cortadas, pois não tinham coragem de delatar Camila e de fato foram cúmplices do ato. Os pais de Alex foram notificados da situação de maneira distorcida e enquanto ainda estavam no ônibus retornando ao instituto são Bartolomeu, Alex recebeu mensagem dos pais, falando sobre uma transferência bancária de alto valor após uma pegadinha feita por suas amigas que acabou por estragar seus uniformes. Alex não queria seus pais a par daquela situação de bullying e concordou com a mentira contada pela escola. Os pais enviaram o dinheiro para o cartão que Alex tinha consigo para que ela comprasse as novas roupas. No retorno até o colégio, todos já sabiam das novidades e no jantar, Alex não teve como fugir da provocação dos amigos, mas aceitou tudo, ao menos num lugar público, não podia contar que não tinha nada com Miguel. Naquela noite, quando Alexandra estava prestes a deitar, Elloá
Os dias letivos no Instituto São Bartolomeu passaram de forma intensa para Alexandra, como seus amigos haviam previsto. Com o tempo, ela conseguiu encontrar um ritmo que lhe permitia equilibrar os estudos, os momentos com seus amigos e, claro, seu falso namoro com Miguel. A rotina da escola era exigente, mas Alex se adaptava cada vez mais, mantendo suas notas e lidando com as pressões sociais.Miguel, sempre extremamente simpático, a surpreendia frequentemente. Às vezes, os dois saíam para passear fora do campus, e ele a levava a lugares incríveis, desde cafeterias charmosas até lojas que Alex jamais imaginaria frequentar. Em um desses passeios, ele até comprou roupas novas para ela, um gesto que a deixou completamente surpresa e emocionada, apesar de inicialmente hesitar em aceitar. Além disso, em outra ocasião, ele a levou a um renomado salão de beleza para retocar a progressiva, deixando Alex com a autoestima renovada.Com o tempo, porém, as coisas começaram a ficar confusas para
Miguel respondeu à mensagem quase que instantaneamente."Vamos resolver isso hoje à noite, então. Depois do toque de recolher, me encontre na saída do seu prédio."O coração de Alexandra disparou. Sabia que não valia a pena quebrar as regras por conta de um rapaz, mas naquela noite agiu apenas com a emoção. Quando o toque de recolher finalmente soou e seus colegas de alojamento já estavam em um sono profundo, Alex se esgueirou silenciosamente para fora do dormitório, sentindo o frio da noite tocar sua pele, aquecida pela adrenalina.Miguel já estava esperando por ela, encostado no muro do prédio. Ele sorriu de forma travessa, acenando para que ela o seguisse.— Vem comigo, tenho um lugar perfeito pra gente ficar em paz — disse ele, conduzindo-a pelo campus escuro.Alex o seguiu, surpresa ao perceber que ele a levava para um dos prédios mais novos do campus. Logo se depararam com um dormitório aparentemente vazio. Miguel tirou uma chave do bolso e abriu a porta com facilidade, o que de
Na manhã seguinte, após uma noite de insônia cheia de angústia, Alexandra foi convocada novamente à sala do diretor. Seu estômago se contorcia de nervosismo, e ela mal conseguia pensar direito, já imaginando o que a esperava. No entanto, ao chegar lá, percebeu que não estava sozinha. Além dela, Miguel e outro garoto já estavam na sala. O menino parecia familiar; um dos bolsistas só primeiro ano, ela tinha quase certeza. O garoto tinha um porte franzino, as roupas ligeiramente desajustadas, e o cabelo escuro desgrenhado, como se tivesse acordado e saído correndo para a escola. Ele não parecia mais velho do que Alex, talvez até um pouco mais jovem, com traços delicados e pele clara, que agora exibia um hematoma roxo no rosto, como se tivesse levado um soco recentemente. Seus olhos, que evitavam contato com qualquer um na sala, estavam cheios de insegurança e medo. Ele se encolhia na cadeira, mexendo nervosamente nas mãos, que tremiam levemente.
Na manhã seguinte, a reunião com os pais foi marcada bem cedo, e Alex já sentia a pressão antes mesmo de entrar na sala. Enquanto seus pais participavam por chamada de vídeo, os pais de Miguel estavam presentes em pessoa. Seu pai, um homem de aparência rígida, vestindo um terno impecável, tinha uma postura severa, como se estivesse o tempo todo julgando a todos ao seu redor. A mãe de Miguel, uma mulher alta e bem arrumada, tinha uma expressão de desdém no rosto, os lábios finos comprimidos em uma linha dura de desaprovação. Miguel estava sentado entre eles, parecendo pequeno e impotente. Seu habitual ar confiante tinha desaparecido, substituído por uma tensão visível. Ele mantinha os olhos fixos no chão, quase como se quisesse desaparecer dali. A cada palavra que seus pais trocavam com o diretor, o garoto parecia murchar ainda mais, sem coragem de enfrentar o olhar de Alex ou de seus próprios pais. O pai de Miguel, sempre firme, falava com aut