Longe da intimidação e da fachada que Camila mantinha na escola, suas amigas se mostraram pessoas bastante agradáveis, iniciando conversas leves e casuais que relaxaram um pouco o ambiente. Mercedes, Clara e Helena eram diferentes do que Alexandra imaginava. Elas riam e brincavam entre si, tornando o clima na piscina mais descontraído. Camila, por outro lado, mantinha seu comportamento habitual: ainda queria ser o centro das atenções e constantemente interrompia as conversas para redirecionar o foco para si, mas também conseguia manter uma certa cordialidade que a fazia parecer amigável, ao menos superficialmente.
Enquanto estavam deitadas nas espreguiçadeiras, aproveitando o sol quente, Camila pegou seu celular e, com um sorriso triunfante, mostrou às garotas algumas fotos de seu novo namorado. Ele era um universitário mais velho, e as fotos que exibiu mostravam o rapaz em diversos pontos tu
Alex tentou manter-se deitada, respirando fundo, tentando ignorar a inquietação que a tomava. Porém, a situação a despertou completamente. O comportamento de Elloá, furtivo e distante, não a deixava em paz. Era como se uma força invisível a empurrasse para fora da cama. Sem conseguir mais resistir, ela se levantou devagar, cuidadosa para não fazer barulho e não acordar as outras meninas.Descalça, sentiu o frio do chão de mármore sob seus pés, uma sensação que a deixou ainda mais alerta. A casa de Camila estava silenciosa, envolta na escuridão. O leve ruído do filme rodando no fundo parecia um sussurro longínquo enquanto caminhava com seus passos ligeiros e silenciosos. Ao alcançar a porta, Alex espiou o corredor longo e iluminado apenas por uma luz fraca, mal conseguindo distinguir as sombras que se moviam.Ela avistou Elloá ao long
— O que... o que você quer que eu faça? — Alex perguntou, a voz trêmula, o desespero evidente em seus olhos. A ideia de se envolver em algo tão sombrio e perigoso a aterrorizava, mas a preocupação por Elloá a impulsionava.Mas antes que Camila pudesse responder, um ruído interrompeu o diálogo. Magno apareceu na ponta da escada, sua figura imponente projetando uma sombra sobre elas.— O que vocês estão fazendo aqui? — ele perguntou, a voz ressoando com uma autoridade cortante.— Nada, pai! Estávamos apenas... — Camila improvisou, lançando um olhar rápido para Alex, como se buscasse uma resposta que não existia.— Só voltem logo para o quarto! — Magno franziu a testa, seus olhos avaliando as duas com desco
— Eu sei sobre o pacto, Elloá! — Alex prosseguiu de maneira firme, a tensão nas suas palavras ecoando na biblioteca. Mas, assim que ela falou, a calmaria do espaço foi abruptamente interrompida pela chegada de seus amigos. Elloá aproveitou a distração e, sem olhar para trás, começou a sair dali. Alex tentou segui-la, mas foi barrada por Guilherme e os outros.— Agora é nosso momento com você! — Guilherme brincou, estendendo uma garrafa de água mineral, que, Alex sabia, não estava cheia de água. Para aliviar a tensão crescente em seu peito, ela virou a garrafa de uma vez, deixando o líquido escorregar por seus lábios, enquanto seus amigos comemoravam sua ousadia.— Parece que nossa amiga continua aí! — Mariana comentou, sua voz carregada de sarcasmo.O resto da tarde passou e
A segunda-feira começou conturbada, e Alex lutava para suportar a ressaca que a deixava zonza e com uma sensação de enjoo constante. Ela ainda tentava processar os eventos do fim de semana, mas o desconforto físico não era nada comparado ao peso emocional. Elloá a evitava a todo custo, desviando o olhar e se afastando em cada oportunidade. O confronto direto da noite anterior havia sido um erro, e Alex agora via claramente o quanto Elloá se sentia acuada e desconfiada.Sentindo-se impotente, Alex se pegou refletindo sobre sua antiga vida, sentindo saudades da família e das coisas simples que deixou para trás. A segurança da casa de seus pais, as risadas com suas amigas de infância e, até mesmo, o apoio de Lucca agora pareciam uma lembrança reconfortante. O desejo de voltar a uma época mais tranquila a acompanhou por toda a tarde, e em um breve momento de fraqueza, ela considerou desistir de tudo, abandonar aquela batalha insana.No entanto, antes que pudesse aprofundar esses pensament
Na manhã seguinte, Miguel estava sentado na arquibancada do ginásio, matando o tempo durante sua aula vaga, quando notou Camila se aproximando. Ele ergueu uma sobrancelha, claramente surpreso com a visita inesperada. — Olha só, que honra! — ele disse com um tom carregado de ironia. — Camila Salazar vindo até mim. O que foi, saudades? Camila cruzou os braços e revirou os olhos, ignorando o sarcasmo. — Não estou aqui pra brincar, Miguel. Preciso da sua ajuda.Ele a olhou com desconfiança, mas não conseguiu esconder a curiosidade. — Minha ajuda? Isso é novidade. E desde quando você pede ajuda?Camila suspirou, impaciente. — Não temos tempo pra isso agora. É importante.Miguel inclinou a cabeça, avaliando-a com atenção antes de ceder. — Tá bom. O que você quer?Ela tirou um papel dobrado do bolso e o entregou a ele sem cerimônia. Miguel desdobrou o papel e leu o que estava escrito. Seus olhos se estreitaram, e a expressão de surpresa rapidamente deu lugar a algo mais sério. — Você sab
Ao fim do dia letivo, Alexandra, Elloá e Camila deixaram o prédio principal do Instituto São Bartolomeu, caminhando em direção ao portão de saída. Suas figuras juntas atraíram olhares curiosos e provocaram um burburinho no campus. Era raro, praticamente impossível, que estudantes fossem autorizados a sair livremente em uma sexta-feira, ainda mais para uma viagem. Os sussurros e olhares de reprovação aumentavam a cada passo, espalhando rapidamente comentários e teorias entre os alunos.A comoção não passou despercebida pelos inspetores e professores, e logo chegou ao diretor. Ele pegou o telefone e ligou diretamente para Magno, sua voz transbordando indignação: — Magno, mais uma vez sua filha está no centro de uma situação insustentável! Não bastasse todo o favoritismo que dizem existir, agora ela sai em plena sexta-feira, quebrando regras que todos os outros seguem à risca! — O tom era severo. Do outro lado da linha, Magno manteve a calma, mas sua voz carregava firmeza. — Essas re
A noite estava fresca e iluminada por uma lua cheia reluzente, que parecia observar Arthur enquanto ele manobrava o carro pelas ruas desertas da cidade. O ar noturno trazia um certo alívio, mas sua mente estava longe de se acalmar. Ele ponderava cada palavra de Verena, o diálogo curto que tiveram martelando em sua cabeça. — Pergunta pra algum amigo dela! — Esbravejou Verena após ele ligar, dizendo que Alexandra não estava recebendo ligações ou mensagens.— Não posso, seria completamente suspeito. Eu sou um professor, Verena! — Se não fizer isso ela vai morrer, entendeu?— Verena encerrou a chamada, irritada.Essas palavras martelavam incessantemente enquanto ele dirigia em direção ao Instituto São Bartolomeu. Seus dedos apertavam o volante com força, e o suor começava a se acumular em sua testa, mesmo com o ar fresco da noite. Ele sentia a urgência do momento, mas também o peso de estar ultrapassando os limites de seu papel como professor.
A noite na casa de praia avançava, envolta em uma tranquilidade enganadora. Do lado de dentro, Alexandra e Camila estavam sentadas em um dos sofás luxuosos da sala de estar, com Elloá deitada no chão, apoiada em um travesseiro. No centro, um jogo de tabuleiro estava montado sobre o tapete felpudo. A luz amarelada dos lustres fazia o ambiente parecer acolhedor, quase íntimo, embora houvesse uma tensão latente que nenhuma delas verbalizava. — É a sua vez, Alex. — Camila disse, jogando um dado preguiçosamente enquanto bebia água com gás em um copo alto. Alexandra estava mais relaxada do que esperava. Talvez fosse a distância temporária de suas preocupações habituais, ou o simples fato de estar distraída. — E você está em desvantagem, Camila. — Alex respondeu com um sorriso irônico, movendo suas peças no tabuleiro. — Nem adianta apelar. — Você fala como se já tivesse vencido. — Camila rebateu, ajeitando o cabelo de forma despreocupada. <