Na manhã seguinte, ao despertar, Alex percebeu que Elloá já havia saído. A cama estava vazia, e o quarto silencioso. Isso a deixou inquieta, e sua mente começou a trabalhar em um milhão de possibilidades. Sentia que estava ficando paranoica, mas não conseguia evitar. Os fragmentos de conversas, o estado frágil de Elloá, tudo levava a uma conclusão assustadora.
— Arthur... — Alex murmurou para si mesma.
A ideia a atingiu como um soco. Até onde ela sabia, Elloá nunca havia tido contato com outro garoto e antes da proibição de Camila, ela chegou até a sair do campus com ele. Para Alex, a única explicação lógica era que Arthur havia engravidado Elloá.
Alex se levantou da cama, o coração acelerado e a mente repleta de perguntas e suspeitas. Precisava de respostas, mas
Apesar de uma sensação de insegurança esmagadora, Alex reuniu coragem e foi ao encontro de Arthur no jardim de inverno. Ele a aguardava sentado em um banco, as mãos apoiadas sobre uma bolsa de couro marrom que estava em seu colo. A postura tensa e os olhos fixos no chão mostravam que ele estava tão perturbado quanto Alex. O ambiente ao redor estava escuro, e a única iluminação vinha dos postes de luz espalhados pelo campus, já que o toque de recolher havia passado há algum tempo. A aura de mistério e apreensão parecia sufocar o ar ao redor.Alex hesitou por um instante antes de se aproximar, o medo e a desconfiança crescendo em seu peito. No entanto, a necessidade de respostas a empurrou para frente, e ela se sentou ao lado de Arthur. O professor a observou por um momento, seu olhar carregado de algo que Alex não conseguia definir—talvez medo ou culpa. Sem dizer nada, ele abriu sua bolsa de c
A sala de estar era estranha aos olhos de Alex. Cristais estavam espalhados em prateleiras e sobre uma mesa central. Incensos queimavam em vários pontos do ambiente, liberando uma fumaça densa e um aroma forte de sândalo. Retratos de gatos, de todos os tipos e tamanhos, estavam pendurados pelas paredes. As luzes eram fracas, criando sombras que dançavam por todo o cômodo.— Vou preparar um chá para nós. — Verena disse calmamente antes de desaparecer pela porta que dava à cozinha.Enquanto esperavam, Arthur olhou para Alex e começou a falar em tom baixo:— Eu conheci Verena há dois anos. Ela me seguia por toda parte, como uma stalker. — Ele suspirou. — Eu a ignorava porque, sinceramente, ela parecia completamente lunática. Sabia coisas sobre mim e sobre pessoas importantes pa
— E o que vocês pretendem fazer? — Alex perguntou com a voz trêmula, o medo crescendo enquanto aguardava a resposta.Arthur e Verena trocaram um olhar tenso antes de Arthur falar com firmeza:— Que fique claro que assassinato não é uma opção! — Ele disse, olhando diretamente para Verena, dando a entender que esse pensamento já havia surgido em algum momento anterior.Verena suspirou, cruzando os braços com impaciência, mas não disse nada em resposta.— A melhor opção seria um aborto — Arthur continuou, agora mais calmo, mas ainda angustiado. — O problema é que não sabemos como fazer isso, como convencer Elloá... Ainda mais agora que ela cortou todo contato comigo por ordem de Camila.
PREFÁCIOO céu noturno era iluminado por algumas estrelas e a lua minguante quase não aparecia no céu; aquela era uma das coisas deprimentes de estar na cidade, o céu nunca estava limpo como o do interior.Quisera Alexandra que aquela fosse a única coisa deprimente naquele dia. O cigarro entre seus dedos foi aceso após alguns minutos de contemplação; do telhado de seu alojamento, sentada a borda da construção, o Instituto São Bartolomeu, mesmo à noite, ainda ostentava beleza e imponência. Ela nunca se sentira tão pequena quanto naquele momento.Aquele sempre foi seu sonho, mas estando ali, tudo estava sendo diferente e da pior maneira possível. O pior é que haviam passado apenas 30 dias. Um mês dentro de um ambiente da nata da sociedade, e Alex já não aguentava mais um segundo.No entanto, todo seu drama e autopiedade se esvaíram de seu corpo em segundos quando ela viu claramente a garota correndo pelo pátio, fugin
A manhã seguinte se iniciou com as colegas de quarto sendo despertadas pelo sinal. Naquele dia, um sábado, não era necessário acordar cedo, mas durante a semana o despertar naquele horário, às 5 da manhã, era obrigatório. Dali meia hora, haveria a oração matinal na capela e até às seis e meia, serviam o café da manhã. No fim de semana não havia atividades e a instituição permitia a saída dos estudantes, desde que retornassem até às 19. A biblioteca, piscina e quadra de esportes também ficavam abertas; havia muito o que fazer ali mesmo.Alex se levantou e iniciou a organização de seus pertences, enquanto Elloá continuou deitada, usando o celular. Antes de saírem para o café, faltando vinte minutos para encerrar a distribuição, Alex ligou para os pais; Lucca não atendeu, ainda não estava acordado.Para as amigas, no grupo de mensagens intitulado “Bests”, Alex enviou uma foto retirada no espelho do banheiro, onde ostentava seu uniforme de dia não letivo. O uniforme consistia em uma cami
Os primeiros dias no Instituto foram extremamente difíceis para Alex e Elloá. O ambiente, que já era desafiador por si só, se tornou ainda mais hostil devido ao comportamento dos outros alunos. As duas amigas passaram a ser alvo de piadas maldosas e comentários sarcásticos.O bullying ia muito além das palavras. Em diversas ocasiões, as garotas foram vítimas de pegadinhas cruéis, sempre envolvendo a exclusão por classe. Os trabalhos em grupo também eram um desafio. Os alunos se recusavam a incluir as bolsistas, fazendo questão de deixá-las de lado e os professores eram completamente coniventes com a situação, pois estavam sendo constantemente ameaçados pelos filhos de famílias influentes, que respeitavam apenas os professores veteranos, que não eram muitos. Como Alex e Elloá não tinham muitas aulas juntas, acabavam fazendo os trabalhos sozinhas. Apesar de tudo, as duas se mantinham firmes, sabendo que desistir significaria abrir mão de seus sonhos e perto de todos os grandes objetivos
No meio de tantas atividades e trabalhos que deveriam ser em grupo, mas acabava por ter de fazer individualmente, Alexandra não teve muito tempo para ligar para suas amigas e namorado, a única ligação que fazia religiosamente, era uma curta para seus pais, onde sempre fingia uma voz alegre, omitindo as situações que passava. Naquele fim de semana, após tensos minutos encarando o programa de texto do computador e sem forças para digitar mais um carácter sequer, decidiu que precisava relaxar. Após salvar o documento e fazer logoff no computador, abandonou a sala de estudos, caminhando pelo imenso Campus em busca de um lugar tranquilo, optando pela biblioteca do prédio Cecília Meireles. Naquele sábado, o terceiro que passava ali, era a primeira vez que Alex permanecia tanto tempo longe de sua família e após desligar o cérebro de todas as suas atividades acadêmicas, sentiu o peso da distância sob os ombros. Quando se sentou no parapeito de uma das janelas abertas e encarou o vasto jardi
Professor Arthur se aproximou de Elloá na biblioteca enquanto ela fazia pesquisas para uma atividade em seu horário vago da tarde. Ele se sentou na mesa dela e começou a puxar assunto sobre o terço que ela sempre mantinha no pescoço, um presente da falecida avó; a conversa acabou com uma troca de telefones em que passaram uma noite toda conversando; no sábado em que Alex fumara com Guilherme, foi a primeira vez em que saíram juntos; ele a levava para conhecer pontos turísticos da cidade e também a ajudava com as atividades curriculares.— Então vocês não estão… Você sabe, fazendo…— Não! — Elloá a interrompeu, causando certo alívio tanto pela resposta quanto por não precisar completar a frase. — Você sabe que sou cristã, e ele preza muito por minha inocência, disse que é o meu maior atrativo! — Legal, eu acho — na verdade, Alexandra achava um pouco bizarro, mas passeios casuais eram melhores que um professor tirando vantagem sexual de uma aluna. — E o que fizeram de legal hoje?— Só