A sala de estar era estranha aos olhos de Alex. Cristais estavam espalhados em prateleiras e sobre uma mesa central. Incensos queimavam em vários pontos do ambiente, liberando uma fumaça densa e um aroma forte de sândalo. Retratos de gatos, de todos os tipos e tamanhos, estavam pendurados pelas paredes. As luzes eram fracas, criando sombras que dançavam por todo o cômodo.
— Vou preparar um chá para nós. — Verena disse calmamente antes de desaparecer pela porta que dava à cozinha.
Enquanto esperavam, Arthur olhou para Alex e começou a falar em tom baixo:
— Eu conheci Verena há dois anos. Ela me seguia por toda parte, como uma stalker. — Ele suspirou. — Eu a ignorava porque, sinceramente, ela parecia completamente lunática. Sabia coisas sobre mim e sobre pessoas importantes pa
— E o que vocês pretendem fazer? — Alex perguntou com a voz trêmula, o medo crescendo enquanto aguardava a resposta.Arthur e Verena trocaram um olhar tenso antes de Arthur falar com firmeza:— Que fique claro que assassinato não é uma opção! — Ele disse, olhando diretamente para Verena, dando a entender que esse pensamento já havia surgido em algum momento anterior.Verena suspirou, cruzando os braços com impaciência, mas não disse nada em resposta.— A melhor opção seria um aborto — Arthur continuou, agora mais calmo, mas ainda angustiado. — O problema é que não sabemos como fazer isso, como convencer Elloá... Ainda mais agora que ela cortou todo contato comigo por ordem de Camila.
A noite começou com um novo boato circulando entre os alunos, e, para o desespero de Alexandra, novamente ela era o centro das atenções. Alguém afirmava ter visto Alex saindo do carro do professor Arthur e, como é de costume em ambientes escolares, a história foi aumentando, até chegar ao ponto de dizerem que os dois haviam se beijado. O rumor se espalhou como fogo, e não demorou muito para que chegasse até Alex, que tentava se distrair assistindo a um filme na área de convivência junto com Mariana e Guilherme.No entanto, a calmaria foi quebrada quando Camila e seu grupinho surgiram, trazendo Elloá entre elas. O olhar de Elloá era impassível, como se estivesse assistindo à cena sem realmente se envolver, mas o de Camila estava afiado e cheio de veneno.— Não se cansa de ficar com os garotos que não são seus? — Camila disse, com um s
Alexandra não conseguiu decidir o que fazer. O medo e o caos eram esmagadores, e sua mente parecia paralisada. Mas a decisão veio até ela, de forma brutal e inesperada. Elloá, de repente, saltou da cama com uma agilidade assustadora, seus olhos arregalados e cheios de uma fúria animal. Ela segurava a caneta como se fosse uma faca, brandindo-a na direção de Alex com uma intensidade ameaçadora. Um grito gutural e predatório escapou de sua garganta, algo que parecia inumano, como se não fosse mais a voz de sua amiga.Alex sentiu o instinto de sobrevivência explodir em seu peito. Sem pensar, ela virou-se e correu em direção à porta, suas pernas mal conseguindo acompanhar o desespero que crescia dentro dela. Um grito de puro pavor escapou de seus lábios enquanto ela se lançava para fora do quarto, o coração batendo descontroladamente, os sentidos tomados pelo terror.
Magno não expressou reação alguma, mas a maneira como a observava, com um olhar penetrante e frio, era suficiente para fazer Alex sentir-se exposta, como se ele estivesse analisando cada fraqueza sua. O diretor pigarreou antes de começar.— Alexandra, seus comportamentos recentes são extremamente preocupantes. Eles não condizem com o decoro que esperamos de um aluno do Instituto São Bartolomeu. Boatos estão se espalhando sobre sua proximidade com um de nossos professores, o que é completamente inapropriado...Alex tentou controlar a respiração, mas a pressão dentro dela estava aumentando. Ela sabia que, se não falasse agora, nunca teria outra oportunidade.— Não fiz metade dessas coisas — interrompeu Alex, sua voz firme, embora seu corpo tremesse. — Inclusive, todas as vezes
Alex manteve sua pose, sua postura rígida enquanto ainda estava sob os olhares do diretor e de Magno. Apesar da tensão evidente no ar, sua voz soou firme:— Espero que alguma providência seja tomada contra os boatos que Camila iniciou. Ela não pode continuar fazendo isso impunemente. Eu não vou mais tolerar ser alvo das mentiras dela.O diretor, ainda pálido e visivelmente desconfortável, assentiu devagar.— As providências serão tomadas, Alexandra. Vamos investigar a situação e lidar com isso. Agora, você pode ir.Com isso, o encontro foi encerrado, e Alex se levantou, caminhando em direção à porta. Cada passo que ela dava para fora daquela sala fazia sua confiança, que havia sido forçada durante o confronto,
Alex e Lucas despertaram cedo, antes mesmo do primeiro sinal matinal. O céu ainda estava tingido com o azul suave da madrugada, e o silêncio da biblioteca abandonada fazia parecer que o tempo estava suspenso. Alex esfregou os olhos, sentindo a rigidez dos músculos e o desconforto de ter dormido no chão, mas agradeceu pelo cobertor que a manteve aquecida durante a noite.— Acho que já está na hora de irmos, né? — Lucas murmurou, ainda deitado, olhando para o teto com os olhos semicerrados.— Sim, antes que alguém apareça aqui e nos veja — respondeu Alex, sentando-se devagar e enrolando o cobertor para o lado.Eles decidiram sair com um intervalo de tempo para evitar suspeitas. Lucas foi o primeiro a se levantar e sair da biblioteca, movendo-se de maneira discreta. Alex ficou
A manhã de Alexandra foi um borrão de atividades, a tensão de tudo o que havia acontecido recentemente ainda a acompanhando. Ela tentou focar nas aulas, mas sua mente estava em outro lugar, especialmente em Elloá e nos mistérios que envolviam a amiga.Alex estava na biblioteca, aproveitando uma aula vaga para tentar colocar suas atividades em dia. Sentada em uma das mesas próximas à janela, ela estava cercada por livros e cadernos, mas sua mente se dividia entre o dever e os pensamentos caóticos que não a deixavam em paz. A quietude da biblioteca trazia um pouco de alívio, um refúgio temporário no meio de tantas preocupações.Ela rabiscava anotações no caderno quando sentiu uma presença familiar se aproximar. Era Arthur. Ele apareceu de maneira discreta, como sempre, mas havia uma preocupação silenciosa em seu olhar.&n
Alexandra foi despertada por um leve toque no braço, seguido da voz suave de Elloá. Com os olhos ainda pesados, ela piscou algumas vezes antes de se deparar com uma visão que fez seu coração disparar. Atrás de Elloá, uma figura sombria se erguia. A sombra tinha uma forma humanoide, mas os contornos do seu corpo eram difusos, como se fosse feita de fumaça. Os olhos, dois pontos de luz pálida, a fitavam sem expressão, e seu corpo parecia se inclinar sobre Elloá como um predador pronto para atacar. Alex sentou-se rapidamente na cama, o susto correndo por suas veias, e o movimento fez Elloá recuar um pouco, surpresa. — Vamos nos arrumar? — Elloá perguntou, sem perceber a expressão assustada de Alex. — Estou tão empolgada de sairmos juntas! Pode me emprestar alguma coisa? Você tem tantas roupas novas... Alex piscou, olhando para a amiga, tentando apagar a imagem perturbadora da sombra de sua mente. Quando seu olhar retornou a Elloá, a so