PABLO
DEPOIS DE TER PASSADO POR UM dia insuportável, eu jamais esperava encontrar aquela que se tornaria uma grande obsessão para mim, a qual seria minha de qualquer jeito. Foram meses de espera, mas sabia que logo ela iria ceder e assim eu iria desfrutar daquele corpo impecável e delicioso. Alicia, embora seja dona de uma beleza exuberante, tem um rosto que parece de um anjo, porém, jamais se tornaria a minha mulher. Não nasci para viver em meio à pobreza e tudo que possuo foi graças ao meu envolvimento com Alexia Williams, filha de um grande empresário, o qual é considerado como o rei do gado.Cristóvão Williams se tornou o grande CEO de várias empresas e possui uma fortuna exorbitante. Não foi fácil conseguir um emprego em uma de suas empresas e quando soube da existência de sua única filha, que morava na Inglaterra e estava prestes a retornar para os Estados Unidos, vi a chance que mudaria minha vida para sempre, contudo, eu só sairia da vida daquela infeliz quando conseguisse o que tanto almejava. Confesso que fui tomado por um prazer avassalador, porém, o desejo carnal jamais seria colocado acima do meu verdadeiro propósito. Eu serei em breve, o novo Rei do gado e conhecido por todos como um dos homens mais ricos de todo país.Horas depois...ALICIA SCOTTInquieta, nervosa e totalmente perdida, era assim que eu estava depois do medo e de toda angústia que passei ao encontrar a minha mãe esparramada sobre aquele chão frio. A princípio, ao vê-la desfalecida, cogitei que o pior tivesse acontecido, minhas pernas ficaram bambas, fiquei tão nervosa que estava suando frio. Quando saí do estado de estupor, embora desorientada, fui ao seu encontro e ao me certificar de que ela ainda estava viva, embora seus batimentos estivessem fracos, assim como sua respiração, o pânico me dominou e as lágrimas começaram a surgir, descendo pelo meu rosto, mas eu precisava agir. Ao vê-la daquela forma, uma dor insuportável apoderou-se de todo o meu ser, respirei fundo e devagar, tentando manter os músculos relaxados. Depois de alguns momentos, senti a dor diminuir e então peguei o celular e liguei para emergência, não sei se era pelo medo que estava sentindo, mas, eu tinha a sensação de que cada minuto que se passava, parecia que tinham sido horas intermináveis.Quando chegamos ao hospital, enquanto a levaram para a ala da emergência, fiquei na recepção cuidando de toda a documentação e agora estou aqui andando em círculos, esperando que alguém viesse me dizer como ela estava. Minha cabeça parecia um vulcão prestes a entrar em erupção, mil coisas se passavam por ela. A minha mãe sempre foi uma mulher forte, guerreira, o meu maior exemplo de mãe e mulher. Depois da morte do meu pai, embora recebendo uma pensão do governo e tendo a nossa casa, as dificuldades surgiram, afinal não era fácil manter uma filha sozinha e tendo as despesas da casa e da minha educação.Então em meio a tanta dificuldade, assim que já tinha os meus dez anos, ela resolveu trabalhar e desta forma, levávamos uma vida com mais conforto.Ao ver Pablo com aquela mulher, senti como se um soco cruel tivesse atingindo meu estômago e um desconforto terrível em meu peito. Contudo, todo o sofrimento e as sensações que senti não me atingiram da mesma forma de quando a encontrei, pois o medo cru e agudo atravessou o meu peito, atingindo diretamente o meu coração. Deixo os pensamentos de lado e continuo andando e quando eu já estava no limite da minha agonia, o homem vestido de branco surgiu no meu campo de visão e não demorou muito para sua voz ecoar a minha volta.— Você é parente de Alessandra Scott?— Sim, sou filha dela. Como a minha mãe está? — porém, assim que sua voz se fez presente novamente, o medo tomou conta de todo o meu ser.— Sua mãe foi submetida a uma cirurgia bem delicada. E teve duas paradas cardíacas durante o processo cirúrgico.— Cirurgia?— Sim, pelo visto você, desconhecia o fato de que ela já estava doente — senti uma dor opressiva no peito e logo comecei a chorar. O homem continuava falando, e a cada palavra, só aumentava o meu desespero e uma sensação de culpa se apossou de mim por inteira. — Sua mãe teve uma hemorragia cerebral devido ao tumor que estava no estado já avançado, porém, ainda não sabemos se com a hemorragia, não houve alguma sequela, já que ela sofreu uma extensa lesão no cérebro.Eu senti como se tudo tivesse parado de se mover ao meu redor e um buraco negro surgisse em minha frente. Quanta dor ela teve que suportar durante todo esse tempo? Mas sempre fazia de tudo para demostrar que estava bem, enquanto eu fui uma egoísta dando grande importância para o desgraçado que só quis roubar a minha inocência, a minha pureza, saciando-se do meu corpo e me descartando como se fosse um objeto."Mãe, eu não sei o que vai acontecer, mas farei até o impossível para retribuir tudo que você sempre fez por mim".AARON BITENCOURTA chuva caía impiedosa. Forte e brava, feito um bicho selvagem. Raios cortavam o céu e uma avalanche de trovões, reverberava o ar. Os gritos dela ecoam por todos os lados e martelam em minha cabeça, causando-me uma dor insuportável.— Ajude-me, por favor!Eu tentei me mover, mas meus pés pareciam que estavam grudados no chão, enquanto os ruídos que escapavam pela boca de Marina, se tornavam ainda mais horripilantes. Fiquei ali petrificado enquanto minha mulher se debatia em meio à dor.— Salve a minha filha, não importa o que aconteça comigo.— Não! — disse furioso — você vem em primeiro lugar.— Eu jamais seria feliz sabendo que fiz essa escolha. Minha filha, minha princesa é o meu maior tesour...Suas palavras foram cortadas pelo grito ensurdecedor que preencheu todo o ambiente, como um passe de mágica, aquela criança surgiu dando um largo sorriso em minha direção, enquanto aquela que sempre foi a luz da minha vida, começou a tremer e quando consegui assumir o controle do meu corpo e minhas pernas ganharam vida própria, avancei em sua direção. No entanto, o meu coração disparou, meus pulmões se agitaram freneticamente ao ver os olhos que sempre tinha um brilho intenso, se fecharem.— Nãoooo... — acordo em um sobressalto, com o corpo banhado pelo suor.Novamente as lembranças do passado que se tornaram o meu maior tormento e o meu grande desespero não me deixam ter uma noite de paz. Contudo, toda minha atenção se voltou para o barulho que penetrou o meu quarto. Senti meus pulmões em chamas, a raiva me dominou ao escutar o choro irritante da fedelha. Num pulo, me levantei e coloquei o roupão, em seguida, com passadas firmes, caminho em direção à porta, no momento seguinte, já estava atravessando o corredor e logo depois me livrei das escadas. A cada passo, minha fúria só aumentava, pois os gritos se tornavam ainda mais altos e me movendo numa velocidade impressionante, cheguei até o quarto onde a responsável por minha vida ter se tornado um verdadeiro inferno, estava.Abri a porta bruscamente, a mulher que sacudia a fedelha nos braços, se assustou. Seus olhos se arregalaram ao se deparar comigo, o medo estava estampado em seus olhos negros. Antes que eu viesse a dizer algo, as lágrimas começaram a surgir no rosto da infeliz, inundando o seu rosto largo e com a voz trêmula, começou a falar.— Desculpe-me, senhor. Mas, ela está assim por causa dos dentinhos. Já dei o remédio para febre, mas ela não parar de chorar.— O que ela tem ou deixa de ter não me interessa, faça-a calar a boca ou estará no olho da rua.AARON BITENCOURTNO MOMENTO QUE O SOM DA MINHA VOZ preencheu o espaço e a última palavra dita por mim, ressoou no ar, como um abrir e fechar de olhos, a mulher que tinha uma expressão temerosa e os olhos que refletiam o puro medo, mudou suas feições e o ódio estava visível em seu olhar e ouvir as palavras que sobressaíram ao barulho irritante que saia da boca da criança em seus braços, fez cada fibra do meu corpo vibrar e o sangue ferver e borbulhar em minhas veias.— O senhor deseja que eu tampe a boca dela?— disse sem desviar os olhos de mim, como se estivesse me desafiando.— Sua maldita insolente. — vocifero furioso, porém, o meu corpo todo foi envolvido por um calor escaldante quando a infeliz que sempre pareceu um animal acuado começou a colocar suas garras para fora e suas palavras saíram aos berros.— Chega! Eu cansei e mesmo gostando muito da Melinda, não vou aceitar que o senhor continue me humilhando, pois tudo nessa vida tem limites e eu cheguei ao meu. Durante os três
ALICIA SCOTTCAMBALEANDO, DEIXEI O QUARTO EM QUE minha mãe estava. Vê-la naquele estado me causou um desconforto intenso, como jamais havia sentindo na vida. A tristeza que senti pela decepção com aquele que acreditava ser o grande amor da minha vida, se tornou tão insignificante ao ser comparada com a dor, que tomou conta, não só do meu coração, como estava dilacerando a minha alma. Era como se tivessem cravado algo no meu peito, atingindo o meu coração e este por sua vez, a cada batida, me causava essa angústia profunda de uma dor que parecia não ter fim. Eu queria ficar ao seu lado, mas não me foi permitido. O médico me explicou que de nada adiantaria a minha permanência ali ao seu lado, já que ela estava em estado vegetativo e que não se sabia ao certo quando ela sairia da escuridão em que se encontrava, onde seus olhos podiam estar abertos, mas era como se tivessem envolvidos por nuvens negras. Como ele, disse tudo dependeria dela, dias semanas, meses e a pior palavra ve
Minutos depois...ALICIA SCOTTTODA FOME QUE ESTAVA SENTINDO SE esvaiu, fiquei tão ansiosa que liguei imediatamente para o número que havia no anúncio. Uma voz suave ecoou do outro lado da linha e eu fiquei satisfeita quando a senhora Emília falou que agendaria uma entrevista para hoje no horário da tarde. Sorridente, deixei a lanchonete e agora estou no quarto com a minha mãe, aproximo-me do seu leito e sento-me na cadeira perto da cama. Logo em seguida seguro uma de suas mãos, enquanto meus olhos ficam fixos nos seus, que embora estejam abertos, não demonstram nenhum sinal de vida. O médico disse que apesar de ela não reconhecer o que acontece ao seu redor, seria bom que eu conversasse com ela. — A senhora é a pessoa mais forte e guerreira que eu conheço, sei que logo tudo isso vai passar, mas enquanto estiver aqui, eu vou dar o meu melhor. Depois da tempestade, finalmente mãe, hoje eu terei a chance de conseguir um bom emprego, daqui a algumas horas irei para uma
ALICIA SCOTT SAÍ DAQUELA SALA DANDO PASSADAS TÃO LONGAS, que parecia que estava correndo. No entanto, minutos atrás, eu senti minhas pernas ficarem pesadas e não conseguia sair do lugar, meu coração jamais havia batido tão descompassado e meus olhos arderam, pois assim como Linda, resolvi chamá-la assim, o seu pai era dono de uma beleza excessiva que feria os olhos desacostumados, sua aparência física mais parecia com aqueles príncipes relatados nos livros de conto de fadas. Suspirei fundo, o cheiro inebriante dele ainda estava impregnado em minhas narinas, fiquei parada, feito boba, com a mamadeira em mãos, frente à porta. Não sei por quanto tempo permaneci naquele estado de devaneio, como se estivesse sob algum feitiço, até que ouço o choro de Melinda e o choque da realidade me atingiu e menos de um segundo depois, eu me recrimino por tais pensamentos, pois sou a prova viva que nem sempre ser dono de uma beleza exterior significa que se tem um bom coração, pois aquele que machucou
ALICIA SCOTTDEPOIS DE PASSAR UM BOM TEMPO no jardim, assim que o sol começou a esquentar e ao ver o horário no relógio em meu pulso, como já eram quase nove horas da manhã, tratei de entrar com Linda, afinal, não era bom que ela ficasse exposta ao sol depois das dez horas. Tomamos banho e não demorou muito para que ela viesse a dormir, isso foi o que eu achei, ao pensar que ela estivesse num sono profundo. Puro engano, pois a sapequinha estava a todo vapor e só tive tempo para lavar as mamadeiras, ao ouvir seu choramingar através da babá eletrônica, fui ao quarto pegá-la e ao chegar na cozinha, como Abigail iria arrumar a dispensa, eu só liguei o micro-ondas, programei no tempo certo para que viesse a esterilizar os objetos, entre eles, as chupetas dela, e seguimos para sala, além de poder ouvir quando o tempo estipulado acabasse, como ela estava nesse processo de não parar quieta, era muito bom um lugar espaçoso para que viesse a andar melhor. Se pass
AARON BITENCOURTASSIM QUE DEIXO O MEU CLOSET, ouço várias batidas na porta. Sabendo de quem se tratava, acabo por mandar entrar e não demorou nem um segundo para Emilia surgir no meu campo de visão e ao ver suas feições, de certo aquela atrevida já havia relatado o que tinha acontecido, mas assim que os lábios enrugados se moveram e ela abriu a boca, antes que viesse a murmurar algo, foi interceptada por mim. — Antes de contratar aquela garota, você deveria ter dito, quais são as regras — digo com um tom severo em minha voz. — Sempre fiz isso e ao longo desse um ano que se passou, foram inúmeras as babás que passaram por aqui, em contra partida, foi a Melinda quem sofreu as consequências por não receber os devidos cuidados — ela fez uma pausa como se estivesse buscando coragem para prosseguir, já que durante todo esses anos a mulher a minha frente jamais falou num tom semelhante ao que estava usando, totalmente indignada. — Eu sei o quan
No dia seguinte...ALICIA SCOTTENTRO NO MEU QUARTO, LIVRANDO-ME em seguida da minha mochila e acabo por lançar o meu corpo sobre a minha cama, as lágrimas ainda insistem em surgir sem o meu consentimento. Não que ainda seja pelas palavras duras que me atingiram ontem de uma forma que senti uma agitação intensa no meu peito, e fiquei totalmente sem rumo, no entanto, depois que aquele homem arrogante se foi, eu não consegui controlar e chorei tudo que me foi permitido. Embora Emília estivesse ali para me consolar e dizer o quanto eu era especial, principalmente para Melinda que em poucos dias havia mudado tanto, pois antes era somente gritos e tristeza que se via em um ser tão pequeno, pois hoje ela via aquele par de olhos azuis como oceano, brilhar intensamente. Aquilo acabou por me fazer deixar as lamentações de lado, pois, eu já havia passado por muita coisa nos últimos dias e não ia me deixar vencer por alguém que simplesmente vive cercado por amarguras do seu passado e insiste
ALICIA SCOTTERA SURREAL DEMAIS PARA SER VERDADE. O ser arrogante estava ali na porta da minha casa e de nada parecia com aquela figura majestosa que tem o ar de soberba, como se fosse o dono do mundo. Paralisada. Era assim que estava e acredito que nem o som provocado pelo barulho da chuva, era capaz de se sobressair ao som causado pelas fortes batidas do meu coração, e certamente, o homem a minha frente estava ouvindo. No entanto, o som das palavras que escaparam dos seus lábios só fez com que meu órgão interno ficasse ainda mais desenfreado e aquela angústia sentida antes aumentou assim como o medo cru dominou minha mente. — Alicia! Eu preciso de você "Meu Deus! Linda! Deus, não permita que nada de ruim tenha acontecido com a minha princesa!" Por alguns segundos fui tomada por um estado catatônico como se minha alma houvesse deixado o meu corpo, tentando me tele transportar magicamente para dentro daquela mansão. Todavia, fui arrancada daquele esta