Capitulo Três

PABLO

DEPOIS DE TER PASSADO POR UM dia insuportável, eu jamais esperava encontrar aquela que se tornaria uma grande obsessão para mim, a qual seria minha de qualquer jeito. Foram meses de espera, mas sabia que logo ela iria ceder e assim eu iria desfrutar daquele corpo impecável e delicioso. Alicia, embora seja dona de uma beleza exuberante, tem um rosto que parece de um anjo, porém, jamais se tornaria a minha mulher. Não nasci para viver em meio à pobreza e tudo que possuo foi graças ao meu envolvimento com Alexia Williams, filha de um grande empresário, o qual é considerado como o rei do gado.

Cristóvão Williams se tornou o grande CEO de várias empresas e possui uma fortuna exorbitante. Não foi fácil conseguir um emprego em uma de suas empresas e quando soube da existência de sua única filha, que morava na Inglaterra e estava prestes a retornar para os Estados Unidos, vi a chance que mudaria minha vida para sempre, contudo, eu só sairia da vida daquela infeliz quando conseguisse o que tanto almejava. Confesso que fui tomado por um prazer avassalador, porém, o desejo carnal jamais seria colocado acima do meu verdadeiro propósito. Eu serei em breve, o novo Rei do gado e conhecido por todos como um dos homens mais ricos de todo país.

Horas depois...

ALICIA SCOTT

Inquieta, nervosa e totalmente perdida, era assim que eu estava depois do medo e de toda angústia que passei ao encontrar a minha mãe esparramada sobre aquele chão frio. A princípio, ao vê-la desfalecida, cogitei que o pior tivesse acontecido, minhas pernas ficaram bambas, fiquei tão nervosa que estava suando frio. Quando saí do estado de estupor, embora desorientada, fui ao seu encontro e ao me certificar de que ela ainda estava viva, embora seus batimentos estivessem fracos, assim como sua respiração, o pânico me dominou e as lágrimas começaram a surgir, descendo pelo meu rosto, mas eu precisava agir. Ao vê-la daquela forma, uma dor insuportável apoderou-se de todo o meu ser, respirei fundo e devagar, tentando manter os músculos relaxados. Depois de alguns momentos, senti a dor diminuir e então peguei o celular e liguei para emergência, não sei se era pelo medo que estava sentindo, mas, eu tinha a sensação de que cada minuto que se passava, parecia que tinham sido horas intermináveis.

Quando chegamos ao hospital, enquanto a levaram para a ala da emergência, fiquei na recepção cuidando de toda a documentação e agora estou aqui andando em círculos, esperando que alguém viesse me dizer como ela estava. Minha cabeça parecia um vulcão prestes a entrar em erupção, mil coisas se passavam por ela. A minha mãe sempre foi uma mulher forte, guerreira, o meu maior exemplo de mãe e mulher. Depois da morte do meu pai, embora recebendo uma pensão do governo e tendo a nossa casa, as dificuldades surgiram, afinal não era fácil manter uma filha sozinha e tendo as despesas da casa e da minha educação.

Então em meio a tanta dificuldade, assim que já tinha os meus dez anos, ela resolveu trabalhar e desta forma, levávamos uma vida com mais conforto.

Ao ver Pablo com aquela mulher, senti como se um soco cruel tivesse atingindo meu estômago e um desconforto terrível em meu peito. Contudo, todo o sofrimento e as sensações que senti não me atingiram da mesma forma de quando a encontrei, pois o medo cru e agudo atravessou o meu peito, atingindo diretamente o meu coração. Deixo os pensamentos de lado e continuo andando e quando eu já estava no limite da minha agonia, o homem vestido de branco surgiu no meu campo de visão e não demorou muito para sua voz ecoar a minha volta.

— Você é parente de Alessandra Scott?

— Sim, sou filha dela. Como a minha mãe está? — porém, assim que sua voz se fez presente novamente, o medo tomou conta de todo o meu ser.

— Sua mãe foi submetida a uma cirurgia bem delicada. E teve duas paradas cardíacas durante o processo cirúrgico.

— Cirurgia?

— Sim, pelo visto você, desconhecia o fato de que ela já estava doente — senti uma dor opressiva no peito e logo comecei a chorar. O homem continuava falando, e a cada palavra, só aumentava o meu desespero e uma sensação de culpa se apossou de mim por inteira. — Sua mãe teve uma hemorragia cerebral devido ao tumor que estava no estado já avançado, porém, ainda não sabemos se com a hemorragia, não houve alguma sequela, já que ela sofreu uma extensa lesão no cérebro.

Eu senti como se tudo tivesse parado de se mover ao meu redor e um buraco negro surgisse em minha frente. Quanta dor ela teve que suportar durante todo esse tempo? Mas sempre fazia de tudo para demostrar que estava bem, enquanto eu fui uma egoísta dando grande importância para o desgraçado que só quis roubar a minha inocência, a minha pureza, saciando-se do meu corpo e me descartando como se fosse um objeto.

"Mãe, eu não sei o que vai acontecer, mas farei até o impossível para retribuir tudo que você sempre fez por mim".

AARON BITENCOURT

A chuva caía impiedosa. Forte e brava, feito um bicho selvagem. Raios cortavam o céu e uma avalanche de trovões, reverberava o ar. Os gritos dela ecoam por todos os lados e martelam em minha cabeça, causando-me uma dor insuportável.

— Ajude-me, por favor!

Eu tentei me mover, mas meus pés pareciam que estavam grudados no chão, enquanto os ruídos que escapavam pela boca de Marina, se tornavam ainda mais horripilantes. Fiquei ali petrificado enquanto minha mulher se debatia em meio à dor.

— Salve a minha filha, não importa o que aconteça comigo.

— Não! — disse furioso — você vem em primeiro lugar.

— Eu jamais seria feliz sabendo que fiz essa escolha. Minha filha, minha princesa é o meu maior tesour...

Suas palavras foram cortadas pelo grito ensurdecedor que preencheu todo o ambiente, como um passe de mágica, aquela criança surgiu dando um largo sorriso em minha direção, enquanto aquela que sempre foi a luz da minha vida, começou a tremer e quando consegui assumir o controle do meu corpo e minhas pernas ganharam vida própria, avancei em sua direção. No entanto, o meu coração disparou, meus pulmões se agitaram freneticamente ao ver os olhos que sempre tinha um brilho intenso, se fecharem.

— Nãoooo... — acordo em um sobressalto, com o corpo banhado pelo suor.

Novamente as lembranças do passado que se tornaram o meu maior tormento e o meu grande desespero não me deixam ter uma noite de paz. Contudo, toda minha atenção se voltou para o barulho que penetrou o meu quarto. Senti meus pulmões em chamas, a raiva me dominou ao escutar o choro irritante da fedelha. Num pulo, me levantei e coloquei o roupão, em seguida, com passadas firmes, caminho em direção à porta, no momento seguinte, já estava atravessando o corredor e logo depois me livrei das escadas. A cada passo, minha fúria só aumentava, pois os gritos se tornavam ainda mais altos e me movendo numa velocidade impressionante, cheguei até o quarto onde a responsável por minha vida ter se tornado um verdadeiro inferno, estava.

Abri a porta bruscamente, a mulher que sacudia a fedelha nos braços, se assustou. Seus olhos se arregalaram ao se deparar comigo, o medo estava estampado em seus olhos negros. Antes que eu viesse a dizer algo, as lágrimas começaram a surgir no rosto da infeliz, inundando o seu rosto largo e com a voz trêmula, começou a falar.

— Desculpe-me, senhor. Mas, ela está assim por causa dos dentinhos. Já dei o remédio para febre, mas ela não parar de chorar.

— O que ela tem ou deixa de ter não me interessa, faça-a calar a boca ou estará no olho da rua.

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