Enquanto Ricardo dirigia em direção à casa de Rosa, ela observava a expressão dele de canto de olho. Ele estava calado, o olhar fixo na estrada, e a tensão no ar era quase palpável. Depois de tudo o que havia acontecido naquela noite, ela não sabia o que pensar. O jantar, as conversas, os olhares, tudo parecia muito mais do que apenas casual, mesmo que ele insistisse em agir como se não fosse.O silêncio foi quebrado por Rosa, incapaz de conter sua curiosidade.— Então, você vai me deixar em casa hoje? Nada de me sequestrar para o seu apartamento?Ricardo soltou uma risada baixa, mas não desviou os olhos da estrada. — Não preciso mais de você hoje.— Uau. Isso soa quase carinhoso — ela provocou, cruzando os braços.— Não se acostume, Rosa.— Você realmente gosta de me manter na linha, não é?Ele deu de ombros. — Alguém precisa.Antes que ela pudesse responder, uma chuva repentina e intensa começou a cair, como se o céu tivesse desabado de uma vez. As gotas batiam no para-brisa com for
Um desejo estranho tomou conta de Ricardo, um desejo que ele não podia evitar. Ele roçou o nariz no de Rosa, passou os seus lábios, esperando um retorno. Ele queria ser correspondido, não suportaria uma rejeição.— Então me beija como fez da última vez na minha cama — Ricardo falou baixo, olhando diretamente para a boca de Rosa, no curto espaço em que estavam naquele banheiro.Rosa ficou paralisada por um segundo, o desejo correndo como fogo por suas veias. Ricardo não esperou mais. Ele avançou sobre Rosa, agarrando-a com urgência, como se precisasse dela naquele momento mais do que qualquer coisa.Os lábios de Ricardo roçavam seu pescoço, deixando um rastro de beijos molhados que faziam sua pele arrepiar. Ele murmurava contra a pele dela, a voz grave e rouca de desejo.— Você está me enlouquecendo, Rosa — ele sussurrou, suas mãos deslizando pelas curvas do corpo dela, apertando-a como se precisasse lembrar-se de que ela estava ali, que ela era dele, pelo menos naquele momento.Os de
Quando finalmente saíram do banheiro, Rosa estava sem fôlego e ainda tentando processar o que havia acabado de acontecer. Ricardo, por outro lado, parecia tão calmo quanto sempre, embora houvesse um brilho diferente em seus olhos.— Espero que sua toalha seja maior que seu banheiro — ele comentou, secando o cabelo com uma toalha que encontrou pendurada.Rosa riu, nervosa. — Você realmente sabe como arruinar um momento.Ele deu de ombros. — Não sou fã de clichês.Ela o olhou, ainda sem saber se queria matá-lo ou beijá-lo novamente. Uma coisa era certa: Ricardo Trajano era uma tempestade, e Rosa estava bem no olho dela.Enquanto a chuva continuava implacável, Ricardo olhou pela janela, os braços cruzados e uma expressão indecifrável no rosto. Rosa, ainda tentando recuperar o fôlego e lidar com a tempestade, tanto a de fora quanto a de emoções dentro de si, secava os cabelos com uma toalha.— Parece que a chuva não vai passar tão cedo — ele comentou, como se falasse para si mesmo.— Sim,
O amanhecer mal dava as caras quando uma batida animada na porta da casa de Rosa fez o som ecoar pela sala. Ricardo, que já estava acordado e sentado no sofá com uma xícara de café improvisada em mãos, ergueu os olhos para a porta, indiferente. Já Rosa, ainda sonolenta e com os cabelos desgrenhados, praticamente tropeçou ao sair do quarto.— Quem é a essa hora? — murmurou ela, enquanto ajustava sua blusa de moletom que colocou devido ao frio que fazia.Ela abriu a porta sem muito entusiasmo, mas se deparou com Nat, sua melhor amiga, com um sorriso largo e olhos curiosos.— Bom dia, dorminhoca! — saudou Nat, entrando sem esperar o convite.— Nat? O que você está fazendo aqui tão cedo? — Rosa perguntou, com um suspiro exasperado.— É domingo! Dia de fofocas e café! Você esqueceu?Antes que Rosa pudesse responder, Nat parou no meio do caminho e arregalou os olhos ao ver Ricardo sentado casualmente no sofá, completamente à vontade com seu café. Ele, é claro, não parecia minimamente incomo
Depois de terminarem o café e se acomodarem na sala, Nat, que sempre tinha algo a dizer, cruzou as pernas no sofá e encarou Rosa como uma juíza pronta para o veredicto.— Ok, Rosa, agora que estamos a sós... — começou Nat, apontando uma colher para a amiga. — Vamos falar sério.— Sério sobre o quê? — Rosa tentou desconversar, mas seu tom nervoso entregava tudo.— Sobre o Ricardo Trajano! — Nat enfatizou, como se fosse óbvio. — Você precisa me contar tudo.— Já contei o suficiente. Não tem mais nada. — Rosa desviou o olhar, brincando com a borda da xícara.— Nada? Você acabou de me dizer que dormiu com ele duas vezes, Rosa! Isso não é "nada".Rosa suspirou, jogando-se contra o encosto do sofá. — Foi só… Sei lá, momento.Nat riu, claramente se divertindo. — Momento, é? Tipo, “Ah, Ricardo, você está aqui, preso na chuva, que tal um banho comigo?”.— Não foi assim! — Rosa se defendeu, mesmo que a descrição não fosse tão distante da verdade. — Ele entrou no banheiro porque estava molhado e
Era tarde da noite, Rosa e Nat haviam passado o domingo juntas, conversando e rindo até a barriga doer. Nat se organizava para ir embora mas o som de um carro parando do lado de fora chamou a atenção das duas, e ela foi até a janela e espiou.— Rosa… — ela começou, tentando conter a risada. — Você não vai acreditar em quem acabou de chegar.Rosa, que estava lavando a louça na pia, olhou por cima do ombro, já com uma sensação de antecipação. — Não me diz que é o Ricardo… de novo.— Sim, senhorita! — Nat se virou com um sorriso travesso. — E ele não está sozinho.— Não? — Rosa franziu o cenho e correu até a janela. Para sua surpresa, Ricardo estava saindo do carro acompanhado por seu motorista.— O que ele está fazendo aqui? — Rosa perguntou, com o coração acelerado.— Talvez ele tenha esquecido alguma coisa. Ou… — Nat fez uma pausa dramática. — Ele simplesmente não consegue ficar longe de você!Rosa revirou os olhos, mas o calor subindo por seu rosto entregava que ela estava nervosa.—
Na segunda-feira, Rosa saiu de casa cedo, e pedalou até o trabalho como fazia todos os dias. Amarrou a bicicleta no poste próximo ao prédio da empresa e respirou fundo antes de entrar.Pouco antes das nove, Ricardo apareceu no corredor principal. Quando passou pela mesa de Rosa, lançou um olhar rápido e seguiu em frente, como se ela fosse invisível.Rosa soltou a respiração que nem percebeu que estava segurando. Era isso, então? Ele simplesmente ia fingir que nada havia acontecido entre eles?Mas não demorou muito para que Ricardo mostrasse que a indiferença dele tinha um toque especial de crueldade.— Rosa! — ele chamou do meio do corredor.— Sim, senhor Trajano?— Preciso que você revise os relatórios da semana passada. Todos. E entregue ainda hoje.— Claro, senhor.Enquanto Rosa fazia o que Ricardo havia solicitado, ela decidiu buscar um café, ela foi até a copa, enquanto mexia no açúcar ouviu passos atrás de si. Ao se virar, deu de cara com Ricardo. Ele estava segurando sua própri
Naquele dia, Rosa decidiu que não permitiria que Ricardo ou qualquer outra pessoa roubassem sua paz. Montou na bicicleta e começou a pedalar de volta para casa, enquanto pedalava, Rosa percebeu algo estranho. Uma Lamborghini preta estava andando devagar demais atrás dela. Ela olhou de canto e franziu o cenho. Não era comum carros irem tão devagar naquela rua, ainda mais um porte desse.— Não é possível… — murmurou, tentando ignorar a paranoia.Ela aumentou a velocidade, mas o carro manteve o ritmo. Era como se estivesse a escoltando. De repente, a janela do passageiro se abaixou, e uma voz que ela conhecia bem ecoou.— Rosa, essa bicicleta já não tem conserto. Você deveria considerar um carro.Ela virou a cabeça, quase sem acreditar.— Senhor Trajano? — perguntou, — O que está fazendo aqui?Ricardo, dirigindo o carro como se fosse dono da rua (e, em muitos casos, ele era dono mesmo), deu de ombros.— Só estava passando por aqui e vi que você estava indo embora. Achei que poderia preci