Rosa ainda encarava a porta por onde Ricardo havia saído, tentando processar suas palavras. A ideia de viajar com ele para Dubai parecia tão surreal quanto aterrorizante. Ela respirou fundo e focou no computador, começando a procurar voos e hotéis."Isso é trabalho, apenas trabalho," repetia mentalmente, como um mantra.As horas passaram rapidamente enquanto ela mergulhava nos detalhes. Enviou e-mails para agências de viagens, pesquisou hotéis com excelentes avaliações e fez anotações sobre os requisitos para o evento. Mas, no fundo, sua mente estava longe. Ricardo nunca havia pedido que ela o acompanhasse em uma viagem antes. Por que agora? E por que aquela sensação incômoda de que havia algo mais por trás dessa decisão?Quando o relógio marcava quase seis da tarde, Rosa era uma das poucas ainda no escritório. Marina, sua colega, aproximou-se com um café quente em mãos.— Ei, trabalhando até tarde de novo? — Marina perguntou, pousando a xícara na mesa de Rosa.— Obrigada. — Rosa acei
Naquela noite, Rosa não conseguiu dormir direito. O comentário de Rebeca e a tensão crescente entre Ricardo e Adriano estavam pesando em sua mente. O que exatamente estava acontecendo? E por que ela sentia que estava sendo arrastada para algo muito maior do que uma simples viagem de negócios?Na manhã seguinte, o escritório estava em alvoroço. O rumor de que Rosa viajaria com Ricardo já tinha se espalhado mais rápido que café grátis na copa.— Então, a futura senhora Trajano está entre nós! — brincou Marina, piscando para Rosa enquanto entregava a ela um envelope com os detalhes dos voos.— Cala a boca, Marina! — Rosa resmungou, pegando o papel. — Isso é trabalho. Apenas trabalho.Marina riu e apontou para um canto do escritório. Ricardo estava saindo de sua sala, falando ao telefone com um semblante sério. Atrás dele, Adriano observava tudo com um olhar afiado, quase predatório.— Você tem certeza disso? — perguntou Marina, baixinho. — Porque o chefe está te olhando como se fosse te
Naquela noite, Rosa ainda encarava a mala, como se o simples ato de organizar roupas fosse a maior batalha da sua vida. Era estranho como uma viagem que deveria ser apenas a trabalho estava deixando-a tão inquieta. Ou talvez não fosse a viagem em si, mas a companhia.O celular vibrou novamente. Ela olhou para a tela com desconfiança.Marina: "Confessa, você já experimentou o vestido, né?"Rosa estreitou os olhos.Rosa: "Marina, pelo amor de Deus, vai dormir!"Marina: "Não posso. Estou muito ocupada imaginando a cena de Ricardo te vendo com aquele vestido e babando."Rosa: "Você tem uma mente doentia."Marina: "E você tá fugindo do assunto. Vai levar salto alto também?"Rosa olhou para os sapatos espalhados pelo chão e mordeu o lábio. Até aquele momento, só tinha separado um par de sapatilhas e um tênis confortável. Mas agora que Marina mencionou...Ela se levantou e foi até o armário, puxando uma sandália de salto fino, vermelha como o vestido. Apenas por precaução, disse a si mesma.
Quando Rosa finalmente entrou no avião, percebeu que a realidade de voar era muito diferente do que imaginava.Primeiro, teve que enfrentar um corredor apertado, segurando sua mala de mão como se fosse um escudo contra os outros passageiros que pareciam ter muito mais experiência com esse tipo de coisa. Depois, veio o desafio de encontrar seu assento sem parecer completamente perdida.Ela conferiu o bilhete novamente. Assento 14B.Com passos cuidadosos, caminhou pelo corredor enquanto tentava evitar esbarrar nas pessoas que já estavam acomodadas. Foi então que percebeu que seu assento ficava exatamente no meio.Entre Ricardo e Adriano.Ela parou no lugar, sentindo o olhar penetrante dos dois homens. Ricardo, já sentado e confortável, ergueu uma sobrancelha ao vê-la parada.— Algum problema? — ele perguntou.— Nenhum. Só estou me despedindo do meu espaço pessoal. — Ela suspirou e, com um esforço enorme, se enfiou entre os dois.O espaço era apertado. Muito apertado. Seu braço encostou
O pouso do avião foi um evento que Rosa nunca esqueceria. E não pelo motivo certo.Quando o capitão anunciou que estavam iniciando a descida em Dubai, Rosa, que já tinha se acalmado durante o voo, voltou a entrar em pânico. A medida que o avião balançava levemente devido à turbulência, ela sentiu que sua alma estava prestes a abandonar o corpo.— Eu não quero mais! Me tirem daqui! — ela murmurou para si mesma, agarrando os dois apoios de braço com tanta força que suas juntas ficaram brancas.Adriano já estava preparado para esse momento e nem tentava segurar o riso. Ricardo, por outro lado, apenas esfregou o rosto, exausto.— Rosa, você não pode simplesmente desistir no meio do pouso.— Claro que posso! Eu sou passageira, eu tenho direitos! — ela argumentou, apertando os olhos enquanto o avião tremia levemente. — Eu quero descer agora!— A não ser que você tenha um paraquedas escondido aí, acho que não vai rolar. — Adriano comentou, segurando o riso.Rosa olhou feio para ele, mas o av
Na manhã seguinte, Rosa acordou com um peso estranho sobre ela. Ainda sonolenta, tentou se mover, mas sentiu algo quente e sólido prendendo seus braços. Seu coração acelerou. Abriu os olhos e se deparou com Ricardo praticamente deitado em cima dela, um dos braços envolvendo sua cintura como se ela fosse um travesseiro. Seu rosto estava relaxado, uma expressão completamente diferente do CEO arrogante que costumava ser durante o dia.— Ricardo! — ela sussurrou, tentando não acordá-lo de maneira brusca. — Sai de cima de mim!Ele se mexeu, mas apenas para se aconchegar mais. Rosa bufou, tentando mover sua perna com delicadeza, mas Ricardo suspirou e a apertou como se ela fosse um travesseiro.— Meu Deus, ele é um polvo! — Rosa bufou, tentando se desvencilhar sem sucesso. Ela pensou em cutucá-lo, mas sabia que isso poderia dar errado. Com um empurrão mais forte, conseguiu rolar para o lado, fazendo Ricardo se virar bruscamente e quase cair da cama.— Ricardooo! — Ela sussurrou mais alto, te
Ela estava atrasada. De novo. — Droga! — sussurrou, enquanto enfiava os pés nos sapatos molhados que havia deixado na entrada de casa. Quando finalmente chegou ao portão de ferro da mansão dos Trajanos, Rosa já estava completamente molhada. O vento e a chuva haviam transformado seu coque em uma confusão de fios que caíam sobre seu rosto. Suas roupas coladas ao corpo, e seus pés encharcados, pareciam esponjas. “Por que estou atrasada mesmo? Ah, claro, o despertador não tocou, a conta de energia estava atrasada, e a luz foi cortada na noite anterior. ...” – ela pensava. Ao colocar sua bicicleta no canto do jardim lateral, Rosa correu para a porta de serviço. Não queria ser vista pela senhora Trajano naquele estado miserável, mas seu plano foi destruído assim que ouviu uma voz cortante ecoar do alto da escadaria. — Está atrasada, de novo! — A senhora Trajano apareceu, como sempre, com o olhar cheio de desdém. Vestida com seu roupão de seda caro, seus cabelos brancos perfeitamente ar
Rosa saiu da casa dos Trajanos sentindo o peso do dinheiro suado no bolso. Agora, já final de tarde, Rosa subiu na bicicleta, e começou a pedalar, ainda garoava, ela se sentia exausta.Enquanto pedalava ladeira abaixo, algo chamou sua atenção. De longe, os faróis de um caminhão brilhavam intensamente, ofuscando sua visão. Assustada, ela perdeu o controle e escorregou numa poça de lama, caindo bruscamente no chão. A bicicleta foi arremessada para o lado, e Rosa sentiu uma forte dor no joelho. — Droga! — foi a única coisa que conseguiu murmurar antes de sentir o impacto. Enquanto tentava se recompor, um carro luxuoso parou ao seu lado. O motorista buzinava incessantemente, claramente impaciente. O motorista, irritado, começou a fazer gestos com as mãos, claramente frustrado por não conseguir passar por causa da bicicleta, e de Rosa caída no asfalto. — Você foi atropelada ou está só deitada aí de graça, atrapalhando o tráfego? — Eu... O homem, revirando os olhos, pegou o celul