Malu— Posso saber o que a majestade está fazendo aqui? — ligo a luz e cruzo meus braços abaixo dos seios, sem querer acreditar que realmente estou vendo ele em minha frente.O trote que levei na faculdade me deixou tão atordoada, que eu nem me dei conta que a luz da sala estava apagada, mas a televisão ligada.— Onde você tava, Malu? O Perigo bateu o fio, disse que tu saiu do morro e não sabia onde cê tinha ido. — ele olha para mim.— O que eu faço ou deixo de fazer, não é da sua conta. Quantas vezes vou precisar te falar isso? Já me viu, estou inteira — abro os braços e dou uma voltinha devagar — Pode ir embora. — aponto para a porta, sem deixar de encará-lo.Vejo-o levantar do sofá e caminhar em minha direção, com um semblante muito sério.— Para de se fazer. Só vou perguntar mais uma vez, onde tu tava? — ele está tão perto, que consigo sentir seu hálito quente em minha pele e devo admitir que o cheiro do seu perfume, misturado a nicotina, me deixam inebriada.— Na faculdade, Parda
MaluEstava tão cansada ontem, que acabei apagando ali mesmo no peito dele, não tive nem forças para levantar, me vestir ou qualquer coisa do tipo. Ao acordar logo cedo, estou deitada normalmente na cama e sinto seu braço em volta da minha cintura. Isso me faz pensar em tudo o que tenho vivido nos últimos dias, ou melhor, nos últimos dois meses mais ou menos.Lembro de tudo o que minha mãe passou com meu pai, antes daquele miserável nos deixar. Quando eu ainda era apenas uma criança. Lembro de todo o sufoco que ela passou para me criar, para nunca deixar faltar nada para mim. Então, penso que, provavelmente, não era esse o futuro que ela desejava para mim. Ser mulher de bandido.— Tá pensando na morte da bezerra? — a voz do ogro me faz despertar do meu transe.Não percebi que ele havia acordado.— Bom dia pra você, também, Pardal. — digo sem a menor paciência.— Tenho que trabalhar, tu deixa já suas coisas arrumadas aí, que eu vou mandar os menor levar pra minha goma.— Chama aquilo d
MaluConversamos bastante no caminho até a faculdade, tanto que nem percebemos que já havíamos chegado ao nosso destino.— Estão entregues, moças. — o motorista chama nossa atenção, nos olhando pelo espelho retrovisor.— Obrigada. — agradeço, lhe entregando o dinheiro. Descemos do carro e seguimos em direção a entrada do prédio. Caminhamos pelo corredor, procurando por algum sinal da Maju, mas não a encontramos e, levando em conta que ela já está no último período, talvez nem estude na mesma ala que eu. Paramos em frente a sala do diretor, dou dois toques na porta e aguardamos permissão para entrar — não demoramos a ouvir a voz masculina do lado de dentro. Giro a maçaneta e abro a porta, vendo-o sentado em sua poltrona atrás da escrivaninha, mexendo em alguns papéis.— Boa noite, senhor Garcia. — minha amiga e eu o cumprimentamos.— Boa noite, senhoritas. Sentem-se, por favor. — ele diz, apontando para as cadeiras a sua frente e retirando seu óculos de grau, repousando-o na mesa.—
MaluA semana foi bem agitada, trabalho, faculdade e, como se não bastasse, ainda minha adaptação ao meu novo lar. É apenas modo de falar, já que lar é uma palavra muito forte para definir assim o lugar onde estou morando. Sem esquecer de mencionar que para ser lar, a gente precisa sentir que aquele determinado lugar é nosso, precisamos nos sentir bem e, definitivamente, não é exatamente assim que tenho me sentido.Especialmente, pelas inúmeras vezes em que o Pardal sai a noite sem dizer para onde vai, às vezes, pela manhã, quando acordo, ele está na cama, abraçado ao meu corpo, outras vezes, só o vejo na noite seguinte. Sei que não deveria me incomodar com isso, porque não temos nada, apenas moramos juntos, mas, infelizmente, isso me incomoda mais do que eu queria admitir.— É… Quero dar um téti a téti contigo. — Pardal chama minha atenção.— É só falar. — estou lavando os pratos sujos do almoço, então o respondo sem olhá-lo.Geralmente, em horário de almoço, faço minha refeição no t
MaluEu queria dizer que fiquei irritada, indignada e tantas outras coisas com a atitude do Pardal, mas se eu dissesse isso, estaria mentindo, porque, mesmo não admitindo, eu senti borboletas em meu estômago.— Aê, paizão! — somos tirados do nosso momento, com os vapores e aviõezinhos festejando próximos a nós — Meteu uma fiel, gostei de ver.Um deles fala, me fazendo rir sem graça.— E o que é ainda melhor, a mina é de respeito. Prazer, sou o Cara de Rato. — lembro dele, no primeiro baile em que estive.— O prazer é meu. — ele segura minha mão e leva até os lábios, beijando o dorso de forma galante.Ele tentou ser gentil comigo.— Larga da minha mulher, seu filho da puta. — Pardal reclama com um tom sério, mas vejo pelo seu olhar, que está apenas brincando.— Rabicó, satisfação, mina. — lembro dele também, foi o que ficou com a Yasmin naquele dia do baile.Inclusive, ela está agarrada a ele nesse exato momento.— Botei fé, patrão. Pensei que nunca te veria com uma mina firmeza. — out
PardalJá havia uns dias que eu estava planejando fazer aquela surpresa pra Malu, confesso que muitas vezes, depois que a levei pra minha goma, por medo do que eu estava sentindo, passei noites fora, sem querer dormir agarrado a ela. Mas a todo momento eu sentia uma porra de um aperto em meu peito, como se o que eu estivesse fazendo fosse errado. Aquilo já tava me corroendo por dentro, papo dez.Sim, eu estava apenas fugindo como um covarde, porque nem eu mesmo entendia que caralho tava rolando em minha mente, só sabia pensar na porra daquela mulher o tempo inteiro, chegava a ser sinistro. Ninguém, além dos vapores e, certamente, da amiga dela, sabia que a Malu estava morando comigo, até porque não tínhamos nenhum compromisso propriamente dito, tá ligado?— E aí, paizão, quando vai parar de ser viado e fechar com tua mina? — SV me questionou, quando terminamos a reunião na boca.— E o que tu tem a ver com isso? Se foder ninguém quer. — falei irritado, fazendo três fileirinhas de cocaí
MaluEu fico puta da vida quando o Pardal tenta me tirar do sério, sei lá, parece que na mente maluca dele, tudo o que ele faz é certo, então, tanto faz se o dinheiro dele é sujo ou não. Agora, imagina se eu, Maria Luiza de Santana, vou aceitar deixar de trabalhar, para ser bancada por bandido? Onde já se viu isso? Mas nem morta!Fui o caminho todo até o salão, um pouco irritada pela nossa pequena discussão de hoje cedo, tanto que geralmente, agora que estou morando com o Pardal, fico mais cansada, porque preciso andar mais para chegar lá, devido à distância, mas hoje nem senti o caminho. Quando dei por mim, já estava passando pela porta.— Olha, se não é a primeira dama do CDD. — exatamente desa forma que sou recebida pela Julia.Não que isso me surpreenda, já que acostumei com seus comentários subentendidos. Eu tentei evitar ao máximo que elas e todos desse morro soubessem das novidades em minha vida, nas duas últimas semanas, mas depois do que o Pardal fez no baile, me assumindo co
MaluNo dia seguinte, eu já estava de pé logo cedo para organizar a casa e outras coisas antes dos nossos amigos chegarem. Mesmo ele cumprindo com sua palavra, não me pedindo para fazer nada, afirmando que ele e os amigos ajeitariam tudo, ainda temperei as carnes para o churrasco e fiz arroz branco, feijão-tropeiro e salada. Por incrível que pareça, o ogro ficou grato pela minha atitude.Após terminar tudo, estava bastante suada e cheirando a tempero, então fui direto para o banheiro tomar um banho, antes que os nossos convidados chegassem.— Nem vem que não tem, seus amigos já devem estar chegando. — reclamei de dentro do box, quando o vi tirando a bermuda e a cueca para entrar no banho comigo.— Tô nem aí, que se foda todo mundo. — tive vontade de rir ao notar seu pênis endurecendo.— Sossega, Samuel! — Sossega o caralho, tu me deixa maluco, Malu. — disse sério, entrando no box e ficando por trás de mim.Nem que eu quisesse, poderia negar, porque esse homem tem o poder de me fazer