Depois que me troquei, fui liberada pelo médico para que eu pudesse ir para casa. Ele me deu uma receita com algumas vitaminas, mas em geral, não havia muito o que fazer. Quando cheguei do lado de fora do hospital, vi minha avó e Nicole sentadas, me aguardando.— Elle! — Nicole disse, vindo em minha direção e me abraçando. Eu a abracei de volta. — Você está bem?— Estou. — Respirei fundo.— Afinal, o que você tem? — Nicole perguntou.— Eu... Eu estou grávida, Nicole. — Ela arregalou os olhos. Vi seu rosto ficar vermelho em ódio.— Eu vou matar o Henry. A culpa disso é dele, ele é um filho da puta. O que vamos fazer agora? Você vai abortar, não vai? — Minha avó veio se aproximando vagarosamente com um sorriso suave no rosto.— Não. Eu vou ser mãe, Nicole. — Ela ergueu as sobrancelhas.— Você tá maluca? Não, amiga, não seja louca. É melhor você abortar, esquece esse bebê, Elle! Você não o planejou! E se ele vier com alguma doença? — Eu respirei de forma profunda e olhei muito séria para
ELLE NARRANDODois dias se passaram desde que descobri que estou grávida. Estou no mercado e escolhi algumas coisas gostosas para comer. Estou priorizando as coisas saudáveis, claro, mas tenho que dar uma economizada, não quero que falte nada para o meu bebê. Depois que passei no caixa, fui para casa e bati na porta do meu apartamento. Ela estava trancada, o que não é comum. Deixei as compras no chão e fui procurar a chave na bolsa, e assim que abri, vi um bilhete em cima da mesa. Minha avó havia saído para tomar café com as amigas que fez na praia.Peguei as compras e coloquei para dentro. Quando fui fechar a porta, vi Henry parado na porta. Ele estava lindo, como sempre... Seu perfume inconfundível emanava dele para todo o ambiente. Como ele pode ser tão... Lindo?— Oi. — Ele disse. — Posso entrar um pouco? — Eu respirei fundo e não respondi, apenas fui levar as compras para cozinha.Henry entrou no meu apartamento e fechou a porta.— O que quer, Henry? — Perguntei.— Saber de você.
ELLE NARRANDOMe tranquei em meu quarto depois que Henry foi embora e chorei feito uma condenada. Meus hormônios estão me deixando completamente fora da casinha, eu sei, mas não consigo fazer diferente. Queria que fosse possível lidar com isso de forma mais fácil, mas não entra na minha cabeça como eu poderia amar alguém que faz parte da organização que matou meus pais. Ainda mais o líder dela!Acabei adormecendo de tanto chorar. Quando acordei na manhã seguinte, ouvi batidas na porta do apartamento e fui abrir. Era o motorista de Benny segurando uma mochila nas mãos, e eu o olhei confusa.— O que está acontecendo aqui? — Perguntei, ainda vestindo meu pijama e um pouco constrangida de aparecer na porta com pijama de bichinho, na frente de um homem.— Senhor Henry pediu que ficasse com ele. — Ele disse e esticou a mochila para mim.Benny sorria, feliz da vida. Ele correu até minhas pernas e me abraçou, então, eu o abracei de volta.— Oi, meu amiguinho. — Me abaixei para falar com ele,
HENRY NARRANDOFecho meus olhos enquanto encosto meu rosto na testa de Elle, que está deitada nos meus braços. Desde que a conheci, conheci com ela o significado de amor... Mas também o significado de medo. Tive medo de perde-la e ainda tenho. Tenho medo de que alguém a faça mal, e tantas outras coisas que não consigo nem ao menos listar. Antes, esses medos paravam no Benny e eu conseguia lidar com eles... Mas com a Elle, eu não consigo. Talvez porque Benny não saia de casa e nem faça tanta birra quanto Elle. E agora, eu também vou ter um filho de sangue...Eu acabei conseguindo cochilar, porque meu mundo estava acolhido em meus braços. Seis da manhã eu despertei. Não queria acordar Elle ou Benny, então sai delicadamente da cama, tentando fazer silêncio. Quando caminhei até a porta, ouvi passos atrás de mim. Elle estava me olhando nos olhos.— Henry... — Ela me chamou, baixinho. Se aproximou de mim, abraçando os próprios braços de frio.— Sim? — Respondi no mesmo tom de voz.— Você es
ELLE NARRANDOEntrei em casa e fui deitar ao lado de Benny. Quem dorme depois de um pedido de casamento daquele? Não foi exatamente um pedido de casamento, foi mais um... “Ei, casa comigo, porque se eu morrer, você fica com as minhas coisas.” Eu achei bizarro e insano. Não quero as coisas do Henry... Eu quero ele, e quero ele longe dessa confusão de Templo Negro. Não entendo muito sobre máfia, mas será que não existe uma possibilidade dele se demitir e fugir comigo? Eu adoraria viver longe de toda essa confusão. Criar meu bebê em um subúrbio, ver meu marido montando uma casinha na árvore enquanto nosso filho ou filha cresce.Quando eram oito da manhã, acabei levantando. Fiz o café da manhã para minha avó e para Benny, que levantou alegremente e veio até a cozinha.— Ei, tia Elle, o papai dormiu com a gente? — Perguntou.— Dormiu, querido. Ele veio aqui te ver, mas como você estava dormindo... Ele não quis te acordar. — Eu servi suco no copo para ele. — Vem cá, senta aqui comigo. Vamos
ELLE NARRANDOEstou há dias sem notícias de Henry e isso está me enlouquecendo, então, decidi fazer uma loucura para ver se consigo alguma informação. Minha avó concordou em cuidar de Benny. Os dois, aliás, viraram muito amigos.Eu me arrumei e, a noite, fui para um bar caminhando, sozinha. Sabia que os seguranças dele estariam à espreita, então, eu fui para o meio da rua e cruzei os braços.— Não vou sair daqui até você aparecer. Se não aparecer por bem, vai ter que aparecer por mal, porque eu vou continuar no meio da rua até alguém me matar atropelada. — Falei. Como não tive resposta, continuei falando. — E se eu morrer, seu chefe vai te matar!Após alguns segundos, um homem saiu das sombras. Ele era calvo, alto e bem mais velho que Henry. Estava vestindo um terno e parecia um segurança particular. É, é exatamente quem procuro.— Tudo bem, você me pegou. — Eu ouvi e assim que vi o homem, saí do meio da rua e fui em direção a ele. Ele levantou as mãos, mostrando que não estava armado
ELLE NARRANDO— Nicole você... Você tem certeza do que está dizendo? — Falei no telefone.— Absoluta. Eu vi com meus próprios olhos o Henry Abel saindo com uma moça do bar. — Ela disse e suspirou. — Olha, amiga, eu sinto muito por te contar, mas acho que seu conto de fadas acabou.— Meu Deus... — Senti meus olhos marejarem e comecei a chorar amargamente. Como ele pôde fazer isso comigo? Por que se casou comigo, então?Passei as duas mãos em meu próprio rosto quando desliguei o telefone. Eu não sabia no que acreditar. Ele sumiu durante dez dias e reaparece em um bar com uma mulher?Era cedo, e eu ouvi batidas em minha porta. Quando eu abri, vi Parlo ali, parado.— Sim? — Perguntei, o olhando.— O senhor Henry disse que já posso levar o menino para casa. Muito obrigado por cuidar dele. — Eu arregalei os olhos, sem entender.— Ele não vai vir falar comigo? — Questionei.— Ele disse que virá ainda essa semana vê-la. — Eu cruzei meus braços e neguei.— Não acredito. Que cretino! Por que el
Eu levei um susto, mas dei graças a Deus por vê-lo ali.— Vou mudar seu nome para “Dona Encrenca”. Porque sinceramente, tudo é motivo para briga com você. — Eu cruzei meus braços e neguei com a cabeça ao ouví-lo.— Se você me falasse um pouco mais da sua vida, a “dona encrenca” não estaria arrumando encrenca.— Mulher, você me deixa doido, sabia? Eu meio que tô machucado e querendo descansar. E você tá grávida... Acha que eu iria te incomodar com isso? — Questionou e eu fiquei furiosa.— Acha que eu não ia querer receber uma mensagem sua avisando que está vivo? Ou você acha que estou esperando você morrer para herdar tudo que você tem? Às vezes eu duvido um pouco da sua inteligência. — Bufei, sentindo meu rosto ferver.— Você precisa aceitar que por enquanto, eu não posso te falar nada. Estou resolvendo um assunto sério, Elle, eu não posso sair falando pra você ou pra qualquer um sobre o que eu estou tratando. Você não entende mesmo, não é? — Ele perguntou, irritado. — Eu faço de tudo