Vendo a situação, Fábio perguntou rapidamente:— Menininha, você tem algum jeito de salvá-lo?Laís balançou a cabeça e fez um gesto, e Fábio conseguiu adivinhar parcialmente:— Você quer dizer que não pode, mas alguém pode?Laís assentiu com a cabeça.— Quem? É a Paloma?Laís balançou a cabeça e fez um gesto que desta vez Fábio entendeu:— Você está dizendo que essa pessoa é sua mãe?Laís assentiu.Os olhos de Fábio se iluminaram e ele perguntou rapidamente:— Onde está sua mãe agora?Laís fez outro gesto.— Você está dizendo que ela foi para um lugar muito distante e não sabe quando vai voltar? O que vamos fazer então? O chefe só tem mais um dia de vida, Laís, você pode tentar prolongar o tempo dele, assim podemos esperar sua mãe voltar?Laís olhou para Teófilo, cuja audição também estava afetada, como se houvesse um atraso, o som da voz de Fábio demorava alguns segundos para chegar aos seus ouvidos, e soava como se tivesse sido processado.Ele sentia que todos os seus sentidos estava
Laís apertou os lábios sem responder, e Paloma estendeu a mão para acariciar sua cabeça:— Pobre criança, você precisa entender que sua mãe gastou muita energia para deixá-lo, e se ele descobrir que vocês, mãe e filha, ainda estão vivas, certamente tentará confinar sua mãe novamente. Você quer isso?Laís balançou a cabeça negativamente.— Então você precisa agir como se não o conhecesse. Afinal, sua mãe não está na vila. Se ele vai sobreviver a essa provação, depende do destino dele. — Paloma suspirou. — Sua mãe sofreu muito no passado, especialmente quando você nasceu, ela quase morreu. Você deve ser grata a ela e valorizar a vida difícil que vocês têm agora.Laís acenou obedientemente com a cabeça.Curiosamente, cerca de quinze minutos depois de beber o sangue de Laís, Teófilo sentiu uma melhora evidente em seus olhos e ouvidos, e até conseguiu emitir sons simples.Anteriormente, a cada hora, as marcas vermelhas em seu corpo se estendiam mais para a frente, mas desde que ele bebeu o
Os olhos límpidos e claros de Laís eram tão claros quanto os de Patrícia quando ele a viu pela primeira vez, há mais de dez anos. Naquela ocasião, ele se perguntava como alguém poderia ter olhos tão claros. Esse pensamento durou apenas um segundo em sua mente, logo desaparecendo.É normal haver pessoas parecidas no mundo. A mulher que tentou assassiná-lo não era 50% parecida com Patrícia? Além disso, agora sua Joyce deveria ter mais de cinco anos, quase seis. Como Patrícia poderia ter uma filha com olhos verdes? Ele estava simplesmente conjecturando demais por saudade.Teófilo sabia que seu rosto estava marcado por linhas de expressão, o que provavelmente assustaria a menina. Por isso, ele suavizou sua expressão e disse gentilmente:— Laís, foi você que me salvou, não foi? Obrigado.Laís balançou a cabeça, segurando sua mão firme, como se temesse que ele caísse se a soltasse.— Você não consegue falar?Laís negou com a cabeça.Teófilo sentiu uma pontada de pena e acariciou seu rost
Em apenas dois dias, Teófilo passou de uma pessoa normal para alguém com órgãos afetados, perdendo gradualmente os sentidos. Durante esse período, refletiu profundamente sobre várias coisas. O que mais ocupava sua mente eram as lembranças das experiências vividas com Patrícia. Nos mais de três anos em que estiveram separados, ele não pôde vê-la, apenas as memórias o sustentavam e o ajudavam a seguir em frente.Ele se ocupava todos os dias com diversas atividades, usando o trabalho árduo para diluir seu amor por Patrícia. Contudo, nos momentos de folga, a saudade invadia ele ferozmente, ocupando cada canto de sua mente e coração como vinhas espinhosas que o envolviam completamente, e quanto mais lutava, mais dolorido se sentia. Em locais de seu corpo que não podiam ser vistos, ele estava coberto de feridas dolorosas.Assim, quando se encontrava imerso na dor física, ele sentia um certo alívio, pensando se, ao morrer, sua alma poderia voar ao lado de Patrícia para vê-la mais uma vez.
Teófilo já estava há dois dias sem se alimentar. Estranhamente, essa fruta, que mais parecia um pepino, exalava um aroma leve e refrescante, despertando nele um certo apetite. Ele mordeu ela algumas vezes, o suco era abundante e doce, trazendo uma sensação de frescor ao local que tocava e aliviando consideravelmente sua dor.— Isso é um remédio? — Perguntou ele a Laís.Laís concordou com a cabeça e trouxe a ela mais alguns itens que ele nunca havia visto antes, sem saber se eram frutas ou vegetais.Teófilo se apressou em comê-los, embora não pudessem desintoxicá-lo, esses alimentos lhe deram um pouco de energia e seu estado físico melhorou ligeiramente.— Obrigado, Laís. — Ele estendeu a mão novamente para acariciar a cabeça de Laís e disse, sem querer. — Não sei quem são seus pais, mas eles tiveram uma filha tão atenciosa e adorável quanto você.Laís piscou para ele, pensando se ele poderia ser seu pai, já que ele e Joyce eram tão parecidos.Enquanto ela refletia, Teófilo soltou sua
— Laís, você está chorando? — Perguntou Teófilo. De repente, ele sorriu e pensou: "Que tolo, Laís não vai falar, e eu também estou prestes a ficar cego."— Que horas são? Desculpe, meus olhos já não veem tão bem.Laís segurou sua mão e traçou um seis na palma da mão dele. — Quase seis horas, como o tempo voa. — Suspirou Teófilo levemente. Ele sentia como se tivesse passado a noite em claro, quase exaurindo todas as suas forças. — Lucas. — Chamou ele. Lucas também havia passado a noite acordado, com os olhos ainda mais vermelhos. — Chefe, estou aqui. — Sua voz tremia um pouco, como se estivesse emocionado. Teófilo riu suavemente:— Um homem grande como você chorando? Eu sempre disse que a vida e a morte são decididas pelo destino.— Eu sei, mas... Mas eu nunca imaginei que seria você, chefe...Todos ali estavam prontos para tomar uma bala por Teófilo, prontos para morrer por ele. Se a morte viesse, certamente eles morreriam antes de Teófilo. Quem poderia imaginar que ele
Gabriel encontrou uma árvore que era especialmente adequada para ele, servindo tanto de encosto quanto de suporte para seu corpo. Teófilo, visivelmente frágil, parecia uma vela derretendo, com seu corpo lentamente deixando cair gotas de cera até que a última se esvaísse, marcando o fim de sua luz. A brisa da montanha soprou, clareando um pouco sua mente.Ele começou a falar devagar:— Gabriel, o que mais lamento na minha vida é ter aceitado aquele pedido absurdo da Mariana e ter descontado os problemas da família Bastos em Paty. Se não fosse por mim, ela não teria sofrido tanto. Nós também não precisaríamos estar em lugares diferentes, nem distantes dos nossos filhos, desfazendo nosso lar e falhando em nossas obrigações como pai.— Chefe, você tinha seus motivos, por favor, não se culpe assim.— Hahaha, motivos... Eu também usava essa desculpa para enganar a mim mesmo, mas, quem realmente tem o direito de usar seus problemas como desculpa para machucar os outros?Teófilo falou suavem
Teófilo só ouviu aquelas palavras dez segundos depois de serem proferidas. Há muito tempo, ele havia prometido a Patrícia que a acompanharia para ver o nascer do sol sobre as montanhas. Naquela época, ele estava muito ocupado e, mesmo querendo estar com ela, não conseguia encontrar tempo. Esse adiamento se tornou eterno. "Paty, será que o céu quer me punir por não ter cumprido minha promessa, me impedindo de te ver antes de morrer?" Ele girava a cabeça lentamente como um idoso, e então percebeu que a cegueira não era apenas a escuridão diante dos olhos, mas a incapacidade de ver qualquer cor. No meio daquela nulidade, ele parecia ver um dourado. Deve ser o nascer do sol. A cor, que deveria ser ofuscante, parecia filtrada aos seus olhos, como a luz de uma chama prestes a ser apagada pelo vento, tão fraca e tênue.Ele não ouvia mais o vento e seus sentidos estavam se esvaindo pouco a pouco. Ele abriu a boca, como se estivesse tentando dizer algo, mas também como se não dissesse