Teófilo caiu no vazio.Seu corpo não despencou violentamente ao solo, mas foi amparado por alguém. Ele já havia perdido a consciência, e seu corpo esguio se recostou na pessoa que o segurava. Ding ding, ding ding.Laís saltava de alegria, incapaz de falar, mas seus olhos e sobrancelhas expressavam felicidade.Lucas e Gabriel não podiam mais se entristecer, fixando o olhar na mulher que apareceu de repente. Ela vestia roupas pretas e calçava botas pesadas estilo Martens. Uma jaqueta de couro curta delineava sua cintura perfeita e suas curvas corporais, trazendo um ar totalmente moderno e um tanto deslocado para uma vila tão rústica.Subindo por seu elegante pescoço, um rosto que só poderia ser descrito como belo se revelava. Não se pode dizer que é feio, só se pode descrever como elegante, definitivamente, não se pode considerar bonito.Como poderia uma mulher assim ter uma filha mestiça tão pequena?A mulher segurava Teófilo pela cintura com uma mão e acariciava a cabeça da pequen
Laís não conseguia falar, expressava seu afeto apenas com o corpo, esfregando o rosto no dela repetidamente.— Querida, mamãe está de volta.Quando voltaram à cabana de bambu, Ivone também havia acordado.Na noite anterior, para evitar que seus soluços incomodassem Teófilo, Gabriel a havia nocauteado. Ao ver a pessoa que Lucas carregava nas costas, Ivone se aproximou chorando:— Coruja, como você está? Como pôde me deixar? Você pode me levar com você?Uma voz feminina fria respondeu:— Se continuar gritando assim, pode sair. Você está me matando.Com a boca aberta, Ivone estava prestes a chorar, mas foi interrompida de tal maneira que sua tentativa de choro se tornou cômica.Foi então que ela notou uma mulher estranha ao seu lado:— Quem é ela?— Ivone, esta é a curandeira que pode tratar o líder. Seja respeitosa. — Disse Lucas, se apressando em acalmá-la, temendo que ela perdesse a paciência novamente.Ivone, apesar de ser extremamente arrogante, tem um verdadeiro carinho por Teófil
Patrícia preparava os medicamentos com rapidez, agora completamente transformada em relação ao seu passado. Ela se mostrava calma, forte e estável, capaz de lidar sozinha com diversas situações. Em Vila Gema, apesar dos poucos recursos, havia uma abundância de ervas medicinais. Paloma havia ensinado a ela todas as suas habilidades médicas. Em termos de desintoxicação, Patrícia demonstrava um talento nato, sendo uma das melhores do mundo nessa área. Ela pegou o que precisava e correu para a caverna.Ao entrar, ouviu novamente o choro de Ivone, que soava genuíno. Se dizia que Ivone amava-o há muitos anos, suas famílias possuíam um status similar e faziam parte do mesmo círculo social, e até mesmo seus tipos sanguíneos eram idênticos. Talvez Ivone realmente fosse a pessoa certa para ele. Patrícia entrou calmamente enquanto Ivone se ajoelhava a seus pés:— Doutora, meu tipo sanguíneo é o mesmo que o dele. Use meu sangue se for necessário, faço qualquer coisa para que você o salve.Pat
Enquanto Gabriel estava distraído, Patrícia preparava rapidamente as ervas medicinais e entregava outra parte a Laís para que as cozinhasse. Entre as crianças, apenas Laís possuía uma constituição especial e tinha herdado conhecimentos médicos. Há mais de três anos, Patrícia descobriu que estava grávida. Daniel queria que ela abortasse para tratar sua doença sem preocupações futuras. Patrícia recusou a sugestão de Daniel. Sem outras opções, ele encontrou uma boa solução e a enviou para as mãos de Paloma em Vila Gema. Paloma conhecia uma técnica secreta chamada "nutrição medicinal do feto", que usava métodos contrários para nutrir o feto com medicamentos, tornando ele imune a eles ainda no útero. Isso exigia muito do corpo de Patrícia, que tinha que se alimentar de ervas medicinais dia e noite. Sob essas circunstâncias, ela conseguiu curar seu câncer e, apesar do sofrimento no dia do parto, a criança nasceu saudável. O único aspecto incomum era que os olhos da criança eram verdes
A respiração fraca soprou ao lado de sua orelha, fazia tempo que Patrícia não esteve tão próxima de um homem. Mais ainda, era o homem que murmurava seu nome, fazendo seu corpo endurecer ligeiramente. "Ele não estava comprometido com outra pessoa?"Gabriel, percebendo o susto de Patrícia, temeu ter ofendido a médica, o que poderia resultar em uma recusa no tratamento. Se apressou em esclarecer:— Desculpe, nosso líder já está delirante.— Está bem. — Patrícia o ajudou a levar o paciente até a borda do barril e instruiu. — Tire as roupas dele e coloque-o lá dentro.Enquanto falava, se virou para organizar os medicamentos. Gabriel, ainda confuso, perguntou:— Tudo?— Sim. — Respondeu Patrícia, com uma voz sombria.Ao mencionar isso completamente, a imagem do corpo de Teófilo, com quem ela havia se entrelaçado inúmeras vezes, surgiu em sua mente. Ninguém conhecia o corpo masculino dele melhor do que ela. Desde a última vez que se encontraram, Teófilo havia ficado mais musculoso, e ela p
Patrícia ajeitou novamente a pele de animal e trouxe um pequeno cobertor.Gabriel disse:— Maitê, você pode me ajudar? Sozinho, não consigo levantá-lo.O problema é que Teófilo havia perdido a consciência, tornando difícil para uma só pessoa mover alguém nesse estado.Patrícia estava frustrada, se Lucas não fosse tão barulhento, ela não o teria mandado embora.Agora, ela enfrentava as consequências, mas tudo bem, ela trataria Teófilo como um paciente comum.— Está bem.Ambos, de pé na escada, retiraram Teófilo com dificuldade, enquanto Patrícia evitava olhar ao redor descuidadamente.Teófilo estava coberto por um calor intenso, e seu corpo estava úmido, não se sabia se de medicamento ou suor, mas sua aparência parecia ligeiramente melhor que antes.— Seja cuidadoso. — Gabriel o guiou com precaução escada abaixo.Patrícia era cuidadosa em seus movimentos, mas não esperava que o caminho fosse tão irregular. Gabriel não viu onde pisava, e Teófilo caiu.Ele desabou sobre Patrícia, como um
Gabriel engoliu em seco, apontando para o próprio nariz:— Eu?Patrícia respondeu friamente:— Se não for você, seria eu? Rápido, cada segundo que você demora é um segundo da vida dele que se esvai.Gabriel se mostrou resignado. Embora não tivesse namorada, isso não significava que gostasse de homens! Ele se considerava um homem de verdade.Mas a outra parte também não estava errada, cada segundo a mais era um segundo mais próximo da morte de Teófilo.— Eu... Tudo bem então. — Gabriel decidiu que, se isso pudesse salvar Teófilo, então não havia nada de tão grave.Dito isso, Gabriel pegou o medicamento, segurou uma dose na boca e seus lábios tremiam involuntariamente.— Mantenha firme, não desperdice. A segunda dose é de outro medicamento e tem um efeito diferente.Gabriel sentiu que isso era mais desafiador do que andar na corda bamba. Ele tomou uma decisão firme, fechou os olhos e não pensou em mais nada, apenas focou na boca de Teófilo.Em um momento crítico, o que mais se poderia fa
Patrícia se sentia resignada, já que aquele homem estava tão cheio de energia logo após recuperar um pouco. O ouvido de Teófilo se recuperou mais rapidamente, afinal, o último órgão a falhar antes da morte é a audição. No entanto, sua visão não mostrava sinais de melhora, mesmo com Patrícia tão perto, ele só conseguia ver um contorno embaçado. Sem ouvir uma voz familiar, ele não sabia em que situação estava e seu instinto de autopreservação se ativou, ele apertou o pescoço de Patrícia fortemente, sem deixar espaço para ela escapar.— Se você quer morrer, então me mate. — Disse Patrícia, alterando sua voz de tal maneira que nem Gabriel e os outros poderiam reconhecê-la.— Quem é você?— Sou a pessoa que te salvou.Foi só então que Teófilo relaxou um pouco, permitindo que ela respirasse:— Desculpe, não posso ver, não sei o que está acontecendo.— Você está em uma banheira. Não temos equipamento para diálise aqui, só podemos usar o calor para expulsar lentamente as toxinas do seu corp