POR LINCYO sussurro do vento nas folhas e o crepitar da fogueira eram os únicos sons que preenchiam aquele momento de silêncio. Eu precisava recuperar minhas forças para realizar o teletransporte junto com Lunester.Eu estava sentada, com os pensamentos a mil, refletindo sobre tudo o que havia acontecido e o que ainda estava por vir. Observei os rostos adormecidos ao meu redor, consciente de que em breve nos separaríamos, e me peguei imaginando como seria o futuro de cada um deles.— Também está pensando em como as coisas vão ser daqui para frente? — perguntou Lunester, com as costas apoiadas nas minhas, como vinha fazendo nas últimas semanas.Sorri ao sentir a ponta dos dedos dele roçando os meus. Ele nunca ousava ir além disso, e nem sempre tinha coragem de puxar assunto. Ainda assim, aquilo despertava em mim uma animação difícil de explicar.— Sim. — Tentei entrelaçar um pouco mais os dedos nos dele. — Se eu não morrer, logo estarei de volta em casa.— Lin, ninguém vai te fazer ma
POR LINCYMiridar não soltava meu braço, e minha paciência já estava se esgotando quando Zuldrax interveio, afastando-nos.— Está tudo bem? — perguntou ele, dirigindo-se a mim.— Sim, estou. Obrigada! — agradeci, ignorando o fato de que ele provavelmente tinha ouvido tudo.Agora, mais do que nunca, eu não queria nada com Miridar. Afastei-me do grupo, caminhando em direção ao litoral. Mergulhei os pés na água e observei a luz do dia surgir no horizonte.— Parece que você está cercada de admiradores — comentou Drakhan, aproximando-se.— Você acha? — Funguei, sem esconder meu desconforto. Eu não considerava isso algo bom. Na verdade, me sentia péssima por ter que rejeitar quem quer que fosse apenas porque se interessou por mim. No momento, não queria dar esperanças a ninguém. — Não me diga que você também é um deles?Embora fosse apenas uma brincadeira, a resposta dele me pegou de surpresa:— Acho que a concorrência já está um pouco alta para eu tentar qualquer coisa. Mas não te recusari
Por LorenaParecia-me um dia comum de outono: as folhas das árvores caíam silenciosamente, enquanto o vento soprava suavemente carregando-as pelo ar e o sol lhes dava uma coloração avermelhada. Um lindo cenário! Eu estava à janela admirando a bela arte que a natureza compunha e pensando na minha vida.O tempo parecia passar muito rápido ultimamente. Fazia pouco tempo que eu tinha completado dezessete anos. Em poucos meses terminaria o terceiro ano do Ensino Médio. O que eu queria para a minha vida? O que seria dali em diante? Um vazio enorme me preenchia enquanto eu pensava em um futuro incerto. Por eu gostar de quase todas as matérias, estava tendo dificuldades para escolher um curso universitário.De repente, um som agudo e estridente quebrou aquele momento de reflexão em que eu estava, me fez perceber que minhas preocupações poderiam ser adiadas e que o presente estava ao meu alcance.— Lorena, o sinal já tocou! Sai da janela antes que o professor chegue.Era Beatriz, uma grande am
Por ZuldraxMeu nome é Zuldrax, também conhecido como Zuldrax, o Temerário. Sou o atual rei de Zafis e sou temido por muitos, pois herdei de meus pais todo o potencial real de um zafisiano. Não sabia quanto tempo levaria, mas certamente eu venceria Alister, rei de Halis, na guerra que estamos destinados a lutar. O ódio entre os reinos de Zafis e Halis já existia há séculos, e eu não permitiria que a vida de tantos guerreiros tivesse sido perdida em vão.Após o último ataque, há cerca de quatro meses, algo aconteceu que deixou Alister atordoado. Parecia que ele tinha encontrado algo importante, tão importante que recuou suas tropas e voltou para Henir, a cidade central de Halis. Pensei que talvez fosse o momento oportuno para invadir, no entanto, minhas tropas estavam cansadas e as fronteiras de Halis possuíam uma magia especial de dispersão.Somos muito mais fortes e hábeis que os halisianos. Possuímos um tipo de energia especial que aumenta nosso potencial em combate corpo a corpo; no
Por ZuldraxMais de um mês se passou, e a 'tão importante' missão continuava sem nenhum progresso. Desesperado, Alister convocou sua guarda pessoal para acompanhá-lo em uma jornada. Vislumbrei seu rosto determinado. Aquele reizinho queria ir para Salis, o terceiro grande reino de nosso mundo. Para nós, eles não fediam nem cheiravam. Tratava-se de um povo simples, sem capacidades especiais, cujo intelecto era seu único orgulho. Não queriam guerras e não se metiam nos nossos assuntos.Desenvolviam-se em busca do progresso e da ciência. Sua neutralidade me deixava enjoado, mas não os odiava e, portanto, não via motivos para caçar briga em seu território. Eles tratavam de forma cortês qualquer um que pisasse em seu reino e, justamente por isso, nem os halisianos nem os zafisianos os visitavam. Não queriam correr o risco de se encontrarem e gerarem tumulto no meio daquela gente.O fato de Alister estar indo para lá só poderia significar que ele estava realmente desesperado. Isso me alegrav
Por ZuldraxPara minha decepção, aquele velho voltou são e salvo. Mas como? Era para ele ter morrido! Ao seu lado, caída no chão, estava uma moça de longos cabelos pretos, formosa, de estatura média. Parecia ter desmaiado. Alister, ao vê-la, se emocionou e abaixou-se para tocar-lhe no ombro. Aposto que ele queria abraçá-la, mas, assim como eu, percebeu que havia algo de errado com ela.Uma coisa diferenciava a nós, a realeza, das outras pessoas: a capacidade de ver a energia aura que rodeia cada ser. Lendas dizem que este mundo é que escolheu as pessoas que possuiriam tal habilidade, e a família escolhida reinaria e julgaria sobre as demais. Tal habilidade foi passada de geração em geração, não sendo constatada em ninguém mais além da família real.Os halisianos possuem uma energia em um tom azulado, os zafisianos possuem uma aura de cor avermelhada, e os salisianos de coloração esverdeada, sendo que nas mulheres a tonalidade é mais clara que nos homens. Aquela garota, no entanto, não
Por LorenaNos dias que se seguiram, Alister não ousou colocá-la em maiores riscos. Ele a manteve presa naquele lugar e não a submeteu a outros tipos de magia. Talvez estivesse arrependido do que fizera no primeiro dia. Talvez seu amor fraterno estivesse falando mais alto. Mesmo assim, as condições em que ela se encontrava não eram as melhores. Permanecia trancada e vigiada naquele quarto escuro. Ela não dizia nada e frequentemente chorava em silêncio.Alister algumas vezes tentou falar com ela, mas eles não se entendiam. Ela olhava confusa para ele e depois escondia seu rosto nas capas. Logo Alister percebeu a necessidade de um feitiço que permitisse se comunicarem.Os halisianos também eram uns trapaceiros, pois criaram um feitiço para ensinar a fala e a escrita para as crianças de forma imediata. Nem sempre usavam esse feitiço, pois as crianças que recebiam esse conhecimento implantado não desenvolviam muito bem o intelecto e a capacidade de raciocínio. No entanto, ela já não era m
Por LorenaDesde que eu chegara, só uma coisa passava pela minha cabeça: eu tinha que voltar para casa! Mesmo não estando mais amarrada, era muito desconfortável ficar presa naquele quarto com um estranho me vigiando quase o tempo inteiro.Às vezes, aquele chefe malvado vinha ver como eu estava, mas por quê? Eu não sabia o que tinha feito de errado para estar ali, não sabia o que queriam comigo, e, quando não era o medo e a dúvida que me dominavam, era a saudade.Eu ficava me lembrando dos meus pais, do último passeio que fizemos nas férias até Fernando de Noronha, e de como minha mãe tinha ficado apavorada quando eu disse que queria mergulhar com os tubarões. Ela era muito protetora. Meu pai já era mais tranquilo, gostava de se reunir com os amigos para conversar, comer churrasco e beber cerveja. Se dependesse dele, o ano inteiro seria festa.Também ficava pensando nos meus amigos. Será que a Beatriz tinha se saído bem na prova? Uma angústia muito grande tomava conta de mim, me fazend