POR LINCYDurante o famoso “toque de recolher”, o horário em que todos em Halis deveriam estar dormindo, eu aproveitava para sair do meu esconderijo e me deleitar com os livros da biblioteca de Nizla. Aquele lugar era só meu, mesmo que por um curto período. Uma das seções da biblioteca tratava exclusivamente sobre os targarianos, invasores recorrentes de Halis.— A equipe primária é enviada quando algo de interesse é detectado pelos sensores de Targariam. Ela realiza a checagem, coleta o máximo de informações possível e retorna para a central. As naves ovaladas oferecem maior capacidade de esquiva e defesa, mas possuem um poder de ataque limitado — expliquei.— O sensato, então, seria destruí-las, certo? — sugeriu Zuldrax.— As informações coletadas são enviadas em tempo real para a central deles. Mesmo destruindo-as, não impediremos o que vem depois — explicou Lunester, mantendo a calma.— A essa altura, eles já devem ter descoberto sobre a dióxy. Precisamos encontrar uma forma de de
POR LINCYUma onda de impacto destruiu completamente aquele lado da torre. Agora estávamos flutuando dentro de um escudo, enquanto eu mantinha o targariano preso. Com a dióxy, conseguia lidar com várias tarefas simultaneamente, embora a tensão aumentasse a cada segundo.Em questão de instantes, dois outros targarianos vieram voando em nossa direção. Quando se chocaram contra o escudo, focando um ponto específico, senti-o trincar. Assim que o segundo recuou, realizou um disparo preciso sobre a trinca, que atravessou o escudo e por pouco não atingiu Lenissya.— Seu... — murmurei entre dentes, usando a telecinesia para ajuntar os três targarianos. Em um único movimento, canalizei o poder da dióxy e os eliminei ao mesmo tempo. — Culpados!— Lin... — A voz de Lenissya fez-me virar o olhar para ela. Seus olhos estavam arregalados, e ela me encarava com pavor, completamente perplexa. — Você os matou!— É claro que os matei! — Minha voz permanecia calma, mas minha paciência estava se esgotand
POR LENISSYAAquelas palavras... duras palavras de uma amiga preciosa me fizeram acordar. Todos estavam lutando, dando tudo de si. O quão hipócrita eu fui por julgar a Lincy. Se estou viva, é porque ela sujou as mãos. Se ela não o tivesse feito, não só eu como outros inocentes poderiam ter sucumbido.Zuldrax me abraçava com força, me consolando enquanto eu meditava sobre a minha fraqueza. Como rainha, até que ponto eu faria o que é necessário para garantir a segurança do meu povo, assim como o meu marido o fazia? Novamente me sentia fracassar, em todas as posições. — Aonde ela vai? — perguntou-nos Alister, se aproximando de mim. Desfiz o abraço, e meu marido se virou ao mesmo tempo que eu para observar os passos determinados de Lincy.— O que ela vai fazer? — perguntou Miridar, com a voz trêmula.De todos, Lunester foi o único que teve coragem de segui-la, quase em desespero, como se pressentisse que algo muito ruim estava prestes a acontecer.— Acho que ela vai dar um fim naqueles t
POR LENISSYAJoguei um pouco de água no meu rosto antes de ir me trocar. Já haviam se passado cinco dias desde que Lincy se fora. Por vezes, acordei pela manhã me esquecendo disto, e com uma vontade insana de conversar com ela.— Eu queria tanto que ela fosse sua madrinha... — murmurei, acariciando minha barriga.Por ordens do meu marido e do meu irmão, fui enviada de volta ao palácio em Zaríon para repousar. As fortes emoções haviam me abalado profundamente, e comecei a sentir um mal-estar que me tirou de cena. A essa altura, os exércitos dos três reinos provavelmente já estavam reunidos, e a barreira em torno da brecha havia sido refeita.— Bom dia, querida! Como está se sentindo hoje? — Lizbeth entrou no meu quarto acompanhada de Noturno. Ela havia criado um vínculo tão forte com o animal que era difícil vê-los separados.Noturno correu até mim, latindo alegremente e abanando o rabo.— Bem melhor, obrigada.— Ainda está inquieta. Precisa relaxar mais — disse ela, sentando-se ao meu
POR LENISSYAA coragem dos líderes parecia contagiar as multidões. Aos poucos, todos começaram a proclamar a frase em conjunto, repetidas vezes, como se tentassem convencer a si mesmos de que conseguiríamos, de que estávamos juntos nessa batalha.— Estão chegando! — alertou Lunester, emergindo da multidão acompanhado por Miridar. — Precisamos evacuar. Não temos como vencer!— Do que estão falando? — perguntei, enquanto nos reuníamos em círculo para ouvir o que tinham a dizer.— As sombras no céu são um prenúncio — explicou Lunester, enquanto mantinha os olhos fixos no horizonte. Seguimos seu olhar e percebemos que não se tratava apenas de alguns pontos escuros; a maior parte do céu estava tingida por um azul profundo e sombrio.— Reuniram todas as suas frotas — afirmou ele com seriedade. — Estão apostando tudo neste lugar.— Ficar aqui é uma missão suicida. Vamos todos morrer sem sequer ter como revidar — comentou Miridar, apavorado.— Se não defendermos este lugar, não haverá mais re
POR LENISSYANão pude deixar de olhar, pasma, para Henry. Mesmo que não pudéssemos vencer, desistir não era uma opção. Havia muito em jogo nessa guerra!— Se continuarmos do jeito que estamos, não vamos durar mais do que meia hora — explicou ele. — Tanto o ataque quanto a defesa deles são superiores aos nossos. Assim que rastreiam um portal, conseguem emitir ataques em alvos estrategicamente selecionados.— Fechem os portais! — ordenou Saitron, concordando que aquilo nos colocava em desvantagem. Além disso, nem mesmo as lâminas zafisianas estavam resistindo; várias já se quebravam sob o impacto dos disparos.— O que foi isso? — perguntou Alister, aproximando-se de nós.— Eles começaram a testar diferentes formas de ataque até encontrarem uma maneira eficaz de burlar o manto de força zafisiano — explicou Saitron. A desvantagem para o nosso lado ficava cada vez mais evidente.— Não podemos continuar parados! — disse meu marido, reaproximando-se com determinação.— O que vai fazer com es
POR ALISSYAO som ao meu redor era como de muitas águas correndo, como cachoeiras despencando ou como águas de um grande rio batendo nas pedras e formando ondulações. Eu não podia vê-las, apenas ouvir já que a forte luz me impedia de abrir os olhos. Eu havia morrido, mas meu interior estava tomado de paz e calmaria. Onde minha alma estaria agora?Caminhei sem rumo, sem nunca tropeçar ou me cansar. Por um breve instante, senti um cheiro como de terra molhada pela chuva, e perdi a percepção dos meus próprios pés. Foi então que meus olhos puderam finalmente se abrir.Eu estava flutuando bem no meio de uma caverna vertical e, ao meu redor, águas de um azul-celeste jorravam em cascata, iluminadas por uma luz serena. Estiquei minha mão até a corrente mais próxima, mas não consegui tocar a água. Ela se afastava de mim, como se eu a repelisse com minha presença.A marca da balança brilhava intensamente em minha mão translúcida, e eu olhei para baixo. Havia uma piscina de águas cristalinas, ch
POR ALISSYAO bater suave e constante das minhas asas era um teste. Eu as sentia completamente, tanto quanto sentia e movimentava meus dedos. Olhei para o espelho, satisfeita com a formosura de minha aparência.Garyos me providenciou trajes elegantes, compatíveis com o meu novo corpo, enquanto eu repousava. Os tecidos de minha túnica branca com bordas douradas contrastavam com as calças que eu vestia por baixo, de um azul intenso e vívido.Será que eu ainda cresceria mais um pouco? Girei o corpo, analisando-me, e calculei ter aproximadamente um metro e sessenta.— Oi, querida! Podemos entrar? — perguntou Perla, espiando pela fresta da porta. Assenti com a cabeça, e Garyos entrou logo atrás dela.— Precisa de mais alguma coisa, filha? — perguntou meu pai.— Não, obrigada! Apenas estou tentando me habituar às asas. — Agitei-as no ar de forma constante, mas não consegui me levantar do chão.— Você ainda me parece tão fraquinha. Talvez devesse comer um pouco mais —disse Perla, com os olho