POR ALISSYA— E esta carta? — perguntou meu pai, curioso. O bebê da Lorena estava prestes a nascer, a situação já estava em ordem e todas as burocracias resolvidas. Com tudo encaminhado, dei baixa no meu credenciamento na OAB. Meu trabalho estava completo, e eu já não tinha mais nada para fazer na Terra.— Estar aqui tem sido difícil para mim. É complicado disfarçar minha condição, então vou bater asas e voar, literalmente. — Tentei aliviar a tensão com uma brincadeira, mas meus pais não acharam graça. Decidi, então, ser o mais direta possível: — Vou voltar para o meu antigo planeta, Halis. Lá, poderei ser eu mesma, sem precisar me esconder. Nesse envelope, tem um presente para vocês.— Por que você tem que ir, Lin? — perguntou meu irmão, desmanchando-se em lágrimas, e acabei chorando junto. Eu os amava profundamente, mas sentia-me sufocada na minha condição atual.— A gente dá um jeito! — insistiu ele, em meio ao choro.— É o melhor para mim, entendem? Eu os amo e virei vê-los sempre
POR LUNESTERFazia quase um ano que eu não via Lincy, e mesmo assim era impossível parar de pensar nela. Seu sorriso, seu olhar, seu jeito de ser me cativavam por completo e preenchiam todos os meus sonhos, mesmo quando eu estava acordado. Eu sentia muita falta de sua presença, do seu carisma, e de simplesmente poder admirá-la em segredo. Eu não sabia se ainda estava em Halasin ou se tinha voltado para a Terra, e, mesmo assim, desejava ardentemente poder encontrá-la onde quer que estivesse.— A mensagem já foi entregue ao rei de Lefyr, e trouxe a resposta, Sua Majestade — informei, estendendo o envelope ao meu irmão mais velho. Ele assumia cada vez mais responsabilidades que antes pertenciam ao nosso pai e, em breve, seria coroado oficialmente.— Muito bem! Volte ao seu quarto e só saia quando for chamado — ordenou ele, com firmeza.Acatei passivamente. Desde que voltei com Miridar daquela jornada, assumi toda a culpa, e o fato de eu ter dispensado meu vassalo foi um agravante para mi
POR LUNESTERSentia-me hipnotizado por Alissya enquanto ela narrava os acontecimentos. Cada detalhe de sua presença me fascinava: o modo como falava, seus traços, sua postura. Sentia-me orgulhoso por ter feito parte dessa aventura ao lado dela, especialmente por tê-la tido tão próxima de mim durante tanto tempo. Vi várias facetas suas que, provavelmente, minha família jamais conheceria. Eram todas memórias preciosas, sentimentos inigualáveis.Minha memória era aguçada, e enquanto Alissya resumia os fatos com paciência, eu os revivia detalhadamente em minha mente, como se estivesse experienciando tudo novamente. Essa imersão foi interrompida quando ela se aproximou de mim com uma pequena caixa preta na mão.— Permita-me agradecê-lo pessoalmente. Obrigada, príncipe Lunester, por tudo! Aceite isto, por favor!Um turbilhão de emoções explodiu dentro de mim enquanto ela abria a caixa, revelando um círculo dourado em seu interior. Era um anel. No momento em que ela pegou minha mão para entr
POR LINCYSeus dedos deslizavam pela gravata em mais uma tentativa desastrada de ajustar o nó. Mesmo após observar como meu pai fazia, ele não conseguiu imitar. Estávamos de volta à Terra há alguns dias e, agora, nos preparávamos para o casamento da Lorena.— Tudo bem, meu amor, deixe-me ajeitar isso para você — falei a ele. Lunester suspirou profundamente e deixou que eu terminasse o serviço.Observei-o por um momento, impecavelmente vestido de forma elegante e formal para a tão esperada ocasião. Ele parecia um verdadeiro galã de cinema.— Está lindo, querido! — elogiei, esticando-me na ponta dos pés para beijá-lo. Como eu sentia saudades de quando era mais alta...— Não tanto quanto você, meu anjo. — Sua mão deslizou suavemente pelo meu rosto, causando-me arrepios. O toque dele era sempre tão gentil! Se ele soubesse o quanto me fazia feliz...— Lin, mamãe mandou perguntar se já estão prontos.— Estamos sim, Hugo. Já estamos indo! — respondi com um sorriso.Lunester e eu já estávamos
POR LINCYAtravessei no céu de Halasin. Não imaginei que voltaria a esse lugar. Bati minhas asas suavemente, sobrevoando o castelo de Alister, descendo de frente para a porta principal.Adentrei apressadamente e levitei no mesmo sentido que outras pessoas passavam. Acabei parando na sala do trono. Ele estava trabalhando, e o espanto foi evidente em seu rosto assim que me viu.— Ei! Levanta daí e vamos! — gritei para ele, furando fila.— Como te atreves a invadir meu local de trabalho e ainda me dar ordens? — Apesar do semblante sério, havia uma ponta de felicidade na voz que ele não conseguiu disfarçar. — A que vieste?— Vim a pedido do Zuldrax. Ele pediu para eu passar aqui e te pegar.— Estou ocupado, mas, se quiser ser atendida, entre na fila.— Tranquilo. Eu aviso para ele que tentei e para a Lenissya que o irmão não quis conhecer a sobrinha. Adeus!— Espere! — pediu, assim que dei as costas. — Minha irmã teve uma menina?— Uma linda princesinha — respondi, abrindo um enorme sorri
POR LORENAEstávamos passando pelo portão de entrada da propriedade, faltando poucos minutos para o horário marcado nos convites. Havia algo que minha sogra mencionou no caminho de ida, com o qual eu concordava. Dava agonia termos que usar o carro em vez dos nossos dons. No momento, ela estava concentrada, olhando a paisagem através da janela. Ela se encantava com tudo e, ao contrário do Zuldrax, nunca reclamou de nada.— Finalmente! — Lizbeth exclamou aliviada, assim que meu pai estacionou próximo à entrada onde ocorrerá a celebração. Perto de onde estávamos, havia uma fileira com pelo menos uma dúzia de carros. — Vou ver a Ellen.Lizbeth não esperou nem o carro desligar completamente antes de sair apressada, e não consegui segurar uma risada. Ela era uma verdadeira avó "babona", completamente apegada à pequena. Ela estava usando um longo vestido vermelho, muito bonito, e seu cabelo estava preso em um coque. A mulher do salão fez um ótimo trabalho com todas nós, inclusive com minha m
POR LORENAMeu pai, com toda sua gentileza, veio até o carro e abriu a porta para mim. Peguei meu buquê de rosas vermelhas, sentindo a textura delicada das flores em minhas mãos, e segui com ele até a entrada.Naquele momento, o mundo ao meu redor parecia desaparecer, e o rosto do meu amado era tudo o que eu conseguia enxergar. Seu sorriso, cálido e encantador, desarmou todas as minhas defesas, fazendo meu coração acelerar.Caminhei lentamente em sua direção, com meu pai ao meu lado, cada passo carregado de emoção e expectativa. Era como se aquele instante fosse apenas nosso, envolto em uma aura de amor e felicidade.Foi um momento mágico do começo ao fim, e, para completar o encanto, Noturno fez uma entrada especial, carregando na boca a almofada com as alianças. Assim como muitos dos presentes, não consegui evitar uma risada.— Que cachorro bonzinho — cochichou um dos convidados.— Esse foi bem adestrado — comentou outro.Mas, não importava o que dissessem, eu sabia a verdade. Senti
Por LorenaParecia-me um dia comum de outono: as folhas das árvores caíam silenciosamente, enquanto o vento soprava suavemente carregando-as pelo ar e o sol lhes dava uma coloração avermelhada. Um lindo cenário! Eu estava à janela admirando a bela arte que a natureza compunha e pensando na minha vida.O tempo parecia passar muito rápido ultimamente. Fazia pouco tempo que eu tinha completado dezessete anos. Em poucos meses terminaria o terceiro ano do Ensino Médio. O que eu queria para a minha vida? O que seria dali em diante? Um vazio enorme me preenchia enquanto eu pensava em um futuro incerto. Por eu gostar de quase todas as matérias, estava tendo dificuldades para escolher um curso universitário.De repente, um som agudo e estridente quebrou aquele momento de reflexão em que eu estava, me fez perceber que minhas preocupações poderiam ser adiadas e que o presente estava ao meu alcance.— Lorena, o sinal já tocou! Sai da janela antes que o professor chegue.Era Beatriz, uma grande am