POR LINCYAs lâmpadas salisianas flutuavam por todo o perímetro, e entre elas, bandeirolas de todas as cores conectadas, parecidas com o que se via em festas juninas. Era um evento com representações importantes entre os três reinos, acontecendo no lugar ao qual chamavam de ruínas de Julitar. A noite nem havia começado e já festejavam alegremente a vitória.— Apesar deste traje sem graça, tua aparência está aceitável — disse Alister, aproximando-se por trás de mim.Lorena havia me providenciado um vestido vermelho lindo, curto, sem mangas, com um decote em V e que se modelava bem ao meu corpo. Era um modelo básico e sensual ao mesmo tempo. Além disso, pude prender meu cabelo em um coque e passar alguns produtos de beleza deste mundo, que serviram como quebra galho.Complementando o visual, calcei um par de sapatos zafisianos que mais se assemelhavam a uma sandália, com tiras de um vermelho intenso subindo pelo tornozelo em voltas simétricas.— Isso era para ser um elogio? — Esquivei-m
POR LINCYA voz de Lunester tremulou de nervosismo, mas havia uma sinceridade que não pude ignorar. As últimas palavras que ele proferiu acalmaram meu coração, e me permiti encará-lo novamente. Ele parecia preocupado, e seu coração batia tão acelerado quanto o meu.— Foi tão difícil admitir isso? — questionei, lutando contra as lágrimas que ameaçavam surgir. Eu estava feliz por sua declaração, mas triste por ter precisado pressioná-lo para ouvi-la.— Quando te conheci, você já era comprometida, e seu coração pertencia a alguém a quem desejava desesperadamente voltar. Então, quando te vi de novo e soube que estava livre, você e Miridar... — Ele pausou, como se as palavras pesassem demais para serem ditas.— Nem me fale daquilo — pedi, lembrando-me da insistência incômoda de Caio, me pressionando a voltar com ele. Minha tentativa desesperada de afastá-lo usando a primeira desculpa que me veio à mente não era algo que eu quisesse carregar comigo.— Miridar e você já têm uma história, uma
POR LINCYDurante o famoso “toque de recolher”, o horário em que todos em Halis deveriam estar dormindo, eu aproveitava para sair do meu esconderijo e me deleitar com os livros da biblioteca de Nizla. Aquele lugar era só meu, mesmo que por um curto período. Uma das seções da biblioteca tratava exclusivamente sobre os targarianos, invasores recorrentes de Halis.— A equipe primária é enviada quando algo de interesse é detectado pelos sensores de Targariam. Ela realiza a checagem, coleta o máximo de informações possível e retorna para a central. As naves ovaladas oferecem maior capacidade de esquiva e defesa, mas possuem um poder de ataque limitado — expliquei.— O sensato, então, seria destruí-las, certo? — sugeriu Zuldrax.— As informações coletadas são enviadas em tempo real para a central deles. Mesmo destruindo-as, não impediremos o que vem depois — explicou Lunester, mantendo a calma.— A essa altura, eles já devem ter descoberto sobre a dióxy. Precisamos encontrar uma forma de de
POR LINCYUma onda de impacto destruiu completamente aquele lado da torre. Agora estávamos flutuando dentro de um escudo, enquanto eu mantinha o targariano preso. Com a dióxy, conseguia lidar com várias tarefas simultaneamente, embora a tensão aumentasse a cada segundo.Em questão de instantes, dois outros targarianos vieram voando em nossa direção. Quando se chocaram contra o escudo, focando um ponto específico, senti-o trincar. Assim que o segundo recuou, realizou um disparo preciso sobre a trinca, que atravessou o escudo e por pouco não atingiu Lenissya.— Seu... — murmurei entre dentes, usando a telecinesia para ajuntar os três targarianos. Em um único movimento, canalizei o poder da dióxy e os eliminei ao mesmo tempo. — Culpados!— Lin... — A voz de Lenissya fez-me virar o olhar para ela. Seus olhos estavam arregalados, e ela me encarava com pavor, completamente perplexa. — Você os matou!— É claro que os matei! — Minha voz permanecia calma, mas minha paciência estava se esgotand
POR LENISSYAAquelas palavras... duras palavras de uma amiga preciosa me fizeram acordar. Todos estavam lutando, dando tudo de si. O quão hipócrita eu fui por julgar a Lincy. Se estou viva, é porque ela sujou as mãos. Se ela não o tivesse feito, não só eu como outros inocentes poderiam ter sucumbido.Zuldrax me abraçava com força, me consolando enquanto eu meditava sobre a minha fraqueza. Como rainha, até que ponto eu faria o que é necessário para garantir a segurança do meu povo, assim como o meu marido o fazia? Novamente me sentia fracassar, em todas as posições. — Aonde ela vai? — perguntou-nos Alister, se aproximando de mim. Desfiz o abraço, e meu marido se virou ao mesmo tempo que eu para observar os passos determinados de Lincy.— O que ela vai fazer? — perguntou Miridar, com a voz trêmula.De todos, Lunester foi o único que teve coragem de segui-la, quase em desespero, como se pressentisse que algo muito ruim estava prestes a acontecer.— Acho que ela vai dar um fim naqueles t
POR LENISSYAJoguei um pouco de água no meu rosto antes de ir me trocar. Já haviam se passado cinco dias desde que Lincy se fora. Por vezes, acordei pela manhã me esquecendo disto, e com uma vontade insana de conversar com ela.— Eu queria tanto que ela fosse sua madrinha... — murmurei, acariciando minha barriga.Por ordens do meu marido e do meu irmão, fui enviada de volta ao palácio em Zaríon para repousar. As fortes emoções haviam me abalado profundamente, e comecei a sentir um mal-estar que me tirou de cena. A essa altura, os exércitos dos três reinos provavelmente já estavam reunidos, e a barreira em torno da brecha havia sido refeita.— Bom dia, querida! Como está se sentindo hoje? — Lizbeth entrou no meu quarto acompanhada de Noturno. Ela havia criado um vínculo tão forte com o animal que era difícil vê-los separados.Noturno correu até mim, latindo alegremente e abanando o rabo.— Bem melhor, obrigada.— Ainda está inquieta. Precisa relaxar mais — disse ela, sentando-se ao meu
POR LENISSYAA coragem dos líderes parecia contagiar as multidões. Aos poucos, todos começaram a proclamar a frase em conjunto, repetidas vezes, como se tentassem convencer a si mesmos de que conseguiríamos, de que estávamos juntos nessa batalha.— Estão chegando! — alertou Lunester, emergindo da multidão acompanhado por Miridar. — Precisamos evacuar. Não temos como vencer!— Do que estão falando? — perguntei, enquanto nos reuníamos em círculo para ouvir o que tinham a dizer.— As sombras no céu são um prenúncio — explicou Lunester, enquanto mantinha os olhos fixos no horizonte. Seguimos seu olhar e percebemos que não se tratava apenas de alguns pontos escuros; a maior parte do céu estava tingida por um azul profundo e sombrio.— Reuniram todas as suas frotas — afirmou ele com seriedade. — Estão apostando tudo neste lugar.— Ficar aqui é uma missão suicida. Vamos todos morrer sem sequer ter como revidar — comentou Miridar, apavorado.— Se não defendermos este lugar, não haverá mais re
POR LENISSYANão pude deixar de olhar, pasma, para Henry. Mesmo que não pudéssemos vencer, desistir não era uma opção. Havia muito em jogo nessa guerra!— Se continuarmos do jeito que estamos, não vamos durar mais do que meia hora — explicou ele. — Tanto o ataque quanto a defesa deles são superiores aos nossos. Assim que rastreiam um portal, conseguem emitir ataques em alvos estrategicamente selecionados.— Fechem os portais! — ordenou Saitron, concordando que aquilo nos colocava em desvantagem. Além disso, nem mesmo as lâminas zafisianas estavam resistindo; várias já se quebravam sob o impacto dos disparos.— O que foi isso? — perguntou Alister, aproximando-se de nós.— Eles começaram a testar diferentes formas de ataque até encontrarem uma maneira eficaz de burlar o manto de força zafisiano — explicou Saitron. A desvantagem para o nosso lado ficava cada vez mais evidente.— Não podemos continuar parados! — disse meu marido, reaproximando-se com determinação.— O que vai fazer com es