POR LENISSYA— Dia complicado? — perguntou Lincy assim que nos viu entrando na cozinha, depois da guerra no banheiro. Ela estava respondendo a algumas mensagens no celular com uma mão e segurando uma xícara de café com a outra.— Nem me fale... — respondi.— A casa dos seus pais é tão alta! — Zuldrax estava perto da janela, analisando o aglomerado de prédios visto do nono andar. — Olha o tamanho dessas construções. Que surreal!— Se você acha isso alto, precisa andar de avião — brincou Lincy, abrindo um vídeo no celular e mostrando-o para ele.— Isso é uma dióxy? — perguntou ele, analisando o aparelho na mão dela. Ele ainda não conhecia essa tecnologia, já que o meu havia ficado em Seradon e nunca pedi de volta para Henry. — É mágico!— Com certeza é mágico! Nem imagina a quantidade de coisas que dá para fazer com isso. Dá para mandar mensagens para pessoas, falar com elas a longas distâncias, gravar imagens e vídeos, pesquisar coisas...— Lincy, vai com calma. É muita coisa para ele
POR LORENAVer Zuldrax com roupas comuns me fez querer tirar algumas fotos com ele. Ele parecia apenas um cara comum no meio dessa sociedade agitada. Tirando a reclamação sobre o desconforto de usar jeans, parecia se adaptar bem ao resto do look, desde os tênis esportivos até a camisa vermelha.— Pare! — pedi, apertando sua mão. — Está vendo aquelas luzes lá em cima? Verde é para os carros passarem, e vermelho é para os pedestres.— E por que temos que esperar? Não podemos simplesmente saltar por cima dos carros para o outro lado?— Não, não podemos. É perigoso! — Inclinei levemente a cabeça para o lado, indicando para que ele observasse as pessoas ao redor. Ele entendeu o recado, mas seu olhar se fixou no pequeno animal nos braços de uma moça próxima.— Não sabia que os humanos criam elos com animais. Isso é... um cachorro?— Como você sabe? — Ele não respondeu, apenas observava, intrigado, o filhote de poodle lambendo o pescoço da garota e fazendo-a rir.— O sinal está vermelho. Vam
POR LORENAA semana passou voando, e eu me sentia orgulhosa de como meu marido aprendia tudo rapidamente. Entre o trabalho e as atividades divertidas que encontramos para fazer em família, consegui um tempo para responder a Bia e marcar com ela o encontro prometido. Eu pretendia levar Zuldrax ao zoológico, e minha amiga parecia ter aderido bem à ideia.— Você realmente não vem? — perguntei a Lincy pela terceira vez, torcendo para que ela mudasse de ideia.— Dessa vez não. Fiquei de ajudar com algumas coisas lá em casa — respondeu, preparando-se para invocar o portal. — Divirtam-se!— Neste caso, até amanhã. Iremos sem falta.— Vamos aguardar ansiosos. Minha família está bastante curiosa para conhecer o Zuldrax.— Imagino que sim. — Ela assentiu, sorrindo, e assim que se foi, voltei-me para Zuldrax, que estava lidando com o barbeador elétrico. Meu pai estava ao lado dele, dando instruções.— Parece que o dia vai ser ensolarado — comentou minha mãe, sentando-se no sofá ao meu lado.— Ai
POR LORENAAs conversas não pararam um segundo durante o trajeto, mas eu não conseguia responder a tudo com a atenção presa ao percurso. Eu já tinha estudado o mapa antes, mas ainda tive algumas dúvidas sobre onde entrar. Respirei aliviada ao conseguir estacionar o carro. Assim que saí, peguei na mão de Zuldrax e caminhamos até a bilheteria. Já eram cerca de 11h20 quando entramos no zoológico.— Para que lado vamos primeiro? — perguntei, abrindo o mapa que peguei na bilheteria. Zuldrax olhou o mapa e apontou para uma imagem específica.— Isso é um leão?— É sim! Você conhece? — perguntei, intrigada. Não havia leões em Halasin.— Não pessoalmente — respondeu, de forma sucinta. — Quero vê-lo!— Fechado! — disse Jeff, tomando a dianteira. — Vamos pela direita. Melhor começarmos logo ou não vai dar tempo de ver tudo.Senti-me grata por ele assumir o papel de guia, mas parecia que Jeff resolveu começar pelos animais grandes. A primeira pergunta intrigante de Zuldrax veio instantes depois,
POR LINCYAcordei cedo para ajudar minha mãe a temperar a carne e cortar os legumes para o almoço. No dia anterior, havíamos feito pudim para a sobremesa, com o objetivo de oferecer nossa melhor hospitalidade à família de Lorena. Eles são muito queridos e bem falados nesta casa, e a curiosidade só aumentou ao saberem do visitante de outro mundo. Pergunto-me se toda essa preocupação com a preparação da refeição se intensificaria se eu lhes dissesse que Zuldrax é um rei.— Filha, acho que os legumes já cozinharam — comentou minha mãe. Peguei a panela e deixei a água escorrer. Era para a maionese de legumes.— Chegaram! — avisou meu irmão, correndo até nós. — Vou abrir a porta para eles.Eu e minha mãe deixamos imediatamente o que estávamos fazendo para recepcionar nossas visitas. Meu pai já estava cumprimentando Jonas quando Zuldrax entrou timidamente atrás dele, com uma expressão abatida. Ele respondeu a todos os cumprimentos com muita cortesia, mas, ao contrário da curiosidade habitua
POR LINCYLogo que meu irmão saiu para a escola e meu pai para o trabalho, abri o portal de volta para São Paulo. Nessa hora, Bruna e Jonas já deveriam ter saído para o trabalho, enquanto Lorena e Zuldrax provavelmente estariam tomando café. Ao passar para o outro lado, ouvi murmúrios vindos do quarto deles. Como a porta estava entreaberta, decidi dar uma olhada.— Está tudo bem aí? — perguntei. Zuldrax estava deitado, trêmulo, embaixo do cobertor, enquanto Lenissya segurava um copo de água e um comprimido, tentando convencê-lo a tomá-lo.— Zuldrax está com febre e não quer tomar o remédio.— Ela já me deu esse remédio antes. O gosto é terrível! — Zuldrax tentou se explicar.— Eu já disse que é só engolir inteiro com a água que você não sente o gosto.— Eu não quero isso.Fiquei com pena ao vê-lo encolhido. Tinha me esquecido de que, por ser de outro mundo, ele não tinha anticorpos para as doenças daqui.— Vai mesmo fazer birra na frente da Lincy? O poderoso e imponente ‘Zuldrax, o te
POR LINCYA empresa que me contratou contava com outros oito funcionários e ocupava duas modestas salas comerciais no terceiro andar. Chequei meu relógio enquanto me sentava em meu lugar. Em mais alguns minutos, eu teria chegado atrasada. Havia algumas pastas sobre a mesa, com uma nota colada por cima. “Cheque os autos e me mande um relatório resumido ao fim do dia.”Isso era a cara do meu chefe. Desde que comecei a pontuar questões relacionadas aos processos que recebia, ele me colocara na função de checar tudo. Abri a primeira pasta e prendi todas as folhas em uma prancheta. As divisórias entre os funcionários eram feitas de paredes falsas baixas, o que, suponho, serve para dificultar conversas paralelas que possam afetar o rendimento do trabalho. Isso era bom, pois eu podia usar minha aura inteligente para folhear os documentos, grata por ser uma maga.Com um panorama geral do cenário, coloquei a prancheta sobre a mesa e comecei a folhear manualmente as páginas nos principais pont
POR LORENAA manhã de quarta-feira começou chuvosa. Zuldrax olhava com curiosidade pela janela da sala, acompanhando a força das águas da chuva escorrendo pelas ruas. Algum lugar provavelmente acabaria alagado, mas esse não era um detalhe que ele precisava saber.O pior momento fora de madrugada, quando ele acordou com o som dos trovões e pegou a espada no armário, pronto para enfrentar o invasor. Tive que explicar que o barulho vinha da tempestade, e ele passou um bom tempo acordado, observando os raios iluminarem o céu noturno através do vidro da janela.— Assim que a chuva der uma trégua, saímos para o trabalho — avisei a ele.— Espero que o próximo fim de semana esteja ensolarado. Queria sair com vocês no sábado à tarde — disse Lincy, apertando o travesseiro contra o peito. Ela parecia querer dizer algo mais. — Poderíamos ir ao cinema.— É uma ótima ideia. Zuldrax vai adorar — respondi, imaginando como seria a experiência de ver um filme em uma tela grande, com um sistema de som p