POR LORENALincy assentiu e voltou para o quarto. Fiquei tensa, sentindo os olhares ansiosos dos pais dela sobre mim. Felizmente, ela não demorou a retornar, trazendo consigo uma pequena mala.— Por favor, não contem para ninguém sobre isso, muito menos para o Caio. Amo vocês! — disse ela aos pais, despedindo-se com um abraço. Assenti em uma despedida silenciosa e invoquei um portal.O outro lado estava completamente escuro, mas consegui ver a luz fraca da varanda acesa. Meus pais estavam deitados juntos na rede, admirando a imensidão do céu estrelado. Usei um luminus para iluminar o caminho à nossa frente, alertando-os de nossa chegada. Lincy tentava enxugar as lágrimas para disfarçar a tristeza, sem sucesso.— Ei! — falou minha mãe, empolgada ao ver que Lincy estava comigo. Assim que entramos na varanda, ela franziu a testa, preocupada, e saiu da rede.— A Lincy pode passar um tempo conosco? — perguntei, apenas por protocolo, sabendo que eles não negariam.— É claro! Venha aqui, que
POR LORENAAtravessei o portal às 8h, conforme combinado na mensagem, direto para o jardim da casa dos pais de Lincy. Bati duas vezes na porta da frente e fui recebida por Hugo.— Ei, bom dia! — cumprimentei.— Bom dia! — respondeu ele timidamente, me convidando a entrar. Seus pais estavam logo atrás, com uma ansiedade visível.— E a nossa filha? — perguntou Guido.— Ela demorou para dormir, e agora que finalmente conseguiu, preferi não acordá-la. Como estão as coisas?— Um pouco tensas — admitiu Catarina. — Ontem o Caio veio atrás da Lincy, e dissemos que ela havia saído, que iria viajar com você para São...— Ele admitiu — interrompeu Guido, visivelmente irritado. — Confessou ter tido um momento de fraqueza com Elisa. Disse que foi um erro, que nunca quis magoar a Lincy e que a ama. Implorou para que o ajudássemos.— Traição não tem perdão. — Catarina cruzou os braços, lançando um olhar furioso para o marido. — Eu também não perdoaria.— Homens têm certas necessidades, querida. Caio
POR LINCYOs primeiros dias longe de casa foram os mais difíceis. A família de Lorena foi extremamente gentil ao me acolher e me oferecer um quarto privativo onde eu pudesse ficar. Uma das primeiras coisas que fiz foi fixar o pedido de ajuda que enviei a Ragrim em um canto do meu novo espaço. Lorena ainda dependia de mim, e agora, eu dela.Bloqueei Caio de todas as formas possíveis, troquei meu número de celular e desativei minhas redes sociais. Por um tempo, queria me afastar da vida que tinha e de tudo o que pudesse me lembrar dele.Durante a manhã, Lorena e eu íamos até o sítio para treinar. À tarde, trabalhávamos: ela na loja dos pais, e eu em um escritório de advocacia, em um emprego de meio período que consegui graças às recomendações dos pais dela para um amigo.Demorou pouco mais de um mês para que minhas lágrimas cessassem completamente. Depois, tive que lidar com o vazio e, apenas no terceiro mês, consegui reativar minhas redes sociais e me reconectar com amigas, tanto antig
POR LINCY— Que final mais triste. Péssimo filme! — reclamou Beatriz enquanto saíamos do cinema. Eu e Lorena nos entreolhamos, segurando o riso. Foi ela quem escolheu o filme, mesmo sabendo que era um drama. Era de se esperar um final assim, onde o casal não fica junto.— E o que gostaria de fazer agora? — perguntei. — Hoje é seu dia, então você decide.— Boliche! — respondeu ela, enxugando as lágrimas. Em questão de segundos, ela já havia esquecido o filme e mudado de assunto. Já na pista de boliche, entre uma jogada e outra, tive que lançar um olhar repreensivo para Lorena.— Strike? Que sortuda! — exclamou Beatriz.— Ah, qual é? Eu estava perdendo feio. Ao menos um! — Lorena claramente tentava se justificar para mim por ter usado magia na última jogada.Deixei passar e lancei a bola. No fim das contas, foi Beatriz quem ganhou, e Lorena, mesmo com a trapaça, ainda ficou em último. Saímos rindo horrores e fomos comer uma pizza.— Nossa, meu dia teria sido tão deprimente se não fosse
POR LORENAAssim que Lincy me mostrou o portal que se formava e me deu instruções, coloquei-me de pé e corri até onde todos estavam.— Uma distração... — sussurrei para mim mesma. Ainda pensando no que fazer, levantei a voz, atraindo todos os olhares para mim.— ATENÇÃO, PESSOAL! — E agora, Lorena? O que eu faço? Respirei fundo, sentindo-me iluminada ao ver os rostos atentos de Bia e Jeff, e me lembrei do incidente no Ano Novo. Dessa vez, tinha que dar certo! — Hoje é um dia muito especial, então vou cantar uma música. Bia gosta de sertanejo, certo? Essa é para você!Comecei a cantar a primeira música sertaneja que veio à minha cabeça, concentrando-me na letra para não errar. Respirei com calma nas pausas para manter a afinação, sem conseguir tirar os olhos do portal, que ainda estava visível. Lincy provavelmente estava tentando camuflá-lo, mas eu conseguia vê-lo completamente, o que me deixou ainda mais nervosa. Uma aura de um azul-escuro começou a despontar. Assim que os pés da figu
POR LORENAAssim que chegamos à rua, procurei nas roupas a chave do carro.— No bolso da frente — Lin veio ao meu socorro. — Vai conseguir dirigir assim?— Com certeza, não. Por favor! — Peguei a chave e a atirei para ela. Ela destravou o carro, e eu abri a porta de trás, mas Zuldrax parecia hesitante em entrar comigo.— Uma jaula? Não entendo!— Isso é veículo como a V4, só que com capacidade para transportar mais pessoas. — expliquei, puxando-o para dentro comigo. Tirando a bainha, deixou a espada apoiada por entre as pernas.— Quero só ver a reação dos seus pais quando você chegar com ele — comentou Lin, enquanto ajustava o espelho. Eu ainda tentava ajudar Zuldrax a colocar o cinto. O pior era ter que explicar para que servia cada coisa.— Muito bem! Só preciso lembrar das aulas de direção que fiz. Estou meio sem prática.— Só vai! — pedi, segurando a mão de Zuldrax com força. — Amor, como conseguiu chegar até aqui?— Seu irmão. É uma longa história. — Ele olhava fixamente para mim
POR LINCY"Românticos" era uma palavra amena para descrever a troca de olhares e toques entre os dois. Havia tanto amor envolvido que me senti privilegiada por testemunhar esse reencontro tão lindo de camarote. A felicidade estava estampada no rosto de ambos, desde o primeiro contato até agora, enquanto adentrávamos o apartamento dos pais de Lorena.— Chegaram cedo. — A voz de Bruna soou ao nos ver entrando, e seus olhos se arregalaram de um jeito engraçado ao ver a filha de braços dados com um homem.Fui para o meu quarto, tirei as sapatilhas e voltei rapidamente até a sala para assistir ao momento:— JONAS! — Bruna chamou pela quarta vez, um pouco mais alto. Logo depois, ele apareceu sonolento, de pijama. A forma como ele arregalou os olhos ao ver Zuldrax foi semelhante à de Bruna; era óbvio que os trajes e a espada na cintura o denunciavam.— Pais — disse Lorena, toda risonha e boba, com as bochechas rosadas enquanto contava a novidade, envergonhada. — Zuldrax me encontrou.— Uau!
POR LENISSYAA vantagem de ser filha de um lojista é poder fazer compras a qualquer hora. Já a de ser uma maga? Tornar tudo isso muito mais prático. Abri um portal direto para dentro da loja, pronta para pegar o que precisava: itens de higiene pessoal, roupas novas...— Acho que esta serve. — Zuldrax examinava as roupas nos cabides, procurando peças específicas. Nesse meio tempo, já havia separado umas quatro camisas do Flamengo.— Essas não! — resmunguei. Não queria que pensassem que ele era torcedor e começassem a bombardeá-lo com perguntas sobre futebol.— Mas são vermelhas e pretas.— E representam algo que você não faz ideia do que é. Ao menos por aqui, esqueça a cultura de Halasin e tente se misturar. Não chame atenção das pessoas com perguntas que você não saberá responder.— Fingir ser humano vai ser mais difícil do que eu imaginava — ouvi-o murmurar para si mesmo.— Tudo certo aí? — Meu pai estava sentado em cima de uma cama de casal, com um bloco de notas na mão. Ele ia anot