POR LINCYOs primeiros dias longe de casa foram os mais difíceis. A família de Lorena foi extremamente gentil ao me acolher e me oferecer um quarto privativo onde eu pudesse ficar. Uma das primeiras coisas que fiz foi fixar o pedido de ajuda que enviei a Ragrim em um canto do meu novo espaço. Lorena ainda dependia de mim, e agora, eu dela.Bloqueei Caio de todas as formas possíveis, troquei meu número de celular e desativei minhas redes sociais. Por um tempo, queria me afastar da vida que tinha e de tudo o que pudesse me lembrar dele.Durante a manhã, Lorena e eu íamos até o sítio para treinar. À tarde, trabalhávamos: ela na loja dos pais, e eu em um escritório de advocacia, em um emprego de meio período que consegui graças às recomendações dos pais dela para um amigo.Demorou pouco mais de um mês para que minhas lágrimas cessassem completamente. Depois, tive que lidar com o vazio e, apenas no terceiro mês, consegui reativar minhas redes sociais e me reconectar com amigas, tanto antig
POR LINCY— Que final mais triste. Péssimo filme! — reclamou Beatriz enquanto saíamos do cinema. Eu e Lorena nos entreolhamos, segurando o riso. Foi ela quem escolheu o filme, mesmo sabendo que era um drama. Era de se esperar um final assim, onde o casal não fica junto.— E o que gostaria de fazer agora? — perguntei. — Hoje é seu dia, então você decide.— Boliche! — respondeu ela, enxugando as lágrimas. Em questão de segundos, ela já havia esquecido o filme e mudado de assunto. Já na pista de boliche, entre uma jogada e outra, tive que lançar um olhar repreensivo para Lorena.— Strike? Que sortuda! — exclamou Beatriz.— Ah, qual é? Eu estava perdendo feio. Ao menos um! — Lorena claramente tentava se justificar para mim por ter usado magia na última jogada.Deixei passar e lancei a bola. No fim das contas, foi Beatriz quem ganhou, e Lorena, mesmo com a trapaça, ainda ficou em último. Saímos rindo horrores e fomos comer uma pizza.— Nossa, meu dia teria sido tão deprimente se não fosse
POR LORENAAssim que Lincy me mostrou o portal que se formava e me deu instruções, coloquei-me de pé e corri até onde todos estavam.— Uma distração... — sussurrei para mim mesma. Ainda pensando no que fazer, levantei a voz, atraindo todos os olhares para mim.— ATENÇÃO, PESSOAL! — E agora, Lorena? O que eu faço? Respirei fundo, sentindo-me iluminada ao ver os rostos atentos de Bia e Jeff, e me lembrei do incidente no Ano Novo. Dessa vez, tinha que dar certo! — Hoje é um dia muito especial, então vou cantar uma música. Bia gosta de sertanejo, certo? Essa é para você!Comecei a cantar a primeira música sertaneja que veio à minha cabeça, concentrando-me na letra para não errar. Respirei com calma nas pausas para manter a afinação, sem conseguir tirar os olhos do portal, que ainda estava visível. Lincy provavelmente estava tentando camuflá-lo, mas eu conseguia vê-lo completamente, o que me deixou ainda mais nervosa. Uma aura de um azul-escuro começou a despontar. Assim que os pés da figu
POR LORENAAssim que chegamos à rua, procurei nas roupas a chave do carro.— No bolso da frente — Lin veio ao meu socorro. — Vai conseguir dirigir assim?— Com certeza, não. Por favor! — Peguei a chave e a atirei para ela. Ela destravou o carro, e eu abri a porta de trás, mas Zuldrax parecia hesitante em entrar comigo.— Uma jaula? Não entendo!— Isso é veículo como a V4, só que com capacidade para transportar mais pessoas. — expliquei, puxando-o para dentro comigo. Tirando a bainha, deixou a espada apoiada por entre as pernas.— Quero só ver a reação dos seus pais quando você chegar com ele — comentou Lin, enquanto ajustava o espelho. Eu ainda tentava ajudar Zuldrax a colocar o cinto. O pior era ter que explicar para que servia cada coisa.— Muito bem! Só preciso lembrar das aulas de direção que fiz. Estou meio sem prática.— Só vai! — pedi, segurando a mão de Zuldrax com força. — Amor, como conseguiu chegar até aqui?— Seu irmão. É uma longa história. — Ele olhava fixamente para mim
POR LINCY"Românticos" era uma palavra amena para descrever a troca de olhares e toques entre os dois. Havia tanto amor envolvido que me senti privilegiada por testemunhar esse reencontro tão lindo de camarote. A felicidade estava estampada no rosto de ambos, desde o primeiro contato até agora, enquanto adentrávamos o apartamento dos pais de Lorena.— Chegaram cedo. — A voz de Bruna soou ao nos ver entrando, e seus olhos se arregalaram de um jeito engraçado ao ver a filha de braços dados com um homem.Fui para o meu quarto, tirei as sapatilhas e voltei rapidamente até a sala para assistir ao momento:— JONAS! — Bruna chamou pela quarta vez, um pouco mais alto. Logo depois, ele apareceu sonolento, de pijama. A forma como ele arregalou os olhos ao ver Zuldrax foi semelhante à de Bruna; era óbvio que os trajes e a espada na cintura o denunciavam.— Pais — disse Lorena, toda risonha e boba, com as bochechas rosadas enquanto contava a novidade, envergonhada. — Zuldrax me encontrou.— Uau!
POR LENISSYAA vantagem de ser filha de um lojista é poder fazer compras a qualquer hora. Já a de ser uma maga? Tornar tudo isso muito mais prático. Abri um portal direto para dentro da loja, pronta para pegar o que precisava: itens de higiene pessoal, roupas novas...— Acho que esta serve. — Zuldrax examinava as roupas nos cabides, procurando peças específicas. Nesse meio tempo, já havia separado umas quatro camisas do Flamengo.— Essas não! — resmunguei. Não queria que pensassem que ele era torcedor e começassem a bombardeá-lo com perguntas sobre futebol.— Mas são vermelhas e pretas.— E representam algo que você não faz ideia do que é. Ao menos por aqui, esqueça a cultura de Halasin e tente se misturar. Não chame atenção das pessoas com perguntas que você não saberá responder.— Fingir ser humano vai ser mais difícil do que eu imaginava — ouvi-o murmurar para si mesmo.— Tudo certo aí? — Meu pai estava sentado em cima de uma cama de casal, com um bloco de notas na mão. Ele ia anot
POR LENISSYA— Dia complicado? — perguntou Lincy assim que nos viu entrando na cozinha, depois da guerra no banheiro. Ela estava respondendo a algumas mensagens no celular com uma mão e segurando uma xícara de café com a outra.— Nem me fale... — respondi.— A casa dos seus pais é tão alta! — Zuldrax estava perto da janela, analisando o aglomerado de prédios visto do nono andar. — Olha o tamanho dessas construções. Que surreal!— Se você acha isso alto, precisa andar de avião — brincou Lincy, abrindo um vídeo no celular e mostrando-o para ele.— Isso é uma dióxy? — perguntou ele, analisando o aparelho na mão dela. Ele ainda não conhecia essa tecnologia, já que o meu havia ficado em Seradon e nunca pedi de volta para Henry. — É mágico!— Com certeza é mágico! Nem imagina a quantidade de coisas que dá para fazer com isso. Dá para mandar mensagens para pessoas, falar com elas a longas distâncias, gravar imagens e vídeos, pesquisar coisas...— Lincy, vai com calma. É muita coisa para ele
POR LORENAVer Zuldrax com roupas comuns me fez querer tirar algumas fotos com ele. Ele parecia apenas um cara comum no meio dessa sociedade agitada. Tirando a reclamação sobre o desconforto de usar jeans, parecia se adaptar bem ao resto do look, desde os tênis esportivos até a camisa vermelha.— Pare! — pedi, apertando sua mão. — Está vendo aquelas luzes lá em cima? Verde é para os carros passarem, e vermelho é para os pedestres.— E por que temos que esperar? Não podemos simplesmente saltar por cima dos carros para o outro lado?— Não, não podemos. É perigoso! — Inclinei levemente a cabeça para o lado, indicando para que ele observasse as pessoas ao redor. Ele entendeu o recado, mas seu olhar se fixou no pequeno animal nos braços de uma moça próxima.— Não sabia que os humanos criam elos com animais. Isso é... um cachorro?— Como você sabe? — Ele não respondeu, apenas observava, intrigado, o filhote de poodle lambendo o pescoço da garota e fazendo-a rir.— O sinal está vermelho. Vam