Por Zuldrax
Não havia mais nada escrito. A frase era enigmática e pouco detalhada. Embora parecesse importante, eu não conseguia compreender seu significado por completo.
— Rukmedes? — perguntei.
— Há relatos sobre ele nos livros místicos que li. Rukmedes era um desertor, um híbrido, filho de um homem halisiano e de uma zafisiana. Seu melhor amigo era um salisiano, mas logo surgiram preconceitos quando os povos começaram a se fundir. Esse amigo acabou rejeitando-o, e ideias começaram a se espalhar de que cada um deveria buscar parceiros apenas dentro de seu próprio povo, evitando misturar-se com outras raças. Acreditavam que os filhos nasceriam fracos e impuros.
— Impressionante você saber tudo isso — deixei escapar. Não era só o pouco tempo que ela tinha passado neste mundo aprendendo nossa história, mas também a segurança que sua voz transmitia.
— Vamos dizer que andei lendo bastante, tentando entender as origens de
Por LenissyaZuldrax ainda dormia quando acordei. Talvez fosse o momento perfeito para fugir, mas eu não conseguiria fazer isso. Por mais que fosse uma estupidez, não conseguia evitar desejar a presença dele.O mais importante era que eu estava ali para investigar o passado e descobrir os detalhes vagos da história. Todas as anotações que fiz seriam úteis mais tarde como lembretes, caso eu esquecesse algo essencial que, em algum momento, considerei sem importância.A passagem para a verdadeira sala da reunião estava bem à minha frente, mas se eu seguisse por ali sem Zuldrax, ele poderia acordar a qualquer momento e vir atrás de mim com fúria. Eu não tinha coragem de fazer nada contra ele enquanto dormia para garantir minha segurança, não sei se por covardia ou por ética.Ele vivia me machucando e agindo de forma bruta, e nesses momentos eu só conseguia sentir raiva e tristeza. Mas, em
LenissyaApós vários minutos, Zuldrax começou a diminuir o ritmo de suas braçadas. Pedras surgiam pelo caminho, dificultando o nado. No entanto, isso não importava tanto, pois já era possível ver o caminho de terra à nossa frente. Num hábil movimento, Zuldrax subiu em uma pedra e me segurou novamente enquanto saltava por entre algumas rochas.Com a terra firme a poucos metros de distância, ele deu um último salto, pousou no chão com agilidade e me soltou. A água escorria rapidamente de nossas roupas, e logo estaríamos secos. Ele se afastou de mim, e eu cessei o luminus por alguns instantes enquanto esperava minha tontura passar. Tentei puxar assunto para quebrar o silêncio:— Pelo menos estamos limpinhos.Ele não me respondeu, sequer olhou para mim. Quando voltei a usar o luminus e tentei me aproximar, ele continuou caminhando para frente, mantendo sempre a mesma distância entre nós. Não insisti. Apenas dis
Por ZuldraxSegurei Lenissya por trás, travando minhas mãos firmemente em sua cintura. A mochila que ela carregava impedia um abraço completo, mas eu queria ter certeza de que ela não tentaria fugir sem mim. Apesar de se mostrar confiável, nunca se sabia ao certo o que um halisiano poderia fazer.— Teletransporte!Senti como se uma carga elétrica percorresse meu corpo, apenas para se dissipar em seguida no nada. Lenissya desabou para trás, e eu a segurei, encostando-a cuidadosamente na raiz de uma árvore. Já era esperado que isso acontecesse. Ela não tinha prática com feitiços de nível 4, e tentar acertar de primeira provavelmente a fez desperdiçar muita energia.Olhei ao redor, tentando identificar onde estávamos. Mesmo sem ter piscado, não percebi o momento exato da transição entre o ponto inicial e o destino. A sensação de vertigem foi intensa, e precisei me apoiar na árvore por um
Por ZuldraxLenissya estava extremamente atenta à minha explicação, como se esperasse por algo mais. Eu queria muito saber o que se passava em sua mente.— Posso saber o que está pensando? — perguntei, finalmente.— Só estava fazendo uma comparação boba, para entender melhor — respondeu ela, com um toque de timidez.— Então me diga — incentivei-a.— Comecei a comparar a dióxy-mestre a um organismo vivo. Os seres vivos que circulam neste mundo seriam como bactérias dentro desse organismo, e os ramos de energia funcionariam como seu sistema circulatório, com os anticorpos representando suas defesas naturais. Nossa aura, nesse caso, seria como uma cápsula protetora contra esses anticorpos. Isso também explica por que uma pessoa é desintegrada quando morre: assim que essa cápsula começa a se desfazer, o sistema de defesa reconhece o corpo como uma ameaça e o elimina. O mesmo deve acontecer com as auras corrompidas de que
Por Lenissya“Isso não é um adeus?” Foi o que ele disse, mas sem piedade? Por que ele insiste nisso? Por que não admite que também sente algo por mim? Eu sentia isso emanando da aura dele. Quanto a ter desperdiçado minha energia, ele estava certo. Mesmo depois desse longo diálogo, eu continuava extremamente cansada.Forcei-me a levantar, mas estava fraca demais para continuar levitando. Dei alguns passos à frente, mas logo caí, dominada pela tontura. Talvez fosse melhor ficar no chão e descansar um pouco. Apesar do meu estado, tudo o que aconteceu valeu a pena. Consegui obter mais informações, aprendi um feitiço incrível—um dos mais interessantes que já li—e já estava ansiosa para usá-lo de novo. Além disso, consegui me entender com Zuldrax, ao menos um pouquinho.Ao fechar os olhos, as lembranças dos últimos acontecimentos vieram à tona, insistentes. Muitos detalhes ocultos rondavam minha mente, ávida por respostas. Como alguém se
Por LenissyaMinha mente estava confusa, cheia de hipóteses. Se fosse isso, no momento em que esse selo foi desfeito, eu fiquei vulnerável a alguma força desconhecida. Essa força continuaria a me perseguir e a tentar me envolver. Então era contra essa força que eu lutava? Caí no chão, desesperada, sem saber o que fazer. O unigus se deitou ao meu lado, envolvendo-me com seu corpo. Mais uma vez, ouvi sua mensagem através de sua aura:— Destrua essa força e liberte a todos.— Eu não sei como — respondi enquanto o abraçava. Eu estava com medo, mas não podia ficar me lamentando. Tinha que ser rápida antes que perdesse a luta contra essa força e me corrompesse também. — Mas vou descobrir! Preciso ir! Obrigada, amiguinho, e adeus!Levantei-me e comecei a levitar de volta para Henir. Eu tinha passado muito tempo dormindo, porque, quando fechei meus olhos, o sol iluminava intensamente o ambiente. Agora já era noite, e novamente tive
Por LenissyaHoras se passaram, e eu constantemente acompanhava a situação tocando no chifre do unigus, enquanto ele corria sem parar. Alister estava se aproximando de Zuldrax e parecia que conseguiria interceptá-lo antes de chegarem ao primeiro vilarejo.— Ainda estamos muito longe? — perguntei, inquieta.“Sim, mas não posso correr mais rápido do que isso,” respondeu o unigus.— Sinto tanto medo. Por que eles fazem isso? — O aperto no meu coração só aumentava ao imaginar o que estava por vir e as perdas que esse confronto traria.— Há séculos, a energia está corrompida, e nós, seres desta terra, repudiamos isso, evitando a todo custo o contato com a sua espécie. Não era assim quando vocês chegaram.— Quando chegamos? — perguntei, intrigada.— Sim! Povos refugiados, trazidos por um feitiço do seu povo. Quantos mundos os halisianos atravessaram até chegar aqui? No m
LenissyaOs zafisianos se aproximavam rapidamente da tropa halisiana. A linha de defesa, junto com Alister, começou a conjurar um novo feitiço em conjunto. Os ataques cessaram, e um imenso círculo de energia se expandiu, cobrindo uma vasta área e forçando os zafisianos a recuar. Era como um campo de força em constante expansão, obrigando-os a desfazer seu avanço.Zuldrax, no entanto, não recuou. Com a espada escarlate, ele fez um corte no círculo de energia e o atravessou. Outros quatro membros da mesma linha de ataque aérea o acompanharam. Era uma loucura eles entrarem sozinhos naquela zona, mas isso não os deteve. Uma parte dos halisianos se concentrou em manter o escudo de energia, enquanto outra parte retornou a posições defensivas, criando escudos em torno dos mais vulneráveis. Além disso, outra parte dos halisianos começou a invocar selos de energia de aprisionamento, que, ao serem pisados, imobilizavam quem os tocasse.Em me