Por Lenissya
Sem muito para fazer, retornei ao palácio e fui ao salão principal, que estava sempre movimentado. Ignorando o número de pessoas ali presentes, segui em direção ao trono real e me sentei ao lado de Alister.
— É bom ter sua companhia. Cansou-se de treinar por hoje? — disse Alister, animado.
— Sim — respondi, sem muito entusiasmo.
— Quer conversar sobre algo?
— Não. Posso só ficar aqui, olhando?
— Se você se sente bem com isso, claro.
Fiquei observando-o enquanto ele atendia o público. Sua atitude protetora e gentil para comigo me fazia sentir segura ao seu lado, e, sem perceber, acabei me apegando a ele, ao menos um pouco. Nunca tive um irmão mais velho, e a ideia de ter um agora não me parecia tão ruim.
Algumas vezes perguntei aos meus pais por que não me deram um irmãozinho, e eles sempre respondiam a mesma coisa: “Criar uma criança dá muito trabalho e tem um alto custo.” E sempre co
Por Lenissya— Precisamos repetir aquilo mais vezes — disse Alister durante a refeição matinal no dia seguinte.— Concordo plenamente, irmão!O clima à mesa ainda era de empolgação. As pessoas não paravam de comentar o quanto tinham se divertido na noite anterior.— Precisa nos ensinar algumas músicas — disse Nindik.— E você precisa me ensinar a dançar daquele jeito!— Combinado então!Sorrimos uma para a outra. Antes de terminarmos, Alister quebrou o clima ao relembrar a todos:— Vamos primeiro nos concentrar no ataque que faremos no final do mês. Deixaremos as comemorações para depois — disse Alister. Ele não esqueceria a invasão e fez questão de nos lembrar do que realmente importava para ele.Fiquei séria e me retirei da mesa. Hiratamino, que já havia terminado, me seguiu, sabendo exatamente o que eu queria. Fomos até a biblioteca, embora o objetivo não f
Por LenissyaA energia precisava ganhar forma física para alcançar a superfície de impacto. Se usássemos sapatos, seria impossível expandir essa energia no ar entre os pés e a superfície de contato. A energia não passaria da sola do sapato e, consequentemente, não sairíamos do chão. Isso também se aplicava a qualquer magia em que quiséssemos materializar a energia através dos pés.A partir desse treino, os dias pareciam passar mais rápido. Por mais que eu tentasse levitar, não conseguia liberar a energia em meus pés de forma proporcional. A impulsão de um lado sempre acabava sendo maior que a do outro, e, muitas vezes, no susto, eu também liberava energia nas mãos ou em outras partes do corpo que não devia, fazendo com que meu corpo fosse lançado de lado.Era muito mais difícil do que eu imaginava, embora fosse apenas um feitiço de nível dois. Eu já estava toda arranhada de tanto tentar, e, apesar de meu desastrado desempenho, Hira
Por LenissyaO silêncio dominou o ambiente enquanto eu lutava para conter o choro, que escapava em soluços abafados. Alguns minutos depois, resolvi olhar novamente. Não havia mais nenhum sinal de seu corpo, apenas fragmentos azuis de energia dispersos no ar.— Demorará mais alguns minutos até que não reste nenhum rastro dessa energia. Acho melhor voltarmos ao palácio, irmã — explicou Alister. Ver com meus próprios olhos como a estranha energia deste mundo sepultava um corpo tornava tudo ainda mais triste. Há pouco tempo, ele estava aqui, me instruindo e incentivando. Agora, não restava mais nada de seu corpo, nem mesmo cinzas.— Voltar? Não deveríamos ficar ao lado dele até o final?— Seu espírito já se foi, Lenissya. Ficar aqui só irá te trazer mais angústia.Alister pegou minha mão, e caminhamos de volta ao palácio em um ritmo lento e pesado. Ao entrar, ele seguiu direto para o salão, onde daria a lamentável notícia
Por LenissyaDurante a noite seria o momento ideal para a fuga. O horário de descanso era muito valorizado, e a vigilância diminuía consideravelmente. O problema era que, mesmo durante a noite, a claridade do ambiente não favorecia uma boa camuflagem. Havia muitos aspectos a considerar.— Vejo que já estás bem melhor. Fico feliz em te ver mais disposta — disse-me Alister no dia seguinte, durante a refeição matinal. Eu precisava agir o mais naturalmente possível para que ninguém desconfiasse que eu estava tramando algo.— Acho que tens razão. É o ciclo da vida — disse com suavidade. Ele arregalou os olhos, surpreso com minha aceitação. Continuei comendo em silêncio, assim como a maioria dos presentes, algo raro de se ver. Todos sentiam a perda e pareciam querer respeitar o luto. Quando terminei e comecei a afastar a cadeira, ele perguntou:— O que vais fazer?— Continuar a estudar. Não é porque meu professor não está mais aqui que tenho que parar.— Queres que eu te acompanhe? — oferece
Por LenissyaAparentemente, não havia guardas em serviço dentro do palácio naquela hora, então caminhei um pouco mais relaxada, embora atenta a qualquer movimento ou som. Segui pelo corredor principal, mas logo precisei entrar em um caminho “desconhecido”.Eu ainda tinha a descrição do caminho em mente, então estava segura de que não iria me perder. Passei para uma área mais interna, sem janelas. As paredes brancas ajudavam a deixar o ambiente mais claro. Aos poucos, o ambiente foi ficando mais escuro, mas não o suficiente para que eu precisasse acionar um feitiço como o luminus para iluminar o caminho. Fui seguindo em linha reta e logo estava em frente à porta.Assim como em diversas portas do palácio, a tranca era de um tipo especial. Apenas a energia halisiana era capaz de destrancá-la, por isso, não havia necessidade de vigiar a porta. Ninguém jamais imaginaria que um halisiano invadiria o local, então foi muito fácil entrar.Aproximei-me da porta, coloquei minha mão direita sobre
Por LenissyaUma leve rajada de vento soprou em nossa direção, fazendo com que os galhos se chocassem uns contra os outros e balançassem minha capa. Tentei fazer ondulações na minha energia para simular os movimentos.— Acho que foi só o vento. — Ele passou a mão na cabeça enquanto falava e, finalmente, se afastou. Aproveitei o momento para recuperar o fôlego. Que susto eu tinha levado. Parece que a sorte realmente estava ao meu lado.Quando ele sumiu da minha vista, decidi levitar para ganhar velocidade. Minha grande surpresa foi que, dessa vez, consegui fazer isso de forma eficiente, sem cair. Eu tinha aprendido a levitar bem a tempo, graças ao meu mestre. Pronunciei palavras ao vento, na esperança de que, de algum lugar, ele pudesse me ouvir.— Obrigada, Hiratamino!Depois de levitar por muitas horas seguidas, algo pior do que o encontro com o guarda me pegou desprevenida: o cansaço e o sono. Era desgastante demais ficar tanto tempo daquele jeito. Toquei os pés no chão e continuei
Por LenissyaEu estava de pé sobre uma raiz tão grande quanto um caminhão. Depois de dois dias quase sem descanso, finalmente tinha chegado à entrada da Floresta Ancestral! Diante de mim, uma imensidão de árvores com troncos grossos, folhagem espessa e raízes expostas tão enormes que poderiam abrigar casas. A altura dessas árvores era comparável aos grandes prédios da cidade onde eu morava. Ninguém mais habitava ali, pois era onde se encontravam as ruínas de Julitar.Na literatura, é uma coisa, mas ver pessoalmente era inacreditável e absolutamente fascinante. O tamanho das árvores superava todas as expectativas que eu tinha. O sol brilhava intensamente, buscando pequenas brechas para penetrar entre as densas folhas das árvores. Apesar da sombra predominante, alguns raios de luz conseguiam alcançar-me, dando-me o ânimo necessário para avançar ainda mais pela floresta. Após caminhar alguns metros, precisei parar novamente. Era frustrante admitir, mas eu estava perdida. Por algum motivo
Por ZuldraxPor que fugi? Por que não completei meu objetivo? Estive tão perto de alcançar algo grandioso e, no entanto, parei. Depois de me encontrar com Lenissya, fiquei correndo por horas, temendo que Alister já soubesse que eu estava em Halis. Ele poderia usar aquela maldita dióxy de localização e me perseguir. Se eu não retornasse a tempo para Zafis, seria o meu fim.Já era madrugada quando finalmente consegui atravessar as fronteiras. A minha atitude com certeza teria consequências, afinal, mexi com alguém importante, a princesa. Segui até um dos fortes de vigília, onde me alimentei e repousei por algumas horas. Valentes soldados, a meu pedido, ficaram atentos para evitar surpresas.Até de manhã, nada havia acontecido. Pedi para ficar sozinho, e então utilizei minha dióxy espelho para observar