Por Lenissya
O silêncio dominou o ambiente enquanto eu lutava para conter o choro, que escapava em soluços abafados. Alguns minutos depois, resolvi olhar novamente. Não havia mais nenhum sinal de seu corpo, apenas fragmentos azuis de energia dispersos no ar.
— Demorará mais alguns minutos até que não reste nenhum rastro dessa energia. Acho melhor voltarmos ao palácio, irmã — explicou Alister. Ver com meus próprios olhos como a estranha energia deste mundo sepultava um corpo tornava tudo ainda mais triste. Há pouco tempo, ele estava aqui, me instruindo e incentivando. Agora, não restava mais nada de seu corpo, nem mesmo cinzas.
— Voltar? Não deveríamos ficar ao lado dele até o final?
— Seu espírito já se foi, Lenissya. Ficar aqui só irá te trazer mais angústia.
Alister pegou minha mão, e caminhamos de volta ao palácio em um ritmo lento e pesado. Ao entrar, ele seguiu direto para o salão, onde daria a lamentável notícia
Por LenissyaDurante a noite seria o momento ideal para a fuga. O horário de descanso era muito valorizado, e a vigilância diminuía consideravelmente. O problema era que, mesmo durante a noite, a claridade do ambiente não favorecia uma boa camuflagem. Havia muitos aspectos a considerar.— Vejo que já estás bem melhor. Fico feliz em te ver mais disposta — disse-me Alister no dia seguinte, durante a refeição matinal. Eu precisava agir o mais naturalmente possível para que ninguém desconfiasse que eu estava tramando algo.— Acho que tens razão. É o ciclo da vida — disse com suavidade. Ele arregalou os olhos, surpreso com minha aceitação. Continuei comendo em silêncio, assim como a maioria dos presentes, algo raro de se ver. Todos sentiam a perda e pareciam querer respeitar o luto. Quando terminei e comecei a afastar a cadeira, ele perguntou:— O que vais fazer?— Continuar a estudar. Não é porque meu professor não está mais aqui que tenho que parar.— Queres que eu te acompanhe? — oferece
Por LenissyaAparentemente, não havia guardas em serviço dentro do palácio naquela hora, então caminhei um pouco mais relaxada, embora atenta a qualquer movimento ou som. Segui pelo corredor principal, mas logo precisei entrar em um caminho “desconhecido”.Eu ainda tinha a descrição do caminho em mente, então estava segura de que não iria me perder. Passei para uma área mais interna, sem janelas. As paredes brancas ajudavam a deixar o ambiente mais claro. Aos poucos, o ambiente foi ficando mais escuro, mas não o suficiente para que eu precisasse acionar um feitiço como o luminus para iluminar o caminho. Fui seguindo em linha reta e logo estava em frente à porta.Assim como em diversas portas do palácio, a tranca era de um tipo especial. Apenas a energia halisiana era capaz de destrancá-la, por isso, não havia necessidade de vigiar a porta. Ninguém jamais imaginaria que um halisiano invadiria o local, então foi muito fácil entrar.Aproximei-me da porta, coloquei minha mão direita sobre
Por LenissyaUma leve rajada de vento soprou em nossa direção, fazendo com que os galhos se chocassem uns contra os outros e balançassem minha capa. Tentei fazer ondulações na minha energia para simular os movimentos.— Acho que foi só o vento. — Ele passou a mão na cabeça enquanto falava e, finalmente, se afastou. Aproveitei o momento para recuperar o fôlego. Que susto eu tinha levado. Parece que a sorte realmente estava ao meu lado.Quando ele sumiu da minha vista, decidi levitar para ganhar velocidade. Minha grande surpresa foi que, dessa vez, consegui fazer isso de forma eficiente, sem cair. Eu tinha aprendido a levitar bem a tempo, graças ao meu mestre. Pronunciei palavras ao vento, na esperança de que, de algum lugar, ele pudesse me ouvir.— Obrigada, Hiratamino!Depois de levitar por muitas horas seguidas, algo pior do que o encontro com o guarda me pegou desprevenida: o cansaço e o sono. Era desgastante demais ficar tanto tempo daquele jeito. Toquei os pés no chão e continuei
Por LenissyaEu estava de pé sobre uma raiz tão grande quanto um caminhão. Depois de dois dias quase sem descanso, finalmente tinha chegado à entrada da Floresta Ancestral! Diante de mim, uma imensidão de árvores com troncos grossos, folhagem espessa e raízes expostas tão enormes que poderiam abrigar casas. A altura dessas árvores era comparável aos grandes prédios da cidade onde eu morava. Ninguém mais habitava ali, pois era onde se encontravam as ruínas de Julitar.Na literatura, é uma coisa, mas ver pessoalmente era inacreditável e absolutamente fascinante. O tamanho das árvores superava todas as expectativas que eu tinha. O sol brilhava intensamente, buscando pequenas brechas para penetrar entre as densas folhas das árvores. Apesar da sombra predominante, alguns raios de luz conseguiam alcançar-me, dando-me o ânimo necessário para avançar ainda mais pela floresta. Após caminhar alguns metros, precisei parar novamente. Era frustrante admitir, mas eu estava perdida. Por algum motivo
Por ZuldraxPor que fugi? Por que não completei meu objetivo? Estive tão perto de alcançar algo grandioso e, no entanto, parei. Depois de me encontrar com Lenissya, fiquei correndo por horas, temendo que Alister já soubesse que eu estava em Halis. Ele poderia usar aquela maldita dióxy de localização e me perseguir. Se eu não retornasse a tempo para Zafis, seria o meu fim.Já era madrugada quando finalmente consegui atravessar as fronteiras. A minha atitude com certeza teria consequências, afinal, mexi com alguém importante, a princesa. Segui até um dos fortes de vigília, onde me alimentei e repousei por algumas horas. Valentes soldados, a meu pedido, ficaram atentos para evitar surpresas.Até de manhã, nada havia acontecido. Pedi para ficar sozinho, e então utilizei minha dióxy espelho para observar
Por ZuldraxA respiração e o coração de Lenissya aceleraram com o impacto do susto, mas isso não durou muito:— Bem... quanto a isso, eu tenho certeza — respondeu ela suavemente, sorrindo para mim de um jeito amigável. Qual era o problema dela?— E seu irmão sabe que você está aqui? — perguntei, preocupado com possíveis armadilhas.— Não, ele jamais me deixaria vir — respondeu ela, olhando-me com firmeza. Senti a sinceridade tanto em sua aura quanto em seu olhar.— Então você fugiu? É muita audácia contrariar seu irmão desse jeito! — Como não sentir deleite diante de tanta tolice? Seria uma grande coincidência ou pura sorte do destino? Seja o que for, eu aproveitaria essa oportunidade ao máximo.— Eu não tive escolha. E você não deveria estar aqui também! Meu irmão pretende lançar um ataque em breve. Melhor você ir preparar uma defesa.Apertei seus braços com mais força. A sensação de sua pel
Por LenissyaAlgo gelado caiu sobre meu rosto, me despertando de repente.— Vamos logo, não tenho tempo a perder com você — ordenou uma voz masculina em tom grosseiro. Zuldrax havia jogado água da minha garrafinha na minha cara. Que sujeito desagradável! Comecei a secar o rosto com a capa.— Por que está me olhando assim? Não pense que pode fazer o que quiser só porque está longe de casa. Agora, quem dá as ordens aqui sou eu. Vamos logo para Julitar!— Ok — respondi passivamente. No momento, eu era praticamente uma refém, então não estava em posição de reclamar. — Só vou comer alguma coisa antes.— Tarde demais! Se quisesse comer, deveria ter acordado mais cedo, princesinha! — disse ele com um tom de zombaria.Ignorei o jeito antipático dele e acatei apenas parte de sua ordem. Enquanto o seguia, abri minha bolsa, peguei uma fruta e comecei a comê-la enquanto andava.— Está muito lerda! — reclamou ele me
Por LenissyaEstávamos em uma imensa clareira no meio de uma floresta, onde as árvores eram ainda maiores e mais colossais do que as da periferia. Descobrir o acesso a esse lugar secreto não seria fácil. As extensas ruínas haviam sido o lar dos três grandes povos que hoje existem. Ter toda uma população agrupada em um único lugar fez dessa a maior cidade do mundo, que agora, tristemente, se encontrava abandonada por razões que eu ainda não compreendia bem.Já estávamos próximos à área central quando uma estátua de mãos chamou minha atenção. Parei para observá-la e, em seguida, mudei de percurso sem consultar Zuldrax. Naturalmente, ele ficou furioso.— Para onde pensa que está indo? — perguntou ele, com evidente irritação.— No caminho certo — respondi, confiante.Antes que ele perdesse a paciência comigo novamente, apresentei minha explicação:— Repare na posição dos dedos daquela estátua. Estão juntos, apontan