Por LenissyaAlister parou de falar e olhou para baixo. Tentei interpretar seus sentimentos, mas ele parecia vazio. A dor que ele experimentou foi tão profunda que talvez ele tenha tentado apagar qualquer emoção relacionada àquele dia. Ele levantou o rosto e, olhando diretamente nos meus olhos, continuou:— Pelo relato que fizeste do teu sonho, posso entender que nossa mãe lutou contra Zadthos para te proteger e até conseguiu feri-lo. No entanto, ela estava em uma situação pior que a dele. Além disso, ao sentir a energia de Helgon se dissipando, pode ter acreditado que tínhamos perdido a guerra. Temendo pela tua segurança, ela usou o restante de sua força para te levar a outro mundo e ocultar tua origem halisiana. Assim, os zafisianos não poderiam te encontrar, e tu poderias continuar viva.— E o que aconteceu depois daquele dia?— Tive que me tornar um homem e assumir o trono. Embora eu não tivesse experiência, Ikzar me ajudou, e depois chegou Haigar. Ele tinha perdido sua esposa naq
Por LenissyaSenti alguém me tocando. Ainda estava com sono, mas a voz de Keissy ecoava em meus ouvidos, me despertando para a realidade:— Princesa, acorde! Estão te esperando para a refeição matinal.Eu permaneci imóvel, recusando-me a acordar. Tudo o que eu desejava era continuar dormindo, pois essa era a maneira mais fácil e eficaz de escapar da realidade em que me encontrava.— Não quero ir, Keissy. Eles podem comer sem mim.— Vamos, princesa! Você mesma disse que queria andar no jardim, e hoje está um ótimo dia para isso!Enrolei mais um pouco. Vendo que eu não me mexia, ela insistiu:— Não quer conhecer o palácio e a cidade também? Há muitas pessoas que gostariam de conhecê-la e, como princesa, você deveria ao menos aparecer para dizer um oi.Ela ia continuar insistindo, então achei melhor me levantar logo. Quanto mais rápido eu terminasse ali, mais rápido poderia voltar a dormir. Nem me dei ao trabalho de trocar de roupa, já que as vestes que haviam arranjado para mim eram qua
Por LenissyaMudando de direção, demorei alguns minutos para reconhecer algo. A porta principal, que ficava perto do salão onde Alister passava o dia trabalhando, estava aberta, e algumas pessoas já aguardavam o rei.— Bom dia, princesa! É uma honra conhecê-la!— Bom dia! — respondi ao senhor que me cumprimentou.— Então você é a princesa? Que alegria poder vê-la logo de manhã!As pessoas começaram a querer me cercar, o que era muito estranho para mim. Nunca fui muito popular no outro mundo. Comecei a acenar enquanto me esquivava em direção à saída que levava ao jardim. Optei por caminhar pelos ladrilhos de pedra secundários. O caminho principal era bem mais largo e ficava entre o palácio e a cidade.Iniciei minha exploração pela parte onde havia visto a fonte no primeiro dia. Várias flores margeavam a fonte, mas uma em especial chamou minha atenção. Era uma flor grande, de pétalas amarelas com pontas brancas, dispostas em cachos desiguais. Algumas flores no cacho eram maiores que out
Por Lenissya"Habituando" é uma palavra muito forte, considerando que eu simplesmente não tive escolha. Ficar parada não é uma opção, já que cada dia aqui é mais um dia de preocupação e desespero para os meus pais. Só queria manter a cordialidade com Alister enquanto, secretamente, investigo uma maneira de voltar para a minha verdadeira casa.Durante o jantar, conversei um pouco mais com Nindik. Ela me contou sobre sua vida e sua família. Por alguma razão, eu me sentia à vontade, como se tudo fosse, de certa forma, natural para mim. Gostava de ver as pessoas se aproximando e querendo se relacionar comigo de maneira tão honesta e pura. Isso me fazia sentir mais acolhida.No dia seguinte, fui bem cedo à biblioteca. Assim como prometido, Alister me levou até lá e, em seguida, me deixou sozinha. Peguei aquele livro na estante e comecei a estudá-lo. Era exatamente o que eu procurava. Falava sobre a energia da aura, suas características, e continha vários exercícios de treinamento para inici
Por LenissyaA sala de reuniões era composta por um trono central e várias cadeiras laterais. Lá dentro estavam Alister, Ikzar, alguns empregados do palácio e algumas pessoas que eu não conhecia. A figura que mais chamou minha atenção foi a de um jovem de pé ao lado do meu irmão.Ele era bonito, com cabelos loiros, olhos azuis e uma altura semelhante à minha. Sua aura era de um verde escuro, intenso, que circulava de forma tranquila, transmitindo uma sensação de paz. Estava acompanhado de outros seis salisianos, e, quando entrei na sala, seu olhar me seguiu, como se estivesse me estudando.Diferentemente dos halisianos, ele usava calçados, mais especificamente uma sandália masculina que parecia bastante confortável. Vestia uma calça marrom, uma blusa verde-escura e um cinto dourado. Ficou claro para mim o motivo de ter sido chamada, e lembrei-me de que, no dia anterior, Alister havia mencionado que o príncipe de Salis viria. No entanto, ele chegou um pouco mais cedo do que eu esperava
Por LenissyaA conversa seguiu sem mais questionamentos, e até Alister parecia tranquilo com tudo isso. Henry e eu fomos praticamente os últimos a deixar a mesa. Alister já havia ido cumprir seus deveres reais, assim como os outros com suas tarefas, e até os guardas de Henry se retiraram discretamente, como se quisessem nos deixar a sós.— Por onde começamos? — perguntou ele.— Podemos caminhar pelo jardim e talvez seguir para o lado onde fica a biblioteca. É um dos poucos lugares que conheço aqui.Como ele conhecia menos do que eu, imaginei que eu seria a "guia", mas aconteceu o contrário. Primeiro, ele me conduziu por uma porta dos fundos que dava para o jardim e, em seguida, caminhou ao meu lado, comentando sobre a arquitetura do palácio. No meio do caminho, quando estávamos cercados por árvores floridas, com uma vista quase completa da parte de trás do palácio, ele diminuiu o passo.— Que tal pararmos aqui? — sugeriu ele. — Há muita sombra, e a vista é maravilhosa!Eu parei e me s
Por Lenissya Nos dias que se seguiram, continuei fazendo companhia a Henry. Nosso próximo destino foram os campos, uma área mais isolada e cercada, afastada das presenças halisianas. Henry conduziu a visita, e, apesar de não conhecer nada por ali, conseguia facilmente chegar aos lugares sem se perder.— Seu senso de direção é muito bom, Vossa Alteza — falei, admirada.— Agradeço o elogio, princesa!Eu andava me equilibrando em cima de um tronco, tentando ver por cima dos arbustos para descobrir que animais existiam naquele mundo.— Conseguiu ver algum unigus? — perguntou ele, com os olhos atentos a cada uma das minhas expressões.— E o que seria isso?Henry subiu no tronco onde eu estava e se posicionou ao meu lado. Após observar atentamente a área ao redor, ele caminhou um pouco mais à esquerda do tronco até, finalmente, apontar na direção de uma árvore.— Ali, deitado na sombra daquela árvore. É um animal grande, de cor branca, com quatro patas e um chifre na cabeça.Tive que olhar
Por LenissyaNo dia seguinte, decidimos ir até a biblioteca. Inicialmente, pensei em ir à cidade, mas Alister explicou que a estadia de Henry precisava continuar em sigilo, e passear pela cidade não era exatamente discreto.— Se você se vestisse de azul, as pessoas ainda estranhariam sua presença? — perguntei a Henry enquanto caminhávamos.— Provavelmente não, mas as cores que vestimos são o orgulho da nação que representamos. Usar outra cor é considerado uma desonra e motivo de vergonha.— E dois povos diferentes não se misturam ou se casam?Estávamos de frente para a porta da biblioteca, e Henry estava prestes a me orientar sobre como usar a energia aura para abrir as trancas. No entanto, quando fiz essa pergunta, sua expressão mudou. Com um sorriso malicioso, ele se aproximou, tocou suavemente meu rosto com a mão direita e disse:— Por que a pergunta?A maneira como ele me olhou me fez perceber que talvez eu tivesse me expressado mal. Minha pergunta havia passado uma impressão erra