Nem a distância era capaz de apagar seu desejo. O que era estranho para Cedric. Chegava há culpar o tempo sem uma mulher em seus braços, devido justamente ao casamento político que aceitou. Mas, no fundo, percebia que havia algo mais, que Selene despertava bem mais que só desejo carnal. Isso o preocupava e o fazia desistir de seduzi-la, mas não era do tipo que fugia a um desafio, ainda mais um que incluía os mais doces beijos, o toque suave e o perfume que o inebriava.
— Amorzinho. Aodh amorzinho — Aodh disse ao seu lado, fazendo Cedric, erguer o olhar do mapa que marcava com as últimas informações sobre o território.
Estando sozinho com a ave, Cedric se permitiu sorrir para o corvo pousado na cadeira. Desde a noite anterior o corvo aparecia no acampamento, um sinal claro que Selene estava cada vez mais perto.
— Sinto falta da Selene. — Acariciou o topo da cabe&cc
Inspirou fundo, ainda tinha de arrumar suas coisas e planejar um modo de ir até Selene para manda-la em segurança de volta ao palácio. Havia muito a se fazer antes que retornasse para o palácio e temia deixar Selene exposta a perigos na estrada. Com traidores soltos por suas terras, todo cuidado era essencial. No fim, a ideia de Gael se mostrou um erro, lamentou.Parou de andar e deu meia volta, caminhando a passos largos em direção à cabana em que lidava com os assuntos da inspeção e proteção do reino.— Algo errado, Majestade? — Beltran questionou preocupado com a mudança de rumo.— Enviarei Aodh com uma mensagem para a comitiva trazendo a minha esposa. Ela tem de voltar para a fortaleza.Um grito que haviam dois cavaleiros se aproximando velozmente fez Cedric e Beltran se adiantarem até as novas cercas, os olhos atentos e o corpo pronto para bat
Na cabana repleta de mapas e relatórios estratégicos para controlar as criaturas inimigas, enquanto o casal comia e conversava sobre os últimos dias, Tristan permanecia em silêncio. Até mesmo Kinur participava da conversação, enquanto o melhor amigo do rei não conseguia esconder seu incomodo.O capitão da guarda real não conseguia tirar da cabeça os comentários maliciosos que o soldado havia feito sobre Selene ao chegarem ao local. Kinur parecia aprovar a rainha em frente o rei, o que só aumentava a desconfiança de Tristan.Alheio ao desconforto do capitão, Kinur, por sua vez, parecia concentrado em examinar os relatórios presos na parede atrás do casal real.O sorriso de ponta a ponta no rosto, a fala descontraída e os brindes ao casal intrigava Tristan. Abaixou o olhar para seu prato, intocado, e puxou a caneca cheia de uma bebida amarga
O pedido de Cedric não era necessário. Pela segurança de ambos os amigos, Tristan daria a sua vida se necessário fosse, mas achou melhor não declarar isso e somente aceitou a missão.Tranquilo, certo que Tristan cuidaria de Selene, Cedric, foi em direção aos guardas esperando-o, subiu em seu cavalo e assobiou antes de sair em disparada para fora da muralha improvisada. Tristan viu um vulto negro sair da cabana e cortar o céu atrás dos cavaleiros e seu rei.Com passos rápidos voltou para a cabana, disposto a cumprir a palavra dada a Cedric.Ao entrar encontrou Selene parada na janela aberta, os olhos azulados fixos no céu, o rosto triste como esteve antes de chegarem ali.— Até mesmo Aodh não ficou comigo — Selene disse ao fitá-lo com tristeza. — Pensei que ele o deixaria comigo, como fez ao abandonar o palácio, mas Cedric o lev
Do lado de fora gritos se ergueram. De várias idades e sexos.Ignorando a dor, Tristan puxou Selene para o canto, longe das duas empregadas, se colocando a frente dela e puxando sua espada para protegê-la do perigo dentro da cabana. Embora tivesse perdido muito de sua magia por culpa da maldição, a lâmina de sua espada absorvia qualquer elemento e o devolvia com o dobro da força. Um presente de Ayala para que continuasse a exercer suas funções na muralha e como capitão da guarda real.Pelo modo com a outra empregada se escondeu, trêmula atrás do cobertor que arrumava segundos antes, percebeu que a única oferecendo perigo era a transformada em um enorme lobo de pelagem verde, a fera que atacou Selene dentro da muralha do palácio.— Hury, abra a porta — a fera mandou com o olhar tenebroso preso em Tristan. — Temos uma entrega a fazer.— Fique onde está ou será acusada de traição junto dessa criatura — Tristan alertou a empregada que olhava apavorada de um para o outro. — Zirah, se chega
Caído no chão, arrasado, braços e pernas pesando como chumbo, à vista embaçada vendo as luzes criadas por magias lançadas por ambos os lados iluminarem as paredes, Tristan ouviu os sons da batalha fora da cabana.Juntando o máximo de forças e determinação, moveu os braços, arrastando-se no chão frio, as feridas doendo como brasa, aumentando a fraqueza e os tremores por seu corpo.Aos poucos o veneno perdeu a eficácia e conseguiu se sentar desajeitadamente próximo ao buraco feito pelo orc na madeira. Um relance do exterior mostrou que os soldados de Cedric tinham vantagem e vários monstros estavam mortos e outros tantos fugiam. Mas nada disso era importante quando a vida de Selene estava em perigo.Puxou sua bolsa, pendurada no alto próximo a porta, e caçou com a única mão que se movia sem rigidez um pergaminho de invocaç&ati
Cedric observou o sol se pôr lentamente no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e dourados. O anoitecer sempre trazia consigo a inquietação nos últimos dias, com o perigo de outra guerra entre reinos, mas naquele dia, a preocupação com Selene em seu coração. Ele sabia que ela estava em perigo, nas mãos de inimigos desconhecidos, e sentia-se impotente diante da situação.Decidido a tomar uma atitude, Cedric foi atrás de Tristan. O amigo era a única pessoa que poderia ajudá-lo naquele momento.Seguiu até a cabana em que o deixaram, encontrando o amigo ainda desacordado, ainda sob os efeitos do veneno que lhe haviam dado antes de sequestrarem Selene. Estava aos cuidados de Flyn, aprendiz de Ayala, que tentava amenizar as feridas da maldição. A lava, apagada desde a chegada de Selene em Eszter, agora se arrastava pelos vergões por tod
Exaurido, pouco sobrou de magia no centro elementar de Cedric e Aodh seria inútil por pelo menos meia hora. Aguardar sua magia ou as forças do corvo retornar estava fora de questão.Andando devagar para dentro da caverna, com a mão fracamente pousada em sua espada, decidiu que utilizaria até o útil resquício de magia, energia e inteligência para resgatar Selene em segurança.Ainda tinha sua espada e um truque a sua disposição. Só precisava chegar até Selene sem ser morto pelos infelizes que planejava decapitar em breve.~*~Quando a Selene acordou, com a cabeça rodando e a visão turva, piscou diversas vezes confusa, a mente buscando razões para estar em um chão úmido e frio.Então vieram as lembranças. Seu reencontro com Cedric; a partida dele logo em seguida; o território sendo invadido; a empregada deix
— Ei, Darfen! Não mate a garota agora, precisamos dela viva para atrair o rei corvo — a mulher de cabelo verde indicou se sentando em uma grande pedra no canto. — Deixe que ele arranque um pouco da carne dela para comermos, Eriz — o orc pediu degustando a própria carne como se não fosse nada demais. — Tô com fome e não podemos sair pra caçar com todos esses soldados do corvo nos arredores — comentou olhando para o braço sentindo o estômago insatisfeito. Só tinha concordado em usá-lo como alimento por não poder colocá-lo de volta e estarem cercados, impossibilitando pegarem algo para comer. Infelizmente o esconderijo só tinha rocha e a passagem que ocultaram com folhas e galhos para mescla-lo a vegetação do exterior. — O rei corvo matou meu irmão, serei justo em devolver o favor — a criatura aranha disse par Selene com o ódio cortando suas feições e voz. Sabendo que o rei corvo que a criatura se referia se tratava de Cedric, Selene orou mentalmente para que o marido a achasse logo,