Recusando-se a pensar profundamente na conversa com Ayala, enquanto tentava afastar da mente o desentendimento com Selene, Cedric prosseguiu nas funções da parte da manhã. No começo da tarde, cansado de fingir despreocupação, seguiu para as acomodações reais, ansioso em encontrar Selene e almoçar em juntos na saleta privativa, como faziam todos os dias.No entanto, ao chegar lá, não a encontrou. Franziu a testa e tencionou os dedos em volta do punho da espada. Surpreso e irritado com a ausência de Selene, seguiu para o quarto dela. Como imaginado, a encontrou ali, almoçando em companhia de Patry e Aodh.A servente de imediato o saudou e saiu para dar privacidade ao casal. Selene não disse uma palavra e nem retirou a atenção da refeição.Compreendendo a atitude dela, pegou a cadeira ocupada por Patry e sentou em frente a esposa, ainda ignorando sua presença.— Como foi seu dia? — questionou da mesma forma dos dias anteriores.— Pergunte a Patry. Seguindo as suas ordens, ela vigiou cada
Com a guerra batendo nas muralhas, e os informes de ataques nas cidades-feudos cada vez mais preocupantes, no começo da noite Cedric juntou-se a Ayala, Gael e Tristan na sala do trono, protegida por magia de sigilo. Embora a sua frente estivessem duas pessoas que abusaram de sua confiança, a pior delas sendo a que iniciou a reunião. — Majestade, precisamos ter uma atitude energética — Gael, conselheiro de defesa e estratégia desde os dias dos pais de Cedric, alertou com expressão grave. — Enquanto a muralha é cercada, as cidades-feudos estão sem segurança. Os informes dos nobres são preocupantes, os inimigos tomaram quase todo o território e deixaram diversos feridos e mortos. O poder de Selene será de grande ajuda para eles — concluiu com palavras calculadas. Cedric fechou os olhos por um momento, tentando conter a raiva que borbulhava dentro dele. Ele confiava em Gael, mas as últimas decisões do estrategista o deixaram em alerta máximo. Fitou o estrategista com a raiva reluzindo n
Seguindo pelos corredores do palácio com passos firmes, expressão compenetrada e coração pesado pelas responsabilidades da guerra, havia uma questão urgente na mente de Cedric: Precisava resolver as divergências entre ele e Selene.Adentrando seu quarto que compartilhava com Selene nos últimos meses, Cedric olhou ao redor, buscando pela esposa. No entanto, o cômodo estava vazio.A frustração tomou conta dele. Era evidente que Selene não queria mais compartilhar o quarto com ele.Em um longo respiro, os dedos tensos na espada, ele seguiu para a passagem entre os quartos. Entrando no dormitório, banhado pelas cores do entardecer, hesitou por um momento. Admirou a esposa junto a grande janela, observando o céu, os fios loiro-platinados com tons de laranja e vermelho, os dedos se movendo pelas penas de Aodh.Por usar armadura, para o caso de necessitar lutar em defesa da muralha, sua presença era anunciada ao passar por qualquer local. O que significava que Selene sabia que não estava soz
Temendo a reação dela, pediu para Selene se sentar. Ela obedeceu, se acomodando na beirada da cama, os olhos azulados fixos nos dele, estranhando a confusão e vergonha na expressão sempre orgulhosa e impenetrável.Sincero, disposto a mostrar para ela a tolice que cometia oferecendo o poder dela para ajudá-lo.— Percebemos seu poder logo que chegou a Eszter. Quando buscou a ajuda de Tristan, sua magia o alcançou e abrandou as feridas dele — contou, desviando o olhar por um segundo ao revelar: — Decidimos que Tristan seria seu amigo aqui, de forma que ele tivesse as feridas aliviadas. — Em silêncio, ela o observou começar a andar de um lado para o outro a sua frente. — Após o ataque que você sofreu, ao descobrir sua ascendência élfica, Ayala propôs manipularmos suas emoções, para obter o poder que você possui. Fazer você se apaixonar por mim e, assim, concordar que utilizássemos sua magia contra Phelix, seu pai — confessou não conseguindo olhá-la.— O quê? — ela soltou em um sussurrou i
De madrugada, o pátio do palácio estava envolto em uma atmosfera tensa. Os soldados, divididos em três grupos, se preparavam para acompanhar o Rei Cedric Darkv em sua missão de proteger os territórios do reino de Eszter, ameaçados pelos comparsas de Phelix Volun, o Rei Perverso de Magdala.No topo da escadaria do palácio, entre Gael e Patry, com a mente perturbada criando mil teorias do que aconteceria, Selene observava com olhos marejados seu marido preparar as tropas para a batalha. O medo a consumia por dentro, mas sabia que Cedric tinha que cumprir seu dever como rei e protetor de Eszter.Patry, sua dama de companhia, colocou uma mão reconfortante em seu ombro.— Vai ficar tudo bem, minha senhora. O Rei é um guerreiro valente e habilidoso. Ele vai proteger nosso reino e voltar para você — disse a jovem para acalmar os receios de Selene.Selene assentiu, forçando um sorriso para a dama de companhia, os dedos apertados na manga da túnica rosa com padrões em dourado.Notando a afliçã
Enquanto as semanas se arrastavam no campo de batalha, Cedric enfrentava desafios cada vez maiores. O que ele esperava que fosse uma batalha rápida se transformou em um conflito prolongado, desgastante e sangrento. Cada dia trazia novos perigos e dificuldades.Os exércitos inimigos se moviam por toda parte utilizando monstros ferozes e magia sombria para tomar tudo e todos que passavam a sua frente. Cedric não perdia soldados só para a morte, mas também para a magia sombria. Um instante de descuido era o suficiente para um aliado ser dominado por uma névoa purpura, cair no chão por algum tempo e ao se erguer se posicionar do lado do Rei Perverso.E também havia as criaturas. O Rei Perverso tinha do seu lado as piores, mas cruéis e carniceiras criaturas, lutando a favor do exercito purpúreo. O brilho da magia das sombras tornou-se o motivo do pesadelos dos homens em batalhas e até mesmo das pessoas pelo reino. Era ver o brilho se aproximar para os aldeões se apressarem para se esconder
Fracassando em suas tentativas de vitória com as armas e magias que seus soldados possuem, mesmo se odiando por fazê-lo, Cedric se viu concordando com Gael. Necessitavam de algo diferente, inesperado, para surpreender às forças inimigas e diminuir os danos ao seu exército. A magia de Selene podia fornecer a ajuda para revitalizar a energia dos soldados e acelerar a recuperação deles, primordial para permanecerem firmes diante do avanço da tropa de Magdala.— Concordo em pedir a ajuda de Selene, e utilizar a magia para vencer as forças inimigas, mas tenho condições para isso — indicou tamborilando os dedos.— Quais? — Gael questionou aliviado, certo que obteria o que tanto desejava e necessitava para fortalecer as forças do exército do reino de Eszter.— Estarei presente durante a extração — respondeu, acrescentando taxativo: — Não importa quanto tempo demore, não sairei do lado dela e, se eu perceber ou descobrir que Selene esta sendo ferida de alguma forma, mesmo que com poucos danos
Mesmo com muitas dúvidas se fazia o certo ao envolver a esposa nos assuntos da guerra, deixando a dama de companhia da esposa na biblioteca, junto com Gael, Selene e Ayala, Cedric seguiu todos para o salão de magia da feiticeira. Seguiram para uma parte diferente a que Selene esteve ao se encontrar as escondidas com os conselheiros.Sendo a primeira vez que entrava naquela parte, cheios de poções, vidrais e um teto de vidro que dava acesso ao céu ao centro de uma mesa, Selene, olhava tudo com fascínio, esquecendo por algum tempo seu receio do que aconteceria.— Fico feliz que tenha entendido a necessidade do nosso povo, rainha Selene! — Gael disse baixo quando Cedric e Ayala se afastaram para falar do procedimento.O comentário à meia voz deixou Selene incomodada. Dando um sorriso amarelo, assentiu e caminhou até o marido, mantendo uma distância sutil do estrategista.A verdade que no reino as únicas pessoas que confiava eram Cedric e Tristan. O que era irônico, uma vez que, ao aceita