De madrugada, o pátio do palácio estava envolto em uma atmosfera tensa. Os soldados, divididos em três grupos, se preparavam para acompanhar o Rei Cedric Darkv em sua missão de proteger os territórios do reino de Eszter, ameaçados pelos comparsas de Phelix Volun, o Rei Perverso de Magdala.No topo da escadaria do palácio, entre Gael e Patry, com a mente perturbada criando mil teorias do que aconteceria, Selene observava com olhos marejados seu marido preparar as tropas para a batalha. O medo a consumia por dentro, mas sabia que Cedric tinha que cumprir seu dever como rei e protetor de Eszter.Patry, sua dama de companhia, colocou uma mão reconfortante em seu ombro.— Vai ficar tudo bem, minha senhora. O Rei é um guerreiro valente e habilidoso. Ele vai proteger nosso reino e voltar para você — disse a jovem para acalmar os receios de Selene.Selene assentiu, forçando um sorriso para a dama de companhia, os dedos apertados na manga da túnica rosa com padrões em dourado.Notando a afliçã
Enquanto as semanas se arrastavam no campo de batalha, Cedric enfrentava desafios cada vez maiores. O que ele esperava que fosse uma batalha rápida se transformou em um conflito prolongado, desgastante e sangrento. Cada dia trazia novos perigos e dificuldades.Os exércitos inimigos se moviam por toda parte utilizando monstros ferozes e magia sombria para tomar tudo e todos que passavam a sua frente. Cedric não perdia soldados só para a morte, mas também para a magia sombria. Um instante de descuido era o suficiente para um aliado ser dominado por uma névoa purpura, cair no chão por algum tempo e ao se erguer se posicionar do lado do Rei Perverso.E também havia as criaturas. O Rei Perverso tinha do seu lado as piores, mas cruéis e carniceiras criaturas, lutando a favor do exercito purpúreo. O brilho da magia das sombras tornou-se o motivo do pesadelos dos homens em batalhas e até mesmo das pessoas pelo reino. Era ver o brilho se aproximar para os aldeões se apressarem para se esconder
Fracassando em suas tentativas de vitória com as armas e magias que seus soldados possuem, mesmo se odiando por fazê-lo, Cedric se viu concordando com Gael. Necessitavam de algo diferente, inesperado, para surpreender às forças inimigas e diminuir os danos ao seu exército. A magia de Selene podia fornecer a ajuda para revitalizar a energia dos soldados e acelerar a recuperação deles, primordial para permanecerem firmes diante do avanço da tropa de Magdala.— Concordo em pedir a ajuda de Selene, e utilizar a magia para vencer as forças inimigas, mas tenho condições para isso — indicou tamborilando os dedos.— Quais? — Gael questionou aliviado, certo que obteria o que tanto desejava e necessitava para fortalecer as forças do exército do reino de Eszter.— Estarei presente durante a extração — respondeu, acrescentando taxativo: — Não importa quanto tempo demore, não sairei do lado dela e, se eu perceber ou descobrir que Selene esta sendo ferida de alguma forma, mesmo que com poucos danos
Mesmo com muitas dúvidas se fazia o certo ao envolver a esposa nos assuntos da guerra, deixando a dama de companhia da esposa na biblioteca, junto com Gael, Selene e Ayala, Cedric seguiu todos para o salão de magia da feiticeira. Seguiram para uma parte diferente a que Selene esteve ao se encontrar as escondidas com os conselheiros.Sendo a primeira vez que entrava naquela parte, cheios de poções, vidrais e um teto de vidro que dava acesso ao céu ao centro de uma mesa, Selene, olhava tudo com fascínio, esquecendo por algum tempo seu receio do que aconteceria.— Fico feliz que tenha entendido a necessidade do nosso povo, rainha Selene! — Gael disse baixo quando Cedric e Ayala se afastaram para falar do procedimento.O comentário à meia voz deixou Selene incomodada. Dando um sorriso amarelo, assentiu e caminhou até o marido, mantendo uma distância sutil do estrategista.A verdade que no reino as únicas pessoas que confiava eram Cedric e Tristan. O que era irônico, uma vez que, ao aceita
Por um instante, Ayala Trever ficou encarando a face inesperadamente tranquila de Selene, chocada, pois não esperava que a outra se oferecesse para continuar. Gael também se surpreendeu. Sempre considerou Selene uma princesinha tola e mimada, que custava o tempo e esforço de Ayala em aulas que a jovem não se esforçava o mínimo para aprender. Mas agora via que havia na jovem mais do que imaginou: Selene possuía coragem e comprometimento com o povo. Tinha mais que Cedric naquele momento delicado do reino. Olhou para Selene com preocupação. O procedimento de extração era arriscado, especialmente para alguém tão jovem e com poderes tão intensos como Selene. Cedric se revoltaria caso algo ocorresse sem a presença dele. Fora a repetição da desobediência que o ofendeu quando Selene iniciou os treinamentos de magia com Grend. — Acredito que devemos esperar por Cedric — Ayala insistiu com seriedade, tentando convencer Selene a adiar o procedimento. Selene, no entanto, estava determinada a
Finalizando a avaliação do estado de Selene, Ayala respirou aliviada ao constatar que somente dormia.Aproximando-se do altar, Gael encarou a feiticeira com frustração. Precisava que extraísse o máximo de poder antes que Cedric voltasse com suas tolas exigências.— Retire mais magia lunar, Ayala. Não podemos perder tempo — argumentou com a voz carregada de urgência.— Selene precisa de descanso para repor a magia. Conversarei com Grend para acelerar a recuperação — declarou preocupada, estalando os dedos para quebrar os sigilos de silêncio. — Peça para Patry chamar um soldado para levar Selene às acomodações reais.Analisando Selene adormecida, Gael franziu o cenho, visivelmente frustrado com a situação. Estava acostumado a lidar com estratégias e planos de batalha, sem nunca se preocupar com o bem-estar pessoal dos soldados para os quais repassava as informações.— E se não tivermos tempo para esperar? E se Magdala atacar antes que tenhamos poder suficiente para conter seus ataques?
Sem se importar com o que Patry tinha a dizer, precisando ver a esposa e saber o que tanto enchia todos, até o corvo, de ansiedade e preocupação, Cedric atravessou o quarto apenas para encontrar Selene pálida e adormecida no leito. O estado dela estava semelhante de quando salvou a vida dele do maléfico artefato lançado por Kinur.Foi para junto dela, ajoelhou-se ao lado da cama e segurou a face de Selene, sentindo-a igual da outra vez, morbidamente gelada. Em desespero, a chamou diversas vezes, mas não obteve qualquer resposta, como o que ocorreu no tempo em que ela esteve lutando contra a magia sombria.— Majestade...— O que houve com Selene? Porque não me informaram que ela está doente? — perguntou se erguendo e voltando-se furioso para Patry.Os olhos flamejantes entregavam a vontade de retaliar quem permitiu que Selene ficasse naquele estado e não o comunicou.— A rainha Selene está assim desde que Vossa Majestade partiu para a guerra.— Como assim? Quando sai daqui ela estava p
Como prometido a Cedric, toda magia lunar extraída de Selene foi entregue para ajudar o exercito da nação de Eszter de diversas formas para conter o inimigo e vencer a guerra. Na muralha seu efeito impressionou antes mesmo do retorno do Rei.O feitiço lançado pela nação de Magdala, que transformou aliados de Eszter em inimigos bradando a favor de Phelix Volun e pela queda do reino de nascença deles, foi curado pelas esferas de cura criadas pela Feiticeira Dourada a partir da magia de Selene.A transformação foi imediata. A névoa purpúrea dissipou-se e os olhos antes cheios de ódio se encheram de confusão e depois de reconhecimento. Os aliados voltaram a enxergar os soldados de Eszter como irmãos de armas, e não mais como inimigos. As espadas se voltaram para os inimigos certos, aos comparsas do Rei Perverso entre eles, e a muralha se viu livre do cerco.Após o retorno, os equipamentos, esferas e elixires de cura foram passados para os soldados espalhados pelo território, carregando as