Por um instante, Ayala Trever ficou encarando a face inesperadamente tranquila de Selene, chocada, pois não esperava que a outra se oferecesse para continuar. Gael também se surpreendeu. Sempre considerou Selene uma princesinha tola e mimada, que custava o tempo e esforço de Ayala em aulas que a jovem não se esforçava o mínimo para aprender. Mas agora via que havia na jovem mais do que imaginou: Selene possuía coragem e comprometimento com o povo. Tinha mais que Cedric naquele momento delicado do reino. Olhou para Selene com preocupação. O procedimento de extração era arriscado, especialmente para alguém tão jovem e com poderes tão intensos como Selene. Cedric se revoltaria caso algo ocorresse sem a presença dele. Fora a repetição da desobediência que o ofendeu quando Selene iniciou os treinamentos de magia com Grend. — Acredito que devemos esperar por Cedric — Ayala insistiu com seriedade, tentando convencer Selene a adiar o procedimento. Selene, no entanto, estava determinada a
Finalizando a avaliação do estado de Selene, Ayala respirou aliviada ao constatar que somente dormia.Aproximando-se do altar, Gael encarou a feiticeira com frustração. Precisava que extraísse o máximo de poder antes que Cedric voltasse com suas tolas exigências.— Retire mais magia lunar, Ayala. Não podemos perder tempo — argumentou com a voz carregada de urgência.— Selene precisa de descanso para repor a magia. Conversarei com Grend para acelerar a recuperação — declarou preocupada, estalando os dedos para quebrar os sigilos de silêncio. — Peça para Patry chamar um soldado para levar Selene às acomodações reais.Analisando Selene adormecida, Gael franziu o cenho, visivelmente frustrado com a situação. Estava acostumado a lidar com estratégias e planos de batalha, sem nunca se preocupar com o bem-estar pessoal dos soldados para os quais repassava as informações.— E se não tivermos tempo para esperar? E se Magdala atacar antes que tenhamos poder suficiente para conter seus ataques?
Sem se importar com o que Patry tinha a dizer, precisando ver a esposa e saber o que tanto enchia todos, até o corvo, de ansiedade e preocupação, Cedric atravessou o quarto apenas para encontrar Selene pálida e adormecida no leito. O estado dela estava semelhante de quando salvou a vida dele do maléfico artefato lançado por Kinur.Foi para junto dela, ajoelhou-se ao lado da cama e segurou a face de Selene, sentindo-a igual da outra vez, morbidamente gelada. Em desespero, a chamou diversas vezes, mas não obteve qualquer resposta, como o que ocorreu no tempo em que ela esteve lutando contra a magia sombria.— Majestade...— O que houve com Selene? Porque não me informaram que ela está doente? — perguntou se erguendo e voltando-se furioso para Patry.Os olhos flamejantes entregavam a vontade de retaliar quem permitiu que Selene ficasse naquele estado e não o comunicou.— A rainha Selene está assim desde que Vossa Majestade partiu para a guerra.— Como assim? Quando sai daqui ela estava p
Como prometido a Cedric, toda magia lunar extraída de Selene foi entregue para ajudar o exercito da nação de Eszter de diversas formas para conter o inimigo e vencer a guerra. Na muralha seu efeito impressionou antes mesmo do retorno do Rei.O feitiço lançado pela nação de Magdala, que transformou aliados de Eszter em inimigos bradando a favor de Phelix Volun e pela queda do reino de nascença deles, foi curado pelas esferas de cura criadas pela Feiticeira Dourada a partir da magia de Selene.A transformação foi imediata. A névoa purpúrea dissipou-se e os olhos antes cheios de ódio se encheram de confusão e depois de reconhecimento. Os aliados voltaram a enxergar os soldados de Eszter como irmãos de armas, e não mais como inimigos. As espadas se voltaram para os inimigos certos, aos comparsas do Rei Perverso entre eles, e a muralha se viu livre do cerco.Após o retorno, os equipamentos, esferas e elixires de cura foram passados para os soldados espalhados pelo território, carregando as
O calor emanando de Cedric era muito alto, as labaredas queimando com força ao redor dele, mostrando que estava claramente e extremamente furioso. Os insitente pedidos dos nobres o deixou irritado ao extremo, ao ponto que seu descontrole obrigou a sempre quieta nas reuniões, Feiticeira Ayala Trever dizer alto para alertá-lo:— Diminua a magia saindo de seu centro elemental.— Acabará queimando o salão real conosco dentro — Gael se juntou aos avisos para refrescar a mente do rei.Encarando-as com fúria por um instante, pois estava naquela situação por causa deles, um que incitou os nobres e a outra por extrair mais do que devia da magia de Selene, Cedric inspirou fundo, trazendo para dentro a magia irradiando em chamas. Sem expor o que achava da opinião deles, fechando os olhos recolheu sua raiva e magia, puxando as duas para dentro de seu centro elemental até extingui-las por completo por fora.Ao reabrir os olhos, as íris estavam novamente com a coloração normal. Notou que que as tel
Seguindo as ordens de Cedric, antes do entardecer o salão real estava preparado para a coroação de Selene. Havia várias flores Lilium bulbiferum, retiradas da Montanha do Corvo, decorando cada canto do salão e das escadas de acesso, um pedido de Cedric, por se tratarem das preferidas de Selene. Um longo tapete vermelho com flores negras desenhadas se estendia até o trono, o queimado abaixo do trono foi retirado expondo o lustroso chão. Um segundo trono foi colocado à esquerda do pertencente ao rei, sendo enfeitado com o estandarte de Eszter, de fundo vermelho com o Corvo negro em voo sobre três estrelas douradas. Nos extremos, a partir do longo tapete, vários moradores da fortaleza aguardavam nos bancos de madeira colocados para a cerimônia. Fora do palácio havia ainda mais súditos observando as telas de água, ansiosos em ver o que aconteceria no interior do salão real durante toda a coroação de Selene. Nos campos de batalha também seguiam a indicação de deixar as telas aquáticas mo
A urgência do inesperado e breve pedido de ajuda do elfo Grend fez Cedric mandar Ayala informar-se sobre o que ocorria na montanha, ordenar para Gael juntar os soldados e depois seguir para o quarto com Selene. Precisava trocar as roupas da cerimônia pela armadura e voltar ao campo de batalha, dessa vez no último lugar que imaginava que a luta ocorreria. — Peça um guisado de javali para a rainha — Cedric ordenou para Patry ao entrar nas acomodações reais. Colocou Selene delicadamente sobre a cama e sentou ao lado dela. — Selene, voltarei ao campo de batalha, peço que espere por meu triunfo e prometo que quando voltar com a vitória, entraremos em um longo tempo a sós — pediu fazendo essa proposta com um sorriso sedutor, se inclinando para beija-la com carinho, sentindo o calor e maciez dos lábios amados. Ainda amortecida pelos efeitos da poção do sono, Selene lamentou que a guerra tivesse avançado até a Montanha do Corvo. — Me leve com você... — pediu suavemente, desejando que aten
Com o colar de brilho azulado dado por Mamba cercando seu pescoço, montando em sua hidra, Phélix observava na parte alta do relevo a luta entre seus aliados e os elfos e criaturas da montanha. Ao seu lado, em pé no chão pedregoso, estava o feiticeiro, como sempre com a serpente verde envolta dos ombros.Quase tinha recuado quando o feiticeiro propôs invadirem a Montanha do Corvo. A lenda envolta daquele lugar, sobre pessoas morrendo em questão de horas após entrar nela, lhe causava certo receio. Porém, saber que seu exército estava a ponto de ser derrotado e jamais conseguiria Eszter removeu a cautela, cercando-o de fúria.~— Temos que fazer alguma coisa! — esbravejou indignado. — Esqueça aquela montanha. Tem que dar ainda mais magia para nosso exercito eliminar aquele corvo maldito — ordenou aborrecido.— Sei que na montanha conseguiremos um poder maior — Mamba declarou. — O Corvo se armou com a magia lunar. Nenhuns dos nossos ataques surtem efeito agora. Falei que Selene seria útil