A ordem imperativa de Cedric ecoou na sala do trono como um trovão. O Rei Corvo encarava o estrategista com ferocidade, a ira pronta para se manifestar em uma tempestade afiada através de sua espada.Ayala tentou intervir antes que a situação escalasse para uma tragédia.— Cedric, a emoção jamais deve ceder espaço à razão em tempos de guerra...— Não me venha com sermões, Ayala — Cedric a interrompeu brusco, sem retirar os olhos flamejantes dos frios castanhos do estrategista. — Retire o que disse — repetiu imperativo.— O que eu quis dizer é que proteger uma única pessoa, em detrimento de várias, é tolice — Gael corrigiu. — Precisamos focar no que é prático e eficiente. Proteger uma única vida, por mais importante que seja para vossa majestade, pode custar à de muitos outros — argumentou sem demonstrar medo diante da espada apontada para si.— Selene me salvou mais de uma vez. Sem ela, eu não estaria aqui — Cedric rebateu, sentindo a raiva borbulhar dentro de si. — Ela é minha esposa
Recordando o encontro, mesmo após horas de ter despertado, Selene ainda conseguia ouvir o som dos pássaros e da cachoeira, sentir os carinhos ede sua mãe em seu cabelo e o perfume floral.Levou a mão ao peito, sentindo as batidas cadenciadas, um sentimento de reconhecimento e amor brilhando em seu centro elemental. Precisava encontrar um modo de lidar com sua magia, despertá-la conscientemente e cumprir a promessa que fez a Myra e aos demais elfos mortos por Mamba.Com os olhos úmidos fixando-se no teto, recordou a dor da perda de sua mãe e tudo pelo que passou após aquele dia por causa da obsessão de Mamba.Agora compreendia os motivos de seu pai ser perverso com ela, causado a morte da esposa sem piedade, sem lembrar os anos de amor e felicidade passados ao lado dela. Era óbvio que, na busca incansável por vingança, Mamba causou o rompimento de pai e filha, mandando-o tranca-la na torre mais alta de Magdala e insistir que praticasse para absorver a magia lunar. Também era evidente q
Na tarde do dia seguinte, colocando em ação seu plano para tirar de Cedric o peso da promessa matrimonial, Gael levou as mãos do rei uma petição, exigindo que ele tomasse a filha de outro nobre como esposa e rainha. Juntamente com a petição, deu início a uma reunião extraordinário, o tema sendo o casamento entre Cedric e Selene. Pediam o cancelamento da união e um novo casamento, dessa vez com uma jovem de Eszter ou de algum reino amigo.O estrategista tinha passado a tarde e noite anterior falando com vários nobres, dos que cuidavam dos feudos principais, até dos vassalos inferiores, mas com algum poder de decisão, elaborando a petição e incluindo nele nomes de jovens para eleição do rei.Sentado em seu trono no salão real, com Aodh acomodado no encosto acima de sua cabeça, Cedric observava todos com aborrecimento, achando-os incoerentes e desnecessários em seus pedidos, pois, se não fosse por Selene, estaria morto ou dominado por magia sombria que o faria entregar todo o território
O Cedric teria recusado diretamente, deixado explodir as chamas queimando em seu centro elemental, mas com uma guerra literalmente batendo em seus portões, como indicou Ayala, não poderia ofender os nobres. Agir estrategicamente, com frieza e razão era a única opção.— Tirarei um tempo para pensar nisso — soltou apático. — Por enquanto, desejem que minha atual e única esposa, Selene, venha a conceber o herdeiro que tanto desejam para me substituir em breve, pelo que posso perceber a partir de seus clamores — disse sarcástico e com evidente aborrecimento.Os nobres notaram o desagrado na voz do rei, mas mantinham a esperança de que ele faria o que desejavam, casar com uma princesa adequada para substituir a filha do inimigo que ameaçava suas vidas.Dando a reunião por encerrada, Cedric ergueu-se do trono.Ocupada em mandar o líquido dos painéis de reunião de volta aos potes de magia, Ayala Trever fez um gesto para Tristan seguir o rei, que seguia a passos largos e pesados em direção ao
A conversa dos soldados prosseguia em tom baixo, mas suas palavras chegavam claramente aos ouvidos de Selene. Cada um deles tinha uma opinião diferente sobre o fato dos súditos nobres pressionarem Cedric a se separar dela para casar com outra.— Se separarem, o rei a enviará de volta ao Perverso?— Bem, não sei. Talvez, por lhe dever a vida, o rei a mantenha dentro da fortaleza, mas é fato que logo se separaram e ele desposara outra.As vozes se afastaram e sumiram, mas Selene já tinha ouvido mais do que desejava ouvir.Levou a mão acima do peito, remoendo em sua mente e coração o que ouviu. Cedric pretendia se casar com outra mulher, a filha de um rei aliado e não a de um rei tirano, dominado por magia sombria e malévola.Afastou-se da parede sentindo lágrimas quentes formando-se nos cantos dos olhos, e se virou para retornar a segurança de seu quarto. De repente chocou-se contra Gael, o conselheiro de defesa e estratégia do reino.— Desculpe, minha senhora! — ele disse olhando-a int
Depois de combinar com Gael de encontrarem Ayala no próximo dia, ainda impactada pelo que ouviu dos soldados e sua decisão para reverter a iminente separação, Selene seguiu para ala com as acomodações reais. Entrou no quarto, que dividia com Cedric, e caiu no leito com lágrimas turvando sua visão. Um grasno a fez ver Aodh pousado ao seu lado. Logo a ave esfregou a cabeça nela com carinho, como se a consola-la. — Amorzinho, Aodh amorzinho! — Sim, você é o meu amorzinho — concordou com a voz embargada, acariciando suas penas e aos poucos esquecendo sua dor. Ali, pensando em tudo que viveu com o Cedric, do cuidado, das palavras carinhosas e do tanto que ele fez por ela, começou a ficar ansiosa. Se ele a amava jamais aceitaria casar com outra mulher. Batidas fizeram com que sentasse na cama e secasse o rosto rapidamente antes de dar autorização para que entrassem. Deu um trêmulo sorriso ao ver que quem estava ali não era sua empregada particular, a jovem Patry, mas sim Cedric. Após
Tendo se desfeito das peças que impediam suas peles de se tocarem livremente, Cedric acariciou o corpo de Selene com o olhar. A luz suave das esferas de fogo acima da cama destacava sua beleza delicada. Deslizou os dedos pela cintura destacada, ouvindo satisfeito um leve gemido de antecipação. Amava cada som que saia dos lábios polpudos. Amava ainda mais prova-los, concluiu se deliciando ao tomá-los com os seus.Selene lançou os braços em torno do pescoço do marido, atraindo-o para si, deleitando-se com a carícia da língua dele contra a sua, a suavidade tentadora consumindo-a, espalhando-se como chamas por seu ventre, deslizando entre suas pernas.Cedric escorregou os beijos pelo pescoço e colo dela, descendo pouco a pouco em direção aos seios eriçados clamando por sua boca. Não havia nada mais perfeito que o roçar dos mamilos na palma de sua mão, da maciez do bico rosado em sua língua, lamber e sugar cada um, refestelando-se com os gemidos dela.Deslizou as mãos pela curva acentuada
Logo pela manhã, como combinado com Gael, aproveitando que Cedric foi cuidar dos assuntos da guerra, Selene seguiu para o lugar combinado no dia anterior, ao encontro de Ayala para reiniciar as aulas de magia.Para despistar curiosos, contou a Patry, sua dama de companhia, o que faria para ajudar o reino, de forma a ter a companhia e o apoio da jovem. Também pediu que evitasse falar sobre o assunto perto de Aodh, evitando que a conexão da ave com Cedric entregasse seus planos cedo demais.Entraram na biblioteca real, repletas de corredores com estantes altas nos dois pisos do cômodo enorme. Fecharam a porta para isolar o local do olhar dos guardas no corredor, e seguiram até as estantes do fundo, atravessando um portal que as levou para as acomodações da feiticeira Dourada.Selene ficou impressionada com o local, maior que a sala de aula em que sempre encontrava a feiticeira Dourada. As paredes e janelas eram revestidas por seda dourada, dançando suavemente ao sopro do vento e reluzin