Khione
Estella cai em meus braços de repente, seus olhos estão negros como as noites de inverno, seu corpo pálido e gélido, coloco a cabeça contra seu peito tentando ouvir seus batimentos mas nenhum ruído sequer existe, o desespero começa a tomar conta de minha mente e grito, grito por ajuda o mais alto que consigo, tão alto que se possível todos os reinos escutariam.
— Khione? O que ouve com ela? — Psyche abaixa-se colocando os dedos no pescoço de Estella para ver seu pulso.
— O coração dela, o coração dela não está batendo Psyche. — Digo com algumas lágrimas caindo em minhas bochechas.
— Fique calma, vamos levá-la para o terceiro andar, Kastian deve saber o que fazer. — Pegamos seu corpo erguendo-o no ar, os degraus tornam nosso trabalho difícil, ao primeiro lance meus pulmões queimam a cada inspiração que faço, minha boca está seca pelo esforço, mas meus braços não vacilam em nenhum momento, olho para Psyche, vejo um rosto preocupado como nunca antes
— Mais uma vez você tirando o direito das pessoas de saberem a verdade. — Murmuro.— O que disse?— Nada que gostaria de ouvir. — Respondo secamente.— Saiam, por favor saiam. — Kastian diz olhando para nós.— De jeito nenhum, não vou deixá-la.—O sol já se pôs e pelo que sei tens que encontra-se com a princesa dos vampiros. — Ao ouvir tais palavras rugas aparecem na testa de Psyche e ela mexe os lábios para falar.— Incrível como você é capaz de perdoar a mulher que executou seu avô e não é capaz de me perdoar por ter pensado em você ao não te contar sobre a morte dele. — Ri ironicamente olhando para uma das janelas e se já não a conhecesse diria que lágrimas estão se formando em seus olhos, poderia dizer milhões de coisas para ela, que a perdôo, que não guardo mágoa ou rancor, mas mentir seria pior do que ignora-la, não a perdoei, ela teve uma escolha, me deixar dizer um último adeus a ele ou esconder esse fat
Uma tropa de soldados cerca a mulher, mesmo com suas máscaras consigo ver os rostos plerplexos e até assustados.— Quem é você? E por que ousa usar a forma e imagem da falecida princesa?— Meus soldados, se curvem diante de sua princesa, isto é forma de recepcionar alguém que aparentemente a tempos está desaparecida, onde está a hospitalidade que Eos ensinou a vocês?— Vou perguntar pela última vez, quem é você? — A chefe da guarda aponta a lança contra o pescoço da suposta princesa.— Façam o teste, olhem nas bases, me levem até minha irmã. — Ela é escoltada com lanças e espadas apontadas para garganta, qualquer movimento em falso e eles teriam prazer em cravar essas lâminas em sua pele. Sei que Kastian está com Estella então subo rapidamente para lhe avisar da situação, se realmente for a princesa Lyssa isso pode ajudar ou atrapalhar nossos planos, Psyche provavelmente ficará desestabilizada e não será capaz de liderar um exército. Corro escadas a cima e em
— Yaza? O que o general infernal iria querer comigo?— É o que descobriremos.— Bem, isso não importa no momento, o que importa é que você está de volta, e ninguém vai te tirar de mim novamente, isso pede uma comemoração. — Kastian está genuinamente animada mas toda sua euforia se vai quando uma de suas mãos se choca contra braço gélido de Estella e ela percebe que nem tudo está perfeito. — Quando ela acordar, talvez. — Emenda a frase.— Na verdade isto seria uma ótima ideia, se dermos jantares ou um baile poderemos convidar os reinos que possivelmente serão nossos aliados se realmente houver uma guerra, será uma estratégia sutil e eficaz. — Meliorne diz de súbito.— Sinto em concordar, mas isso seria ótimo para nós Kastian, e para você também.— Como poderia me divertir e ter dias de festa, sendo que minha amada está neste estado? Quero estar aqui com ela quando acordar.— Ela não vai, não por ora, uma semana foi o tempo que levou para acor
Meus últimos minutos para deixar algo a você, sinto por não ter sido presente, sinto tanto por não te ver crescer, e sinto mais ainda por que você talvez nunca saiba a verdade, se pudesse mudaria o que está prestes a acontecer, daria tudo para te ter em meus braços por uma última vez, ver seu lindo sorrisinho ao me olhar, eu deixaria tudo por você, mas já não tenho nada, tudo que posso te dar é a minha vida, e farei com de bom grado, para que você tenha uma vida boa, em meio aos mortais mas ainda assim boa, se um dia chegar a ler isso quero que saiba que te amo, e fiz o que fiz por você, e faria tudo novamente se significasse que te salvaria. Provavelmente se tornou a mulher que eu te criaria para ser, descubra suas raízes não desista, não desista de você, não desista do nosso povo, não desista de nós, lute por sua vida, e salve nossos reinos.De: Mamãe, de algum lugar do seu ser.
Dedico essa obra a todos que amam a fantasia, buscam nela dispersar-se do mundo, que encontram refúgio na leitura, que identificam-se com personagens, dedico a quem lê, e vive esse mundo.Dedico em especial a minha querida irmã – Maria Clara – por acreditar nas minhas palavras, por me incentivar, por ler e ficar ansiosa comigo, por acompanhar cada novo capítulo, por sempre estar ao meu lado.Dedico também a minha namorada por sempre me apoiar e acreditar em mim mesmo quando eu não acredito, por estar comigo a cada momento a cada novidade, em todos os capítulos e surtos. Amo vocês.– Karoll
𝘒𝘩𝘪𝘰𝘯𝘦A troca de estações, algo que sempre amei, ver os últimos vestígios do verão dando lugar as brisas gélidas do outono, fazendo meus cabelos ruivos dançarem através do último raio de sol. Como se era costumeiro estava eu sentada a beira da sacada com um livro nas mãos, depois de um longo dia de trabalho esperava o telefonema diário de meu avô, as sete em ponto, sem acrescentar ou diminuir um minuto, aproximei-me do aparelho pois sabia que tocaria em breve, e como se era esperado o som agudo disparou em um rompante.— Olá vovô! - Exclamei com certa felicidade.— Olá minha querida, como está?— Bem, hoje pela manhã fui a uma entrevista no New York Times, estão precisando de uma editora nova pois a antiga se demitiu, talvez consiga essa vaga e saía daquela lanchonete, não que seja um trabalho indigno, muito pelo contrário, porém com o salário que ganho mal consigo pagar esse cubículo, não seria uma má ideia ganhar o triplo e me mudar para o centro. Ma
Um homem robusto com diversas cicatrizes por todo o rosto, de roupas esfrangalhadas olhava-me fixamente, de repente sinto algo emaranhado em meus pés, olhando para baixo vejo raízes brilhantes que aos poucos tomam conta de boa parte do meu corpo, e mesmo tentando retirá-las vejo que o esforço é inútil, me sinto tomada cada vez mais envolta por seu brilho e uma sensação de tranquilidade se instala por mim, fecho os olhos antes de ser coberta por completo, logo após sinto todas as raízes se desfazendo ao meu redor, retomo a visão e estou em um bosque, ou algum tipo de floresta, casas e mais casas podem ser vistas, uma redoma evolve toda a aparente cidade, ando alguns metros tentando entender o que está acontecendo e como cheguei ali, associo imediatamente toda essa situação ao meu visitante indesejado, mas não faz sentido, aliás não faz sentido alguma aquelas raízes em plena cidade também, nada tem o mínimo de nexo, até que um garoto alto e forte se aproxima de mim com um sorriso no r
𝘌𝘴𝘵𝘦𝘭𝘭𝘢Acordo desorientada, uma dor aguda lateja em minha cabeça, abro os olhos examinando meu corpo e o local ao redor, não me lembro de absolutamente nada, minha mente é uma completa escuridão, levanto-me da espécie de cama onde estou e quase desabo no chão, minhas pernas estão fracas, ao que parece estou deitada e desacordada a algum tempo. Ando lentamente até uma das portas e para minha surpresa está destrancada, passo por ela me deparando com um extenso corredor, tento me recordar de onde estou e de como cheguei aqui, mas novamente minhas memórias parecem um completo vazio, sigo em frente tentando achar uma saída, as janelas mostram-me que é noite, a luz do luar as atravessa fazendo com que eu enxergue ao menos dois metros a frente, vejo alguns corpos ao chão, ao que me parecem jovens, alguns com minha idade ou até menos, me pergunto o que aconteceu nesse local, chego mais perto dos cadáveres e algo me intriga, há cortes profundos na garganta de cada um, mas não a