A água quente caía por meu corpo, da cabeça até os pés, lavando terra, pequenas folhas e sangue. Sangue meu, sangue de Joe, sangue sujo que era prova de um crime que havia cometido há pouco tempo.Scott continuou esfregando minhas costas com a esponja macia, enquanto eu passava o sabonete pelo pescoço, deixando que a espuma tirasse todo o cheiro ruim e o vermelho carmim que grudou em minha pele.Ia me sentindo limpa, leve talvez, mas aliviada por saber que Joe Foster já não respirava mais, isso com certeza.— Não podemos deixar que punam o Buck. Ele é só um garoto confuso. Já está passando por muita coisa ruim, nós não podemos permitir que as coisas só piorem.O homem levou a esponja até o jato de água que caía e a lavou, tirando a sujeira que ficou nela.Seu suspiro foi um tanto alarmante. Não era possível que ia se dar por vencido.Buck era só um jovem agindo para tentar salvar sua vida e sua futura família. Ele errou, claro que sim, mas não podia receber uma punição pesada.Ele se
Bati na porta três vezes e imitando os meus irmãos que nunca esperavam eu permitir a entrada deles, invadi o imenso escritório onde Kiara se enfiava.Quando escancarei a porta e avaliei o espaço, encontrei Buck sem camisa caído de joelhos no chão, com suas mãos e pés amarrados por correntes de aço, e até mesmo seu pescoço tinha os elos pesados os envolvendo.Sem pensar duas vezes, apressei meus passos para me jogar contra ele, mas a figura de Kiara surgiu do lado oposto e sua feição foi divisora de águas.Eu não devia me aproximar dele, de jeito nenhum.Parei no meio do escritório gigantesco, que tinha o teto há uns seis metros de nós, e a decoração toda em vermelho, preto e dourado. Kiara levou os olhos até o neto que resmungou alguma coisa e eu acompanhei seu gesto, voltando a encarar meu irmão.Buck fez a pior cara de choro que poderia, causando uma dor no meu coração que há pouco tinha sido acalmado por Scott. Não adiantava. Se tudo não ficasse em ordem eu nunca encontraria paz
— Chloe, não! Eu quero a liberdade para quem quer ser livre! Não vai se entregar quando o que você sempre quis foi viver uma vida normal, como eu. Eu não permito que faça isso! — bramou se movendo com intensidade, fazendo as correntes chacoalhar e ecoar os sons por todo o cômodo.Nossa líder continuou com seus olhos atentos me avaliando com cautela. Buscava verdade em minhas palavras. Queria saber se eu estava mesmo disposta a isso.Poderia argumentar e questionar o que eu tinha a perder, e a verdade seria que, eu não tinha absolutamente nada a perder. Não mesmo.Kiara tinha razão ao dizer que eu era poderosa, me sentia assim e queria nunca mais parar de sentir isso. Minha vida nunca, jamais seria normal, e eu aceitei essa merda. Aceitei no momento em que tirei de uma vez por todas a vida de Joe Foster.Aceitei quando soube que Coral estava viva e tinha feito a mesma coisa que Joe, me visto como um simples objeto.— Meu preço para ser uma aprendiz sua e me entregar por inteira à Fa
Chutei mais uma pedrinha enquanto encarava a floresta extensa à minha frente. A noite estava caindo e por mais que eu quisesse não pensar, ainda me lembrava de muita coisa das últimas noites.Joe foi cruel comigo. Muito cruel ao dizer o que disse e ao fazer o que fez.Podia me sentir vingada, mas a marca da dor sempre estaria em mim. Não tinha como tirar algo tão sujo. Eu me lembraria até os últimos dias da minha vida.E foi o conselho que recebi de Kiara, que eu guardasse esse sentimento em alguma caixinha no fundo da minha mente, porque era ele que me faria ser mais forte. Ele é quem me faria perceber que venci, que apesar de todo o mal que aquele desgraçado me fez, eu ainda estava firme e de pé.Ri pensando que por um momento ou dois eu realmente pensei em tirar minha própria vida, mas o que Joe teria me causado se eu fizesse isso? Ele teria alcançado seus objetivos, não?Porque aquele moço com carinha de puritano, na verdade se infiltrou em mim e em minhas veias para instalar
— Chega, os dois! Parem com essa merda agora!Abri os braços com o intuito de separá-los antes que um alcançasse o outro.Que raiva de Corey! Porra. Que raiva. — Você deve estar bem maluco, não? Quer mesmo seguir esse caminho e insistir na Chloe quando a sua noiva está lá dentro, Corey? Você é idiota ou o quê?Scott parou de tentar avançar, balançando a cabeça como se não entendesse qual era o maldito problema de Corey.É, nem eu entendia muito bem.— Sua preocupação é com a Lily? Por que então não vai lá e se casa você com ela? — Tentou limpar o sangue, mas ele ainda continuou saindo.— Porque não fui eu quem a pediu em casamento e que jurou amor como um otário apaixonado. A mulher que eu amo está bem aqui na minha frente, e foi a ela que eu jurei amor. Não sou podre como você que não consegue nem ser fiel às próprias palavras.Corey deixou os ombros caírem ao ouvir a afirmação em voz alta.Como se percebesse a merda que havia acabado de fazer, me olhou com pesar e ficou em silêncio
— Eu não sou possessivo, não vejo a Chloe como algo que me pertence, ela sabe bem quais atitudes tomar e o que é certo a se fazer do ponto de vista dela, mas eu te aviso, Corey, se voltar a se aproximar dela dessa forma e ignorar todo o restante, vou quebrar a sua cara com gosto! Não quero você perto dela agindo assim, e se insistir, não vai querer que eu cruze o seu caminho mais uma vez.Scott me defendendo? Scott marcando território? É, esse lado do Lobinho eu ainda não tinha visto.Não que tenha adorado, mas foi um tanto empolgante. Claro que na situação atual, tendo que dizer isso tudo para o seu irmão, não foi a melhor cena do mundo.Ouvimos passos se aproximando e quando olhei para o lado vi Lily e Marisa com feições de confusão. A loira não esperou muito para correr até seu noivo quando viu o sangue saindo de seu nariz e pingando na camiseta.— Meu Deus! O que aconteceu, amor? — Segurou o rosto de Corey com as duas mãos nas olhou para nós buscando entender a situação.Marisa
→ Alguns anos antes. — Isso aqui está uma verdadeira merda — resmunguei, puxando o drink pelo canudo grosso a fim de me embebedar mais para ver se alguma animação surgia.Mia riu ao meu lado, jogando a cabeça para trás como se eu tivesse falado a coisa mais engraçada do mundo.Já estava bêbada. Completamente bêbada.Não aguentava tomar duas garrafas de cerveja que já perdia as estribeiras, imagine então beber copos de drinks que não sabíamos o que tinha dentro. A quantidade de álcool em cada copinho descartável devia ser equivalente a quatro garrafas de cerveja, e Mia já tinha bebido uns três copos cheios.Passei os olhos pelo ambiente não achando graça alguma na balada. Estávamos ali apenas porque era aniversário de uma amiga insuportável de Mia e ela não queria ir sozinha, então me obrigou a acompanhá-la.Acontece que além de eu saber que não era bem vinda, não gostava da garota, e não estava nem um pouco no clima para dançar, beber e sair em busca de alguém.Scott Legard dominav
— Eu não quero mais nada, Scarlett. É sério. Não tem nada de errado com você, só não quero mais fazer isso.Hum. Recusando ela? Bom. Muito bom.— É porque eu disse que queria ser a única, não é? Isso foi da boca para fora, não precisa me assumir de verdade, só me fode, pode ser? Quer transar aqui, ou no meu quarto, ou na piscina? Você decide. Por mim tanto faz.Achei ridículo ela se humilhar, mas o que eu poderia dizer? Também me humilhei. E era compreensivo, estávamos falando de Scott e de como era delicioso foder com ele. É claro que eu entendia a mulher.O silêncio permaneceu por um tempo, não escutei nada, não ouvi nenhuma palavra de recusa saindo da boca dele mas também não escutei sons de um beijo ou coisa assim.Então sendo uma bela cara de pau, tentei juntar coragem para sair de trás da parede e invadir de vez o outro cômodo. Não ia brigar por ele, mas entregar Scott de bandeja para a mulher, isso eu também não queria fazer.Podia ser só sexo para ele, claro que podia, mas