Ela estava presa apenas pelos pulsos quando os olhos vendados se arregalaram até o limite suportável. O semblante de medo da mulher não podia ser representado por nada além do estado de pavor. O som do portão se abrindo a deixou completamente tremula de tanto medo que parecia exalar o cheiro pelos poros quase invisíveis. Os sons das botas pesadas entrando naquele ambiente úmido era como estar num pesadelo. A garota deixou a lágrima solitária descer pelo canto do rosto, enquanto a respiração ofegante e ansiosa do homem antecipava o que estava por vir. Ele a tocou por toda a nudez, e ela só pode retrair o corpo o máximo que conseguiu. A sensação de algo gelado sob a pele fora rapidamente identidade como uma faca raspando contra os seios. Ele os arrancaria dela? Foi o momento em que ela mais se arrependeu de estar naquela maldita casa. – Eu disse que ia te fazer pagar, meu bem. Uma pena não matar você... Tenho coisas interessantes pendentes com a sua família. Giulia Rossi tapou a
Ele a cercou como um rato acuado. Ela ainda estava ajoelhada, o encarando como se visse o pior dos monstros. Nada naquela forma de olhar o deixava irritado, na verdade, parecia-lhe como um grande elogio. Leoni Messina exibiu mais um dos lendários sorrisos, mas não parecia pleno. Ele ainda sentia que algo o estava faltando, e sabia exatamente o que era. Ele entendia como a falta dela causava-lhe dor. – Soube que você tentou falar comigo! – Ele revelou. – Meus soldados a viram rondando o meu apartamento a muito tempo. – Eu só queria te ver. Se sabia que eu estava por perto, por que nunca me procurou? Ele cruzou os braços. – E em que isso me interessa?Olivia Carter o encarou com olhos esperançosos. Os joelhos doloridos foram erguidos e ela correu para ele, o segurando pelas laterais do rosto em uma tentativa de beijo fracassado. Leoni Messina nunca a tinha beijado antes, e aquela não seria a primeira vez. – O que foi? – Ela perguntou. Os olhos pareciam confusos. Ele não con
Os sons dos vidros quebrados. As botas pesadas que passavam pelo longo corredor da casa, deixando um rastro de sangue, cujo o solado se encarregou de levar para outro ambiente. Vários corpos jogados na entrada da mansão. E os olhos mais focados que a máfia já tivera na vida. O homem arrombou cada uma das portas pessoalmente, se colocando perigosamente na linha de frente. Um casal ainda na cama morreu, ainda atracados no ato sexual bastante incomum. – Cadê o Nicov? – Lucca Messina sussurrou. Sons de tiros intensos começaram a ecoar por todos os cantos, enquanto o homem buscava exaustivamente pelo amor da sua vida. Eles se posicionaram atrás de uma porta, até que tivessem visão boa o suficiente para matar o inimigo escondido. Mais um, e outro mortos. Eles puderam prosseguir. Descer as escadas fez com que o Leoni Messina tivesse o coração acelerado para algo além da adrenalina. Ele sabia que tinha algo a ver com a Giulia, e estava disposto a assumir qualquer risco por ela. As
Ele chegou em casa sentindo a derrota pesar sobre os ombros. Não importava o quanto tivesse rido do Pakhan patético da Bratva, no fundo ele sabia que sentia o mesmo. Leoni Messina sabia o que havia causado, e agora estava pagando pelos pecados do que fizera quando ainda era um maldito jovem irresponsável. Um aspirante a don nunca deveria ter tido tanto poder quanto ele, mas o que dizer de um homem tão jovem que ainda não havia conhecido a vida real além das torturas? Quem o julgaria quando tudo aconteceu? Marcela era a mais linda mulher que ele já tinha visto, e enlouquecer por ela pareceu natural. Aquele amor nunca daria certo. Um italiano nunca deveria casar-se com uma Russa, mesmo que morasse no mesmo maldito território. Leoni Messina jogou o terno sobre um dos sofás e então se jogou como se pudesse largar apenas o corpo ali, inerte para sempre. A forma como ele parecia nada tinha a ver como o mesmo homem inabalável de antes da Giulia Rossi. A moça chegou como um furacão e de
As mãos trêmulas da Giulia Rossi alcançaram o rosto do homem. Ela ainda estava ali, ao lado dele, sendo obrigada a cuidar de alguém que desejava matar na primeira oportunidade. Se ele ao menos soubesse de quantas vezes ela brigou consigo mesma para impedir-se de cometer o crime contra a vida, nunca confiaria uma navalha ao pescoço seu pescoço nas mãos da mulher, mas ele não tinha como ler os pensamentos, e lá estava, de olhos cegos fechados, esperando que ela terminasse de barbeá-lo.A visão por certo voltaria em algum momento, e ele ainda esperava que a dobraria, como fizera com a louca mulher que também acreditava ser casada com ele. A verdade é que um Mafioso como ele nunca poderia se casar com qualquer mulher, e definitivamente estava fora de cogitação aceitar uma mulher impura como esposa. Ele a agarrou pelas mãos e a Giulia previu o horror que aconteceria a ela se não escapasse rápido o bastante. Ela olhou para os lados, a procura de qualquer brecha que a ajudasse a fugir,
Giulia Rossi tinha a barriga tão pesada que mal podia se levantar da cama. Presa a um quarto, o homem nunca mais voltou a atormenta-la, mas a garota ainda tinha a certeza de que ele tentava, exaustivamente, criar um vínculo tão estranho quanto tinha pela primeira esposa. Tudo que restou a ela fora fingir carinho ao homem que mais sentia nojo na vida.A porta se movimentou, e ela olhou diretamente para os pés da pessoa que entrava pela pequena fresta que se abriu. O pobre coração aflito sempre antecipava momentos como aqueles onde seu pesadelo estaria frente a frente com ela. – Você dormiu bem, querida? – A mulher a encheu de alivio. Giulia Rossi sorriu gentilmente, embora estivesse mal disposta. – Estou muito bem! Obrigada por perguntar. A mulher colocou a bandeja ao lado da cama e a ajudou a sentar-se. A forma como cuidava dela era sempre tão estranha, e enquanto levava a colher de sopa a boca, os olhos da Giulia ainda estavam focados nela. – O que foi? – Ela perguntou quando not
Giulia Rossi abriu os olhos cansados depois de sofrer por quase dezesseis horas de um parto bastante difícil. O quarto pouco iluminado parecia tão assustador quanto todos os que ela já estivera antes desde que havia sido sequestrada pelo mafioso maldito. O coração da mulher doía com tanta intensidade, tentando ao menos imaginar o futuro da criança sem que ela pudesse conhecer o pai que nem mesmo acreditava nela. A lágrima solitária deslizou pelo rosto delicado da mulher ainda pálida pelo esforço de horas mais cedo. Ainda sentindo a dor, ela sentiu a tontura a atingir quando virou-se para o lado. Os pés tocaram o chão e a lágrima foi-se junto as sensações do chão gelado no quarto. Os olhos intensos percorreram as paredes, procurando pelo bebê, até que finalmente puderam descansara do estado de vigilância, mas logo foram substituídos pelo medo e horror. Giulia Rossi sabia exatamente o que fazer, e o que significava ver aquele homem aonde ele estava. A silhueta de costas, parado em f
– Eu não posso! – Ela afirmou, entre lágrimas. – Eu fiz a minha escolha. – Que escolha, amor? O que você fez? Ela tremia com o corpo inteiro, mas os olhos ainda encaravam o bebê nos braços de outro homem. A verdade era que Giulia Rossi precisava de uma motivação ou mataria a todos eles. – Eu não posso dizer. Eu tenho que te matar, meu amor. Leoni Messina pareceu finalmente compreender. A voz grossa tornou-se ainda mais rígida, e o corpo em defensiva sabia que ele queria continuar vivendo. – Giulia, olha para mim! Mas ela ainda resistiu, até que ele a segurou pelo queixo, obrigando-a a encara-lo. – Me perdoa. – Faça o que tiver que fazer! – Ele afirmou. As mãos erguidas atrás do corpo tremeram ainda mais. A apunhalada tão próxima parecia como um pesadelo para ele, mas Leoni Messina confiava nos próprios instintos o bastante para permitir que ela fizesse o certo. O som da faca caindo no chão nem mesmo o dez desviar o olhar para o objeto que o teria matado. Leoni Messina não temeu