Havia algo de errado na ligação. O silêncio seguido era como uma maldita tortura que ela não podia entender. Giulia olhou para a porta do quarto fechada e suplicou para que o pai não a descobrisse ali. Fazer o que ela estava prestes a contar era, com certeza, uma traição a própria família, mas que escolha ela tinha? Ela não era uma traidora. Não como eles. Mas subitamente ela deixou que o desespero tomasse conta. O coração acelerado doía como nunca antes, e ela pensou no quanto tudo que tinha vivido era descartável. Mas de que forma ela o exigiria alguma coisa, depois de o dispensar? Os gemidos da mulher pareciam verdadeiros demais para ser alguém fingindo sobre algo. E por que tantos barulhos de tapas? Giulia não conseguia entender além do fato de que ele estava agora, provavelmente fazendo sexo com outra mulher que não ela. Por que ele tinha que ser assim? Por que ele tinha que superar tão rápido? – Se você está fazendo isso para se vingar, eu não me importo? Preciso conve
O carro passou a se movimentar, mas ela ainda parecia estar processando a informação. Como ele pode? Como ele ousou a sequestrar? Como conseguiu causar tanto pânico de propósito e ainda se divertir com a situação mesmo depois de tudo que havia feito a ela? Giulia estreitou os olhos e levantou a mão, pronta para socar-lhe no meio do nariz, mas ela subitamente abriu a mão e o estapeou. Ele não reagiu. Era como se ele achasse que merecia aquilo, ou talvez ele quisesse que ela fizesse aquilo. Mas num momento qualquer, uma chave girou e ele liberou um riso baixo e quase inaudível. – Você é muito corajosa, eu tenho que admitir... – Como você teve a audácia de me sequestrar? Ele umedeceu os lábios e tentou conter o sorriso. Mas não havia qualquer divertimento. O mafioso controlava as mãos, em uma vontade implacável de a enforcar dentro daquele carro. – Esse negócio de bater, vamos ter que negociar... eu sou dominador, e você, aparentemente... Giulia arregalou os olhos. – Você n
Giulia pensou duas vezes antes de descer do carro. O portão de ferro da mansão a encarou no momento em que ela colocou os pés no chão. Leoni Messina apenas olhava para o horizonte como se fosse apenas algo comum do qual ele estivesse acostumado a fazer. O homem passou a falar no telefone, enquanto ela se encantava com a beleza simples da casa branca. – Você vem? – Ele perguntou, desligando a ligação em seguida. Giulia deixou a distração de lado e o encarou com seriedade, como se estivesse com medo do que aconteceria a ela. – É aqui que você vai me matar? Ele apenas liberou um breve sorriso. Ela o odiou por isso. Por que Leoni Messina não podia responder a uma simples pergunta como uma pessoa normal? Mesmo assim, ela seguiu os instintos suicidas quando resolveu o acompanhar até a sala de estar da casa. E então, ele parou no meio do salão e abriu os braços. – Você gostou? – É linda. Você vai comprar? – Eu já comprei! – Ele afirmou, como se não custasse muita coisa abrir mã
– O que você está fazendo aqui? – Giulia perguntou. Os olhos fixos pareciam fuzilar o alvo a quem ela dedicava toda a sua ira. – Eu não sabia mais como falar com você. Giulia, você não responde mais as minhas mensagens. Você não quer atender as minhas ligações. Ela revirou os olhos de tanta impaciência. – Eu nem mesmo sei por que você está aqui agora. Eu ordenei para o meu segurança que você não deveria entrar aqui! – Eu sei... – Ela revirou os olhos. – Obrigada por isso. Estou com os joelhos doendo de tanto fazer... – Oh, não precisa nem dizer. Eu vou me encarregar de que ele seja devidamente punido. – Giulia empurrou a porta, esperando que pudesse fecha-la rápido o suficiente. Alessandra colocou o pé logo a frente, e se ela não fosse a filha de um senador, Giulia provavelmente o teria arrancado dali em uma amputação forçada. Mas ela sabia o problema que estaria envolvida no momento em que o pai corrupto da senhorita Stone descobrisse toda a verdade. – Espera! – Alessandr
Leoni Messina caminhou pelo estacionamento vazio do próprio prédio. Ele tinha autoconfiança o suficiente para continuar o próprio caminho sem um único homem para protege-lo. A arma escondida no terno caro era um companheiro muito fiel que nunca o abandonara. Mas passos o seguiam sem que ele sequer olhasse para trás. Apenas uma vez teria sido p suficiente para verificar que um homem alto perseguia por aquele caminho de iluminação sutil. Leoni Messina tentava estender a amada como se realmente pudesse fazer aquilo. Os fones no ouvido provavelmente seriam a perdição de um homem que acreditava mandar no mundo. Ele esqueceu-se apenas do primeiro mandamento que o próprio instaurara assim que assumiu o cargo de capo dos capos: Não baixe a guarda nunca. O rapaz alto logo atrás estava pronto para sequestra-lo e leva-lo para onde quer que fosse preciso, mas no momento em que o clorofórmio foi derramado sobre o lenço sujo, Leoni Messina sentiu o cheiro. Ele reconheceria aquela droga em q
– Por favor, deixa eu organizar a sua festa de aniversário. Diz que sim... vai ser na minha casa, e eu prometo fazer uma coisa simples. – Não acho que você seja capaz de fazer algo simples, e também não faz muita diferença. Eu não tenho amigos para convidar. – Giulia anunciou. Ela havia desistido de ter amigos a muito tempo, mas de alguma forma aquilo ainda a incomodava. Era como ter um vazio a ser preenchido, e ela não sabia como fazer para conseguir tapar o buraco que ficou depois de tantos anos. O Felipo havia se encarregado de espantar cada uma das amizades mais próximas a irmã, apenas para que ela concentrasse nele, todos os esforços e a energia em ajuda-lo a resolver os problemas da máfia. Aquilo, na realidade, passara de ser uma ajuda, e naquele ponto, Giulia Rossi já podia comandar a família melhor que o irmão. Que capo desastroso ele se tornaria com o tempo. Que capo tenebroso ele seria sem ela para fazer todas as rotas que fossem necessárias. – Oh, então isso é mel
Leoni Messina ainda estava sentado na poltrona escura do escritório, mergulhado em pilhas de papeis a serem revisados dos inúmeros negócios lícitos que lavavam cada centavo da la cosa nostra. A secretaria bem vestida bateu na porta, anunciando que havia trazido pessoas para conversar com ele. – Mande embora. Eu estou ocupado. – Mas senhor... eles são investigadores e estão aqui para conversar sobre um caso que aconteceu nesse prédio a algumas noites. – Ela tentou convence-lo, mesmo sabendo que o chefe ficaria bravo pela interrupção. – Eles estão insistindo, senhor. Leoni Messina a encarou, pronto para dar-lhe uma resposta que provavelmente faria a pobre mulher correr para o banheiro e se debulhar em lágrimas de desespero, mas a mulher de terno invadiu a sala sem aviso. – Olá, Sr. Messina, eu sou a Olivia Carter. – Ela anunciou, ao se apresentar para o homem ainda sentado na poltrona. Ele a encarou. O rosto de traços finos eram bonitos demais para serem de uma policial de c
Giulia Rossi sentiu-se a mulher mais linda do mundo usando o vestido longo tomara que caia vermelho. Ela era a única. No momento em que a Alessandra a viu, o grito ecoou pelo quarto imenso. – O que você esta vestindo? – Você não gostou? – Giulia encarou o próprio corpo com surpresa. Aquele vestido de uma grande fenda lateral era tão perfeito que ela mal podia esperar para sair com ele. – Eu gostei, para uma festa de luxo. É só um aniversário, amiga. Como você vai dançar usando isso? – Mas eu consigo dançar com ele. Sempre danço nas festas da máfia. Alessandra direcionou-lhe um olhar enviesado, enquanto cruzava os braços. Os saltos bateram no chão enquanto ela parecia analisar o que fazer. O rosto impassível ainda podia transmitir o traço de duvida nas linhas de expressão finas e sutis que começará a aparecer. – Eu sei que você entende que essa não é uma festa da máfia. Nós não temos música clássica aqui. – Não vai ter música clássica? Alessandra a encarou com um certo