– Por favor, deixa eu organizar a sua festa de aniversário. Diz que sim... vai ser na minha casa, e eu prometo fazer uma coisa simples. – Não acho que você seja capaz de fazer algo simples, e também não faz muita diferença. Eu não tenho amigos para convidar. – Giulia anunciou. Ela havia desistido de ter amigos a muito tempo, mas de alguma forma aquilo ainda a incomodava. Era como ter um vazio a ser preenchido, e ela não sabia como fazer para conseguir tapar o buraco que ficou depois de tantos anos. O Felipo havia se encarregado de espantar cada uma das amizades mais próximas a irmã, apenas para que ela concentrasse nele, todos os esforços e a energia em ajuda-lo a resolver os problemas da máfia. Aquilo, na realidade, passara de ser uma ajuda, e naquele ponto, Giulia Rossi já podia comandar a família melhor que o irmão. Que capo desastroso ele se tornaria com o tempo. Que capo tenebroso ele seria sem ela para fazer todas as rotas que fossem necessárias. – Oh, então isso é mel
Leoni Messina ainda estava sentado na poltrona escura do escritório, mergulhado em pilhas de papeis a serem revisados dos inúmeros negócios lícitos que lavavam cada centavo da la cosa nostra. A secretaria bem vestida bateu na porta, anunciando que havia trazido pessoas para conversar com ele. – Mande embora. Eu estou ocupado. – Mas senhor... eles são investigadores e estão aqui para conversar sobre um caso que aconteceu nesse prédio a algumas noites. – Ela tentou convence-lo, mesmo sabendo que o chefe ficaria bravo pela interrupção. – Eles estão insistindo, senhor. Leoni Messina a encarou, pronto para dar-lhe uma resposta que provavelmente faria a pobre mulher correr para o banheiro e se debulhar em lágrimas de desespero, mas a mulher de terno invadiu a sala sem aviso. – Olá, Sr. Messina, eu sou a Olivia Carter. – Ela anunciou, ao se apresentar para o homem ainda sentado na poltrona. Ele a encarou. O rosto de traços finos eram bonitos demais para serem de uma policial de c
Giulia Rossi sentiu-se a mulher mais linda do mundo usando o vestido longo tomara que caia vermelho. Ela era a única. No momento em que a Alessandra a viu, o grito ecoou pelo quarto imenso. – O que você esta vestindo? – Você não gostou? – Giulia encarou o próprio corpo com surpresa. Aquele vestido de uma grande fenda lateral era tão perfeito que ela mal podia esperar para sair com ele. – Eu gostei, para uma festa de luxo. É só um aniversário, amiga. Como você vai dançar usando isso? – Mas eu consigo dançar com ele. Sempre danço nas festas da máfia. Alessandra direcionou-lhe um olhar enviesado, enquanto cruzava os braços. Os saltos bateram no chão enquanto ela parecia analisar o que fazer. O rosto impassível ainda podia transmitir o traço de duvida nas linhas de expressão finas e sutis que começará a aparecer. – Eu sei que você entende que essa não é uma festa da máfia. Nós não temos música clássica aqui. – Não vai ter música clássica? Alessandra a encarou com um certo
A música tocava freneticamente, enquanto Giulia Rossi começava a sentir-se bastante estranha. Bastou apenas um copo de tequila, para que um corpo sem nenhuma tolerância ao álcool entrasse em um completo declínio. O rosto maquiado parecia um pouco transtornado, embora ainda mantivesse os mesmos traços perfeitos. Giulia Rossi encarou as mulheres praticamente descontroladas que dançavam em cima de todos os lugares. Mesas, cadeiras e bancadas, nada fora poupado por aquelas pessoas que ela consideraria como selvagens se estivesse sóbria o bastante. – Agora, é a sua vez, Giulia! – Alessandra gritou, enquanto apontava o microfone para ela. Giulia Rossi virou-se em direção a escada e tentou correr. Pessoas a bloquearam como um maldito muro vivo que se formara, criando uma barreira da qual ela não podia passar. A forma como os homens a encaravam a deixava cheia de vergonha. – Você não pode fugir, meu bem! – Alessandra anunciou, a pegando pelo braço. – Tome isso! – Não, eu não quero b
Leoni Messina ainda sentia tanto ódio que mal podia se controlar ao leva-la para o andar de cima do prédio. O apartamento privativo que comprara apenas para encontros mais íntimos não era o lugar certo para leva-la, mas como deixar aquela mulher em casa no estado em que estava? O rancor tomou conta do homem no instante em que ele se lembrou da forma como o outro homem a tocou. Alguém teria que pagar por aquela maldita farra e não seria ela. Ele descobrira da pior forma que não a puniria gravemente e aquilo o estava destruindo por dentro. O homem ainda gostava de pensar que seria capaz de abrir mão de qualquer coisa se fosse necessário. Ninguém no mundo o faria se dobrar, mas ele sabia que mais uma vez aquela droga estava acontecendo. Ele fora dobrado por uma garota que mal parou de cheirar a leite. Giulia o encarou com os olhos dilatados e ele mal pôde notar a tonalidade verde intensa da íris perfeita. – Você é tão lindo. – Ela o acariciou no rosto, encarando a mais perfeita vis
Giulia Rossi sentiu a cabeça latejando como se mil demônios tivessem feito uma grande farra dentro do cérebro inteligente que ela tanto gostava. Ela resmungou, tentando abrir os olhos, mas aquela claridade doía como um pesadelo do qual não a permitia acordar. Com muito esforço, um olho fora aberto, seguido por outro. As pupilas verdes intensas se dilataram outra vez, mas ela já não estava drogada. O semblante de pavor a tomou por completo ao ver aquele homem ali, de olhos abertos a encarando com intensidade como um maldito vigia da noite. Giulia Rossi sentiu o coração disparar como o carro mais potente do mundo e sentiu a maciez das cobertas sobre o corpo esbelto. Ela levantou-a e encarou a própria nudez como mais um dos problemas que ela não queria acreditar que tivera. – Meu deus! – Ela o encarou. – Eu e você... no-no-nos...Ele franziu a testa e a encarou com uma grande interrogação no olhar perverso. – Você disse que se lembraria, amor. – Le-le-lembrar do que? – Le-le-l
Leoni Messina sentia o coração palpitar de tanto ódio. Ele mal pudera se conter durante toda a noite em que passou acordado, observando aquele maldito rosto perfeito como uma ninfa do campo. A mulher pelada na cama atormentou e tentou cada um dos escrúpulos que ele acreditou ter deixado de lado a muito tempo. Ela era a merda de um tendão de Aquiles e ele só percebeu isso tarde demais. A porta fora aberta, e Giulia saltou do carro ao lado dele, tímida demais para olhar para cima. Mas ele ainda estava ali, com sua figura seria e imponente, a encarando como se a qualquer momento fosse levantar o pé e a esmagar como um inseto. Ele nem mesmo piscou, para que o soldado entendesse a ordem de que deveria abrir as portas da casa sem qualquer resistência. Os homens até poderiam ser do capo Rossi, mas o capo pertencia ao don. Leoni Messina invadiu a casa e encarou o topo da escada como uma barreira para o objetivo. O mafioso se sentou na poltrona no meio da sala como se aquela casa perte
– Vai se vestir. Ninguém quer ver suas misérias flácidas. – Sim, senhor. – O homem levantou-se sem nenhum pudor, enquanto a pobre mulher continuava de joelhos. Leoni Messina encarou a garota de cabeça baixa, tremendo mais que um galho de arvore durante a tempestade. – E quanto a você... – Por favor, senhor, não me mata. Eu sou fiel a familia. – Eu posso notar... – Ele praticamente a escaneou, ainda nua ali. Giulia Rossi levantou a sobrancelha esquerda, como se o questionasse, mas ele não podia ver. O homem ainda estava de costas, e tinha um foco em outra coisa. – Eu só fiz o que ele mandou. – Quanto foi? – Como disse? – Quanto ele te pagou para você ter essa coragem. A mulher ainda encarava o chão como o objeto mais interessante daquela sala ampla e bem iluminada. – Nada, senhor. Leoni Messina usou o dedo indicador para guiar o queixo da mulher ao alto, e lá estava ela, o encarando com olhos pretos bastante profundos. – Isso é serio? – Sim, senhor. – Ele te